MAIONE ROCHA BEZERRA Economista, Mestre em Economia com área de concentração em Mercado do Trabalho pela Universidade Federal da Paraíba e Professora Efetiva da Universidade Regional do Cariri – URCA. CPF: 023425084-41. End. Rua Senador Pompeu, 12 – apto.202 – Centro – Crato – CE. CEP: 63100-080. Fone: 88 – 3521-4609 E-mail: [email protected] / [email protected] FRANCIVALDO PEREIRA DOS SANTOS Bacharel em Ciências Econômicas pela URCA-CE. CPF: 023425084-41. End. Rua Senador Pompeu, 12 – apto.202 – Centro – Crato – CE. CEP: 63100-080. Fone: 88 – 35711183 / 3512-1822 Email: GRUPO DE PESQUISA 06 – Agricultura e Meio Ambiente FORMA DE APRESENTAÇÃO Oral Apresentação com presidente da sessão e sem a presença de debatedor Este trabalho tem com base a monografia de graduação TECNOLOGIA LIMPA EM FAVOR DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Francivaldo Pereira dos Santos 1 Maione Rocha Bezerra 2 RESUMO A economia em grande parte dos países, impulsionada pela Revolução Industrial e o avanço da tecnologia, cresceu, se dinamizou e se desenvolveu, levando a reboque o aumento do uso dos recursos naturais, trazendo conseqüências desagradáveis para o meio ambiente. O presente estudo foi realizado, através de materiais bibliográficos, utilizando-se da literatura relacionada ao tema e dados sobre tecnologias ambientais, bem como dados secundários retirados de pesquisas realizadas por órgãos e entidades como o BNDES, CNI, SEBRAE, IBGE e Ministério do Meio Ambiente. A existência de tecnologias ambientais, dentre elas as “tecnologias limpas” e “de limpeza”, estão aqui relatadas, e estão aliadas às políticas de “gestão ambiental” nas empresas adotam uma “produção mais limpa”, mais predominante em paises desenvolvidos, mas que já se encontram também em países como o Brasil. Conclui-se que as tecnologias ambientais se tornaram indispensáveis para a conservação dos recursos naturais e do meio ambiente, fazendo os países se preocuparem mais com as gerações futuras, buscando uma “produção limpa”, para promoção do desenvolvimento sustentável. PALAVRAS CHAVES: Tecnologia, Desenvolvimento e Meio Ambiente. INTRODUÇÃO O desenvolvimento sustentável surgiu de questões não levantadas pelos teóricos do crescimento como Adam Smith, Ricardo, Marshal, Schumpeter e do desenvolvimento (Lewis, Myrdal, Nurse), entre muitos outros. O fato veio de questionamentos sobre os “limites do crescimento” do Clube de Roma, o qual foi citado por Celso Furtado quando falou do “mito” que permeia o desenvolvimento econômico. Este “limite” foi discutido a partir de Conferências e debates sobre o futuro da humanidade. Surgiu assim, o conceito de “desenvolvimento sustentável” e quais seriam os procedimentos a serem praticados por todos (população, governo, empresas, etc) para obtê-lo. Este trabalho enfatiza a preocupação em buscar uma melhor utilização dos recursos naturais e menor poluição ambiental por parte das empresas, do questionamento sobre a continuidade da produção que degrada de maneira incessante o meio e seus impactos sobre as gerações futuras. Dessa maneira, métodos considerados mais eficientes à conservação do meio ambiente e dos recursos naturais deveriam ser utilizados, principalmente pelas indústrias, através de novas tecnologias. Dessa questão aborda as 1 Bacharel em Ciências Econômicas pela URCA-CE, email: Mestre em Economia do Trabalho pela UFPB-PB e Prof. Efetiva do departamento de Economia da URCACE. Email: [email protected]. 2 tecnologias ambientais, tratadas pelo Ministério do Meio Ambiente também como tecnologias limpas 3 , as quais serviram como fonte de discussão deste trabalho. A metodologia empregada é de natureza bibliográfica, descritiva e a pesquisa se deu de forma indireta, já que os dados para construção deste trabalho foram obtidos de através de livros, biblioteca da URCA e particular. Também foram coletadas matérias e textos pesquisados por meio eletrônico em diversos sites que tratam sobre o assunto. Este trabalho ainda é composto de fonte de dados adquiridos de estudos e pesquisas realizadas por órgãos como o SEBRAE, CNI, BNDES, FINEP, IBGE, Ministério do Meio Ambiente e outras instituições importantes para o contexto empresarial e econômico brasileiro no cenário internacional. O objetivo geral deste trabalho é mostrar como a tecnologia, essencial ao desenvolvimento econômico, pode contribuir com a sociedade na aquisição e manutenção do desenvolvimento sustentável, através da utilização de métodos produtivos “limpos”, advindos do uso de tecnologias ambientais. 2. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A TECNOLOGIA Um desenvolvimento sustentável em nível local e mundial pode se dar, quando há viabilidade política e idéias que estimulem o processo de crescimento econômico, visando oferecer à população uma vida de melhor qualidade, buscando conciliação com a natureza. A fim de evitar que os recursos naturais se tornem escassos para a humanidade no futuro ou entraves para o desenvolvimento econômico. Esta “escassez” torna-se um problema para a economia, se não tratada. Aloísio Ely (1990, p.5) fala da questão citando que “o problema central da economia é buscar alternativas eficientes para alocar os recursos escassos da sociedade. O meio ambiente é um recurso escasso como qualquer outro na concepção do economista”. Em prol da resolução do problema devem ser consideradas tanto as ações de implantação de normas ambientais até a mudança nos fatores produtivos e inovações tecnológicas. Sobre este aspecto, Ely (1990) destaca a importância das formulações que levam à “economia do meio ambiente”, colocando-as como partes integrantes da “melhoria da qualidade de vida do homem”. Assim, ele escreve que, “(...) dessa forma, sua importância reside na contribuição da escolha de políticas, na adequação tecnológica do sistema de produção e na adequação dos padrões do comportamento de consumo para a melhoria da qualidade do meio ambiente” (ELY, 1990, p. 8). As questões acima citadas (política, tecnologia, produção e consumo em favor do meio ambiente) são de extrema relevância ao desenvolvimento sustentável. Este capítulo sintetizará algumas informações a respeito da “economia do meio ambiente”, falando sobre os recursos naturais (renováveis e não renováveis) e enfatizando o fator tecnológico (tecnologias ambientais). 