Dedico este trabalho aos Pedagogos que atuam, não somente nas instituições escolares, mas que, assim como eu, acreditam que todas as pessoas necessitam aprender e renovar seus conhecimentos. 1 Agradecimentos Primeiramente, à Deus que me deu forças e me capacitou, iluminou meu caminho durante esta trajetória, ajudando-me a superar os obstáculos. Ao meu pai, Dionísio e, especialmente, minha mãe, Maria de Lourdes, que me acompanhou durante todos os anos de minha vida e, em especial, nesse momento, ajudando-me a persistir para realização do meu sonho. Ao meu noivo, Ricardo, compreensivo, que esteve ao meu lado e teve muita paciência comigo. Aos professores que, direta ou indiretamente, contribuíram para a conclusão deste trabalho, por meio de estímulos e incentivos para que eu continuasse a persistir, fazendo com que houvesse uma transformação significava e, obviamente, positiva em minha vida. À minha professora e orientadora, Christina Neder, por acreditar em mim e me fazer sentir capaz, diante das dificuldades para encontrar meu tema e iniciar a escrita deste trabalho. Às minhas amigas que possibilitaram momentos para crescermos juntas, reconhecendo o valor de cada pessoa, pois a amizade é uma das maiores dádivas e um dos sentimentos mais belos e nobres propiciado pelo nosso grande Pai. A vida sem vocês nada seria. 2 Certo dia, Cuidado, passeando nas margens do rio, tomou um pedaço de barro e o moldou na forma do ser humano. Nisso apareceu Júpiter e, a pedido de Cuidado, insuflou-lhe espírito. Cuidado quis dar-lhe um nome, mas Júpiter lho proibiu, querendo ele impor o nome. Começou uma discussão entre ambos. Nisso apareceu a Terra, alegando que o barro era parte de seu corpo e que, por isso, tinha o direito de escolher um nome. Gerou-se uma discussão generalizada e sem solução. Então todos aceitaram chamar Saturno, o velho deus ancestral, senhor do tempo, para ser o árbitro. Este deu a seguinte sentença, considerada justa: Você, Júpiter, deu-lhe o espírito, receberá o espírito de volta quando esta criatura morrer. Você, Terra, forneceu-lhe o corpo, receberá o corpo de volta quando esta criatura morrer. E você, Cuidado, que foi o primeiro a moldar a criatura, acompanhá-la-á por todo o tempo em que ela viver. [...] Originário é o cuidado “que foi o primeiro a moldar o ser humano”. [...]. O cuidado, portanto, entra na constituição do ser humano. [...] “o cuidado acompanhará o ser humano por todo o tempo em que ele viver”. Tudo o que fizer com cuidado revelará quem é o ser humano e será bem feito. Leonardo Bofff 3 SANTOS, Patrícia. Contribuições do Pedagogo no desenvolvimento pessoal e empresarial. São Paulo, 2006. Trabalho de Conclusão de Curso de Pedagogia. Centro Universitário São Camilo. RESUMO O Pedagogo empresarial, um agente educador capaz de facilitar transformações pessoais e organizacionais, foi o foco deste estudo, pois o objetivo é mostrar que o Pedagogo pode atuar fora do âmbito escolar, visto que o ser humano aprende em todo tempo e em todo lugar e que esta aprendizagem pode ocorrer tanto individualmente, quanto nas relações interpessoais e intergrupais e mostrar, também que, pelo fato dos indivíduos agirem movidos por algo, seja consciente ou inconscientemente, em busca da realização de necessidades específicas, é preciso haver um direcionamento das suas ações. Por meio de análise histórica, foi possível identificar os determinantes que possibilitaram a inserção do Pedagogo no âmbito empresarial. A metodologia utilizada para realização desta pesquisa foi uma revisão bibliográfica qualitativa de vários autores e das contribuições pertinentes ao tema proposto. Devido à velocidade das informações que levam às transformações do fazer, do pensar e do sentir, e pelo fato da qualidade ser um fator relevante dentro das organizações, é preciso considerar os fatores que permeiam as práticas dos funcionários e que as técnicas de intervenção como os treinamentos, as dinâmicas de grupo, os jogos role-playing e a avaliação de desempenho, são essenciais para promoverem, quando utilizadas adequadamente, transformações significativas na mudança de comportamento, mentalidade e cultura. A valorização humana, é essencial para o sucesso empresarial. Palavras-chave: Pedagogia empresarial, motivação, desenvolvimento pessoal e mudança comportamental. 4 ABSTRACT An enterprise Pedagogo, an agent educator capable to facilitate personal and organizacionais transformations, was the focus of this study, therefore the objective is to show that the Pedagogo can act outside of the pertaining to school scope, since the human being learns in all time and all place and that this learning can occur in such a way individually, how much in the interpersonal and intergrupais relations and show, also that, for the fact of the individuals to act unconsciously moved for something, either conscientious or, in search of the accomplishment of specific necessities, is necessary to have an aiming of its actions. By means of historical analysis, it was possible to identify the determinative ones that they make possible the insertion of the Pedagogo in the enterprise scope. The methodology used for accomplishment of this research was a qualitative bibliographical revision of some authors and the pertinent contributions to the considered subject. Had the speed of the information that lead to the transformations of making, of thinking and feeling, also, for the fact of the quality to be an excellent factor inside of the organizations, it must be considered the factors that the practical ones of the employees permeiam and that the intervention techniques as the training, the group dynamic, the games rolls-playing and the performance evaluation, are essentials for promoting, when used adequately, significant transformations of the behavior change, mentality and culture. The valuation human being, is essential for the success of any company. Word-key: Enterprise Pedagogia, motivation, personal development and mannering change. 5 SUMÁRIO Resumo Abstract INTRODUÇÃO .................................................................................................... 09 MÉTODO ........................................................................................................... 12 CAPÍTULO 1 – A empresa abre as portas para a educação .............................. 13 1.1 A empresa: um local de desenvolvimento? ............................................. 13 1.2 A inserção do Pedagogo nas empresas ................................................. 15 CAPÍTULO 2 – O Pedagogo e suas funções interventistas ............................... 18 2.1 Suas funções na equipe de trabalho ....................................................... 18 2.2 Entendendo sobre motivação .................................................................. 20 2.3 Técnicas de intervenção pedagógica empresarial .................................. 25 2.4 Consultoria empresarial e mediação de conflitos .................................... 28 2.5 O treinamento e dinâmicas de grupo nas empresas ............................... 30 CAPÍTULO 3 – Avaliação de desempenho ........................................................ 36 3.1 Avaliação de desempenho: o cumprimento de uma tarefa ou indicação para formação? ........................................................................ 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 43 GLOSSÁRIO ...................................................................................................... 45 ANEXOS ............................................................................................................ 46 6 INTRODUÇÃO Este Trabalho de Conclusão de Curso surgiu ao questionar a escolha pelo curso de Pedagogia em relação à vida profissional e o interesse sobre este tema, da leitura do livro de LUCKESI (2002), ao levantar a questão da vida profissional dos indivíduos em geral: os desejos que movem sua ação; a entrega ao trabalho; significado do trabalho sadio e suas habilidades. Partindo da premissa que a aprendizagem não ocorre somente em âmbito escolar, o foco desta pesquisa é o Pedagogo nas empresas para, assim, explicitar o quanto sua formação e atuação, enquanto agente educador, promovem transformações significativas nas pessoas. Para responder à essas indagações formulou-se o seguinte problema de pesquisa: “Quais as contribuições do pedagogo no desenvolvimento pessoal e empresarial?”. Neste trabalho foram tratados assuntos cotidianos, mas que, com acompanhamento e direcionamento, podem ser essenciais para formação e desenvolvimento pessoal. Para isso foi destacada a inserção e a importância da atuação deste profissional nas empresas. Ao executar o trabalho, o profissional, normalmente age em função de algum anseio, desejo, vontade, enfim algo que preencha alguma limitação ou mesmo restrição em sua vida. Sendo assim, é possível compreender que todas as ações não são meros resultados do acaso, mas uma busca constante de conquistas, na esperança de um reconhecimento. Sem desejo não há entrega e o resultado pode não ser o esperado. Vale ressaltar que nem todas as ações despertam o prazer em executá-las, mas é necessário ter consciência disso. Quando há o esforço na realização das tarefas diárias, visando a qualidade, a superação, ou quando ocorre uma avaliação de desempenho e não há um retorno, essas mesmas tarefas podem vir a ser apáticas, sem entusiasmo, sem um forte desejo, tornando-se mecânicas e podendo não produzir os resultados esperados. Por meio de tais colocações, é possível declarar a grande importância do desejo na construção de resultados, bem como essa motivação pode ser intencional já que há 7 o profissional, no caso o Pedagogo, que poderá promover situações para a apreensão de novos conhecimentos ou aperfeiçoamento. Esse é um dos papéis fundamentais para que se construa o desenvolvimento pessoal e profissional, pois tudo é possível, baseando-se no esforço, no prazer de ser, de viver, de agir e de trabalhar. A sobrevivência depende da intenção de trabalhar, na disponibilidade que a mente e o coração possam ter para participar de forma plena nessa atividade. Se não existir a vontade de trabalhar, o desânimo prevalecerá, com isso, a vida perderá o sentido, mas é preciso manter o equilíbrio e harmonia. Embora as pessoas aprendam a trabalhar para sobreviver, é preciso aprender, também, que o trabalho faz parte da existência de cada um, ou seja, faz parte do crescimento da vida e não é apenas uma obrigação, como alguns acreditam, pois o trabalho não é apenas um meio de sobrevivência, é um meio de auto-conhecimento e auto-desenvolvimento, profissional, mental e emocional. A partir dessa análise, é possível olhar para natureza interior e ganhar a liberdade para crescer, pois a perspectiva do desenvolvimento reabre o canal de comunicação que há entre corpo e a mente, possibilitando a descoberta das reais metas de cada um. No capítulo 1 - “O Pedagogo e suas funções interventistas”, procurou-se abordar a motivação e a sua importância na vida das pessoas, inclusive a motivação segundo Abraham Maslow, pois em sua pirâmide, as necessidades são explicitadas de forma clara, bem como, os fatores que a envolvem. Os fatores tecnológicos também foram abordados, bem como, as mudanças ocorridas nas últimas décadas, e também os pontos negativos como desemprego que afetou a sociedade de forma geral. Com os avanços tecnológicos, o Pedagogo teve que atualizar-se mediante às novas ferramentas disponíveis e inseri-las em seu cotidiano. O objetivo desse estudo é mostrar que a inserção do Pedagogo nas empresasse deu por suas habilidades e potenciais possibilitando-o a atuar em Recursos Humanos, Desenvolvimento e Treinamento, Recrutamento e Seleção e Desenvolvimento Gerenciado. 