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OS
PROCESSOS
MUSEAIS
E
AS
QUESTÕES
METODOLÓGICAS: O MUSEU DA CIDADE DE PIRAJU
COMO ESTUDO DE CASO
Apresentação:
“...os homens constroem os templos para seus
deuses, as fortalezas dos soldados, os palácios para
seus reis, destinam parques às suas vitórias,
constroem casas para sua família, zoológico para
seus animais, os museus para seu patrimônio
cultural”
Giraudy & Bouilhet (1977)
Em diversos países os grandes museus vêm modificando sua
política cultural, repensando-se conceitualmente, sofrendo reformas
quanto ao espaço arquitetônico e apresentação das coleções; como
também os pequenos museus vêm experimentando novas estratégias
para a aproximação com a população, procurando sustentar-se em
uma atuação comunitária. Esses esforços, de natureza diferente,
procuram fazer com que os museus superem o aspecto de "depósitos
de objetos" e passem a servir à população.
Entre esses novos tipos de museus, surge o "Museu de
Cidade", voltado para a preservação das estruturas, das referências e
das formas de uma cidade. Esse modelo museológico procura ser o
"local" privilegiado para a população encontrar as suas marcas
patrimoniais e conhecer as suas tradições e rupturas culturais. É um
museu para a população se ver, como também ser vista por pessoas
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de outras regiões. Em geral, reúnem vestígios do processo de
urbanização, dos ciclos econômicos que sustentaram a consolidação
da cidade, das famílias que formaram a população, entre outros
referenciais. Preservam um patrimônio que possa garantir a
identidade do espaço circunscrito de uma cidade e a vivência cultural
partilhada por sua população.
Tanto quanto os outros tipos, os museus de cidade também
devem desempenhar três funções fundamentais (Bruno, 1990:8 e 9):
"- Função Educativa: é a força importante das atividades
museológicas e acarreta o desenvolvimento e aperfeiçoamento da
capacidade intelectual, cultural, artística, ideológica, perceptiva e
afetiva. Como afirma Léon (1978: 306) - "trata-se de dispor a mente
e a sensibilidade do visitante para o encontro com as civilizações
passadas ou atuais que possibilite uma via de reflexão profunda sobre
si mesmo". Sob este aspecto, o museu deve oferecer uma educação
objetiva e também subjetiva, renunciando às implicações doutrinárias
e propiciando em cada espectador faculdades específicas, tais como:
fantasias, curiosidades e ligações com a realidade. Por isso, é
fundamental que as crianças aprendam desde muito cedo a
conviverem com os objetos, exposições e museus. O Museu deve
oferecer à criança situações que levem à reflexão, ao
desenvolvimento do raciocínio, pois só assim estará contribuindo
para a Educação Libertadora, que é aquela que, consciente e
concretamente questiona a realidade do indivíduo, do outro e do
mundo que os cerca, levando-os às transformações;
- Função Científica: deve estar presente no interior e exterior
do museu. No interior, enquanto as exposições representam o
desfecho de um trabalho iniciado com a coleta sistemática do
material, sua posterior catalogação e análise. Ao mesmo tempo, o
museu deve atuar exteriormente, através das exposições e também de
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suas atividades paralelas (discussões, cursos, publicações, etc), como
propulsor na procura do conhecimento, próprio a uma instituição
científica;
- Função Social: a mais importante de todas, uma vez que ela
representa o encontro das duas anteriores e também o resultado de
ambas, pois somente através do pensamento científico, o museu
poderá contribuir para a educação e desempenhar papel significativo
em uma sociedade".
Para o desempenho dessas funções, esta proposta apresenta
algumas diretrizes museológicas básicas para a atuação do Museu da
Cidade de Piraju, a partir das considerações já enunciadas por Morais
(1992:27 e 28), quando aponta que "Piraju será considerada um
espaço produtor de relações sociais (o tecido urbano, as edificações,
as praças e demais espaços de vivência)... Assim, optar-se-á pela
musealização da cidade: Piraju e suas instituições serão consideradas
espaços possíveis de intervenções culturais".
