CONTROLADORIA GOVERNAMENTAL: UMA INVESTIGAÇÃO DE SUAS FUNÇÕES NO PODER EXECUTIVO ESTADUAL GOVERNMENTAL CONTROLLERSHIP: AN INVESTIGATION OF ITS FUNCTIONS IN STATE EXECUTIVE POWER CONTRALORÍA GUBERNAMENTAL: UNA INVESTIGACIÓN DE SUS FUNCIONES EN EL PODER EJECUTIVO ESTADUAL Ely Celia Corbari Mestre em Contabilidade e Finanças pela Universidade Federal do Paraná – UFPR e professora de graduação e pós-graduação do Centro Universitário Uninter. [email protected] Juliana Caroline dos Santos Weck Bacharel em Ciencias Contábeis pelo Centro Universitário Internacional – UNINTER [email protected] Patricia Wenceslau Cabral Bacharel em Ciencias Contábeis pelo Centro Universitário Internacional – UNINTER [email protected] Tuanny Cristine Godzinski Pereira Bacharel em Ciencias Contábeis pelo Centro Universitário Internacional – UNINTER [email protected] Joel de Jesus Macedo Doutorando em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Mestre em Engenharia de Produção pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR [email protected] CONTROLADORIA GOVERNAMENTAL: UMA INVESTIGAÇÃO DE SUAS FUNÇÕES NO PODER EXECUTIVO ESTADUAL RESUMO Este artigo tem como objetivo investigar se os Estados Federados possuem institucionalizadas unidades de controladorias e quais são as funções desempenhadas. A metodologia empregada na pesquisa quanto aos objetivos caracteriza-se como descritiva, quanto aos procedimentos utilizou-se de pesquisa documental e a abordagem do problema é qualitativa. Os dados foram coletados por meio de informações disponíveis nos sitios dos estados brasileiros no período de abril e maio de 2012. Os resultados indicam que 24 (vinte e quatro) dos 27 (vinte e sete) estados investigados apresentam unidades de controle, embora nem todas sejam chamadas de controladorias, algumas são denominadas como auditorias e outras como secretarias de controles. Observou-se que 3 (três) estados não apresentaram em seus sítios a existência de unidade de controle. Em relação às funções, apenas 18 (dezoito) declararam suas funções, das quais 31% referem-se ao controle interno, 17% a função contábil e de controle de risco, 16% a função gerencial/estratégica, 10% a função de informação, 8% a função de proteção e controle dos ativos e 1% a função tributária. As funções das Controladorias estão alinhadas as funções do controle interno definidas pelo Constituição Federal, ou seja, está alinhada a observação dos aspectos legais. Palavras chave: Controladoria; Função da Controladoria; Controladoria Governamental. ABSTRACT This article aims to investigate if the federated states have institutionalized units of controllership and what functions are performed. The methodology used during the research in relation to objectives has a descriptive nature. As regards the procedures, it was performed a documentary research with a qualitative approach. The data were collected by means of information available on the sites of Brazilian states in the period from April to May 2012. The results indicate that 24(twenty-four) of 27 (twenty-seven) states investigated have control units. Although not all of them are called as units of controllership, some are named as audits and others as secretariats of control. It was observed that 3 (three) states did not present in their sites the existence of units of controllership. In relation to the functions, only 18 (eighteen) declared their functions. 31% are related to internal control; 17% to the accounting and risk control function; 16% to the management/strategic function, 10% to the information function, 8% the protection and control of assets function and 1% to the tax function. The controllership functions are aligned with the internal control functions as defined by the Federal Constitution. It means that they are aligned with the observation of legal aspects. Key words: Controllership. The controllership function. Governmental controllership. Caderno Gestão Pública | ano.2 n.2 | jul/dez 2013 120 Ely Celia Corbari, Juliana Caroline dos Santos Weck, Tuanny Cristine Godzinski Pereira, Patricia Wenceslau Cabral e Joel de Jesus Macedo RESUMEN Este artículo tiene por objeto examinar si los Estados Federados tienen institucionalizadas las unidades de contraloría y cuáles son las funciones desempeñadas. La metodología empleada en la investigación, con respecto a los objetivos, se caracteriza como descriptiva, con respecto a los procedimientos se utilizó la investigación documental y el abordaje del problema es cualitativo. Los datos fueron recopilados por medio de las informaciones disponibles en los sitios web de los estados de Brasil en el período comprendido entre abril y mayo de 2012. Los resultados indican que de los 27 (veintisiete) estados investigados tienen unidades de control, aunque no todas se llaman como contraloría, algunas se denominan como auditorias y otras como secretarias de controles. Se observó que 3 (tres) de los estados no presentaron en sus sitios la