8 Ressaltamos que a formação e atuação do Pedagogo são de extrema importância já que valoriza e respeita as diferenças, possui conhecimentos de ética, avaliação e no que tange ao diagnóstico e projetos de trabalho. 9 MÉTODO A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho, foi revisão bibliográfica com uma abordagem qualitativa, onde pode-se ler e analisar as obras relacionadas ao tema, baseadas na orientação para elaboração, conforme RAMPAZZO (1998). Por meio de prática profissional, em virtude de conflitos internos e infindáveis questionamentos, procurou-se analisar a atuação do Pedagogo nas empresas. Devido à escassez de obras que abordem o tema Pedagogia Empresarial, enveredou-se em obras sobre Psicologia, no caso, motivação tão atrelada às questões do ser humano, suas tarefas, incertezas e esperanças. Também pode-se fazer tal análise, por meio de artigos, internet e a enciclopédia livre, wikipedia, nos quais espera-se despertar o interesse acerca do leque que se abre para o Pedagogo, subsidiados por essa revisão bibliográfica. 10 CAPÍTULO 1 – A empresa abre as portas para a educação 1.1. A empresa: um local de desenvolvimento? É preciso compreender a empresa como um local de educação, pois todo aquele que nela está inserido, necessita superar-se a cada dia, desenvolvendo novas habilidades, competências e potencialidades para que possa, não somente colaborar para o crescimento da empresa, mas também, para realização e desenvolvimento pessoal. Esse desenvolvimento, no que se refere às habilidades, competências e potencialidades, é decorrente da formação que ocorre dentro da empresa por meio de cursos que podem ser os recursos da informática, línguas, graduação, MBA, treinamentos, palestras e fóruns, entre outros. Além da formação daquele que já está inserido na empresa, o funcionário, é preciso citar a pessoa que ingressa neste local, pois esse novo funcionário necessita de orientações quanto às políticas que regem a empresa e seus produtos, salário, bem como, plano de carreira, benefícios, regras e as tarefas, propriamente ditas, que deverão ser executadas por ele. Esse novo funcionário passará pelo processo de adaptação onde aprenderá as ferramentas disponíveis para execução de suas futuras tarefas, a integração dentro do ambiente de trabalho e possíveis treinamentos que se façam necessários no decorrer da sua vida profissional. Devido esse novo perfil nas empresas, houve a necessidade, também, de um novo profissional, o Pedagogo que, conforme RIBEIRO (2003) cita: O Pedagogo Empresarial caracteriza-se como uma das possibilidades de atuação/formação do pedagogo bastante recente, especialmente no contexto brasileiro. Tem seu surgimento vinculado à idéia da necessidade de formação e/ou preparação dos Recursos Humanos nas empresas. (RIBEIRO, 2003 p.9). 11 As empresas nem sempre se preocuparam com o desenvolvimento pessoal de seus funcionários, mas a mudança de conceito muda a partir das novas exigências de mercado quanto às habilidades, competências e formação profissional. Outro fator que contribuiu para a formação dentro das empresas, foi a questão dos incentivos governamentais que, conforme a Lei Ordinária 6297/751 (GEISEL, Ernesto et al) deduzia os tributos fiscais para que as empresas investissem em seus funcionários por meio de treinamentos. É interessante perceber que a atuação do Pedagogo na empresa tem como pressuposto principal, a filosofia e a política de recursos humanos adotados pela organização e que, embora a empresa seja um local de formação, não se pode compará-la à escola, pois a postura adotada em cada ambiente difere uma da outra. Assim sendo, a empresa também é um espaço educativo e cabe ao Pedagogo promover metodologias que garantam a apropriação de conhecimentos e informações que sejam capazes de provocar mudanças comportamentais das pessoas que dela fazem parte, melhorando assim o desenvolvimento profissional e pessoal. Tanto no âmbito escolar, como nas empresas o Pedagogo terá a função de diagnosticar as necessidades empresariais, incluindo as necessidades de seus funcionários para melhoria da produtividade, a fim de alcançar as metas estabelecidas e também, estabelecer metodologias da informação e comunicação quanto às práticas de treinamentos. (RIBEIRO, 2003). O Pedagogo Empresarial precisa de uma formação filosófica, humanística e técnica sólida a fim de desenvolver a capacidade de atuação junto aos recursos humanos da empresa. Via de regra sua formação inclui disciplinas como: Didática Aplicada ao Treinamento, Jogos e Simulações Empresariais, Administração do Conhecimento, Ética nas Organizações, Comportamento Humano nas Organizações, Cultura e Mudanças nas Organizações, Educação e Dinâmica de Grupos, Relações Interpessoais nas Organizações, Desenvolvimento Organizacional e Avaliação de Desempenho. (RIBEIRO, 2003 p.10). 1 Lei Ordinária 6297/75. Disponível em: <http:\\www.senado.gov.br>. Acesso em : 11 nov 2006, 22h.. ANEXO A 12 1.2. A inserção do Pedagogo nas empresas Pode-se então dizer que o sucesso de uma empresa depende dos recursos humanos qualitativos. Segundo RAYMUNDO (2003), citando Taylor, o Pai da “Administração Científica”, preocupava-se com as tarefas executadas repetidamente o que o levou a considerar as fases de desenvolvimento de um trabalho sendo: planejamento, concepção e direção. Propôs métodos científicos que apontavam as fases de um trabalho, visando sempre a produção e qualidade. Conforme o autor (2003), citando Fayol, foi responsável pela gestão empresarial a partir de determinadas funções como: técnica, comercial, financeira, de segurança, contábil e administrativa e, embora pensasse na empresa como um todo, o funcionário ainda era tida como uma máquina. Henry Ford revolucionou a produção industrial com a “produção em série”. Tinha por objetivo racionalizar e aumentar a produção, conforme afirmam URT; LINDQUIST (2004), contribuindo também, para as transformações na sociedade de sua época. Num certo momento, conforme RAYMUNDO (2003), esse período ficou marcado pela insatisfação dos trabalhadores e dos sindicatos, devido às condições desumanas em que estes se encontravam. RAYMUNDO (2003) cita ainda o surgimento de Mayo, cientista social australiano, que contribuiu para que a Administração ganhasse novos rumos por meio de uma pesquisa liderada por ele, conhecida como a “Experiência de Hawthorne”, onde verificaram que as condições ambientais como a iluminação, os horários, os intervalos interferiam na qualidade e produtividade e mostrou o quanto as relações humanas no trabalho são essenciais para o desenvolvimento. A partir daí, nasceu a Escola de Relações Humanas que enfatizava a adaptação do homem à empresa e vice-versa. Segundo URT; LINDQUIST (2004), a década de 70 foi marcada por mudanças significativas na sociedade industrial e o mercado de trabalho passou a exigir novos perfis. Mediante a pressão das empresas, houve também o aparecimento de novas tecnologias, a automatização do trabalho e, nesta mesma época, o Pedagogo passou a ser parte integrante nas empresas. 13 O pedagogo começou a ser chamado para atuar na empresa no final da década 60, início de 70 [...] Os princípios da racionalidade, eficiência e produtividade foram transportados da economia para a educação, de modo conciliatório com a política desenvolvimentista. A concepção de educação que predominava trazia consigo a ideologia desenvolvimentista, fundamentada nos princípios da Teoria do Capital Humano, muito presente no cenário nacional, respaldando políticas e ações que visavam o aperfeiçoamento do sistema industrial e econômico capitalista. (URT; LINDQUIST, 2004 p.1) Segundo as autoras (2004), ainda nesse período, as empresas tinham características fordistas e tayloristas (maior produção e maior lucro) e, por essa razão, os funcionários tinham o mínimo de escolaridade, então o papel do Pedagogo limitou-se a apenas treinar, visando praticamente o ‘adestramento’ para o exercício de uma função específica. A educação, por sua vez, também foi atingida, pois com o crescimento econômico e o progresso, as pessoas passaram a preocupar-se com a escolaridade, já que necessitavam de especialização e profissionalização e, como a escola não estava preparada para atender essa demanda, o ‘aperfeiçoamento’ dessas pessoas acabou acontecendo, muitas vezes, dentro das próprias empresas. ALMEIDA (2006) também cita que o contexto histórico que influenciou a atuação do Pedagogo no Brasil, se deu na década de 70, onde as inovações tecnológicas, reorganizações dos mercados internos e externos, globalização, fez com que os novos paradigmas das empresas focassem as pessoas, ou seja, a qualificação dos profissionais. A reestruturação nas empresas exigiu a presença de um novo profissional, alguém especializado em educação, gestão, organização, planejamento, avaliação, seleção, recrutamento e treinamento. De acordo com URT & LINDQUIST (2004), a função do Pedagogo, em 1970 estava voltada para coordenação de programas educativos (ensino básico para os que não tinham), planejamento, organização e avaliação de treinamentos, palestras e cursos sobre motivação, relações humanas e tipos de liderança. Com as transformações advindas na década de 70, o papel do Pedagogo resumiu-se em apenas contratar pessoas e avaliar os processos de treinamentos. Porém, devido essa mudança na atuação do Pedagogo nas empresas e com a suspensão da Lei 6297/95, 14 em 12 de abril de 1990, eliminando o apoio financeiro do governo às empresas e, desta forma, muitos centros foram fechados e Pedagogos demitidos. Com o passar dos anos, o modelos fordista e taylorista que predominavam na época, centrados na formação técnica, no saber fazer, foram enfraquecendo, pois as exigências de mercado tornaram-se cada vez mais rígidas. As pessoas não apenas deveriam ‘saber fazer’, deveriam também ser mais críticas, flexíveis, criativas, enfim, mais competitivas. Segundo URT; LINDQUIST (2004) o novo mercado procura agora não somente o profissional com conhecimentos técnicos, mas que também saiba lidar com situações novas na busca da solução de problemas que permeiam o dia-a-dia da empresa e “o Pedagogo é o agente educacional da empresa, sua função é a concretização da educação dentro dos interesses empresariais de cada momento específico.” Porém o Pedagogo não tem uma função específica, ele pode atuar no departamento de recursos humanos como em Desenvolvimento e Treinamento, Recrutamento e Seleção e Desenvolvimento Gerenciado. Conforme URT; LINDQUIST (2004) esse momento é crucial dentro da empresa, pois o Pedagogo passa a atuar tanto na integração de novos funcionários, quanto na familiarização das tarefas a serem executadas, políticas que regem a empresa, horários, salário, plano de carreira, benefícios. O Pedagogo também viabiliza cursos, sejam internos ou externos, que se façam necessários para o desenvolvimento pessoal. Mesmo que a empresa esteja interessada pelo Pedagogo, devido sua postura e pelo fato de reconhecer que este detém o saber, o trabalhador deve estar disposto a aprender e a lidar com novas situações físicas, como utilizar novos softwares, por exemplo e situações emocionais que exigem equilíbrio nas relações, estrutura para saber lidar com as incertezas do mercado. Embora o Pedagogo, na empresa, seja um profissional que trabalha com o desenvolvimento individual e formação de um trabalhador dinâmico, atuante, sua tarefa deve sempre visar às metas a serem alcançadas dentro das empresas. 