Desta forma, o texto apresentado a seguir evidencia os
aspectos conceituais e as propostas metodológicas deste modelo de
musealização que vem sendo implementado desde 1993, na cidade
de Piraju, Estado de São Paulo.
1ª Parte: Conceito Museológico:
a musealização da cidade.
O desenvolvimento das atividades deste Museu partirá da
idéia de que a cidade é um espaço de construção coletiva, ao longo
de um tempo permeado por relações sociais cotidianas, ligadas ao
trabalho, lazer, família e devoção. Este binômio espaço-tempo é
sustentado pelas características ambientais do território, da mesma
forma que é vulnerável às influências de agentes externos.
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1) O Patrimônio da Cidade:
O conjunto dos bens identificados por uma coletividade será
o objeto central da atuação deste modelo museológico. Conforme
aponta Lucena (1991:10), "a expressão patrimônio cultural se aplica
às coisas que cada grupo preserva, porque nelas estão a sua
sobrevivência. A noção de patrimônio engloba objetos, técnicas,
espaços, edificações, crenças, rituais, instrumentos, costumes,
explicitados no cotidiano das pessoas".
Esses bens são definidos a partir da importância que possam
ter no cotidiano da população. Cabe ao museu colaborar na
identificação, estudo, conservação e comunicação das referências
patrimoniais, sempre levando em consideração a sua relevância para
as comunidades envolvidas que, por sua vez, podem ser constituídas
de diferentes segmentos da população.
2) As Pessoas da Cidade:
A atuação deste museu deve estar voltada para a
identificação das expectativas das diferentes comunidades de uma
cidade, procurando compreender os mecanismos de aproximação das
pessoas e os respectivos envolvimentos comunitários, que muitas
vezes podem estar vinculados à faixa-etária, tipo de trabalho, poder
aquisitivo, lazer, interesses políticos, prática religiosa, etc.
Deve-se entender que a comunidade de uma cidade não é
homogênea, pois é constituída de classes e setores, tais como
trabalhadores (campo e cidade), como também existem atritos entre
os diferentes segmentos (integrados e marginalizados).
Entretanto, as pessoas de uma cidade são as reais
construtoras de uma memória coletiva e devem ser consideradas
como agentes neste processo museológico.
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Cabe ao museu, a partir de um trabalho sistemático,
encontrar os elos de união entre as pessoas (que as tornam
Pirajuenses) e, também, identificar as fissuras internas, valorizando a
diversidade nos usos e costumes.
Um museu de cidade deve servir de opção para quem quer
conhecer outros aspectos da população, ao lado da sua própria
imagem, como também outros caminhos do seu território, diferentes
das suas próprias trilhas.
3) Os Espaços da Cidade:
É fundamental que um Museu de Cidade estenda sua atuação
para toda a área de intervenção de uma população, compreendendo
as mudanças sócio-econômicas que vão dando diferentes contornos
ao centro e à periferia.
Este processo museológico tem como características básicas
a descentralização espacial, o respeito aos espaços culturais já
institucionalizados e a revalorização de locais marginalizados.
Sempre atuando dentro deste tênue limite existente entre preservação
e desenvolvimento.
A partir das considerações conceituais apresentadas, o
Museu da Cidade de Piraju atuará através da musealização de
diferentes espaços, procurando atingir os diversos segmentos da
população, na busca da valorização de três aspectos, a saber:
a) o território de Piraju: o equilíbrio ambiental.
b) o ser pirajuense: o perfil da população.
c) os signos de Piraju: as referências patrimoniais.
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2ª Parte: Metodologia de Trabalho:
a pedagogia museológica.
A metodologia para esse tipo de museu deve seguir dois
princípios básicos: por um lado, valorizar as intituições culturais já
existentes e, por outro lado, estabelecer um processo que conte,
fundamentalmente, com a participação da população.
Para tanto, o Museu da Cidade de Piraju está apoiado em
duas grandes estruturas, a saber:
a) Banco de Dados sobre a Cidade
b) Núcleos Museológicos Temáticos
1) Banco de Dados sobre a Cidade.