2.1. Tecnologia ambientais em busca do desenvolvimento sustentável 3 Trata-se de tecnologias que fazem com que o processo produtivo atue de maneira menos poluente sobre o meio ambiente. Embora a tecnologia tenha exercido papel de fundamental importância à evolução da economia mundial, algumas avaliações são feitas quanto aos efeitos do desenvolvimento e uso das tecnologias sobre a natureza. Observou-se que no mundo atual cada vez mais fábricas estão desenvolvendo atividades industriais que derramam dejetos sobre o meio natural, principalmente poluindo os rios, o ar, além de ter gerado outros fatores negativos ao meio ambiente. Isso acontece também devido à produção de diversos tipos de produtos, a qual tem como objetivo principal atender ao aumento do consumo da população mundial. A ótica principal do ramo industrial é atender às necessidades do consumidor, sem avaliar os impactos ambientais gerados durante o processo produtivo e as conseqüências da deposição desses produtos (o lixo). Sobre esse assunto Cavalcanti (2001, p. 236) escreve o seguinte: Dentre esses efeitos indiretos ambientais resultantes de processos desenvolvimentistas pode-se enumerar a crescente queima de combustíveis fósseis e biomassa, contribuindo assim para a poluição do ar e doenças respiratórias, danos em florestas e plantações, e para o efeito estufa; a poluição de rios pela deposição de dejetos químicos e esgoto não tratado a um nível superior à sua capacidade de absorção, contaminando reservas de água potável e a vida aquática; e a gradual inserção da agricultura mecanizada e pastagens extensivas em florestas nativas, exacerbando a erosão do solo, desequilibrando o balanço hidrográfico e ameaçando a diversidade animal e vegetal. Os efeitos indiretos ambientais citados, basicamente aconteceram pela busca incessante do crescimento econômico, sem ter prévias avaliações dos efeitos negativos à natureza e ao homem. Pindyck e Rubinfeld (1999) classificam esses efeitos como “externalidades negativas”, que surgidas de processos de desenvolvimento, geram custos externos para a sociedade. E ainda, que estes custos marginais sociais não estão embutidos nos preços e custos da empresa, ou seja, não estão sendo internalizados. E a inovação tecnológica voltada a preservação do Meio Ambiente busca internalizar estas externalidades negativas ou pelo menos minimizá-las. Com relação às tecnologias de cunho ambiental, pode-se citar as “tecnologias de limpeza” e as “tecnologias limpas”, que segundo Braga e Miranda (2002), pelo estudo junto ao Ministério do Meio Ambiente do Brasil (MMA), sobre “Comércio e Meio Ambiente” (2002), denominou-as como “tecnologias ambientais”. As “tecnologias de limpeza” podem ser divididas em: setores de tratamento de água e de efluentes, gerenciamento de resíduos, controle da qualidade do ar, recuperação do solo, redução do barulho, e serviços afins. Almeida (apud. BRAGA e MIRANDA, 2002, p. 137), exemplifica: Essas tecnologias incluem interceptadores de poeira e de óleo, dispositivos de lavagem, filtros, processadores coletivos de fluxos de resíduos, incineradores de resíduos, aterros, compostadores e instrumentos que removem e isolam a poluição no meio ambiente e reutilizam os resíduos. Ainda segundo o autor, as “tecnologias limpas” são classificadas como: Aquelas que otimizam os processos produtivos existentes por meio do ajuste apropriado e regular das máquinas, assegurando a medida exata dos inputs 4 e a redução de poluição durante e após a atividade econômica. Elas também 4 O termo é usado como insumo, o qual resultará no output (produto). Ver Sandroni (1999, p. 305). incluem tecnologias que induzem mudanças mais drásticas nos processos produtivos e na composição do produto, evitando poluição desde o início do processo produtivo (ALMEIDA, apud. BRAGA e MIRANDA, 2002, p. 137). Na busca por processos mais limpos as empresas investem em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), buscando inovação de processos produtivos e tecnológicos, para se obter maior eficiência econômica com menos custos sobre o ambiente, conciliando ambos. Destacando a relação entre economia e meio ambiente, enquanto a economia se desenvolve, deve existir a conservação ambiental e da natureza, porque boa parte dos materiais e energia utilizada pelas empresas na produção é extraída dos recursos naturais. E neste caso, a manutenção desses recursos será importante para as futuras gerações, pois garantirá meios para que elas possam gerar renda. Bellia (1996, p. 39) diz que o uso do meio ambiente pelo homem dá-se com três funções econômicas básicas: • como fornecedor de recursos – (cedendo os recursos naturais – matérias, energia – para produção); • como fornecedor de bens e serviços – (recursos intangíveis – paisagem, patrimônio cultural, etc); • como assimilador de dejetos – (capacidade de absorver a emissão de resíduos da atividade humana). O autor ainda destaca que a energia é a capacidade para realização de atividades (trabalhos) e é regida pela 1ª lei da termodinâmica (ou lei da conservação de energia) e pela 2ª lei da termodinâmica (ou lei da entropia). Segundo Bellia (1996, p. 40), a primeira lei diz que “a energia não pode ser criada ou destruída, embora possa ser transformada de um tipo para outro”; e na segunda lei “não ocorrem processos de transformação de energia espontâneos”, ou seja, há uma “dispersão” (perca) de parte da energia utilizada durante um processo de transformação ou após ele. A energia é transformada, mas parte dela retorna para o meio ambiente (como produto para consumo ou desejos) que a assimilará (ver Quadro 2). Porém, essa assimilação por parte da natureza é limitada, ou seja, ela não absorve completamente todos os dejetos (gases, lixo, resíduos) que nela são lançados. QUADRO 2 BALANÇO DE MATÉRIA E ENERGIA SISTEMA ECONÔMICO BENS DE CAPITAL PRODUÇÃO CONSUMO RECICLAGEM MEIO AMBIENTE ASSIMILADOR DE MEIO AMBIENTE PROVEDOR DE RECURSOS NATURAIS FONTE: LEAL, 1986 (apud. BELLIA, 1996, p. 41). MEIO AMBIENTE PROVEDOR DE BENS No Quadro 2 Bellia (1996) mostra que o processo produtivo que utiliza recursos naturais, coloca de volta ao meio ambiente os mesmos recursos, mas como forma de bens ou dejetos, os quais degradam-se com o passar do tempo. Nessas condições, utilizar-se de maneira regular a matéria e a energia produzidas pela natureza, é essencial para a continuidade da economia e para a promoção do desenvolvimento sustentável. Além disso, deve-se evitar o lançamento de resíduos tóxicos e materiais que interrompem o processo natural e particular de assimilação dos recursos naturais não renováveis e que agridem ao meio ambiente. A explanação acima de Bellia (1996) assegura a importância do cuidado que deve o ser humano ter com o meio ambiente e a natureza. Segundo Ely (1990), para contribuir com a natureza, deve o homem (causador da poluição), retirar dela os dejetos por ele lançados e executar processos de reciclagem e de menores poluições. Deste modo, a sociedade é responsável pela preservação ambiental e deve articular ações que beneficiem o meio ambiente em consonância com as demandas da economia. No caso particular dos empresários, estes estão se atrelando às questões ambientais. Conforme Braga e Miranda (2002, p. 138), “(...) a indústria das tecnologias ambientais é um dos setores de mais rápida expansão na economia mundial”, tendo como destaque os EUA (39%) e União Européia (24%), as quais lideram o mercado. Seguindo o passo, segundo Braga e Miranda, o Japão quer competir no mercado e se afirmar no ramo de comercialização de tecnologias limpas, pois o governo estrutura acordos e consórcios com empresas privadas, com a finalidade de desenvolver pesquisas na área. Contudo, os países em desenvolvimento têm certa dificuldade em se inserirem fortemente nesse mercado, Barton (apud. BRAGA e MIRANDA, 2002, p. 138) diz que, ainda existem o “[...] pioneirismo dos países avançados no desenvolvimento das indústrias de tecnologias ambientais, associado ao rigor e antecedência das regulações ambientais nesses países”. E enquanto os países em desenvolvimento se engajam ao mercado ambiental internacional 5 , o melhor momento para eles seria tratar das tecnologias ambientais (de limpeza, limpas, etc) de maneira interna, ou seja, visando o mercado local, embora a inserção deles à industrialização ambiental ocorra de maneira atrasada. A esse respeito Almeida (apud BRAGA e MIRANDA, 2002, p. 138) diz que isso deve acontecer “(...) devido às dificuldades encontradas (...) em criar uma capacitação local e um núcleo endógeno de geração de tecnologias ambientais”. Os empresários devem ser capacitados para o uso e desenvolvimento dessas tecnologias e a coletividade precisa receber educação e informações das questões que permeiam o fator ambiental. A inserção da educação ambiental, de projetos e estudos voltados para o meio ambiente, para as tecnologias limpas e para todos os tipos de tecnologias ambientais, deve ser constante. São propostas que abranjam a criação de novas fontes energéticas, um melhor aproveitamento dos recursos naturais, reciclagem de lixo e resíduos, não poluição do ar e dos rios, conservação dos solos, técnicas de reflorestamento, etc. 5 Almeida (apud BRAGA e MIRANDA, 2002) reforça que a inserção dos países em desenvolvimento se daria pela transferência de tecnologias ambientais dos países desenvolvidos. 2.2. Inovação tecnológica para o desenvolvimento sustentável O desenvolvimento sustentável é pujante quanto a continuidade do desenvolvimento, e a tecnologia vem contribuir para que os países industrializados reduzam a poluiçao e que sirva como meio de alavancagem dos que buscam o desenvolvimento. Constata-se que a sociedade desempenha um papel de suma importância para se conservar o meio ambiente e maximizar o seu proveito para o desenvolvimento. Esse meio o qual é referido, é principalmente aquele que tenha em seu processo de fabricação, a adoção de métodos que preocupem com a qualidade do meio ambiente e conservação da natureza. São por esses e outros motivos que o Estado deve ter uma atuação mais firme para definição de normas regulatórias, incentivos e fiscalização. Dentro desse contexto, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – 1992 (Rio 92), formulou idéias a esse respeito na chamada Agenda 21 e dentre elas encontra-se o Princípio 16, que diz: As autoridades nacionais devem procurar promover a internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2003). É visando justamente as normas governamentais e procurando encaixar-se a elas que as empresas buscam recursos inovadores através do melhoramento nos métodos produtivos