64º Congresso Nacional de Botânica
Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013
ESTUDO FITOSSOCIOLÓGICO DO REMANESCENTE DE MATA
ATLÂNTICA DA FAZENDA VILA MARIA LUCIA, SIMÕES FILHO, BAHIA.
Pedro E. M. A. Silva¹*, Daniel S. C. Oliveira¹, Maria L. S. Guedes, João M. Neto².
1
Universidade Federal da Bahia (UFBA), ²Faculdade de Tecnologia e Ciência.
*[email protected].
Introdução
Historicamente, a zona da Floresta Ombrófila Densa,
através da extração de madeiras, das culturas da canade-açúcar, do cacau, do dendê, entre outros gêneros
agrícolas, promoveu a riqueza no País [1]. A Fazenda
Vila Maria Lúcia por estar situada no bioma Mata
Atlântica, por estar no litoral e inserida na região
Metropolitana de Salvador, às margens de uma das
principais rodovias da Bahia, a BR-324, participou
ativamente do processo econômico do Estado desde os
primórdios com a cultura da cana-de-açúcar e,
atualmente, tem grande parte de sua área destinada à
criação extensiva de gado (pastagens). O remanescente
em formato de meia-lua situado ao fundo da propriedade,
com aproximadamente 50ha, embora sofrendo impactos
relativos à caça, ao extrativismo e ao meio altamente
antropizado do seu entorno, permaneceu pouco
explorado por causa da inclinação da área e do terreno
acidentado. O objetivo do trabalho foi analisar a estrutura
da vegetação para definir o seu estádio de regeneração e
propor a sua conservação e manejo.
Metodologia
A área está inserida no quadrante formado pela
coordenadas, WGS-84 24L, a seguir: 562482 (Norte),
560975 (Sul), 8592508 (Leste), 8593637 (Oeste). Para
analisar a estrutura da vegetação foi empregado o
método do transecto com parcelas retangulares fixas de
10 x 20 metros (200m²) distantes 100 metros entre si,
todas georreferenciadas. Foram implantadas 25 parcelas,
no sentido Leste-Oeste de maneira a cobrir o formato do
remanescente, com área total de 0,5ha. Em cada parcela,
todos os indivíduos, vivos ou mortos em pé, com CAP ≥
15cm tiveram sua altura determinada com auxílio de
clinômetro e o sua CAP medida com fita métrica. A
identificação, quando possível, foi realizada em campo ou
levada ao laboratório para identificação posterior. O
material coletado foi inserido no Herbário ALCB (UFBA).
Resultados e Discussão
Foram amostrados 587 indivíduos, de 64 espécies,
distribuídos por 35 famílias. A Densidade Total foi de
1.174 indivíduos/ha. A Área Basal foi de 32,18m²/ha. O
Diâmetro Médio foi de 14,68cm e a Altura Média ficou em
11,14m. A maior altura encontrada, assim como o maior
diâmetro, couberam a um indivíduo de Ficus sp.
(gameleira), com 32m e 87,22cm, respectivamente. O
Índice de Shannon (H’) foi de 3,60 nats/espécies e o de
Pielou (J) foi de 0,87.
A área apresenta vegetação secundária em estádio
médio e avançado de regeneração, como um todo, pode
ser representado em estádio médio de regeneração [2].
As dez principais famílias, em ordem decrescente de VI
(Valor de Importância) foram Fabaceae (41,90),
Anacardiaceae
(35,17),
Arecaceae
(30,07),
Simaroubaceae (20,06), Melastomataceae (14,97),
Lecythidaceae (14,31), Araliaceae (13,44), Meliaceae
(13,18), Sapindaceae (12,52) e Apocynaceae (10,12). A
família das palmeiras contou com três espécies nativas:
Syagrus botryophora Mart. (pati), Allagoptera caudescens
(Mart.) Kuntze (buri) e Bactris ferruginea Burret (manévéio), além da espécie subespontânea Elaeis guineensis
Jacq. (dendezeiro). A Parkia pendula (visgueiro) (Willd.)
Benth. ex Walp. foi uma espécie interessante que
apareceu no projeto, pois é cada vez mais rara no
Recôncavo baiano, além de ser indicadora de Floresta
Ombrófila Densa.
Figura. Tabela apresentando as 10 espécies mais significantes por ordem
decrescente de VI. Constam ainda Número de Indivíduos (NInd),
Freqüência Relativa (RelFr) e Dominância Absoluta (AbsDo).
Espécies
Tapirira guianensis
Simarouba amara
Albizia pedicellaris
Eschweileira ovata
Schefflera morototoni
Guarea guidonia
Henriettea succosa
Himatanthus bracteatus
Syagrus botryophora
Cupania rugosa
NInd
57
28
18
39
23
24
19
18
25
25
RelFr
7,55
4,91
2,26
4,15
3,02
3,02
4,15
3,02
3,02
3,40
AbsDo
3,30
3,09
3,91
0,91
1,93
1,43
1,11
1,14
0,65
0,35
VI
27,51
19,27
17,49
13,63
12,95
11,54
10,85
9,63
9,28
8,75
Conclusões
A área em estudo é um importante remanescente de
Floresta Ombrófila Densa. Sua preservação e manejo
ajudarão na recomposição das regiões adjacentes, além
de servir como um banco de sementes natural e na
manutenção da fauna local e da avifauna da região.
Agradecimentos
Instituto de Biologia (IBIO) – Universidade Federal da
Bahia (UFBA).
Herbário RADAMBRASIL – IBGE
Referências Bibliográficas
[1] Dean, D. E. 1996. A ferro e fogo: a história e a devastação
da Mata Atlântica brasileira. Companhia das Letras, São Paulo.
[2] CONAMA n° 05/1994, define a vegetação primária e
secundária nos estádios de regeneração da Mata Atlântica no
Estado da Bahia.
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