Este projeto está voltado para a organização e
armazenamento de informações sobre a cidade. Começando pela
informatização dos signos urbanos construídos (monumentos,
edifícios, praças), passando para os elementos ambientais da região e
terminando pelas coleções já existentes nas diferentes instituições.
Deve ser armazenada, também, a memória ligada às festas populares
e outras manifestações culturais.Em seguida, este projeto deve servir
como suporte para a atuação dos núcleos museológicos.
Seu desenvolvimento depende do cumprimento de algumas
etapas preliminares, tais como: levantamento bibliográfico,
realização de planilhas, elaboração de programa adequado para esse
tipo de informatização, identificação dos primeiros itens a serem
documentados.
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Cabe ressaltar que é fundamental a parceria com as
instituições culturais, como também com empresas que possam
sustentar financeiramente o projeto.
A sede central do Projeto Banco de Dados pode ser instalada
nas antigas dependências do Centro Regional de Pesquisas
Arqueológicas Mario Neme, ficando próxima à Biblioteca e Arquivo
da cidade.
2) Núcleos Museológicos Temáticos:
Com o objetivo de desencadear o processo museológico, esta
proposta apresenta quatro sugestões temáticas para dar início ao
desenvolvimento do Museu da Cidade de Piraju, a saber:
a) Arqueologia Regional: os vestígios do passado.
b) Rio Paranapanema: a alma da cidade.
c) Tradição e Progresso: o café e a evolução da cidade.
d) Famílias: as pessoas de Piraju.
Para cada um dos núcleos está previsto um processo de
trabalho, um espaço de intervenção e um tipo de articulação junto
aos diferentes segmentos da população.
A união entre os diversos núcleos deve ocorrer através da
aplicação de projetos pedagógicos voltados ao público infantojuvenil.
2.1) Núcleo Museológico A:
"Arqueologia Regional: os vestígios do passado".
Trata-se da reorganização do Centro Regional de Pesquisas
Arqueológicas Mário Neme, que reúne o acervo proveniente das
pesquisas do Projeto Paranapanema.
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Este núcleo deve atuar a partir de três bases: reserva técnica
do acervo aberta ao público, exposições temporárias sobre as
pesquisas em realização, vinculadas à mostra de longa duração e
serviço educativo apoiado em arqueologia experimental.
A sua sede central deve permitir o desenvolvimento das
atividades mencionadas, da mesma forma, ser uma referência cultural
para os interessados em Arqueologia.
2.1.1) Sede:
O Galpão da Estação Ferroviária deve servir como sede para
este núcleo, a partir de uma reforma e adaptação arquitetônica para o
novo uso. Neste edifício devem funcionar as seguintes atividades:
Sala 1:
Exposição de Longa Duração:
a) Processo de Hominização.
b) Passagem do Homem para a América.
c) O Homem no Vale do Rio Paranapanema.
d) Métodos e Técnicas do Trabalho Arqueológico.
Sala 2:
Exposição biográfica sobre Mario Neme e Luciana
Palestrini:
a) Mário Neme: cronologia de uma vida.
b) Luciana Palestrini: uma vida dedicada à arqueologia.
Sala 3:
Exposições Temporárias sobre os diversos programas de
pesquisa arqueológica que fazem parte do Projeto
Paranapanema.
Sala 4:
Espaço dedicado à guarda do acervo em armários de aço
(com mezanino), sendo que uma das laterais é transformada
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em vitrina para o público ter acesso, também, às coleções.
Estes armários devem ficar próximos à uma área destinada
ao estudo e organização do acervo.
Sala 5:
Área destinada aos trabalhos públicos, como projeção de
vídeo, atividades educativas, conferências, etc.
Este núcleo, de alguma forma, já é uma realidade em Piraju,
em função da importância da atuação do Centro Regional Mário
Neme. Nesse sentido, sua implantação está vinculada a duas
questões: por um lado, à adequada preparação do espaço (Galpão da
Estação Ferroviária) e, por outro lado, às estratégias pedagógicas que
devem vinculá-lo aos sítios arqueológicos, ao cotidiano da cidade e
às atividades dos outros núcleos.
