O Globo - RJ
09/12/2012 - 12:34
Como você trata o Rio?
Em tempos de planejamento e preparação para os grandes eventos que estão por
vir, como a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas, este tema fica ainda mais
quente e importante, afinal de contas, mesmo se avançamos, ainda temos muito por
fazer
Henok de Almeida
Émuito comum ouvirmos comparações entre outras cidades e o Rio de Janeiro.
Inevitavelmente, surgem frases, como: “a rede de transporte público de Londres é espetacular, e
a do Rio, ridícula” ou “na Noruega, as calçadas são impecáveis. Aqui no Rio é uma bagunça”
ou ainda “reparou na diferença entre os táxis de Londres e os do Rio?”
Em tempos de planejamento e preparação para os grandes eventos que estão por vir, como a
Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas, este tema fica ainda mais quente e importante,
afinal de contas, mesmo se avançamos, ainda temos muito por fazer. Cada esfera de governo,
federal, estadual e municipal, tem seu papel a desempenhar para a melhoria de nossa cidade,
em função de suas obrigações legais. Mobilidade, segurança, sinalização, moradia,
acessibilidade, muitos são os desafios para que nossa cidade passe a ser fonte positiva de
comparação, não somente sobre suas belezas naturais, mas também sobre sua urbanidade.
Mas o meu objetivo aqui não é fazer cobranças às autoridades. A ideia é mudar o foco para a
população em geral e, em vez de perguntar: o que o Rio faz por você?, perguntar: como você
trata o Rio? Como poderemos ter uma cidade melhor, a partir, não somente da atuação do
poder público, mas também de uma mudança de percepção de como cada um de nós enxerga
nossa cidade e o que podemos fazer para que ela fique cada dia melhor. Reclamar é
importante, cobrar também. Mas é preciso demonstrar o amor que sentimos pela nossa cidade
com atitudes concretas, da mesma maneira como demonstramos o amor pela nossa casa ao
cuidar bem dela.
Dados do Rio Como Vamos, publicados recentemente no GLOBO, apontam como os maus
hábitos dos cariocas afetam negativamente a cidade. Os números são impressionantes. Em um
ano, o carioca jogou 12,24% a mais de lixo nas ruas. Somente no primeiro semestre de 2012, o
serviço de teleatendimento da prefeitura registrou mais de vinte mil reclamações sobre veículos
sobre calçadas, mais de dez mil em frente à garagem e mais de quatro mil estacionados em
local proibido. O RCV constatou em pesquisa que 76% de entrevistados se dizem apaixonados
pelo Rio. 72% destes não querem viver em outro lugar. Apesar desta paixão toda, os dados da
pesquisa mostram que este sentimento não significa necessariamente que o carioca sabe
cuidar da sua cidade.
A cidade é nossa. A cidade somos nós. Devemos ter com ela o mesmo carinho que temos com
as nossas casas.
Cada vez que alguém compra um produto de um ambulante ilegal, cada vez que alguém joga
lixo na calçada, cada vez que alguém para o carro sobre a faixa de pedestre, cada vez que
alguém fecha o cruzamento, cada vez que alguém deixa de conservar a calçada em frente à
sua casa, cada vez que alguém não recolhe o cocô do cachorro, cada vez que alguém pendura
roupa para fora da janela, cada vez que alguém danifica o mobiliário urbano, estes estão
contribuindo para uma cidade pior.
Henock de Almeida é arquiteto
www.interjornal.com.br
www.inovsi.com.br
Download

Leia a matéria original