BE_310 CIÊNCIAS DO AMBIENTE – UNICAMP
ESTUDOS
Turma 2013. Disponível em: http://www.ib.unicamp.br/dep_biologia_animal/BE310
ANALISE DO PERFIL DE (NÃO) DOADORES
DE SANGUE DA UNICAMP
RICCARDO ISATTO PARISE*
Faculdade de Engenharia Mecânica da UNICAMP - [email protected]
RESUMO: Com o objetivo de analisar o perfil dos doadores de sangue para melhorar a eficiência das
campanhas, foi realizado uma enquete online com diversos alunos com perguntas chaves. As respostar
foram analisadas para tentar entender o porquê de a faculdade ter um número tão baixo de doadores, e o
que é possível realizar para melhorar.
Esta pesquisa tem como objetivo traçar o perfil dos doadores e não doadores de sangue, mais
especificamente mas não exclusivamente, estudantes da UNICAMP, buscando entender as razões que
impedem esse segundo grupo de doar. A UNICAMP conta com um hemocentro no FCM (faculdade de
ciências médicas) que repetidas vezes durante o ano apresenta os níveis de sangue do banco
perigosamente baixos. O hemocentro, não somente atende à demanda do Hospital das Clínicas (também
localizado no FCM) como também ajuda a suprir a demanda de sangue da região.
A importância da doação de sangue é reconhecida pelos órgãos governamentais, que em 1998
sancionou a lei nº 9.629 a qual obriga todos os estabelecimentos comerciais, bancários, de serviços e
similares a atenderem preferencialmente doadores de sangue e medula. E o fato de o questionário ter
recebido mais de 200 respostas nos primeiros 20 minutos indica o interesse dos estudantes sobre o tema.
A metodologia escolhida foi um questionário online, já que a grande maioria (senão a totalidade)
dos estudantes utilizam a internet regularmente. O questionário foi postado as 20h, horário com muitos
acessos, principalmente em redes sociais, e foi divulgado através do grupo da rede Facebook destinado
aos estudantes da UNICAMP. O mencionado grupo possui mais de 8.700 membros e abrange todos os
cursos da UNICAMP sem distinção alguma.
Por conta do serviço de formulários escolhido, só foi possível recolher as 100 primeiras respostas, mas
uma vez que foi feita a divulgação de forma imparcial, as 100 primeiras respostas não estão tendenciosas
para nenhum grupo específico, dando então, uma imagem confiável do grupo alvo.
O questionário foi feito com 5 questões de múltipla escolha, com a possibilidade de adicionar
comentários na última questão. Ele foi feito propositalmente curto, para evitar que o entrevistado escolha
respostas aleatórias com o intuito de terminar rapidamente um questionário excessivamente longo.
Serão analisadas todas as questões de forma individual. Questão 1:
Figura 1. Estatística da primeira questão
A primeira questão foi feita com duas finalidades. O objetivo principal é saber se a lei é conhecida
pelos estudantes, mas uma meta secundária, mas não menos importante, é justamente se fazer conhecer a
lei aos entrevistados que não a conheciam.
Questão 2
Figura 2. Estatística da segunda questão
Esta questão foi levantada pelo fato da lei mencionada causar uma discussão a respeito a
legitimidade da lei. A lei foi criada com o intuito de, ao beneficiar os doadores com o direito de utilizar a
fila preferencial de estabelecimento comerciais, incentive os não doadores a também contribuírem. Outra
argumentação é que doadores de sangue não necessitam de atendimento preferencial, como por exemplo
idoso. Essa questão caberia ao bom senso do doador, de não utilizar a fila preferencial de forma
meritocracia à frente de pessoas realmente necessitas.
Se os impactos dessa lei, são em soma, benéficos ou maléficos, é uma questão que não será
analisada nesta pesquisa, por ser demasiada extensa. É cabível apenas notar que a grande maioria dos
entrevistados está de acordo com lei.
Questão 3
Figura 3. Estatística da terceira questão
Está questão é fundamental para o projeto, uma vez que ela justifica o tema escolhido. Grande
parte dos entrevistados não doa sangue, ou pelo menos não doou no último ano. Esta pergunta também
separa já os entrevistados, uma vez que as próximas questões buscarão analisa os grupo de não doadores e
como seria possível fazê-los contribuir.
Questão 4
Figura 4. Estatística da quarta questão
Partindo agora para uma análise mais restrita, vemos que entre os não doadores uma parcela
significativa apenas não doou apenas por falta de tempo ou vontade. Este grupo deve ser o visado para
campanhas de doação, e como representam aproximadamente 28% do total dos estudante, não é uma
parcela a se desconsiderar. Entre os entrevistados com medo da agulha a questão é mais complicado, uma
vez que a aversão pode ser de formas leves (um pequeno incômodo), até uma fobia autêntica. Estes
estudantes só poderiam ser convencidos através de algum estímulo mais pessoal, como o incentivos de
amigos, alguma experiência traumatizante, ou possivelmente alguma campanha mais agressiva nos casos
mais leves.
O último grupo da questão, que era esperado ser o maior, foi escolhido para ter os empecilhos à
doação mais profundamente estudados.
Questão 5
Figura 5. Estatística da quinta questão
A última questão buscou discretizar os motivos que tornam um estudante inapto para a doação. O
impedimento pode ser temporário ou permanente. Nos casos permanentes que somam menos de 20% não
há nenhuma ação que poderia reverter essa condição e portanto não são o alvo deste estudo.
Nos casos em que há um impedimento temporário, é notável que 15% é barrado por conta do peso
mínimo. Entre as respostas dissertativas, a maioria se referia ao fato de utilizar remédios que impedem a
doação e o homossexualismo masculino, que atualmente impossibilita a doação. Existe muita discussão
se o homossexualismo, mesmo com parceiro fixo e utilizando preservativos em relações sexuais,
realmente os coloca em um grupo de risco para doação, mas esta decisão, recomendada pela OMS,
levanta dúvidas se ela é baseada apenas em dados científicos e médicos, ou também ainda é influenciada
pelo preconceito histórico à homossexuais, principalmente, e coincidentemente, masculinos. Mas
analisando a situação de forma puramente científica, e se desvencilhando de qualquer discussão de cunho
social, esse grupo não é representativo em número de doações, e portanto não representariam um grande
aumento no número de doações.
Entre todos os grupos analisados, o que mais tem perspectiva de se converterem em doadores são
os quase 30% que não doam por falta de tempo e vontade. Este grupo sozinho representa mais do que os
20% são doadores, o que poderia representar um aumento de 150% nas doações caso contribuam. Seria
de crucial importância, campanhas que atentem este público alvo, uma vez que estes não têm quaisquer
outros empecilhos para sua doação.
Em relação aos entrevistados que não doam por medo de agulha, seria possível conscientizar pelo
menos uma parte deles, tanto de forma direta, como de forma indireta, incentivando, por exemplo, a
doação em grupo, uma vez que os colegas próximos tem um poder de persuasão maior do que uma
possível campanha publicitária.
Para os que não podem doar por conta do peso mínimo (que representam 15% do total), uma
possível solução, que deveria ser estudada clinicamente, é a possibilidade de utilizar bolsas de doação
menores do que as utilizadas (500ml) para pessoas com menos de 50kg.
AGRADECIMENTOS: À todos os alunos que gentilmente participaram da enquete.
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