15 CAPÍTULO 2 – O pedagogo e suas funções interventistas 2.1 Suas funções na equipe de trabalho De acordo com URT; LINDQUIST (2004) o mercado de trabalho está mais exigente, o trabalhador deve conhecer além de sua função específica, deve ser polivalente, superando barreiras e ampliando seus conhecimentos, pois a preocupação das organizações passou a ser ‘Qualidade Total’ e o Pedagogo passa a atuar na formação desses trabalhadores. Conforme URT; LINDQUIST (2004) o envolvimento da empresa com o trabalhador é essencial para o crescimento tanto da produção (qualidade e lucro) quanto do profissional (ascensão na carreira), pois este tipo de organização, que trabalha com pessoas envolvidas e qualificadas, se fundamenta no desenvolvimento das pessoas motivadas e, este princípio baseia-se na educação e no treinamento. O Pedagogo torna-se ainda mais desafiado, pois a empresa quer um profissional que ‘vista a camisa’, de forma a ser um aliado na busca pelo crescimento de seus trabalhadores, não sendo tão somente um coordenador, treinador, planejador e avaliador, mas também, alguém que se interesse pelos anseios dos trabalhadores e faça do local de trabalho um ambiente agradável, mostrando que tudo que provém do funcionário, como seu bem-estar, sua família, é importante. Da mesma forma cabe ao Pedagogo também, convencer os funcionários que a ideologia da empresa está correta e cada um deve esforçar-se, dedicar-se, adaptar-se ao no novo perfil deste mercado, pois a luta daquele que não se convence disso é muito difícil, afinal quantas pessoas, talvez mais qualificadas, gostariam de estar em seu lugar. As autoras (2004) mostram a tarefa árdua do Pedagogo que trabalha subjetivamente o trabalhador visando às exigências do mercado que, em meio às novas tecnologias, conseqüentemente, surge o fantasma do desemprego, pois as máquinas estão aí para ocupar seu lugar. Para ALMEIDA (2006) a interação é essencial nas relações humanas e a cultura de massa que permeia a sociedade dificulta a atuação do Pedagogo, já que os avanços tecnológicos, videoconferência, por exemplo, impedem a relação de corpo presente. 16 Mas é necessário para o Pedagogo se apropriar das ferramentas atuais e colaborar dentro das Organizações, consolidando as práticas e políticas que a regem, de forma positiva para o desenvolvimento do próprio trabalhador. Segundo ALMEIDA (2006) “comunicação, cultura e artes estabelecem então novos caminhos no qual não se tem mais a especialização fragmentada e isolada, e sim, a especialização como mediadora para globalização”. Já para Dutra (2002), embora tenham ocorrido tais transformações, ainda há a idéia de que as pessoas devem ser controladas. Porém, devido, justamente por essas mudanças, houve a necessidade de adaptação tanto das organizações como dos trabalhadores. As organizações estão se reestruturando cada vez mais, adaptando-se às exigências de mercado e, devido a concorrência, tendo que, nos processos cotidianos, serem, necessitando assim de pessoas cada vez mais empenhadas, saber trabalhar em equipe, autônomas. Devem ainda atualizar mediante a competitividade local e global, atualizar (produtos e serviços), acompanhando as tendências e se aperfeiçoando continuamente. Essas alterações, principalmente a sociocultural afetaram as condições de vida do cidadão e também suas expectativas, não somente pessoais, mas em relação às organizações. As pessoas começaram a valorizar-se, exigindo melhores condições de trabalho. Para ALMEIDA (2006), o sucesso ou fracasso de uma empresa dependerá do tipo de trabalho em equipe desenvolvido internamente, pois o trabalho em equipe não se resume na pró-atividade de cada um, mas na diversidade, afinal cada pessoa possui suas próprias habilidades e competências, bem como, suas dificuldades e, são as dificuldades que necessitam de atenção especial no momento de se trabalhar em grupo e, por isso se faz necessário uma boa coordenação, distribuição de tarefas de forma que as prioridades e objetivos sejam estabelecidos. Mediante a essa nova situação, faz com que as organizações reavaliem a gestão de pessoas, verificando que, tanto a organização quanto os trabalhadores, são responsáveis pelo seu desenvolvimento. As pessoas são respeitadas como únicas, o crescimento é individual, mas a aprendizagem deve ocorrer em ambas as partes já que estão inter-relacionadas, mantendo assim uma relação saudável e produtiva. Assim, as políticas (princípios e diretrizes que regem a empresa) e práticas (ações – 17 procedimentos, métodos e técnicas) de uma empresa deverão ser claras, e as pessoas envolvida, cientes de sua contribuição tanto para a organização como para com as outras pessoas, saberão retribuir, estabelecendo, assim, uma ligação, ouse já, uma cumplicidade entre empresa e funcionário. Caberá à empresa promover momentos de integração, estimulando os funcionários a oferecerem o que tem de melhor, criando oportunidades de desenvolvimento (DUTRA, 2002). 2.2 Entendendo sobre motivação Para que se possa compreender a atuação do Pedagogo na empresa, bem como sua função como motivador, é necessário saber o que é motivação. Daí a importância de sabermos o que é Motivação, conforme definição do dicionário Aurélio: “conjunto de fatores psicológicos (conscientes ou inconscientes) de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais agem entre si e determinam a conduta de um indivíduo”. Figura 1: Pirâmide de Maslow2 2 Pirâmide de Maslow. Disponível em: <http:\\www.wikipedia.org.br>. Acesso em: 11 nov 2006, 23h. 18 Quando se fala sobre motivação não se pode deixar de citar Abraham Maslow e sua pirâmide, onde as necessidades são mencionadas hierarquicamente. A base da pirâmide de Maslowm representa as necessidades básicas, que são as fisiológicas, como a fome, a sede, o sexo. Logo após são as necessidades de segurança, desde as mais simples, que pode ser o fato de estar em casa, até as mais elaboradas como estar empregado ou ter uma religião. Há também as necessidades sociais que estão relacionadas aos sentimentos de amor, afeto e relações interpessoais. Outra necessidade é da estima, que corresponde ao reconhecimento das nossas capacidades pessoais e dos outros frente à capacidade de desempenhar uma tarefa. Por fim, a necessidade de auto-realização onde o resultado daquilo que a pessoa é resultante de suas ações para o alcance de seus objetivos. Isso fez com que Maslow sofresse algumas críticas, pois a priori sua pirâmide desconsidera a diversidade cultural, pois o que é uma necessidade primordial para um determinado grupo pode não ser para outro. É importante ressaltar que, embora Abraham Maslow tenha elaborado sua pirâmide mencionando as cinco necessidades, cada pessoa deve estabelecer sua hierarquia de necessidades, a fim de alcançar sua auto-realização, ou seja, o ser humano busca suprir primeiro as necessidades mais simples para, posteriormente, suprir as mais difíceis. Pelo fato da motivação ser um fator interno, obviamente a pessoa, ao executar uma tarefa, a fará devido algum anseio, vontade, algo que a satisfaça. Assim sendo, é compreensível que as ações não são apenas resultados do acaso, mas sim a busca pela realização, o prazer em alcançar seus objetivos, satisfazer suas necessidades, ou seja, a motivação é um motivo que leva à ação. Vale ressaltar ainda que ação e satisfação estão fortemente inter-relacionadas e ligadas à motivação e, por essa razão, a importância de compreender quais são os fatos que motivam o comportamento humano. (MILITÃO A.; MILITÃO R., 1999) Assim sendo, nas organizações, a gestão de pessoas envolve a motivação individual e da equipe, respeitando as necessidades de cada um, colocando-as em ordem de importância, lembrando que nos dois casos são consideradas desde as necessidades básicas até as mais complexas. As necessidades básicas são de ordem 19 da sobrevivência, como conforto físico, comida, sexo, abrigo, roupa, sono, sua segurança. Para conseguir alcançar essas necessidades básicas, o ser humano estabelece suas relações, tanto as sustentáveis como associativas, e a partir daí poderá se auto avaliar e analisar sua auto-estima, descobrindo então quais são suas ambições e desejos, pois o homem tem a real necessidade de descobrir seu potencial, sua capacidade, superando-se. O Pedagogo que atua na empresa na área de recrutamento e seleção deverá levar em consideração essas características, pois para a empresa é importante que sejam selecionadas pessoas ‘cheias de vida’, que abracem causas, que tenham facilidade em lidar com o próximo e, essas características não são alcançadas por meio de treinamentos, elas fazem ou não parte da personalidade de cada um. Daí a importância da seleção ser efetiva, pois o sucesso não dependerá exclusivamente da organização, mas também da disponibilidade daquele que se candidata à vaga, pois se for uma pessoa ‘eternamente insatisfeita’, mesmo tendo um salário alto, jamais se sentirá satisfeita. (MILITÃO A.; MILITÃO R., 1999) Para os autores, alguns pontos são fundamentais na relação trabalhadores e empresa. A questão dos fatores básicos que estão relacionados em como o funcionário se sente na empresa e englobam, inclusive, as condições físicas, os salários, os benefícios, clima (ambiente saudável), bem como, fatores motivacionais que estão ligados a ele próprio, que se refere às condições individuais como as tarefas que executa (conteúdo e responsabilidade). Os fatores motivacionais são extremamente importantes, pois referem-se a satisfação e por conseqüência, excelência na qualidade do trabalho, refletindo em maior produtividade e crescimento profissional. No ambiente empresarial, algumas ações são utilizadas para entusiasmar as pessoas que nela trabalham. São elas: habilidade e instrução; os programas de educação continuada; os programas de treinamento; as dinâmicas de grupo; os programas de desenvolvimento de executivos e crescimento e criatividade. Os treinamentos servem