Para tanto, este núcleo deve contar com as seguintes linhas
de atuação:
a) visitas monitoradas às exposições, seguidas de
atividades educativas vinculadas à Arqueologia
Experimental (em especial para o público infantojunvenil);
b) visitas aos sítios arqueológicos da região, em
especial durante etapas de escavações (programas
turísticos);
c) organização de seminários, sessões de vídeos e
debates sobre arqueologia;
d) realização periódica de cursos, para o público
infanto-juvenil, sobre arqueologia, e
e) preparação de professores para o acompanhamento
das atividades deste núcleo.
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2.1.2) Processo de Trabalho:
a) - reforma do Galpão da Estação Ferroviária.
- detalhamento museográfico do projeto do
mobiliário para a reserva técnica, uma vez que
parcela substancial das instalações depende de
móveis, divisórias e portas especialmente
planejadas.
- preparação do
arqueológicos.
circuito
entre
os
sítios
b) - elaboração de proposta para organização, guarda
das coleções e realização dos respectivos
estudos, como também, apresentação expositiva.
Encaminhamento desta proposta às agências
financiadoras, visando a contratação dos
profissionais para o estudo, catalogação e
possível publicação de um catálogo do Projeto
Paranapanema.
- montagem das exposições.
- início das atividades pedagógicas
c) - abertura integral do núcleo - inserção das visitas
aos sítios arqueológicos em programas turísticos.
A provável realização de escavações arqueológicas no
espaço urbano, próximo a este núcleo, sob a coordenação de
Margarida Andreatta, dará realce especial à dinâmica das atividades
pedagógicas e turísticas, podendo vincular-se à estratégia
museológica para consolidação do Museu da Cidade.
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2.2) Núcleo Museológico B:
"Rio Paranapanema: a alma da cidade”.
Este núcleo terá sua atuação voltada para as questões
ambientais, utilizando o Rio Paranapanema como eixo temático, em
função de sua importância para a cidade. Partindo da idéia de que
este rio ocupa espaço significativo na construção da memória de
Piraju, considera-se fundamental fomentar processos participatórios
em que a população possa expor a "imagem" que tem do Rio
Paranapanema.
Para tanto, o Museu da Cidade deve desencadear duas linhas
de atuação para consolidação desse núcleo, a saber:
a) estudo e organização da documentação existente, com apoio
de entidades ambientalistas e acadêmicas.
b) desencadear campanha pública, com apoio da imprensa
(jornal, rádio), com o tema "Mostre o Rio que voce vê", com
o objetivo de levantar as diferentes imagens que a população
foi guardando sobre o rio. Neste processo, documentos em
diferentes suportes (fotos, desenhos, textos, etc) podem
surgir e, após a devida catalogação devem ser expostos em
local próximo ao rio e, em seguida, percorrer as escolas da
cidade (a partir do empréstimo dos documentos).
A implantação desse núcleo deve amparar as contradições
normalmente existentes entre a preservação, uso e transformação das
referências ambientais. Por um lado, este núcleo pode contribuir para
uma pedagogia da apropriação, ou seja: chamar a atenção para o
equilíbrio ecológico e a necessidade de conter a devastação da
natureza.
Sem uma sede específica, sua atuação deve consolidar-se
junto aos espaços abertos (praças, nichos ecológicos, rio, etc), como
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também nas escolas através de oficinas de reciclagem de papel,
maletas pedagógicas sobre questões ambientais, adoção de áreas
verdes através de campanhas, entre outras atividades.
A estratégia adotada, focalizando o Rio Paranapanema, pode
ser repetida sistematicamente através da valorização de outros
elementos, como o inventário de áreas verdes e a reorganização do
viveiro de plantas.
O desenvolvimento desse núcleo deve visar a formação da
população infanto-juvenil, contribuir para a implantação de
programas turísticos não predatórios e colaborar para a elaboração do
Código Ambiental do Município de Piraju.