e de tecnologias, adaptados aos novos modelos de desenvolvimento. Isso é tão evidente que existem incentivos fiscais e políticas governamentais que visam compensar aquelas empresas que efetuam sua produção sem denegrir o meio ambiente. Para as indústrias que demandam altos níveis de recursos naturais em seus processos de fabricação, os seus preços tendem a elevar-se, pois, há taxações quanto ao uso dos recursos da natureza como matéria-prima. Além do risco de extinção dos mesmos. Outros fatores de taxação acontecem sobre indústrias que poluem o meio ambiente consideravelmente. Por conta disso, a inovação tecnológica entra como ponto fundamental para melhoria ambiental e uso adequado de matérias-primas naturais, fazendo-se gerir novos processos de industrialização em busca do crescimento econômico de mais qualidade, lançando-se menores quantidades de poluentes e dejetos no meio ambiente e diminuindo ou substituindo o uso destes. Como escreveu Kiperstok (2003): é um tipo de inovação em prol do meio ambiente e dos recursos naturais, com prioridades para a “produção limpa”, utilizando-se de tecnologias limpas, para que o setor produtivo possa atuar de maneira mais positiva. Kiperstok (2003), mostra ainda a discussão de diversos escritores, os quais formularam informações sobre a regulação ambiental e disseram que: “(...) o desafio ao Desenvolvimento Sustentável, para o setor produtivo, requer o redirecionamento das ações para a fonte dos problemas e a busca da produção limpa”. Há a necessidade de uma “inovação radical”, que trate de uma “inovação ambiental”. O autor busca fornecer esclarecimentos sobre a “influência da regulação ambiental sobre o processo inovativo e a necessidade de uma maior coerência entre políticas ambientais e de desenvolvimento tecnológico” (KIPERSTOK, 2003, p. 1). São ações regulatórias que visem a inovação tecnológica como questão positiva sobre os fatores ambientais. Na Europa já existem cidades sustentáveis, como também setores da agricultura, que têm em todo seu contexto sócio-cultural e econômico o uso de medidas que avançam com o desenvolvimento sustentável, principalmente a inovação à tecnologia ambiental. O site da União Européia (2004) classifica positivamente a tecnologia ambiental e informa que ela “refere-se a todas as atividades que produzem bens e serviços para medir, prevenir, limitar ou corrigir as ameaças ao ambiente e aos problemas relativos aos resíduos, ao ruído e aos ecossistemas”; e para esse tipo de tecnologia já existe em larga escala um mercado consumidor na Europa e no mundo. A inovação tecnológica voltada para o meio ambiente é estudada em várias nações do mundo, mas sabe-se que naqueles países em que há um maior poder de investimento, a tendência é que eles se sobressaiam frente aos demais. No estudo sobre “Comércio e Meio Ambiente”, há destaque às “tecnologias ambientais radicalmente inovadoras”, as quais são denominadas: (...) tecnologias ambientais de processo limpo (clean-process-integratedtechnologies) e têm as conseqüências ambientais de um produto, pensadas desde o momento de sua concepção. Tais conseqüências envolvem desde o design, passando pela seleção da matéria-prima e insumos em geral, o processo produtivo, embalagem, distribuição, consumo, até a disposição final dos seus resíduos (CRAMER & ZEGFELD apud BRAGA e MIRANDA, 2002, p. 139). Dados todos esses fatores, a sua observância sinalizou nas Conferências Mundiais, para que todos os países do mundo conhecessem a nova tendência de desenvolvimento, e para que através de normas estabelecidas, todas as nações envolvidas pudessem discutir sobre os meios tecnológicos e científicos para a promoção do desenvolvimento sustentável. A inovação, mais do nunca, hoje é essencial, pois o mundo está mais preocupado com o futuro da humanidade, e Cavalcanti (2001) fala da questão em que os recursos da natureza possam chegar à exaustão, provocada pela má exploração. O autor indica que deve existir: [...] ajustes apropriados no conjunto de recursos utilizados e produtos procurados, e premiar a inovação na busca de novos materiais e fontes energéticas. Uma extração mais eficiente e a crescente reciclagem industrial irão posteriormente estender a disponibilidade dos recursos ameaçados para além do ponto de exaustão inicialmente previsto (CAVALCANTI, 2001, p. 238). Mas, embora haja essa preocupação, as desigualdades existem. Assim, é preciso inovar para tornar a industria mais eficiente e ecologicamente correta. 3. AS TECNOLOGIAS AMBIENTAIS NAS EMPRESAS Esta seção tratará sobre a gestão nas empresas voltadas ao meio ambiente, com base em informações da organização que certifica as empresas como modelo de gestão ambiental, a ISO 14000 e outros modelos de gestão, obtidas de órgãos como o SEBRAE e o Ministério do Meio Ambiente. Vale salientar que as empresas aqui referidas são do ramo industrial. Na seqüência, têm-se as questões sobre o comércio internacional de produtos vindos de processos produtivos e tecnologias ambientais. Visando o mercado internacional e as melhorias em prol da preservação do meio ambiente, as empresas do Brasil tem procurado se enquadrar nas normas e padrões ambientais, com o apoio de instituições como o CNI, FINEP, BNDES, SEBRAE e CNTL (Centro Nacional de Tecnologias Limpas), entre outras. A aplicação de estratégias para produção limpa busca principalmente a eficiência na produção, menor consumo dos recursos naturais e materiais usados nas empresas e a menor emissão de poluentes. Tem-se uma visão que contribui para o desenvolvimento sustentável a partir da atuação de empresas com tecnologias ambientais e produtos menos degradantes ao meio ambiente. 