para que o funcionário possa utilizar-se do conhecimento teórico na prática diária de forma direcionada, a fim de otimizar o tempo gasto e os resultados para empresa. Serve também para que o funcionário sinta-se motivado, um colaborador. Daí a importância da motivação, pois motivar significa nesse momento 20 (treinamento) diferenciar o profissional a partir das competências e avanços que venham surgir através dos feedbacks. (MILITÃO A.; MILITÃO R., 1999) Outro fator importante, citado pelo autor, é saber o que motiva o funcionário, pois alguns são movidos pelo poder, outros pelo dinheiro, há aqueles que se contentam com elogios, outros ainda preferem ser esquecidos. Porém é necessário que fique claro que cada um possui uma necessidade individual. Algumas necessidades são comuns à todos ou atingem uma boa parte dos funcionários. São elas: Necessidade da realização: que consiste no sucesso ao executar as tarefas, onde terá a oportunidade de mostrar seu talento e, assim, se sobressair. Necessidade do poder: consiste na satisfação em liderar, persuadir e controlar o outro, são pessoas que se saem bem nos cargos de liderança. Necessidade de associação: pessoas que valorizam o ambiente social da empresa e que gostam de trabalhar em equipe. Necessidade da autonomia: são pessoas que gostam de trabalhar com liberdade e tomar suas próprias decisões. Necessidade da estima: pessoas que necessitam de reconhecimento e elogios. Por ser tratar da subjetividade do ser humano, a motivação enquanto conceito científico da psicologia carregou por muito tempo várias definições, já que muitos estudiosos se utilizaram desse termo para explicarem suas teorias e hipóteses. Essa busca deu-se pelo fato de se tentar compreender o comportamento humano, as interferências ambientais e, por conseguinte, sua relação nas organizações, pois as organizações estavam preocupadas com os resultados e, as pessoas que delas faziam parte, com a auto-realização. (BERGAMINI, 1990). Como os indivíduos são diferentes uns dos outros, existe a diversidade de interesses e as razões pelas quais as pessoas agem. Isso fica claro na sociedade, no convívio entre as pessoas, pois cada um buscará sua própria satisfação moticacional, bem como o caminho a ser percorrido para alcançá-lo. Daí a importância dos fatores norteadores que cercam as pessoas. Para BERGAMINI (1990), dessa capacidade de enxergar a pessoa como ser único e sua individualidade, as organizações passaram a priorizar as ações sempre levando em consideração a precaução e na qualidade das 21 decisões a serem tomadas. Assim, a pessoa motivada, ao agir, se preocupará com as possíveis perdas. Embora não seja uma tarefa fácil a de valorizar o outro, isso torna-se um grande desafio frente às oportunidades que surgirem e a reação será a especialização, capacitação, pois a competitividade será cada vez mais acirrada. BERGAMINI (1990) destaca que existem dois tipos de comportamentos, um que é a reação aos estímulos e o outro que a força interior de cada pessoa. São comportamentos classificamos como condicionamentos e motivacionais. O primeiro refere-se às ações das pessoas a partir de condicionantes que estão fora delas e o segundo refere-se aos resultados de forças impulsoras internas. No comportamento condicionado é verificada a questão da ação humana sob o aspecto da submissão, das relações controladas, pois na concepção comportamentalista, o foco é que o ser humano seja passível diante de um estímulo externo que provocará uma reação específica e isso lembra muito a “Escola Behaviorista” – estímulos externos (S) e as reações (R) (S-R bond theory). Já no comportamento motivacional ressalta a liberdade que cada um tem mediante suas necessidades e anseios. Para BERGAMINI (1990) os motivos pelos quais as empresas utilizam o termo motivação para lidar com seus funcionários nem sempre levam em consideração fatores externos que são, justamente, o que as motivam. Esses fatores (externos) são reforçadores do comportamento, precisa de alguma forma ser positivos (recompensadores), pois caso não sejam, ocorre o desinteresse. Uma polêmica quanto aos fatores motivacionais é a questão salarial. Dentro do ciclo motivacional, é possível verificar que todas as pessoas têm um equílibrio interno de acordo com um estímulo ou incentivo que faz surgir novas necessidades. Toda vez que surgem novas necessidades, o estado de equilíbrio é rompido e gera um desconforto que poderá refletir em satisfação ou insatisfação. A insatisfação produzirá um estado de frustração, resistência e pode levar à baixa-estima. Porém, se o comportamento ou ação forem eficazes, ocorrerá a satisfação, portanto volta ao estado de equilíbrio anterior. Se analisado isoladamente, o salário é um meio e representa apenas o pagamento ou recompensa pelo trabalho prestado. Pode até ser considerado 22 um motivador, porém é temporário, pois à medida que ganha mais, terá novas necessidades e terá outras necessidades. (MILITÃO A.; MILITÃO R., 1999) Para as autoras URT; LINDQUIST (2004), dentro dos paradigmas que norteiam o Pedagogo atual, é importante ressaltar que os funcionários que contribuem para os resultados positivos dentro de uma empresa, são funcionários envolvidos, qualificados e que necessitam de motivação. Por isso, o Pedagogo passa a atuar não somente como mediador dentro da empresa, mas também provoca a mudança de comportamento, mentalidade e cultura. Para ALMEIDA (2006) caso haja dificuldade por parte de qualquer pessoa de uma equipe ou a inserção de uma nova pessoa, é necessário que o Pedagogo esteja atento, afim de que novos treinamentos sejam elaborados, visando o equilíbrio. Para isso é necessário que haja, também, identificação entre as pessoas envolvidas com o respectivo líder, lembrando que nesse relacionamento, o líder terá a função de apoiar, direcionar e acompanhar as tarefas a serem executadas para se chegar a um resultado positivo, gerando assim, transformações significativas. Caso a liderança seja negativa, as tarefas até podem ser executadas com responsabilidade e competência, mas não haverão transformações e, dificilmente, a busca por novos desafios. 2.3 Técnicas de intervenção pedagógica empresarial Diante do quadro apresentado, das novas tecnologias, das exigências de mercado, da velocidade das informações que levam às transformações do fazer, pensar e sentir, novas técnicas foram adotadas nas empresas. Nas relações, a visão desse novo mercado, fez surgir maior competitividade e, conseqüentemente, novas especializações que complementem as funções, tornando as pessoas mais criativas. Ao falar de tais mudanças, remete-se a questão da qualidade do trabalho do profissional e esta qualidade está atrelada aos relacionamentos interpessoais e, também, das experiências diárias. Isso se dá por meio da aprendizagem, o aprender a 23 lidar com os outros e com novas situações e DATNER (2006) cita a importância da educação empresarial: E educação empresarial enfoca o desenvolvimento das competências humanas e das relações comportamentais, pois trata da troca, do compartilhar, do saber viver e conviver com outros, pelo conhecimento adquirido de vivências significativas, formando um acervo para enfrentar novas situações de trabalho, novos papéis de liderança, de gestão e de trabalhador. (DATNER, 2006 p.16). O mundo é marcado por mudanças diárias que podem ser acompanhadas pela mídia por meio de revistas, jornais, televisão, internet que, de forma dinâmica chegam às residências. Dentre as várias mudanças que ocorreram, as inovações tecnológicas foram as que mais atingiram as indústrias pois, em alguns casos, as vagas de emprego, ocupadas por pessoas foram substituídas por robôs industriais. Houve uma redução de empregos, mas as pessoas que permaneceram precisaram em suas vagas tiveram que se especializar, manter-se atualizadas para garantir a sua vaga dentro da empresa. No caso do Pedagogo que ocupou seu espaço nas empresas, foi graças ao seu diferencial, seus conhecimentos específicos do campo educacional, pois pôde articular esses conhecimentos à investigação e sua prática dentro das empresas. Conforme ALMEIDA (2006), o Pedagogo, dentre vários caminhos, busca: Compreender e valorizar os diferentes padrões e produções culturais presentes na realidade do mundo do trabalho, suas questões sociais e políticas, sob a visão da perspectiva histórica, em direção ao desenvolvimento de uma nova sociabilidade, na qual liberdade e necessidade se realizam mutuamente. (ALMEIDA, 2006 p. 107). Justamente por essa razão, o Pedagogo na empresa, atua “com espírito crítico e analítico na vida social”, contribuindo de forma significativa para que haja qualificação e 24 atuação frente às novas exigências do mercado de trabalho, respeitando a diversidade cultural, o que facilita o desenvolvimento das atividades e as relações humanas. O Pedagogo Empresarial, com seus conhecimentos de ética, avaliação e no que tange ao diagnóstico e projetos, entre outros, terá maior facilidade de integrar seus conhecimentos. Além das considerações acima, destaca-se a citação: Para melhor atender as demandas de formação, as empresas utilizam-se cada vez mais de técnicas didáticas já utilizadas em outras áreas. Daí o cuidado que o pedagogo empresarial precisa ter ao selecioná-las e adequá-las para que os objetivos não sejam desvirtuados pela utilização inadequada de determinada técnica. (RIBEIRO, 2006 p.24). As técnicas mais utilizadas são: o discurso que corresponde às palestras, pois está centrado em escutar, pensar e anotar, mas há a participação do grupo; outra técnica é o diálogo onde o instrutor define os conteúdos, a partir de seus conhecimentos, técnicas, habilidades e atitudes a fim de que haja participação do grupo, por meio de perguntas e respostas já esperadas; e, por último, a utilização de audiovisuais que, embora ative vários sentidos, o grupo assume o papel de espectador (passivo) e nessa técnica deve haver um cuidado especial com os materiais a serem utilizados, tanto qualidade quanto a forma, pois nesse caso é fácil haver dispersão. O objetivo principal da educação empresarial é desenvolver a autonomia, sempre com responsabilidade e permeado pela ética. Muitas técnicas são utilizadas como recursos didáticos desde 1950 e, com a evolução nas últimas décadas surgem jogos, teatro, simulações e dinâmicas de grupo, obtendo excelentes resultados. Algumas adaptações tiveram que ser realizadas e estruturados pois, essas técnicas tinham como base o desenvolvimento infantil, pois embora os resultados sejam positivos, esse trabalho é difícil com os adultos. Posteriormente foram inseridos os jogos financeiros e estratégicos como pioneiros nas empresas. 