2.3) Núcleo Museológico C:
"Tradição e Progresso: o café e a evolução da cidade"
O café é uma referência básica para a organização e
desenvolvimento de Piraju como cidade, como também de sua
projeção no cenário estadual e nacional. Representa, no que diz
respeito ao universo patrimonial, a linha divisória entre a tradição
(preservação das referências ligadas ao período áureo) e progresso
(opção por novos caminhos econômicos).
O café será utilizado como símbolo para que este núcleo
possa musealizar a força do trabalho que tem consolidado as
estruturas sócio-culturais de Piraju.
A partir da memória construída em função do café, o
desenvolvimento deste núcleo abordará outras questões, tais como:
pecuária, comércio, indústria, etc.
Este núcleo deve atuar por meio de cinco bases: sede central
com mostras de longa duração e reserva técnica do acervo; inventário
dos signos urbanos (casas, monumentos, ruas) ligados ao
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desenvolvimento da cidade; organização de circuitos para visita;
exposições itinerantes com temas ligados à história sócio-econômica
de Piraju, para serem montadas em escolas, empresas, indústrias,
clubes e projetos pedagógicos apoiados na Educação Patrimonial.
2.3.1) Sede:
A Estação Ferroviária deve servir como sede básica depois
que passar pelas devidas reformas, que compreendem a restauração
do edifício e a adequação da arquitetura interna para poder receber a
instalação de uma instituição que abrigará acervo (de tipologia
diferenciada) e estará aberta à visitação.
Este edifício dividido em dois pavimentos deve reservar o
andar superior para as atividades burocráticas e técnicas, como
também para palestras e projeção de vídeos. No andar térreo, a
divisão deve ser a seguinte:
Sala 1:
Exposição de Longa Duração
a) O Povoamento da Região
b) São Sebastião do Tijuco Preto: as terras dão o contorno à
cidade
c) Piraju: o desenvolvimento da cidade
d) O Café: cultivo e tecnologia
e) Piraju: perfil econômico
Sala 2:
Exposição Temporária
"As Ruas e Praças da Cidade"
Espaço destinado à apresentação de mostras biográficas
sobre personalidades que deram nomes às ruas e praças, a
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partir do desenvolvimento dos estudos vinculados ao Banco
de Dados e do empréstimo dos objetos junto às famílias.
Sala 3:
Exposição Temporária
Espaço destinado a mostras temporárias que, em seguida,
devem se transformar em itinerantes, enfocando a pecuária, a
indústria e o comércio.
Sala 4:
Reserva Técnica: deve ser preparado um espaço para abrigar
coleções, mesmo que temporariamente, e proceder o devido
tratamento museológico.
A implantação do núcleo Tradição e Progresso deve ser
acompanhada de uma estratégia pedagógica apoiada nos princípios
da Educação Patrimonial, ou seja: priorizar a referência do
patrimônio como evidência material de um processo cultural que
deve ser vivenciado pelo público, em especial o infanto-juvenil em
sua formação educacional. Significa que a história da cidade deve ser
conhecida pela população a partir da convivência com os signos
urbanos, da familiaridade com os objetos musealizados e da
participação em reconstituições de fatos relevantes da história local.
2.3.2) Processo de Trabalho:
a) - restauração e adaptação da sede, a partir da
elaboração de projeto específico para esse fim,
que deve ser encaminhado para empresas locais,
com o objetivo de obter o financiamento das
obras. Este projeto deve dar início a um longo
processo de parceria entre o Museu da Cidade e
os representantes dos principais setores
econômicos de Piraju, uma vez que a atuação
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deste núcleo está voltada para a musealização
desta realidade.
b) - detalhamento do projeto museográfico para a
montagem das mostras acima mencionadas;
- preparação dos circuitos de visita aos principais
pontos históricos da cidade e a respectiva
inserção em programas turísticos.
c) após a instalação da estrutura básica na sede
central, este núcleo deve desencadear um
processo de sensibilização da população em
relação à sua área de atuação. Para tanto, deve
estabelecer uma "gincana cultural" sobre a
memória do café, com o objetivo de inventariar
os bens patrimoniais. Com o apoio da imprensa
(jornal e rádio) esta gincana deve contar com a
participação de professores que possam colaborar
na catalogação dos objetos recuperados pelos
participantes, como também gravar informações
sobre os respectivos donos. O material coletado
deve fazer parte de mostra temporária, como
estímulo à preservação patrimonial.
d) todo esse processo deve estar permeado por
projetos educativos, vocacionados para a
observação, fruição e, questionamento das
evidências patrimoniais ligadas à história local.
