A História do Clown AUTOR: Gabriel Beraldi A figura do clown não é recente, mas mudou de forma e atuação nos vários séculos de existência. Seus primeiros relatos datam de mais de quatro mil anos atrás, nas cortes de faraós egípcios, e sua memória permanece viva até hoje, nas mãos daqueles que atuam, inclusive, nos hospitais mais tecnológicos do mundo. Passando pelas trilhas da história, o personagem de cara pintada e roupas extravagantes mudou, adaptando seu figurino, sua fala e atuação para permanecer como uma das figuras mais emblemáticas da humanidade, símbolo de alegria e divertimento, permanecendo vivo em uma sociedade cercada de tecnologia e inovação. Primeiros relatos Em 2500 a.C., no Antigo Egito, o Faraó assistia a apresentação de uma figura estranha, vestida de modo esdrúxulo e fazendo brincadeiras tolas. O bobo da corte (ou bufão), como era chamado, tinha o papel de entreter e divertir e foi o primeiro esboço do personagem hoje conhecido como palhaço. Outras civilizações também tinham seus palhaços, havendo referências nos palácios Chineses (no início do século II a.C.), nas comédias teatrais da Grécia e Roma, em partes do Oriente (como Malási, Burma e o sudeste Asiático) e nas civilizações Americanas, como a Asteca (no século XV d.C.), além dos relatos de palhaços vindos das cortes Européias. Os bufões tinham também certo papel social, na medida em que utilizavam de seu humor para questionar as decisões tomadas pelos soberanos, de modo a fazê-los refletir sobre a forma como governavam. Mas o palhaço não ficou restrito às cortes do Reis. Na Idade Média surgiram outros personagens de rua, que contavam histórias e usavam de malabarismos e brincadeiras, superando a ausência dos teatros, que haviam sido fechados. No século XVI na Itália, foi dado o passo principal para a disseminação do teatro popular, com a criação da companhia “Comédia de Arte” (Commedia dell’Arte), que levou a toda a Europa personagens marcantes (como o Arlequim, Pantaleão, Briguela e Polichinelo), com um estilo posteriormente adaptado em vários outros países. O sucesso de suas atuações deu ao palhaço para uma arena própria, o Circo, colocando-o como protagonizavam dentre as atrações. O primeiro circo criado data de 1768, na Inglaterra, tendo Philip Astley como fundador. A partir de então, o palhaço ganha um local onde pôde atuar com liberdade e desenvolver-se cada vez mais. Esse avanço permitiu, então, que novos personagens surgissem, trazendo novos estilos de palhaço, mas sem perder de vista a missão de divertir e entreter. A Ruptura Com o desenvolvimento da arte do palhaço, várias partes do mundo adaptaram o personagem ao seu próprio estilo, fazendo surgir novas figuras, como o palhaço Augusto, o Excêntrico, o Vagabundo, o Mímico e o Branco, esse último também chamado de Clown. Cada tipo um possui características marcantes que permitem seu reconhecimento: Augusto É o palhaço como o conhecemos no Brasil. É o mais engraçado e travesso dos palhaços e é reconhecido, acima de tudo, por seu característico nariz vermelho. É desajeitado e desastrado, tornando sua atuação desajeitada e deselegante. É inoportuno em sua tentativa de socializar-se, mas acaba por conquistar com sua simpatia e brincadeiras. Usa roupas extravagantes, sempre acompanhadas de peruca colorida e maquiagem bastante chamativa, usada para ressaltar o tamanho dos olhos e boca. Vagabundo Também chamado de tramp, o palhaço vagabundo parece ter se originado nos EUA na época da grande depressão de 1930, e tem na marginalização social seu traço mais característico. O palhaço vagabundo não possui e nunca possuirá bens, vivendo solitário, conversando pouco e apenas com outros, semelhantes, andando e agindo de forma pesada, sempre arrastando os pés. Sua maquiagem é feita de modo a imitar a fuligem do carvão e barba por fazer. Sua roupa vai desde trapos, ou roupas elegantes como ternos, desde que marcados pelo desgaste. Clown Há três tipos de clowns que mantém entre si algumas semelhanças: Pierrot É o clown de cara branca mais tradicional. Apesar de cômico, seu estilo é também dramático. É bastante inteligente e artístico. Seus trajes são elegantes, geralmente representados por uma túnica, e sempre acompanhados de grandes botões e uma gola frisada característica. A maquiagem branca cobre toda a pele, com apenas alguns outros tons de cor, de modo a ser o menos extravagante dos palhaços. Cara Branca Engomado É bastante parecido com o Pierrot na maquiagem e na atuação, diferenciando-se, porém, por ser mais engraçado e alegre, mas sem perder o estilo cômico dramático. Seus trajes são seu grande diferencial, já que sua elegância revela um clown aristocrata, que, quando contracena com outros palhaços, toma o controle da situação. Cara Branca Grotesco Dos clowns, é o mais parecido com o Augusto, principalmente por sua personalidade mais divertida e engraçada, recebendo por isso a denominação de Cara Branca Cômico. Sua maquiagem branca também cobre todo o rosto, mas agora outras cores vêm dar tom mais alegre aos personagens. Seus trajes já são brilhantes e metálicos, e seus sapatos ganham aspecto cômico avançando o tamanho dos pés. Joseph Grimaldi Nascido em Londres em 1778, Joseph Grimaldi é o mais famoso dos clowns Britânicos e foi um dos primeiros a interpretar um clown de Cara Branca. Sua atuação como Arlequim, além se suas canções e espetáculos com efeitos especiais, tornou seu nome conhecido, elevando a fama dos Clowns em todo o mundo. Atualmente, coleciona diversas biografias e homenagens. Por isso, Grimaldi é considerado por muitos o pai do Clown moderno. Faleceu aos 58 anos em 1837. (www.madalegria.org.br. Acesso em 20/11/2011)