25 2.4 Consultorias empresariais e mediação de conflitos Primeiro é importante entender o que é o consultor e sua função conforme citação de RAYMUNDO (2003): Existem dois tipos de consultorias, a de recursos e a de procedimentos. No primeiro caso, o consultor é contratado para resolver um problema específico e nisso empenha seus conhecimentos técnicos requeridos para aquele fim. É um trabalho de especialista destinado a desincumbirse de uma determinada tarefa. Já o consultor de procedimentos revestese do papel de um educador imbuído da missão de levar a empresa do cliente a tornar-se capaz de autodiagnosticar-se e pôr em prática as mudanças esperadas. O jardão da consultoria chama esse consultor pelo nome de “agente de mudanças”. (RAYMUNDO, 2003 p.37). A partir desta explicação é possível compreender a importância do Pedagogo nas empresas, já que dentro da empresa terá a oportunidade de trabalhar pontos específicos da estruturação da empresa como cargos, departamentos, manuais de procedimentos, normas, como também seus produtos. Terá a oportunidade de conhecer melhor as necessidades das empresas e assim recomendar trabalhos em equipe, reuniões periódicas, tratamento de conflito intergrupal, entre outras necessidades que se façam necessárias. Outro fator importante no papel do consultor é que trabalhando em empresas que estão iniciando, terá a oportunidade de intervir positivamente para que a empresa não cresça desordenadamente. No caso de empresas que já estão no mercado há mais tempo, o consultor terá o papel de renová-la, buscando novos talentos, líderes empreendedores. As observações do consultor poderão ser vistas positivamente e negativamente. Positivamente, pois poderá recomendar melhores caminhos a serem percorridos para que as metas sejam alcançadas ou negativamente, pois algumas recomendações poderão ser vistas como anulação de algumas pessoas enquanto outras poderão se sobressair e conquistarem algo, como uma promoção, um salário melhor, ou apenas se destacarão. 26 Para os que trabalham nas empresas será um excelente momento de avaliar seus conceitos e descobrir o porquê do destaque ou da falta dele. Assim como individualmente, os trabalhos executados em equipe precisam ser bem elaborados e, para isso, é necessário haver uma boa comunicação entre todos, bem como a participação efetiva de todos aqueles que da empresa fazem parte. Devem levar em consideração que as ações integradas necessitam acompanhadas e os conflitos administrados. Deve haver comunicação, definição das atividades e dos prazos a serem cumpridos, delegação de tarefas, organização do tempo, priorização das tarefas e processos comunicacionais. Dessas competências, pode-se destacar as ações integradas e a administração de conflitos, pois trabalhar em é equipe, é saber lidar com as diferentes personalidades das várias pessoas envolvidas. (ALMEIDA, 2006) Pode-se afirmar que os maiores conflitos surgem dos problemas ocorridos durante a comunicação, por meio da distorção na transmissão da mensagem, dificultando sua compreensão; uso de palavras inadequadas ou fora do contexto; limitação de compreensão; intermediários nas mensagens originais. Será um momento em que o Pedagogo poderá, por meio da consultoria prestada, fazer alterações de pessoas e cargos para evitar tais conflitos. Caso não seja isso, poderá levá-los a uma auto-reflexão permitindo que se conheçam melhor e, isso fica claro na citação de ALMEIDA (2006): Conhecer-se pode ser a chave para muitas pessoas, mas é a compreensão de quais são suas limitações e como elas influenciam o seu desempenho que permitirá uma evolução. Isso só será possível se houver um diálogo entre seu eu consciente e seu ímpeto, a que Freud em sua Teoria Estrutural chamou respectivamente de Ego e Id, em sintonia com o que o mundo real espera de você, o Superego. (ALMEIDA, 2006 p. 139). É necessário que o funcionário compreenda que esses conflitos devem ser superados, que suas limitações devem ser conhecidas e trabalhadas e as tarefas, antes de serem executadas, necessitam de planejamento. 27 Para RIBEIRO (2003), embora a mediação dos conflitos nas empresas seja uma questão de destaque, é preciso ter o cuidado de não se ter uma postura não coercitiva, ou seja, as pessoas envolvidas devem desenvolver autonomia na tomada de decisões, pois a mediação é uma técnica utilizada para que os conflitos sejam solucionados de forma rápida, porém flexível e única, pois é necessário ter em mente que cada pessoa é única, por isso é necessário estar atento às pessoas, levando em consideração o desempenho pessoal a fim de estimulá-las. 2.5 Treinamento e dinâmicas de grupo nas empresas Levando em consideração a questão dos conflitos que surgem nas empresas e pelo fato de estarem relacionados à comunicação, uma técnica importante utilizada pelas empresas são os treinamentos. Mas o que é treinamento? É uma técnica muito utilizada nas empresas e, de acordo com RIBEIRO (2003), “treinamento é o conjunto de procedimentos formais que uma empresa utiliza para facilitar a aprendizagem de seus funcionários, de forma que sua conduta resultante contribua para a consecução dos objetivos e fins da organização”. Ainda para RIBEIRO (2003) “o treinamento implica, pois, uma questão eminentemente ética e deve ser analisado, também, nesta perspectiva”. O Pedagogo em atua em treinamentos dentro das empresas reconhece que a educação é um processo amplo e ocorre em todo o momento, permitindo aos indivíduos desenvolver-se. Assim como a educação, o treinamento tem também a idéia de inclusão, de desenvolvimento de conhecimentos e promove as mudanças de atitudes significativas, pois não se limitam ao ambiente profissional. Os treinamentos que ocorrem dentro das empresas servem para aperfeiçoamento das tarefas executadas pelos funcionários de forma a otimizar as ferramentas disponíveis, compreensão das políticas, eficiência e eficácia, estimulando-o dentro do local de trabalho. Porém visa o alcance dos objetivos das empresas. Além do 28 aperfeiçoamento é importante destacar que os treinamentos ocorrem também como preparação do funcionário para atuação em um determinado cargo. É importante destacar também as vantagens dos treinamentos como o aumento da produtividade; possibilidade de diagnóstico das necessidades de formação constantemente aprimorar as relações e motivações; oferecimento da valorização do aprendiz; identificar potencialidades e talentos. Vale ressaltar aqui que as empresas estão se adaptando às novas tecnologias, inclusive quanto à educação empresarial que muitas vezes são ignoradas na educação como a “solução de problemas; preparo técnico; utilização eficiente e inovação de ferramentas de tecnologia de informática; capacidade de trabalhar em grupo.” Outros pontos apresentados por RIBEIRO (2003) em relação ao treinamento são as questões que o permeiam com um levantamento das necessidades dessa intervenção, quais e quantas pessoas envolvidas e quem será responsável por executar esta atividade, quais os objetivos, a distribuição e divisão do trabalho, o conteúdo, a escolha da metodologia e os recursos a serem utilizados como materiais, local mais adequado, também, o período, custo-benefício e a avaliação dos resultados. Além dos treinamentos, também são utilizadas nas empresas outras técnicas como as dinâmicas de grupo que têm como objetivos descobrir lideranças positivas e negativas; problemas de relacionamento interpessoal; desinibição; integração de pessoas ou de grupos; motivação de pessoas a participação efetiva e reforçar a confiança. Alguns cuidados precisam ser tomados para que quaisquer das técnicas utilizadas dêem resultados satisfatórios, um deles é quanto a elaboração, ou seja, as dinâmicas devem ser preparadas com antecedência para que não ocorram improvisos, pois devem ser direcionadas, a fim de se alcançar os objetivos traçados. É necessário ter em mãos o roteiro da dinâmica que será aplicada, bem como, papel e caneta para que as observações sejam anotadas de forma clara para uma possível consulta. Tanto o material do instrutor quanto os materiais a serem utilizados nas dinâmicas como lápis, papel, tesoura, clipes, borracha, mesas, cadeiras, venda, entre outros, devem ser separados e preparados com antecedência. Outro cuidado importante que se deve tomar é quanto à explicação da dinâmica, jamais as dinâmicas devem ser iniciadas sem 29 a devida explicação das regras que a envolvem e, sempre que concluídas, é necessário que os pontos observados sejam explicados. Os resultados de dinâmicas, mesmo quando semelhantes, jamais devem ser comparados, pois é necessário ter em mente que o público alvo é outro, bem como seus objetivos. Outro cuidado extremamente importante é questão do respeito com aqueles que fazem parte das dinâmicas, jamais expondo qualquer pessoa de forma que se constranja e constranja o grupo. Conforme MILITÃO A.; MILITÃO R. (2004) “a expressão Dinâmica de Grupo surgiu pela primeira vez num artigo publicado por Kurt Lewin, em 1944, onde tratava da relação entre teoria e prática em Psicologia social”. Os autores ainda citam: Dynamis é uma palavra grega que significa força, energia, ação. Quando kurt Lewin utilizou essa expressão e começou a pesquisar os grupos, seu objetivo era o de ensinar às pessoas comportamentos novos através da DINÂMICA DE GRUPO, ou seja, através da discussão e de decisão em grupo, em substituição ao método tradicional de transmissão sistemática de conhecimentos. (MILITÃO A.; MILITÃO R., 2004 p. 16). Assim como para RIBEIRO (2003), para MILITÃO A.; MILITÃO R. (2004), as dinâmicas têm como objetivo a desinibição, a transformação, aumento da coesão do grupo, o aperfeiçoamento do trabalho executado seja individual ou em grupo, bem como a melhoria do relacionamento interpessoal. Nas dinâmicas de grupo é possível trabalhar o comportamento individual e sua atuação no grupo, provocando uma sensibilização a partir da observação das atitudes deles próprios. É possível classificar as dinâmicas de grupo para melhor utilizá-las, focando assim os objetivos específicos, como apresentação, integração, conhecimento, recreação, aprendizagem e estórias e fábulas. As dinâmicas de apresentação são utilizadas para pessoas que acabaram de ingressar na empresa, seja como um novo funcionário ou um funcionário transferido de outro setor. Nesse caso o contato inicial será focado a “primeira impressão” que está relacionada aos fatores psicológicos (ansiedade do primeiro encontro). Porém corre-se o rico da primeira impressão ser positiva ou negativa. Quando positiva, ocorre a 30 aproximação e o sentimento e a simpatia facilitará o relacionamento interpessoal. Porém, quando negativa, o relacionamento torna-se difícil e tenso. (ANEXO B). As dinâmicas de integração e conhecimento são voltadas para grupos já iniciados, servem para maior entrosamento e para aprofundamento do conhecimento inicial, podem ser utilizadas as dinâmicas de “quebra-gelo”. Nesse caso encontramos pessoas extrovertidas que se entrosam com maior facilidade, mas ocorrem casos de se chegar em um ambiente desconhecido e ficarem tímidas e para as pessoas tímidas a situação se agrava, pois a timidez pode tornar-se medo. Nas dinâmicas de integração é possível trabalhar a auto-aceitação e, posteriormente, a aceitação do próximo, mas para isso é preciso propiciar um ambiente confiável para que as emoções fluam. (ANEXO C). As dinâmicas de recreação podem ser utilizadas durante