Em São Paulo ou num vilarejo ribeirinho do Pará, programas comunitários
mostram a importância da comunicação para a aprendizagem.
Ricardo Prado
O
proprietário
de
um
mercadinho recém-inaugurado na
Cidade Líder, na zona leste da cidade
de São Paulo, resolveu cobrar apenas
8
centavos
pelo
pãozinho.
A
estratégia deu certo e o comerciante
ganhou a freguesia. O que ele nunca
soube é que a notícia do pão barato
havia sido veiculada na Rádio Negro,
da Escola Municipal de Ensino
Fundamental Sebastião Francisco, o Negro, localizada no mesmo bairro (foto ao
lado). Ouvida pelas crianças no circuito interno instalado em cada sala de aula, a
notícia chegou às mães e estas foram conhecer o novo mercado. O trabalho,
evidentemente, tem trazido ganhos pedagógicos. Os alunos estão aprimorando a
escrita e aprendendo a observar a mídia com outros olhos, tanto no sentido de
ampliar o senso crítico como de buscar exemplos de ação a serem seguidos.
Educom.rádio - Em São Paulo, UMA GRANDE REDE.
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Sebastião Francisco, o Negro,
é uma das primeiras instituições públicas integradas ao projeto Educom.rádio.
Os recursos técnicos para pôr a programação no ar se resumem a um
pequeno equipamento profissional com oito canais, entradas para gravador e
CD. O alcance é restrito a 200 metros, suficiente para abranger o território da
escola sem entrar em conflito com a atual legislação, que não autoriza o uso de
rádios comunitárias.
Para os professores, o projeto possibilita uma discussão teóricopedagógica. Eles conhecem a educomunicação e debatem sobre temas que
podem ser tratados em programas radiofônicos, como saúde, meio ambiente e
sexualidade. "Não se trata de criar um reforço para a aprendizagem, embora ele
exista", explica Ismar de Oliveira Soares, professor da ECA e coordenador do
projeto. "O trabalho abre um espaço comunicativo que age na esfera da
expressão. A criação desse canal é que favorece a aprendizagem."
E quais os proveitos para os estudantes? "Um ganho imediato é no campo
da escrita", diz Ismar. "Como as crianças precisam escrever a pauta do
programa, fazer o roteiro de uma radionovela ou redigir notícias, muitas delas,
que nunca ou pouco haviam escrito, estão apresentando textos muito mais bem
estruturados”.
CONCURSOS E REPORTAGENS
Aluno-repórter entrevista colega para
programa de rádio na Sebastião Francisco, o
Negro: espaço comunicativo.
A professora Roseli Marcelle confirma os ganhos na frente pedagógica e
na cidadã. Três vezes por semana, durante 15 minutos, a escola ouve, atenta, as
mensagens da Rádio O Negro. Um dos programas de mais sucesso é o "Teste
Seus Conhecimentos", feito com perguntas previamente coletadas entre os
professores. Aqueles que acertam mais questões ganham lápis, borrachas ou
cadernos.
Outro sucesso de audiência foi o programa especial sobre animais em
extinção, que originou uma exposição de desenhos. O acidente sofrido por um
colega na hora da saída, que foi resgatado de helicóptero, também mereceu boa
cobertura.
Mas nem só de notícias e estudos vive a rádio. Há também horóscopo,
músicas pedidas pela garotada (costumeiramente dedicadas a alguém muito
especial) e, de vez em quando, até correio elegante.
UMA EMISSORA NA FLORESTA AMAZÔNICA
Bem distante dali, numa pequena comunidade às margens do rio Tapajós,
no Pará, às 5h30 da manhã uma voz ecoa do alto-falante instalado em um
mastro: "Bom dia, comunidade de Piquiatuba. Aqui fala a Rádio Piquiá!" A
emissora funciona como despertador nesse local, que tem energia elétrica obtida
de uma pequena instalação captadora de energia solar e apenas recentemente
teve seu primeiro aparelho de televisão solenemente instalado no barracão
comunitário. Pela Rádio Piquiá crianças e jovens da Escola Municipal de Ensino
Fundamental Santa Terezinha ganharam vez e voz. Melhoraram a oralidade e
começaram a apreciar a leitura.
As duas experiências que unem educação e comunicação têm muito em
comum. Em ambas, a rádio se tornou um instrumento importante na melhoria da
aprendizagem da garotada, além de funcionar como meio de integrar a
comunidade.