3.1 Comércio internacional de produtos e tecnologias ambientais Cavalcanti (2001, p. 402) discute que a “adaptação à regulamentação ou exigência do mercado, incorporando equipamento de controle da poluição nas saídas”, com modificações nos processos produtivos e nas embalagens; são ações de comprometimento ambiental e necessárias para se tornarem competitivas. O autor ainda reforça que além da responsabilidade ambiental, estas ações também são incorporadas como medidas estratégicas para as empresas, fazendo-as aproximarem-se e adequarem-se às exigências nacionais e internacionais do mercado. Algumas empresas utilizam as ações ambientais como estratégias de marketing, com o intuito de obter maiores fatias do mercado consumidor para seus produtos. De qualquer maneira, há certas pressões sobre as empresas que poluem o meio ambiente, quando executam sua atividade produtiva. Elas são pressionadas a se adequarem para uma produção mais limpa, visando o bem estar ambiental. A esta questão, Cavalcanti (2001) fala sobre as “auditorias ambientais” 6 , que induzem a adoção de tecnologias limpas pelas empresas, para que elas possam melhor exercer as funções em prol do desenvolvimento sustentável. Há também a auditoria e pressão da população e de movimentos ecológicos, para fiscalização das empresas. A questão envolve pontos cruciais de gestão ambiental para a competitividade internacional, que de acordo com o estudo do Ministério do Meio Ambiente, além dos já citados, há a adoção da “rotulagem ambiental”, com os chamados “selos verdes”, os quais identificam que a mercadoria que está sendo vendida é ambientalmente correta. Vários produtos (como os têxteis, calçados, papel e celulose) comercializados mundialmente, são obrigados a se adequarem às normas dos ‘selos verdes’, pois alguns países importadores exigem dos “[...] produtores a se submeterem a programas de rotulagem, originários dos mercados de destino das suas exportações” (BRAGA e MIRANDA, 2002, p. 141). Os países desenvolvidos impõem barreiras comerciais, exigindo que os produtos estrangeiros se submetam às certificações por eles impostas (selos verdes). São barreiras que não cobram tarifas, mas impedem que as mercadorias estrangeiras entrem no território dos países exigentes do certificado. É o que o CNI/FINEP (2002) chama de “barreiras verdes”. As indústrias do Brasil sofrem esse impacto. Essa questão de rotulagem ambiental é definida como opção de imposição comercial, mas que também contribui para o meio ambiente e: 6 Definida por Cavalcanti (2001, p. 403), trata-se de “[...] um instrumento de gestão que compreende uma evolução sistemática, documentada, periódica e objetiva sobre a organização, a gestão e os equipamentos ambientais, visando auxiliar a resguardar o meio ambiente, facilitando a gestão do controle das políticas ambientais e avaliando a compatibilidade com as demais políticas da empresa”. As pressões ecológicas fizeram com que as empresas criassem novas oportunidades de mercado através da inovação tecnológica e de alterações dos métodos produtivos. Surgiram produtos ecológicos, denominados por Cavalcanti (2001 p. 405) como o “ecobusiness”, que “[...] designa uma gama de produtos cuja demanda cresce com a difusão da consciência ecológica”. Dentro deste setor existem ainda as indústrias de despoluição do ar, da água, de reciclagem de lixo, de controle de ruídos, entre outras. São setores que utilizam métodos inovadores de produção e de tecnologias limpas, voltadas principalmente à não poluição do ar ou despoluição da água, óleos ou de indústrias químicas. O SEBRAE apud Castro (1998) informa que no Brasil o ecobusiness está em expansão e está ligado mais intensamente aos equipamentos para tratamento de água, esgoto e despoluição do sistema de produção de empresas como a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional). São também tidos como equipamentos que visam “produção mais limpa”. De acordo com o BALANÇO AMBIENTAL 2003, realizado pela CSN (2004), ela divulgou ter encerrado o ano com ciclo de investimentos ambientais de R$ 250 milhões, o qual foi realizado na Usina Presidente Vargas em Volta Redonda (Rio de Janeiro). Cerca de R$ 180 milhões foram destinados ao controle de redução de poluição e atingidas metas estabelecidas para a qualidade do ar e das águas. Foi criado um verdadeiro Sistema de Gestão Ambiental (SGA). São sistemas como o da CSN que fazem com que a industrialização e o comércio internacional de produtos ecológicos e de tecnologias ambientais (limpas) se desenvolva a cada dia, dando importante avanço na economia mundial. O SEBRAE (1998) informa que os chamados “produtos verdes” são assim denominados por virem de processos produtivos que minimizam o uso de materiais tóxicos, conservam os recursos naturais, usam menos água e energia, têm embalagens biodegradáveis e que podem ser recicladas com facilidade. O que se observa então, é um mercado de tecnologias ambientais, que de acordo com a OCDE, 1993 apud BARTON, 1998 (apud BRAGA e MIRANDA, 2002, p. 138), “em 1990, a indústria era avaliada em 200 bilhões de dólares, com crescimento previsto de 50% até o ano 2000”. Segundo a mesma fonte, “a indústria de tecnologias ambientais é um dos setores de mais rápida expansão na economia mundial.” Esse crescimento, segundo Lemos e Castro (2004 p. 6), se propagou mundialmente principalmente a partir do lançamento, em 1989, do “Programa de Produção Mais Limpa” pelo PNUMA e logo após em 1995, em parceria com a “Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial – UNIDO, um programa para instalar vinte centros de produção limpa em países em desenvolvimento”. Um deles foi instalado no Brasil, em Porto Alegre, no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI)/ Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS). Os países em desenvolvimento se inserem na corrida das tecnologias ambientais, a fim de participar dos ganhos econômicos gerados pelos produtos fabricados por métodos voltados ao desenvolvimento econômico e ao meio ambiente. Com vistas nesses fatores, vê-se que as tecnologias quando inovadas e adaptadas à boa conservação do meio ambiente e utilização adequada dos recursos naturais, contribuem tanto para o desempenho da economia, como fortalece a idéia positiva em prol do desenvolvimento sustentável. 