eventos que têm um tempo de duração maior e além de servirem apenas como descontração, servem também para crescimento e busca de metas em comum. As dinâmicas de aprendizagem são utilizadas para estimular o raciocínio e exercitar a percepção (ANEXO D) e como citam MILITÃO A.; MILITÃO R. (2004), o aprender depende de cada um: Viver é aprender. Para aprender é preciso o querer, é preciso viver a vontade para a busca desse aprendizado. Aprender é perceber e a percepção varia de pessoa para pessoa e, numa mesma pessoa, o nível dessa percepção pode alterar-se. Dependendo do contexto, do momento, do nível de interesse, a pessoa pode estar ou não mais propensa a aprender. (MILITÃO A.; MILITÃO R., 2004 p. 89). Também existem as estórias e fábulas que são utilizadas como abertura ou encerramento de grandes eventos para enriquecimento do tema abordado. Se o facilitador souber adaptar e contextualizar fábulas e estórias para contar uma história, acabará despertando uma atenção especial dos participantes, pois as pessoas, de um modo geral, são apaixonadas por parábolas, histórias, testemunhos. Nesse caso vale lembrar Jesus que, durante seus ensinamentos se utilizou das parábolas. No caso do Pedagogo como consultor como vimos anteriormente, ao ser convidado para proferir uma palestra, ministrar um treinamento ou aplicar dinâmica 31 deve estar atento às providências que devem ser tomadas, sempre planejando com antecedência; visitando antecipadamente o local do evento; checando os materiais e o espaço; elaborando e revisando o roteiro; respeitando as diferenças; se possível, trabalhando em dupla; tendo o cuidado com a aparência; utilizando músicas e tendo o cuidado ao escolhê-las e ser pró ativo. MILITÃO A.; MILITÃO R. (2004) Essa nova aprendizagem que passa a ocorrer a partir das dinâmicas torna-se mais intensa a partir dos novos conceitos de conhecimento e a autora explicita isso muito bem em sua citação: Com essas mudanças e a inclusão da tecnologia nos processos de construção do conhecimento, o papel do instrutor/professor transformase: em vez de usar a fala discursiva com script pronto e repetitivo, ele passa a construir uma relação de produção de conhecimento com as pessoas [...] A educação empresarial fundamenta-se numa ciência social e humana, tendo por eixo uma concepção de relacionamento, de trabalho, de grupo, quebrando padrões burocráticos da relação de aprendizagem, valorizando a co-produção de conhecimentos comportamentais e técnicos, visando às relações interpessoais, à própria pessoa como ser integral e ao grupo protagonista em qualquer instância da empresa. (DANTER, 2006 p. 18). Os jogos, muito utilizados, existe desde a antigüidade. São muito importantes e, atualmente, utilizados para a educação empresarial pois, embora tenha um caráter lúdico dá seriedade as experiências cotidianas e facilita a aprendizagem de competências comportamentais e relacionais. Para DATNER (2006), são atividades trabalhadas em treinamentos pois “têm por base a espontaneidade e a criatividade”. Podemos compreender melhor a partir da citação: Em português, a palavra jogar refere-se a jogos com regras, ao contrário de brincar, que leva em conta mais o aspecto infantil da criança. Portanto, o jogo estaria mais apropriadamente atribuído a atividades os adultos. A palavra ludus, em latim e em outros idiomas, acumula os dois significados: jogar e brincar. Podemos, assim, atribuir seriedade ao jogar somada à leveza do brincar sem infantilizar as atividades, nem exigindo dos participantes adultos que se tornem crianças por algumas horas. Os adultos, como as crianças, prestam-se ao jogo pelo prazer. (DATNER, 2006 p. 25). 32 Conforme a autora, os antigos afirmavam que a aprendizagem ocorria apenas quando havia o silêncio, pois só assim as pessoas conseguiam se concentrar e focar a atenção. Hoje é sabido que “a vitalidade e a comunicação são fatores imprescindíveis ao aumento da motivação”. As pessoas também se comunicam através das expressões corporais, pois estão atreladas a nova configuração da aprendizagem que está no sentir, pensar e fazer, que é o caso das pessoas que se desenvolvem por meio da dança. Embora a aprendizagem seja pessoal, vale ressaltar que também nos envolvimentos grupais há a troca, a cooperação, é possível discutir. Além disso, nesses momentos, onde as energias são mobilizadas e criativas, existem pensamentos estratégicos, espontaneidade, bom humor, consequentemente, motivação. O pedagogo, ao optar pelos jogos, deve preocupar-se com o espaço físico a ser escolhido para que sejam realizados adequadamente de acordo com as necessidades do grupo, como a quantidade de pessoas e os tipos de jogos, bem como, a iluminação, o tipo de piso, a temperatura, materiais. Para que os resultados sejam satisfatórios, o planejamento deve ser bem elaborado, oferecendo segurança aos participantes. Ao trabalhar a aprendizagem, o Pedagogo deve ter consciência que o jogo, mesmo lúdico, não é uma mera brincadeira, é algo sério e deve ser bem estruturado. Por essa razão, deve ter boa comunicação, facilidade nos relacionamentos, não ser preconceituoso, promover a equidade, saber adequar os jogos, estimular, coordenar, ter conhecimento técnico, teórico, saber dar retorno de forma positiva e construtiva, pois nesse momento, é importante verificar se ocorre ‘transformação’. Os jogos, para que promovam essa transformação, que é o significado da aprendizagem, precisam ser bem planejados para que, ao serem utilizados, as seqüências e o tempo, precisam ser respeitados. Dentro das empresas os jogos não são habituais, porém os jogos de estratégias ou negócios envolvem e comprometem as pessoas, pois os assuntos trabalhados são de conhecimento e isso, as motivos a criar novas estratégias e a solucionar os problemas apresentados. 33 Nessas ações, destacam-se dois focos, o foco técnico que refere-se ao conteúdo a ser trabalhado e o foco humanista que refere-se as intervenções. Assim como nas dinâmicas de grupo, nos jogos também é necessário o conhecimento da empresa, bem como, dos participantes para adequação das atividades, que podem ser os jogos ao ar livre; de movimento e ação role-playing - o grande jogo de papéis. Além disso, nos jogos não devem haver a preparação dos participantes, orientação quanto às instruções e suas regras. Existem vários tipos de jogos que podem ser os jogos teatrais, simulações e dramatização de textos; rpg presencial e virtual: os role-playing games e jogos com recursos de computar na educação empresarial à distância, entre outros. CAPÍTULO 3 – Avaliação de desempenho 3.1 Avaliação de desempenho: apenas estatística ou indicação para formação? Hoje, a avaliação de desempenho, torna-se indispensável porque as empresas têm a necessidade de obtenção e manutenção da competitividade, que requer uma metodologia que avalie a contribuição das pessoas para esse resultado. (ARGIMON, I. L.; LOPES, R.M.F.; NASCIMENTO. R. F. L., 2005, p.1) É uma abordagem recente e, atualmente, empregada nas empresas. Também funciona como um desencadeador de necessidades específicas para utilização das técnicas de intervenção como os treinamentos, as dinâmicas de grupo, a utilização dos jogos ou a indicação de cursos, entre outros, pois na evolução do conhecimento humano, exige-se aperfeiçoamentos contínuos. A avaliação de desempenho consiste em observações registradas periodicamente em fichas ou eletronicamente, realizada pelo supervisor direto. Trata-se de uma lista que contém “os parâmetros de desempenho e os atributos pessoais e profissionais, 34 seguidos de uma gradação de escalas das mais variadas” de forma a verificar o indivíduo de forma qualitativa e quantitativa. O sucesso das empresas depende do acompanhamento dessa nova realidade, totalmente interligada com novas técnicas, questões econômicas e sociais que fazem parte do cotidiano. Esse acompanhamento, conforme o autor (MOURA, 2006) “reside na existência de uma força de trabalho íntegra, motivada, capacitada e comprometida com a organização”. A avaliação de desempenho então passa a ser um mecanismo que, utilizado, adequadamente, como as demais técnicas de intervenção, tanto às questões pessoais quanto das empresas, poderão ser eficientes e eficazes. Para que se possa compreender melhor o seu papel nas empresas, as autoras (ARGIMON, I. L.; LOPES, R.M.F.; NASCIMENTO. R. F. L., 2005) citam que a avaliação de desempenho: [...] tem como principal objetivo analisar o desempenho dos funcionários, promovendo um melhor crescimento pessoal e profissional. È um instrumento que visa medir a competência do funcionário no exercício do cargo, durante certo período de tempo. Com a avaliação a organização poderá coletar dados e informações sobre a performance de seus funcionários e direcionar suas ações e políticas no sentido de melhorar o organizacional, por intermédio de programas de melhoria do desempenho dos funcionários. (2005, p. 2). A partir da avaliação de desempenho, as empresas podem verificar a qualidade de vida de seus funcionários, as relações intergrupais, as necessidades específicas de cada um e, a partir destas informações buscar estratégias de remuneração, cargos, bem como, a valorização do ser humano. O fator humanístico aparece novamente para que mostrar a valorização do ser humano é essencial para o desenvolvimento organizacional, pois está embasado nos aspetos motivacionais, psicológicos e comportamentais dos indivíduos e as organizações devem investir tanto no indivíduo, quanto no ambiente de trabalho, ou seja, a organização propriamente dia. 35 Essa avaliação não é uma tarefa fácil e contempla um diagnóstico o mais próximo possível da realidade, levantando dados do cargo ocupado, das tarefas executadas, comparando-as com as competências exigidas para que se possa por em prática um plano de ação, a fim de suprir as possíveis lacunas. A partir dos dados coletados e processados torna-se possível verificar alguns aspectos importantes como as habilidades das pessoas; se há necessidade de treinamentos; o halo que pode até influenciar a prática da avaliação (MOURA, 2006); o grau de dificuldade e/ou acúmulo de tarefas; esforço pessoal que é a busca constante pelo aperfeiçoamento que poderá resultar em uma promoção ou não, mas é importante que o avaliador oriente quanto aos resultados e quais as expectativas da empresa quanto aos resultados obtidos. É preciso ter muito cuidado durante a avaliar, pois a pessoa responsável por tal tarefa deverá considerar que alguns dos avaliados poderão sentir-se insatisfeitos; a falta de objetividade, bem como a burocracia que supervalorize uma tarefa, também podem prejudicar essa atividade, pois “ nenhum processo pode ser maior que sua própria finalidade.” A Avaliação de desempenho tem por objetivo possibilitar o melhor conhecimento do funcionário, suas habilidades, suas dificuldades, seus conhecimentos de forma ampla para que se possa indicar caminhos para busca de melhorias e para que a contribuição deste funcionário seja cada vez mais significava para a equipe. Para MOURA (2006) deve-se considerar para a avaliação de desempenho: Os parâmetros fundamentais de todo o processo de avaliação são os desempenhos profissional e pessoal, definidos por quão bem o funcionário realiza seu trabalho e pelas qualidades pessoais que ele demonstra ser possuidor, fatores essenciais para o sucesso no cumprimento da missão da organização. (MOURA, 2006 p. 4). Caso a avaliação de desempenho, mesmo o funcionário tendo um bom resultado, não lhe traga mudanças, poderá ocorrer o descrédito no instrumento, a insatisfação, a insegurança, o sentimento de injustiça e frustração, pois para este 36 funcionário, a avaliação de desempenho terá o único papel de levantar estatísticas. Porém vale ressaltar aqui, que os resultados levarão às tomadas de decisões direcionadas aos investimentos em recursos humanos. Para finalizar, a citação abaixo representa com clareza a importância da educação nas organizações: Segundo Alvin Toffler, a preparação de um funcionário exige, essencialmente, três tipos de educação, variando desde o treinamento para tarefa, passando pela educação formal, até o que chama de educação cultural. Nesse último estágio, centra fortemente na organização a responsabilidade em ensinar “as coisas que o indivíduo deve saber para funcionar bem na cultura. (TOFFLER, Alvin, apud; MOURA, 2006 p. 6). 