A Rádio Piquiá, da Escola Municipal de
Ensino Fundamental Santa Terezinha, faz parte da
Rede Mocoronga de Comunicação, criada há 16
anos pela organização não governamental Projeto
Saúde & Alegria (PSA), que atua em 32
comunidades ribeirinhas extrativistas nos rios
Amazonas, Tapajós e Arapiuns, em Santarém e
Belterra, onde vivem cerca de 23 mil pessoas. O
equipamento utilizado lá é composto de um kit de
áudio com amplificador, mesa de som, gravador,
CD player e microfones, ligados a duas cornetas
instaladas em mastros ou no alto das árvores.
A Rede Mocoronga (gentílico daquele que
nasce em Santarém) vem servindo como elo de
Técnico instala corneta comunicação entre várias comunidades que antes
mal se conheciam e pouco conversavam sobre
da Rede Mocoronga de
problemas comuns.
Comunicação: ondas na
Durante os programas, os estudantes falam
floresta
da importância de pingar cloro na água e da
campanha que vem sendo feita para higienizar fossas sanitárias. Quando têm
jornais de Santarém, a cidade mais próxima, distante seis horas de barco, lêem
as notícias. Na hora do almoço, entrevistam as mulheres sobre receitas típicas e
pratos que usam sobras de alimentos disponíveis na região.
Do projeto também faz parte o circo Mocorongo, que leva atividades
circenses para a escola. Para atrair a atenção da audiência mirim, os alunos da
rádio até apresentam o programa fantasiados de palhaço.
Por meio dos alto-falantes da Rádio Piquiá os moradores são
despertados pela manhã. Quem cuida da programação são os alunos, que se
vestem de palhaço para atrair a atenção das crianças e entrevistam os
moradores. A iniciativa tem permitido o resgate de costumes antigos e de
histórias da comunidade
CULTURA POPULAR
A comunidade também participa da programação. Seu Raimundo Lima,
que tem cinco netos participantes da Rádio Piquiá, canta músicas da tradição
com voz impostada e grave. Em seguida, dona Teca ensina a fazer o tarubá, uma
bebida de mandioca. Depois das dicas sobre a escovação dos dentes e o
bochecho com flúor, feito na escola uma vez por semana, o programa é finalizado
por seu Taumaturgo. O morador mais velho da localidade reprisa como, há muito
tempo, enfrentou um boto enfeitiçado, graças à ajuda de um pajé.
"Nosso objetivo sempre é fortalecer o senso de comunidade", enfatiza
Fábio Pena, vice-coordenador do Núcleo de Educação, Cultura e Comunidade do
PSA. Estudante de Pedagogia, ele se vale de sua experiência de ribeirinho para
fazer a ponte entre os professores e o grupo de jovens no uso pedagógico da
rede de comunicação.
Ednelson dos Anjos, um dos quatro professores da Santa Terezinha, que
tem até a 6ª série, ressalta que a turma melhorou no principal problema: a
timidez. "Os alunos estão falando mais e melhor. E passaram a gostar de leitura,
pois muitas vezes preenchem a programação lendo histórias."
O QUE É A EDUCOMUNICAÇÃO
Surgida no Brasil por volta de 1990, a educomunicação tem como objetivo
formar alunos críticos e criar um "ecossistema comunicativo" na escola. Ela não
é um campo da comunicação social nem da educação.
Fonte: http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/165_set03/html/radio
Educom.radio
O objetivo do Educom.radio é criar vínculos (por meio da implantação de
rádios nas escolas) entre os alunos, professores e o ambiente escolar. Por meio
desse trabalho, em que professores, alunos e membros da comunidade
aprendem juntos a planejar e operar uma rádio, os estudantes passaram a se
sentir mais integrados à escola e incentivados a preservar seu espaço.
O programa completou os três anos previstos no projeto em 04/01/2005. O
projeto foi desenvolvido pelo Núcleo de Comunicação e Educação da USP em
parceria com a Prefeitura Municipal de São Paulo e depois também levado a
escolas de Goiás. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Educação de
São Paulo, o programa está ligado a uma redução de 54% das ações violentas
nas 455 escolas municipais de ensino fundamental onde foram implantadas.
Uma das últimas ações da Prefeita Marta Suplicy foi transformar em lei o
Projeto educom.rádio com objetivo de “desenvolver e articular práticas de
educomunicação, incluindo a radiodifusão restrita e a radiodifusão comunitária,
incentivando atividades de rádio e televisão comunitária”...
Veja mais:
www.educomradio.com.br
www.educomradio.com.br/centro-oeste/
Na última semana de janeiro/ 2005 o Jornal Nacional exibiu uma série
sobre as populações que vivem dos rios da Amazônia. Os repórteres Marcelo
Canellas e Luiz Quilião mostram como apenas um professor, um rádio e muita
vontade podem mudar, para melhor, a vida de toda uma comunidade. As crianças
de Capixauã crescem ouvindo falar que tudo é longe, mas nem precisaram sair
da beira do rio pra descobrir: dá pra encurtar a distância entre o isolamento e o
conhecimento girando uma manivela. Cerca de 60 voltas no equipamento e
pronto, ele começa a falar. Sem luz nem lugar para comprar pilha, o rádio a
manivela pega a estação que ajuda o professor. O programa “cartilha sonora”
trouxe o be-a-bá à escolinha da vila. “Ela também ensina. A criança aprende até
a ler através do rádio”, acredita o professor.