A mesma estratégia ligada à musealização da "Memória do
Café - vinculada à força do trabalho" pode ser utilizada para o
tratamento de outros elementos sobre a cidade de Piraju, sempre
relacionados à abordagem dos limites e reciprocidades entre tradição
e progresso.
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2.4) Núcleo Museológico D:
"Famílias: as pessoas de Piraju"
Procurando conhecer o cotidiano das diferentes famílias, a
partir da consideração de que a família é uma célula fundamental na
dinâmica de uma cidade, este núcleo pretende levantar junto à
população, a história das famílias, os usos e costumes, as opções
quanto ao lazer e devoção, entre outros aspectos.
A implantação deste núcleo, em um primeiro momento, deve
contar com o apoio dos professores para a aplicação de questionários
junto aos alunos. Utilizado como instrumento de investigação,
devidamente preparado (perguntas estimulantes acompanhadas por
imagens) e analisado, o questionário passa a desempenhar um papel
chave para o levantamento do perfil da população. Em um segundo
momento, este perfil deve apontar aspectos a serem musealizados, a
partir do tratamento de temas de relevância para a população.
Através de exposições, esses temas podem ser abordados
periodicamente e devidamente desdobrados em atividades
pedagógicas.
Considerações Finais
O êxito de um Museu de Cidade está ligado às possibilidades
de participação coletiva que seus projetos permitem, ao mesmo
tempo em que deve estar consolidado no exercício sistemático da
cidadania.
Um museu deste tipo deve consolidar-se em uma dinâmica
museológica que não desenvolva suas atividades isoladamente. Ao
contrário, deve envolver-se com as questões da cidade e tratá-las
como Fatos Museais.
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É fundamental considerar que este projeto necessita de um
tempo razoável para sua implantação e amadurecimento, como
também depende de uma gestão partilhada com os diferentes
segmentos da sociedade.
Como tem ocorrido em outros locais, os Museus de Cidade
partem da identificação de temas relevantes e das lideranças capazes
de desencadearem o Processo Museológico.
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Esquema Metodológico
Patrimônio
Pessoas
da Cidade
da Cidade
Espaços
da Cidade
BANCO
DE
DADOS
Núcleo Museológico A
Arqueologia Regional:
os vestígios da cidade
Núcleo Museológico B
Rio Paranapanema:
a alma da cidade
PROJETOS
Núcleo Museológico C
Tradição e Progresso:
o café e a evolução da
cidade
Núcleo Museológico D
Famílias : as pessoas de
Piraju
PEDAGÓGICOS
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BIBLIOGRAFIA CITADA
BRUNO, M.C. - Museu do Estado de Mato Grosso do Sul - proposta
Museológica - encaminhada à Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul (199l)
GIRAUDY, D. & Bouilhet, H. - Le Musée et la vie. La
Documentation Francaise, Paris (1977)
BRUNO, M.C. - Proposta Museológica - Museu do Estado de
mato Grosso do Sul, São Paulo (1990
LÉON, A - El Museo: teoria, praxis e utopia. Ediciones Cátedra,
S.ª, Madrid (1978)
Lucena, C. - Linguagens da Memória in Apoio, nº 6, FDE, São Paulo
(1991
MORAIS, J.L. - Secretaria Municipal de Cultura e Meio
Ambiente - Plano de Reforma e Gestão - Piraju/SP
(1992)Obs.: este projeto museológico foi apresentado como um
dos “modelos de musealização”, aplicados à realidade brasileira,
com o objetivo de vincular os vestígios pré-coloniais no âmbito
de um Museu de Cidade.
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