3.2 A gestão ambiental e tecnologia ambiental no Brasil O Brasil por ser um país em desenvolvimento está demonstrando a percepção, através de órgãos institucionais e empresas, da importância da evolução econômica e da inserção nas novas tendências mundiais. Tendências essas que vêm como uma ordem, para que tanto as empresas como todo o país seja parte integrante de um esforço para melhorar os índices ambientais conciliado com o crescimento econômico. Através da pesquisa divulgada pelo CNI/FINEP (2002) sobre a tecnologia nas indústrias do Brasil em 2001, foi revelado que entre as 531 empresas, há a adoção de estratégias de desenvolvimento tecnológico, mas que muitas empresas ainda sentem certa dificuldade para inovar devido aos poucos financiamentos para este fim. Muitos empresários buscam meios próprios e atuam de forma isolada na “inovação de produtos e processos” e expansão da capacidade produtiva. A inovação e aumento permanente da produtividade nas indústrias são ações estratégicas para que as empresas se mantenham no mercado. As estratégias vão desde a aquisição de novas máquinas e equipamentos atuais (desenvolvimento tecnológico que obedecem às imposições ambientais), até a capacitação de pessoal (desenvolvimento do corpo funcional para manusear/operar as tecnologias). Além disso, ao contrário dos anos 90, segundo o CNI/FINEP (2002), nos cinco anos após aquela década, a maior abertura comercial e a busca pelo espaço no mercado externo será estratégico para o crescimento industrial. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o CNI e o SEBRAE divulgaram em 1998, pesquisa realizada em nível nacional e setorial (indústria) abordando a “Gestão Ambiental na Industria Brasileira”, investigando dados sobre o que as indústrias estavam realizando ou o que pretendiam realizar em prol do meio ambiente. A gestão ambiental das grandes empresas tem dado um destaque maior ao controle da poluição, como a redução de gases e emissões atmosféricas. Já as micro-empresas o trabalho é voltado mais para o controle dos custos, como por exemplo, à redução de intensidade de uso por produto da matéria-prima (ver Gráfico 1, a seguir). A pesquisa mostrou que, independente do porte da empresa, algum tipo de procedimento gerencial ambiental já é adotado, e que tais não representam um custo operacional muito elevado. Dentre estes procedimentos, destacam-se a reciclagem e disposição dos resíduos; controle de ruídos e vibrações; redução do uso de matérias-primas; conservação da água e energia; controle, recuperação ou reciclagem das descargas líquidas; preferência por fornecedores e distribuidores com boa imagem ambiental. De acordo com o “Gráfico 1”, a “reciclagem de sucatas, resíduos e refugos” é verificada em quase todas as empresas, independente do porte ou região, sendo a Região Sul e as empresas de grande porte as mais atuantes. Em seguida vem o controle, “recuperação e reciclagem das descargas liquidas” e depois a “disposição dos resíduos e lixo”. Parte das soluções desses procedimentos (reciclagem de sucatas, resíduos e refugos; controle, recuperação de emissões gasosas; controle, recuperação ou reciclagem das descargas líquidas, redução do uso de matérias-primas e disposição de resíduos e lixo) são conseguidas através das tecnologias ambientais (limpas). GRÁFICO 1 PROCEDIMENTOS GERENCIAIS DE GESTÃO AMBIENTAL DE EMPRESAS BRASILEIRAS – SUBDIVIDIDAS POR REGIÃO E PORTE (1997/1998) preferência por fornecedores com boa imagem ambiental Recliclagem de sucatas, resíduos e refugos Valores em (%) Sul Sud es te controle, recuperação de emissões gasosas No rd es te N. e C. Oes te controle, recuperação ou reciclagem das descargas líquidas conservação da água e energia Grand e M éd ia Peq uena redução do uso de matérias-primas M icro 0 10 20 FONTE: BNDES, CNI, SEBRAE (1998). 30 40 50 60 70 80 controle de ruídos e vibrações Lemos e Castro (2004) cita o BNDES, CNI e SEBRAE, que realizaram pesquisa do mesmo nível em 2000 e constataram que no período de 1998/1999 as empresas de grande porte se destacavam na busca de melhorias da gestão ambiental, mas que em 2000/2001 as médias e pequenas empresas também avançavam nesse quesito. Segundo os autores, estava acontecendo “(...) uma maior preocupação com as atividades relacionadas a um nível mais avançado da gestão ambiental, privilegiando treinamento, implantação de SGA 7 e adoção de fontes mais limpas de energia” (LEMOS e CASTRO, 2004, p. 28). A pesquisa realizada pelo BNDES, CNI e SEBRAE (1998) revela ainda que parte das soluções voltadas para a produção em prol do meio ambiente, são geralmente formuladas dentro das empresas, tendo as grandes e médias normalmente recebendo apoio de órgãos ambientais e as menores com o acompanhamento e assistência técnica de entidades patronais. Os recursos do governo para o financiamento de investimentos ambientais ainda são muito baixo, como também a falta de recursos técnicos e financeiros próprios ou de terceiros, o que fazem com que as empresas sintam certas dificuldades em fazer correções em favor do meio ambiente. 