O programa é gerado de Santarém, mas a informação principal pode estar
em qualquer vila da região. As crianças se envolvem de tal maneira no projeto
que agora ajudam a fazer o programa. Falaram de coisas como respeito à
diversidade cultural, respeito à cidadania, respeito de ser ouvida”, comenta
Leiria Rodrigues, coordenadora do projeto. Talvez uma nova concepção de
escola esteja nascendo em uma sala acanhada nos confins da Amazônia. “A
escola que eu quero assim para o nosso Brasil não é uma escola só de luxo, mas
uma escola de um lazer bom, um estudo bom, uma aula boa, de bons
professores, de qualidade”, resume um menino.
http://jornalnacional.globo.com/Jornalismo/JN/0,,AA8975413586,00.html
A Escola nas Ondas do Rádio – 10ª SDR/ GEREI –
Caçador
Em 2004 nasceu, nos municípios da Região de abrangência da 10ª
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional, o Projeto “A Escola nas
Ondas do Rádio” em parceria com a Rádio Caçanjurê AM. A Coordenação do
projeto na região foi da Diretoria de Ensino e do Núcleo de Tecnologia
Educacional da Gerência de Educação e Inovação. Nas Unidades Escolares o
projeto ficou sob a responsabilidade dos
professores de Língua Portuguesa e Arte
que passavam por um processo de
capacitação continuada.
O projeto se desenvolveu em três
pontos básicos: No resgate da história do
rádio no Brasil, num concurso de jingles
e vinhetas e na produção de programas
radiofônicos com os mais variados
temas, de acordo com a realidade de
cada Unidade Escolar envolvida. O
embasamento teórico metodológico do
projeto se encontra na Proposta Curricular do Estado de Santa Catarina. Partiu
da contextualização histórica de onde nasceu o livro “Histórias de Rádio”, uma
coletânea de histórias vivenciadas por pais, tios ou avós e escritas pelos alunos
das escolas participantes do projeto. Um concurso selecionou os jingles e as
vinhetas utilizados nos programas radiofônicos produzidos pelos alunos e
veiculados pela rádio Caçanjurê AM de Caçador. A produção dos programas
radiofônicos é de responsabilidade de cada escola e podem abordar temas
estudados nas diversas disciplinas do currículo escolar, temas transversais como
diversidade cultural, saúde, trânsito e sexualidade, entre outros tantos que
surgem no dia a dia e na especificidade de cada comunidade escolar. A gravação
e edição das produções das escolas foram providenciadas pela SDR/GEREI e
veiculada pela rádio Caçanjurê em dois horários: Pela manhã às 7h55min e a
tarde às 16h55min com a intenção de possibilitar que os alunos pudessem ouvir
pelo menos um dos programas no horário em que estavam na escola e discutir
com os colegas e professores o formato e o conteúdo do programas apresentado.
Para 2005, o desafio de cada Unidade Escolar está em equipar a escola
com um kit básico para o funcionamento da “Rádio de Pátio” e ampliar a
participação no projeto de todos os alunos e professores, bem como organizar
sua estrutura e equipe de trabalho. A coordenação poderá estar a cargo de um
ou mais professores, uma ou mais turmas, de forma fixa ou rotativa. O
funcionamento da rádio poderá ser diário ou semanal e a equipe de trabalho
(diretor, editor, locutor, repórter...) escolhida conforme a opção de trabalho de
cada escola.
Caberá a GEREI/SDR a impressão em livro do material produzido, bem
como a implementação de um estúdio de gravação e edição dos programas
produzidos e selecionados pelas escolas para posterior veiculação nas rádios
comerciais e comunitárias. A participação dos alunos também na edição dos
programas deverá acontecer de forma gradativa.
A Escola de Educação Básica Dom Orlando Dotti e a Escola de Educação
Básica Domingos da Costa Franco serão as escolas referências e centralizadoras
das ações do projeto “A Escola nas Ondas do Rádio” no ano de 2005 que
pretende, em parceria com a equipe da TV Escola da Secretaria de Estado da
Educação e Inovação, registrar em vídeo o andamento do projeto.
NTE/Caçador – fevereiro/2005.
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Em São Paulo ou num vilarejo ribeirinho do Pará, programas