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS Levando-se em conta todo estudo realizado, podemos considerar que: A empresa é um local de desenvolvimento, um local onde o funcionário tem a possibilidade de desenvolver-se. Ao resgatarmos a história da inserção do Pedagogo nas empresas, constatamos que não foi tão somente uma mudança de conceito que culminou essa nova atuação. Embora muitas mudanças tenham ocorrido durante os últimos anos e o Pedagogo tenha passado a atuar nas empresas a partir da década de 70, o termo Pedagogo Empresarial ainda é recente e requer atenção especial, principalmente, no que se refere ao seu reconhecimento no mercado de trabalho, pela literatura disponível verificamos que sua inserção não se trata apenas de uma mudança de conceito mas sim, de uma atuação consistente. O mundo viveu as concepções fordistas e tayloristas durante um bom tempo, mas com as novas tecnologias, as pessoas perceberam que era necessário mudar e, devido às pressões do momento, mudanças significativas ocorreram tanto na sociedade industrial, quanto no mercado de trabalho. As pessoas começaram a preocupar-se com a formação e capacitação profissional e essa preocupação chegou às empresas que reconheceram que, para acompanharem essa “nova fase”, necessitariam de pessoas qualificadas e, devido a isso, o Pedagogo com sua formação específica, foi inserido nas empresas. Outro fator importante que marcou a história, fazendo com que as empresas investissem em seus funcionários, por meio de treinamentos, foi a Lei Ordinária 6297/75, onde se beneficiavam da dedução dos tributos fiscais, mas foi suspensa em 1990. Independentemente da pressão da sociedade, das novas exigências de mercado e até da suspensão da Lei 6297/75, os indivíduos passaram a valorizar-se e mudaram sua postura, reconhecendo que o crescimento depende tanto das próprias empresas, quanto de seus trabalhadores. Muitas transformações ocorreram ao longo das últimas décadas e, embora ainda hajam empresas com lideranças controladoras, é importante destacar que, atualmente, as pessoas são respeitadas, pois são vistas como únicas. 38 Os novos paradigmas que norteiam as organizações são as relações interpessoais, intrapessoais, a valorização do desenvolvimento humano, como também a motivação, que está arraigada dentro de cada um de nós. Para que todas essas ações norteadoras sejam significativas, verificamos que as organizações, mesmo sem o beneficiamento da Lei 6297/75, continuam investindo cada vez para o aperfeiçoamento e qualificação de seus funcionários. Para verificarem, se os planos de ação foram eficazes e levantar dados para que sejam utilizadas as técnicas de intervenção, as organizações se utilizam da avaliação de desempenho que nos mostra claramente a importância da auto-avaliação, onde nossas dificuldades, habilidades, potencialidades podem ser verificadas com mais clareza. São passos importantes que, geralmente ocorrem após a avaliação de desempenho e que devem ser seguidos os quais devemos aprimorar, aceitando as críticas que nos são feitas. As reflexões realizadas ocorreram mediante prática profissional, possibilitando a auto-avaliação, bem como, avaliar as expectativas que norteiam as pessoas dentro das empresas, suas aspirações, anseios, desejos e o quanto um trabalho direcionado e motivador é importante para o desenvolvimento pessoal, da equipe e das empresas como um todo. Percebemos também, que o cuidado, o cuidado de quem cuida, deve estar presente em todo momento de nossas vidas, pois o cuidado se reflete no amor, no respeito, no afeto, ou seja, nos sentimentos que devem existir em todas as formas de relacionamento. Constatamos que este trabalho tem muito mais a oferecer aos Pedagogos que atuam nas empresas e que há uma necessidade de se fazer uma pesquisa de campo, para que seja possível a coleta de maiores informações para sanar algumas dúvidas que ainda nos acompanham, pois o Pedagogo, sem dúvida alguma dá um caráter humanizador às relações de trabalho que são tão complexas já que há a diversidade cultural, entre outros fatores. 39 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Marcus Garcia de. Pedagogia empresarial: saberes, práticas referências. Rio de Janeiro: Brasport, 2006. BERGAMINI, Cecília Whitaker. Motivação. 3ed. São Paulo: Atlas, 1990. BOFF, Leonardo. Ética e moral: a busca dos fundamentos. Rio de Janeiro: Vozes, 2003 p. 49-50 DATNER, Yvette. Jogos para educação empresarial: jogos, jogos dramáticos, roleplaying, jogos de empresa. São Paulo: Ágora, 2006. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. 6ed. rer. atualiz. Curitiba: Posigraf, 2004. FRITZEN, Silvino José. Exercícios práticos de dinâmica de grupo. 10ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1981, p.53. LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem escolar. 12 ed. São Paulo: Cortez, 2002. MILITÃO, Albigenor & ROSE. Histórias e fábulas aplicadas ao treinamento. Rio de Janeiro: Qualitymark,1999. MILITÃO, Albigenor & ROSE. S.O.S.: dinâmica de grupo. 10ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica: para alunos dos cursos de graduação e pós-graduação. São Paulo: Stiliano, 1998. 40 RAYMUNDO, Paulo Roberto. O que é administração. São Paulo: Brasiliense, 2003. (Coleção primeiros passos; 260). RIBEIRO, Maria Escotto do Amaral. Pedagogia empresarial: atuação do pedagogo na empresa. Rio de Janeiro: Wak, 2003. URT, S. C.; LINDQUIST, R. N. M. O pedagogo na empresa: um novo personagem nas novas formas de sociabilidade do trabalho. ANPED SUL, Curitiba, V. 1. P. 1-14, 2004. [Resumo] REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS ARGIMON, I. L.; LOPES, R.M.F.; NASCIMENTO. R. F. L.. Avaliação de desempenho nas organizações. Disponível em:<http:\\www.psicologia.com.pt>. Acesso em 22 nov. 2006, 15h. Contribuidores da Wikipedia. Wikipedia, a enciclopédia livre. Disponível em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o>. Acesso: 01 nov. 2006, 20h. Contribuidores da Wikipedia. Wikipedia, a enciclopédia livre. Disponível em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Maslow.jpg>. Acesso: 11 nov. 2006, 22h. Contribuidores da Wikipedia. Wikipedia, a enciclopédia livre. Disponível em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Andragogia>. Acesso: 22 nov. 2006, 16h. MOURA, J.T.. Avaliação de desempenho. Disponível <http:\\www.curricular.com.br\artigos\empresas\avaliacao-de-desempenho.aspx>. Acesso em: 22 nov. 2006, 17h. em: 41 Senado Federal. Legislação. GEISEL, Ernesto et al. Disponível em:<http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=99275>. Acesso em 11 nov. 2006, 23h 42 GLOSSÁRIO Andragogia É a arte ou ciência de orientar adultos a aprender (definição creditada a Malcolm Knowles, anos 1970). O termo remete a um conceito de educação voltado para o adulto, em contraposição à pedagogia, que se refere à educação de crianças (do grego paidós = criança). Para educadores como Pierre Fourter (1973), a andragogia é um conceito amplo de educação do ser humano, em qualquer idade. Feedback É um termo anglo-saxônico, introduzido nas relações vivenciais para definir um processo muito importante na vida do grupo. A tradução para o português não é fácil. Traduz-se por realimentação ou reprovisão, observação interpretativa ou mecanismo de revisão. Halo Grau de simpatia ou antipatia nas relações entre superior e subordinado pode influenciar o posicionamento dos avaliados, alocando os simpáticos mais à direita e s antipáticos à esquerda. Role playing É um jogo de interpretação de papéis, no qual se personificam personagens de uma história em ambientações e cenários de livre criação, baseados ou não em algum período histórico. 43 (ANEXO A) Advertência Informamos que os textos das normas deste sítio são digitados ou digitalizados, não sendo, portanto, "textos oficiais". São reproduções digitais de textos originais, publicados sem atualização ou consolidação, úteis apenas para pesquisa. Senado Federal Subsecretaria de Informações LEI Nº 6.297, de 15 de dezembro de 1975 Dispõe sobre a dedução do lucro tributável, para fins de imposto sobre a renda das pessoas jurídicas, do dobro das despesas realizadas em projetos de formação profissional, e dá outras providências.O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º As pessoas jurídicas poderão deduzir do lucro tributável, para fins do imposto sobre a renda, o dobro das despesas comprovadamente realizadas, no período-base, em projetos de formação profissional, previamente aprovados pelo Ministério do Trabalho. Parágrafo único. A dedução a que se refere o caput deste artigo não deverá exceder, em cada exercício financeiro, a 10% (dez por cento) do lucro tributável, podendo as despesas não deduzidas no exercício financeiro correspondente serem transferidas para dedução nos três exercícios financeiros subseqüentes. Art. 2º Considera-se formação profissional, para os efeitos desta Lei, as atividades realizadas em território nacional, pelas pessoas jurídicas beneficiárias da dedução estabelecida no Art. 1º que objetivam a preparação imediata para o trabalho de indivíduos, menores ou maiores, através da aprendizagem metódica, da qualificação profissional e do aperfeiçoamento e especialização técnica, em todos os níveis. § 1º As despesas realizadas na construção ou instalação de centros de formação profissional, inclusive a aquisição de equipamentos, bem como as de custeio do ensino de 1º grau para fins de aprendizagem e de formação supletiva, do 2º grau e de nível 44 superior, poderão, desde que constantes dos programas de formação profissional das pessoas jurídicas beneficiárias, ser consideradas para efeitos de dedução. § 2º As despesas efetuadas, pelas pessoas jurídicas beneficiárias, com os aprendizes matriculados nos cursos de aprendizagem a que se referem o Art. 429, da Consolidação das Leis do Trabalho, e o Decreto-lei n.