7 SGA – Sistema de Gestão Ambiental Ainda segundo o estudo do BNDES, CNI e SEBRAE (1998, p.12) tem-se “que a origem dos equipamentos e maquinários para gestão ambiental é predominantemente nacional” (ver Gráfico 2 a seguir), ou seja, foram desenvolvidos pelos próprios empresários brasileiros, embora fossem máquinas sem grandes evoluções tecnológicas. A tecnologia mais avançada seria encontrada nas empresas estrangeiras, as quais tinham melhor acesso em adquirí-las, pois suas matrizes instaladas nos países de origem, poderiam obter no mercado estrangeiro e distribuir para suas filiais. São investimentos em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) e C&T (Ciência e Tecnologia) que priorizam dimensionar a atuação sobre o desenvolvimento sustentável e que segundo o IBGE (2004), tanto as empresas quanto o governo estão atuando nessa questão. Ver Tabela 4 na seqüência. GRÁFICO 2 - AQUISIÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL – SUBDIVIDIDAS POR REGIÃO E PORTE (1997/1998) Valores em (%) Sul 21 6 9 Sud es te 71 No rd es te 25 15 N. e C. Oes te 60 67 Grand e 10 M éd ia 9 12 79 71 25 71 21 8 0 Fabricados no Brasil 20 4 M icro Fabricados no exterior 28 6 Peq uena Não sabe origem 73 20 10 70 20 30 40 50 60 70 80 90 FONTE: BNDES, CNI, SEBRAE (1998). TABELA 4 INVESTIMENTOS DISPENDIDOS EM P&D E C&T PELO GOVERNO E EMPRESAS – PERÍODO 1999/2002 DISPÊNDIOS POR SETOR EM P&D E C&T (EM 1.000.000 R$ CORRENTES) P&D C&T Ano Governo Empresas Governo Empresas 1999 5.242,77 3.153,20 8.264,60 4.757,60 2000 6.408,87 4.560,80 - (*) - (*) 2001 4.024,67 - (*) - (*) - (*) 2002 3.917,55 - (*) - (*) - (*) FONTE: IBGE (2002 e 2004) / (*) Dados não disponíveis. A participação do governo em dispêndio para P&D se mostrou considerável nos anos de 1999 e 2000, mas que vêm sofrendo reduções nos anos de 2001 e 2002. Já as empresas mostraram crescimento no dispêndio de valores no período de 1999 para 2000. Vê-se que no “gráfico 3” o BNDES, CNI e SEBRAE (1998) não divulgou dados referentes às empresas de micro e de pequeno porte, e nem não foram relatados os motivos de tal supressão. Mas, se deu ênfase aos dados das empresas de médio e grande porte, que na sua maioria e em todas as regiões mostram que as etapas de “aperfeiçoar procedimentos de monitoramento ambiental” e “expandir programa de investimento e controle ambiental”, são tidas como primordiais no processo de continuidade da melhoria de gestão. GRÁFICO 3 ETAPAS FUTURAS DE GESTÃO AMBIENTAL QUE AS EMPRESAS DESEJAM REALIZAR APÓS PERÍODO DE 1998 Usar imagem ambiental como marketing institucional Porte da empresa Região da empresa Valores em (%) Sul Sudeste Habilitação para rotulagem ambiental Nordeste N. e C. Oeste Desenvolver /aperfeiçoar sistemas de auditoria ambiental Grande Média Aperfeiçoar procedimentos de monitoria ambiental Pequena Micro 0 10 20 30 40 50 60 70 Expandir programa de invest. em controle FONTE: BNDES, CNI, SEBRAE (1998). As empresas têm, segundo Lemos e Castro (2004) uma motivação para investir em procedimentos e tecnologias ambientais, pois o mercado consumidor tem crescido muito. O autor reforça a idéia seguindo a fonte de dados do BNDES, CNI e SEBRAE de 2000, por ele citada, quando diz que as empresas desejam – em prol do meio ambiente – atender os requisitos legais, melhorar a imagem da empresa, melhorar sua gestão e ter acesso a novos mercados. Já tem disponível algumas informações de projetos e estudos de casos de empresas nacionais, realizados pela FIERGS (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul) e pelo CNTL (Centro Nacional de Tecnologias Limpas), buscando adaptá-las a uma “produção mais limpa” e promover a sua sustentabilidade. O CNTL/SENAI-RS, atua principalmente com fundamentos voltados para “a disseminação da informação”, na “implementação de produção mais limpa nos setores produtivos”, “na capacitação de profissionais” e na “atuação de políticas ambientais”. Isso tem como principal ordem a integração das indústrias com o meio ambiente, fazendo com os dois lados sejam beneficiários das políticas de gestão ambiental implementadas e das tecnologias limpas instaladas na produção. Busca-se um processo de “produção mais limpa”, a qual “[...] pretende integrar os objetivos ambientais aos processos de produção, a fim de reduzir os resíduos e as emissões em termos de quantidade e periculosidade” (CNTL/SENAI-RS, 2004). Foram colhidas informações em 26 empresas, das quais 21 eram do período de 1998/1999 e 5 foram de estudos de 2000, distribuídas em portes médios (50%) e grandes (50%). Das empresas acompanhadas pelo CNTL, 5 delas atuam predominantemente no mercado nacional e 21 comercializam tanto no mercado nacional como internacional, que representam 19% e 81%, respectivamente. Isso mostra que as empresas voltadas tanto para o comércio local quanto para o exterior (81%) têm uma preocupação veemente em se adequar às normas de gestão e produção ambiental, para que assim possam atuar com maior competitividade no mercado internacional. GRÁFICO 4 SUBDIVISÃO POR MERCADO ATUANTE DAS EMPRESAS E OBTENÇÃO DE RECURSOS PARA A “PRODUÇÃO MAIS LIMPA” Mercado Nacional/Internacional Recursos Valorem em (%) T erceiros (Bancos/outros) 81 19 Nacional 31 69 Próprios 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Empresas FONTE: CNTL/SENAI-RS (2004). Em seguida vê-se que os recursos utilizados pelas empresas são mais de origem própria (69%), contra apenas 31% de recursos adquiridos nos bancos ou outros estabelecimentos. São recursos que servirão para a implementação das medidas ambientais. Dentre