25lSegunda-feira, 9 de julho de 2012 l Jornal de Brasília CULTURA www.clicabrasilia.com.br/site/entretenimento.php TELEVISÃO FOTOS: DIVULGAÇÃO Atchim, Espirro, Bozo, Patati e Patatá: três gerações Palhaçada na telinha Sucesso de Patati e Patatá inspira volta de palhaços à programação aberta ão se espante se, em um dia desses, ligar a televisão e, além dos famosos palhaços Patati e Patatá, ver a dupla Atchim e Espirro e o lendário Bozo. Sucesso nos anos 1980 e 1990, eles podem voltar à TV ainda neste ano. A falta de programação para o público infantil na televisão aberta e o enorme sucesso que Patati e Patatá têm feito no país inteiro são os principais motivos para o retorno dos palhaços amigos da garotada. "Desaparecemos porque a tele- N visão tomou outros rumos. Optou pelo sensacionalismo, a violência. Com o Patati Patatá, voltaram a ver que é algo rentável", afirma Eduardo dos Reis, o Atchim, hoje com 44 anos. Atchim e Espirro reapareceram depois de gravar um vídeo para uma campanha publicitária, que virou febre no YouTube. No clipe, eles aparecem cantando um hip-hop no centro de São Paulo. Postado no dia 13 de maio, o vídeo teve 5 milhões de acessos ainda na primeira semana. Hoje, dois meses depois, está batendo quase a casa dos 7 milhões. Já a volta de Bozo, embora não seja confirmada pelo SBT, é tida como certa nos bastidores da emissora. Os bons índices de audiência do programa Carrossel Animado, apresentado no canal por Patati e Patatá, que tem alternado entre o primeiro e o segundo lugar no Ibope, seria o principal motivo. "São personagens que marcaram a infância de muitos", avalia Wagner Rocha, o Patati, que era fã de Atchim e Espirro e de Bozo, quando criança. RETORNO Atchim e Espirro não vão mais sumir. "Agora é pra ficar", garante Carlos Alberto de Oliveira, o Espirro. Na década de 1990, um desgaste na convivência fez com que a dupla rompesse a parceria. "Foi uma besteira termos parado. A cabeça era outra. Hoje estamos mais maduros, mais experientes", avalia. Depois do sucesso na internet, a dupla sofreu uma reviravolta na vida profissional. Eles já estão trabalhando para lançar CD e DVD, fazer shows infantis e querem voltar a apresentar um programa na TV ainda em 2012. Sobre o sucesso do clipe, Espirro confessa: "Pegou a gente de surpresa!". Que bom. Ingenuidade e simplicidade Investir na programação infantil é essencial, de acordo com a avaliação da jornalista Beatriz Rosenberg, autora do livro A TV que seu Filho Vê e responsável por desenvolver na TV Cultura programas como Castelo Rá-Tim-Bum, Glub-Glub e Vila Sésamo. Ela afirma que o sucesso dos palhaços entre a garotada se deve ao fato de eles terem um humor ingênuo e de fácil compreensão, o que atrai não só as crianças, mas também os adultos. "As crianças e os adultos adoram uma graça movimentada e leve", diz Beatriz. No entanto, a jornalista diz que esse sucesso pode ser momentâneo. "A televisão é cíclica. Quando menos esperarmos, as mocinhas de pernas de fora estarão apresentando de novo os programas infantis", diz ela, referindo-se a apresentadoras como Xuxa e Angélica, que dominaram a programação infantil nos anos 1990. "As crianças são um público tão importante quanto as mulheres e os homens. Ter uma programação voltada para elas é fundamental na TV. São programas que distraem, ensinam e divertem", avalia. A falta de atrações voltadas à criança na TV aberta, diz, faz com que ela veja a programação adulta, como novelas e telejornais, o que pode não ser saudável. "Infelizmente, hoje poucas emissoras abertas têm programação preocupada com o público infantil", diz. SAIBA + O palhaço Bozo, criado em 1946 nos EUA, teve versões em mais de 30 países. No Brasil, seu programa foi ao ar de 1980 a 1991. Agora, o SBT fechou negócio com a empresa Larry Harmon Pictures, dona dos direitos autorais do palhaço, para voltar a ter a atração. No dia 14 de março de 2009, faleceu Alan Livingston, criador do palhaço, aos 91 anos. Em julho de 2008, Larry Harmon havia falecido, aos 83 anos. O programa do palhaço Bozo chegou a ser produzido em mais de 240 estações de televisão em 40 países.