º 8.622, de 10 de janeiro de 1946, poderão também ser consideradas para efeitos de dedução. Art. 3º As isenções da contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAI - previstas no Art. 5º do Decreto-lei n.º 4.048, de 22 de janeiro de 1942; Art. 5º do Decreto-lei n.º 4.936, de 7 de novembro de 1942 e Art. 4º do Decreto-lei número 6.246, de 5 de fevereiro de 1944, bem como as isenções da contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC - previstas no Art. 6º do Decreto-lei n.º 8.621, de 10 de janeiro de 1946, não poderão ser concedidas cumulativamente com a dedução de que trata o Art. 1º desta Lei. Art. 4º O Poder Executivo estabelecerá as condições que deverão ser observadas pelas entidades gestoras de contribuições de natureza parafiscal, compulsoriamente arrecadadas, nos termos da legislação vigente, para fins de formação profissional. Art. 5º O Poder Executivo regulamentará a presente Lei no prazo de 60 (sessenta) dias, contados a partir da data de sua publicação. Art. 6º Esta Lei entrará em vigor a 1º de janeiro de 1976, revogadas as disposições em contrário. Brasília, 15 de dezembro de 1975; 154º da Independência e 87º da República. Ernesto Geisel Mário Henrique Simonsen Arnaldo Prieto João Paulo dos Reis Velloso (ANEXO B) 45 Dinâmicas de Apresentação Dinâmica 1 – Entregando o crachá Objetivo Aproximar os participantes, dois a dois, caracterizando foi “um prazer conhecer você. A quem se destina A um grupo novo, que se encontra para um trabalho específico, onde os seus membros não são conhecidos ou pouco se conhecem. Tempo previsto Em torno de dez minutos. Material utilizado Crachás com os nomes dos membros dos grupos, impressos previamente. 1.1.1 Procedimentos a) Espalhar todos os crachás no chão da sala, com os nomes virados para baixo; b) Formar um círculo com os participantes ao redor dos crachás; c) Solicitar que cada pessoa pegue um crachá, que não seja o seu nome próprio e entregue ao seu dono (ou prenda na roupa), abraçando-o e dando-lhe as boasvindas ao grupo. Autores: MILITÃO A.; MILITÃO R. (2004) 46 Dinâmica 2 – O boneco Objetivo a) Identificar a reação das pessoas, diante de um objeto desconhecido; b) Refletir sobre a forma de tratamento que damos às pessoas; c) Colher informações conceituais sobre um determinado tema. A quem se destina A qualquer tipo de grupo, qualquer tamanho – é bem interessante o processo com grupos grandes, posicionados em auditórios. Não importa o nível de conhecimento interpessoal existente. Tempo previsto O processo inteiro dura em torno de cinqüenta minutos, incluindo a dinâmica inicial de “passar o boneco” e as respostas às perguntas, na etapa seguinte. Procedimentos Estando posicionado em forma de auditório, o processo é o mesmo, uma vez que o boneco vai para frente, para trás, para todos os lados. A seqüência é a seguinte: a) Escolher um boneco de pelúcia (ursinho ou similar). b) Entregar o boneco para alguma pessoa, após perguntar “quem quer ganhar este boneco?”. c) Informar que precisa efetuar algumas perguntas e não gostaria de fazê-las diretamente, por isso “eu vou colocar uma música e, à proporção que a música for tocando, vocês devem ir passando o boneco, de mão em mão”. d) Colocar uma música acelerada (chorinho, samba, pagode, axé, music, etc.). e) Ficar de costas para o grupo e dar pausa de vez em quando. f) O próprio facilitador ou uma pessoa deverá anotar o nome de quem ficou com o boneco, no momento em que parou a música. g) Continua, parando outras vezes, até o final da música. h) Recolher o boneco. 47 i) Pedir que todos escrevam as perguntas que serão respondidas, individualmente (as perguntas podem já vir prontas e só entregar a folha para serem efetuadas as respostas). j) Dar um tempo de quinze minutos para que todos possam responder. k) Começar as respostas exatamente pelas pessoas onde parou o boneco. Observação: As perguntas a que nos referimos podem ser sobre o assunto-tema do evento, de cunho pessoal (objetivando maior conhecimento entre os participantes), sobre as expectativas, etc. Sugestões: - Sobre o CLIENTE 1. O que representou (ou simbolizou) o boneco? 2. Qual a diferença entre tratamento e atendimento? 3. Existe cliente ruim? 4. O que é o cliente interno? O que é cliente externo? O que é cliente intermediário? - Sobre FILHOS (semelhante) 1. O que representou o boneco? 2. Como você tem tratado os seus filhos 3. Quais as características marcantes dos nossos filhos? 4. Existe filho ruim? Por quê? O que faz os filhos tornarem-se filhos “ruins”? 5. Como os pais devem se relacionar, hoje, com os filhos? Importante: é bom lembrar ao grupo que, da mesma forma que fizeram com o boneco, passando de mão em mão, querendo se livrar dele o mais rápido possível, semelhantemente faz-se com o cliente, com os filhos, com aquelas pessoas a quem mais amamos, etc. Autores: MILITÃO A.; MILITÃO R. (2004) 48 (ANEXO C) Dinâmicas de Integração e Conhecimento Dinâmica 1 – Ataque & Defesa Objetivo a) Promover a integração do grupo; b) Favorecer a aproximação entre as pessoas do grupo; c) Analisar as diferenças existentes; d) Quebrar resistências e preconceitos. A quem se destina “Ataque & Defesa” é uma dinâmica aplicável a grupos em fase de conhecimento, bem como aqueles que já estão entrosados, para favorecer, mais ainda, o processo de conhecimento de seus membros. É aconselhável que o grupo seja par; não sendo, o facilitador (ou o observador/auxiliar) poderá formar o para com a pessoa que ficar isolada. Preferencialmente, o facilitador de ficar de fora, só conduzindo. Tempo previsto Dez a quinze minutos (o tempo de formação das duplas e a dança em si); mais, aproximadamente, trinta minutos (para comentários e reflexões). Numa média de até vinte e cinco participantes. Material utilizado Esquipamento de som (tape-deck ou CD), com fita ou CD pré-gravado/selecionado com músicas variadas , ritmadas. 49 Procedimentos O grupo deverá estar de pé, com as cadeiras bem encostadas, para que o salão fique amplo. O facilitador estimulará a participação de todos nesse exercício e inicia as instruções: a) Pedir que as pessoas se olhem e cada uma escolha alguém e fique de braços dados com ele. b) Orientar para que todas as duplas se posicionem num espaço livre, pois, agora, “vocês vão dançar!”. c) “Vou colocar uma música. Enquanto a estiver tocando, vocês dançam; quando a música parar, vocês se empurram, fortemente” (colocar as mãos espalmadas, uma de encontro à outra e .... empurrar). d) Dar palavras de ordem, durante o momento do empurrão, do tipo: “Derruba ele (a)!, Ele (a) quer tomar o teu lugar!, Destrói ele! Puxa o tapete dele! Ele é fraco.. Empurra que ele cai!”. e) Após alguns segundos, volta a tocar a música e, quando as duplas se recuperam e retornam à dança, dar um novo rumo: “Trocar de par!”. f) Continuar o processo, colocando músicas diferentes, orientando a troca de pares, até que tenha havido um maior número possível de troca de pares. g) A última música (ou última rodada) deve tocar toda. h) Ao final, dar os comandos (substituir imediatamente a música por uma de relaxamento/reflexão): - “Assente-se ou deite no chão!” - “Fique o mais confortável possível.” - “Deixe a sua respiração voltar ao normal.” - “Relaxe um pouco.” - Pense no que fez agora, o que significou este momento.” Depois, pedir que todos se assentem, formando um círculo, ali mesmo no chão e proceder às reflexões: - Qual foi o significado desta atividade? - Quais os objetivos? - Houve dificuldade em participar desta atividade? 50 - O que acontecia quando você trocava de par? - Quando alguém sabia dançar mais do que o seu parceiro, o que acontecia? - Qual a correlação que fazemos com o nosso dia-a-dia? Autores: MILITÃO A.; MILITÃO R. (2004) 51 Dinâmica 2 – Despertando o conhecimento Objetivo a) Desenvolver a autenticidade no grupo; b) Agilizar o processo de conhecimento mútuo do grupo; c) Exercitar o ouvir e o falar. A quem se destina É mais eficaz para grupos parcialmente conhecidos, porém pode ser aplicada a grupos que se encontram pela primeira vez, desde que sejam pessoas que irão desenvolver algum trabalho juntos, a partir de então. Material utilizado Papeletas com perguntas em número superior aos componentes do grupo, previamente elaboradas. Procedimentos Os participantes poderão estar assentados em cadeiras, carteiras ou no chão: a) O facilitador deverá distribuir – sorteio ou aleatoriamente – uma a duas papeletas entre os membros do grupo. b) Cada pessoa deverá ler e responder à pergunta que lhe coube, podendo ser acrescentado algum questionamento acerca da pergunta/resposta, pou um ou mais membros do grupo. d) Uma vez lida/respondida a pergunta, os participantes poderão – se houver tempo – responder novas perguntas. Perguntas sugeridas: - Qual a pessoa do grupo que lhe é mais significativa? Por quê? - Quem do grupo você escolheria para líder? 52 - Você gosta do seu nome? - Quem do grupo você escolheria para passar suas férias? - Qual a comida que você menos gosta? - O mais o aborrece? - Qual o seu “hobby” predileto ou como você preenche seu tempo de lazer? - Quais são algumas causas de falta de relacionamento entre pais e filhos? - Quem é Deus para você? - Como você acha que os outros lhe vêem? - Qual a sua característica mais marcante? etc., etc.... Ao final, seguem-se alguns comentários... a) O que lhe surpreendeu nas respostas dos colegas (ou de algum colega)? b) Quais os aspectos positivos que você destacaria destes momentos vivenciados? c) Existe alguém, aqui que, a partir deste momento, você passou a ver de outra forma (ou que gostaria de aprofundar o relacionamento)? Quem? Dê um abraço nessa pessoa agora. Autores: MILITÃO A.; MILITÃO R. (2004) 53 (ANEXO D) Dinâmica de Aprendizagem Dinâmica 1 – Mural Esta dinâmica é baseada nos fundamentos da Andragogia (Educação de Adultos – Abordagem “Desenvolvimento Interpessoal – Moscovici, Fela). É uma forma “quente “ e eficaz para assimilação de determinados conteúdos e conceitos. Procedimentos a) Inicialmente, distribuir o texto ou material para leitura, onde será embasada a elaboração do mural. b) Separar a turma em pequenos subgrupos, de até seis participantes. c) Orientar para que cada pessoa faça uma leitura bem geral, destacando os aspectos mais significativos do texto (ou material recebido). d) Em seguida, fazer os destaques junto com o grupo, de modo a estabelecer um consenso. e) Utilizando revistas, cola, fita goma, pincéis, enfim, usando toda a criatividade possível, elaborar um “Cartaz Andragógico”, representando a idéia central estabelecida pelo grupo. f) Podem ser acrescentados títulos, frases de legenda, desenhos à mão livre, etc. g) Estimar um tempo total em torno de uma hora. h) Cada subgrupo, ao final, elegerá um relator e fará sua apresentação. O facilitador deverá estar preparado em relação ao assunto abordado, uma vez que irá fazer os devidos acréscimos e destacar, com o grupo, os principais aprendizados. Autores: MILITÃO A.; MILITÃO R. (2004)