as medidas implementadas, segundo do CNTL/SENAI-RS (2004), estão a capacitação de pessoal, aquisição novos equipamentos, reutilização de resíduos e alteração do processo produtivo. Estas estão entre as mais usuais medidas de “produção limpa”. O quadro 5 sintetiza as informações. São medidas que geram resultados empresariais e ambientais, os quais incentivam as empresas prosseguirem com a implementação, para que possam obter ganhos econômicos na produção, na comercialização e consigam contribuir ainda mais com o meio ambiente. QUADRO 5 RESULTADOS NAS EMPRESAS E BENEFÍCIOS AMBIENTAIS OBTIDOS DE MEDIDAS IMPLEMENTADAS PARA A “PRODUÇÃO MAIS LIMPA” Medidas Implementadas Capacitação de pessoal e P&D Resultados nas empresas Otimização do processo produtivo Aquisição de novos equipamentos Qualidade do produto Diminuição do consumo de água e energia Alteração do processo produtivo Menor consumo de materiais Reutilização de resíduos Benefícios Ambientais Menor disposição de resíduos Menor geração de resíduos sólidos e líquidos Menor uso dos recursos naturais Menor contaminação ambiental Utilização de novos materiais Produtos menos defeituosos Maior competitividade FONTE: CNTL/SENAI-RS (2004). O quadro 6 mostra o desempenho econômico obtido pelas principais indústrias acompanhadas pelo CNTL. As empresas atuam na área de metalurgia, produtos químicos e acessórios para bens de consumo duráveis. As medidas implementadas pelas empresas, de acordo com o CNTL/SENAI-RS (2004), contribuíram tanto para suas economias quanto para o meio ambiente e fizeram também com que elas se tornassem mais competitivas e procurassem estabelecer metas futuras para o uso de tecnologias limpas. Há uma reestruturação ainda maior do seu processo produtivo e de gestão em busca da certificação ambiental. As empresas não somente do exterior, como também as do Brasil, estão extremamente vinculadas à idéia de melhoria do meio ambiente. Essa melhoria é caracterizada pela concorrência internacional que ocorre para os produtos ambientais e pela idéia de avanço do desenvolvimento sustentável disseminada em todo o planeta. QUADRO 6 Empresa Agco do Brasil BENEFÍCIOS ECONÔMICOS OBTIDOS POR EMPRESAS BRASILEIRAS QUE INSTALARAM SISTEMAS DE TECNOLOGIAS LIMPAS PARA “PRODUÇÃO MAIS LIMPA” 1998/2000 Faturamento anual Medidas Implementadas R$ 300 milhões Substituição de materiais e alteração no processo produtivo Cooperativa Regional Instalação de gerador de energia Agropecuária Vale do R$ 51 milhões elétrica Itajaí Substituição de materiais CFP SENAI de Artes /equipamentos R$ 420 mil Gráficas Reorganização do processo produtivo. Mudanças na produção Rio cell S/A US$ 120 milhões Readaptação de equipamentos Reutilização de resíduos Reorganização produtiva Instalação de equipamentos OPP Petroquímica R$ 1 bilhão S/A Reaproveitamento de água e resíduos Pigozzi S/A Instalação de novos equipamentos R$ 20 milhões Alteração no processo produtivo Engrenages e Capacitação funcional Transmissões Substituição de materiais Lupatech S/A R$ 33 milhões Reprocessamento/ reutilização de resíduos Instalação de novos equipamentos Mecrill Metalúrgica R$ 30 milhões Uso de novos Criciúma Ltda materiais/embalagens Reaproveitamento da água Investimento (R$) Benefício Econômico (R$) Não houve investimento 44.633,28/ano 64.000,00 21.640,00/ano 36.742,00 10.285,67/ano 33.000,00 1.050.000,00/ano 56.730,00 132.766,00/ano 17.100,00 21.240,00/ano Não houve investimento 89.600,00/ano 25.000,00 99.528,00/ano Redução consumo de água e energia Randon S/A R$ 323 milhões Substituição de equipamentos e materiais Reutilização de resíduos Reaproveitamento de materiais Medabil Tessenderio R$ 34 milhões Reorganização do processo S.A produtivo Instalação de novos equipamentos 27.816,00 87.219,00/ano 490.000,00 285.000,00/ano FONTE: CNTL/SENAI-RS (2004). Diante das informações, vê-se que a idéia das empresas produzirem em equilíbrio com o meio ambiente, utilizando-se tecnologias ambientais, gera fatores positivos para ambos os lados. Assim, conclui-se que a tecnologia pode ser favorável ao desenvolvimento sustentável, estabelecendo benefícios aos integrantes da sociedade e às futuras gerações. CONSIDERAÇÕES FINAIS Foi mostrado que a participação das empresas (industrias), a utilização de tecnologias ambientais e métodos de “produção mais limpa” é fator promotor do desenvolvimento sustentável. Desta maneira, diante de todos os pontos levantados, pode-se concluir que o objetivo principal que se pretendia esclarecer neste estudo, foi alcançando, ao avaliar que a tecnologia está a favor do desenvolvimento sustentável. Mesmo com todos esses pontos positivos, sabe-se que a sustentabilidade do desenvolvimento econômico ainda demandará muito trabalho, isto porque mesmo com todas formulações e estudos a respeito do assunto, ainda existem muitas forças que impedem uma igualdade social e um meio ambiente livre de degradações. Neste sentindo, reportando-se mais uma vez à idéia do “mito”, de Celso Furtado, vê-se que uma real sustentabilidade do desenvolvimento trata-se de mais um paradigma nacional e internacional a ser quebrado; e que para isso, o esforço da coletividade e dos governantes tem que ser aumentado. Cabe a todos os membros da sociedade a responsabilidade e mobilização, além de vontade política para propiciar as reais condições de um desenvolvimento sustentável. BIBLIOGRAFIA 1 - ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Informação e documentação – citações em documentos – apresentação. Rio de Janeiro: NBR 10.000, 2002. Disponível em: <www.abnt.org.br>. 2 - ACTUALIDADE DA UNIÃO EUROPÉIA. 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