existencia de la unidad de control. En relación con las funciones, sólo 18 (dieciocho) declararon sus funciones, de los cuales 31% están relacionados con el control interno, el 17% la función de la contabilidad y del control del riesgo, el 16% la función de gestión/ estratégica, el 10% la función de información, el 8% la función de protección y control de los activos y el 1% a la función de impuesto. Las funciones de las Contralorías se alinean en las funciones del control interno definidas por la Constitución Federal, es decir, está alineado con la observación de los aspectos jurídicos. Palabras-clave: Controladoria. Función de la Controladoria. Controladoria Gubernamental. INTRODUÇÃO A sociedade vem se tornando cada vez mais exigente e com isso as empresas estão investindo mais em recursos tecnológicos para elevar a qualidade dos produtos e serviços e atender as expectativas dos clientes. Com isso, a exigência em relação aos serviços públicos vem aumentando consideravelmente e a cobrança por melhorias também. A comunidade em geral, por desinteresse ou desconhecimento, está insatisfeita por não saber onde está sendo aplicado o dinheiro da arrecadação dos impostos, que todos os cidadãos são obrigados a pagar. Por isso, no Brasil, o governo que mantêm seus demonstrativos a disposição de todos, seja pela internet ou qualquer outro modo de fácil acesso, ganha cada vez mais credibilidade com os cidadãos e se torna cada vez mais acessível à fiscalização da população. Por isso, muitas empresas, tanto do setor privado quanto do setor público, estão investindo cada vez mais em controladoria. É por meio da controladoria que os gestores poderão verificar se todos estão aplicando corretamente os recursos oferecidos pela organização, somente com a controladoria bem aplicada nas finanças públicas pode melhorar a relação entre os representantes que estão no governo e os cidadãos e Caderno Gestão Pública | ano.2 n.2 | jul/dez 2013 121 CONTROLADORIA GOVERNAMENTAL: UMA INVESTIGAÇÃO DE SUAS FUNÇÕES NO PODER EXECUTIVO ESTADUAL também colocar limites aos gastos excessivos. A função da controladoria é auxiliar na definição das estratégias e dos objetivos, na elaboração do orçamento, das normas, do planejamento, da implantação dos modelos de decisão e gestão de informação. A controladoria desempenha um papel importante no dia a dia das instituições. Inserida nesse contexto estão às intuições públicas brasileiras de controladoria, mas isso não significa que há um modelo ou um conceito padronizado de controladoria aplicada no setor público. Diante disso, surge a seguinte questão: Os Estados Federados possuem unidades de controladorias institucionalizadas? Se sim, quais são suas funções? Assim, o objetivo geral desse trabalho é investigar se os Estados Federados possuem institucionalizadas unidades de controladorias e quais são as funções desempenhadas. Este estudo ganha relevância, na medida em que, diante dos escândalos ocorridos a respeito de desvios de orçamentos públicos, é necessário divulgar a controladoria e fortalecer a sua importância no setor público. A controladoria surgiu nos EUA, na metade do século XIX, em decorrência da industrialização ocorrida no país, e se desenvolveu em decorrência da necessidade de neutralizar os efeitos negativos do ambiente econômico e de identificar potenciais vantagens competitivas. Porém, ela se expandiu em virtude das movimentações do cenário econômico mundial e do aumento das demandas informacionais (LUNKES et al, 2009). Para tais autores no Brasil não se tem uma data precisa para o surgimento do termo controladoria ou controller. Provavelmente deve-se à vinda das grandes corporações internacionais para o país. Porém, muito se discute sobre a controladoria, alguns a confundem com a própria contabilidade gerencial, a exemplo de Figueiredo e Caggiano (2004, p. 27) que expõe que o controller “é o chefe da contabilidade, aquele que supervisiona e mantém os arquivos financeiros formais da empresa, embora suas funções não tenham que se restringir apenas às funções contábeis e o que mais se espera é que ele amplie sua atuação ao desenvolvimento da contabilidade em aplicações gerenciais”. Porém, Catelli (2006) expõe que a controladoria, enquanto órgão administrativo é responsável por fornecer informações tempestivas e úteis para o processo decisório. As Caderno Gestão Pública | ano.2 n.2 | jul/dez 2013 122 Ely Celia Corbari, Juliana Caroline dos Santos Weck, Tuanny Cristine Godzinski Pereira, Patricia Wenceslau Cabral e Joel de Jesus Macedo informações, segundo Mosimann e Fisch (1999), são oriundas de diversas ciências como: administração, economia, psicologia, estatística, destacando a contabilidade, onde juntas auxiliam a gestão econômica das empresas no intuito de orientá-las para a eficácia. Já Slomski (2005, p. 15) afirma que a “controladoria é a busca pelo atingimento do ótimo em qualquer ente, seja ele público ou privado, e o algo mais, procurado pelo conjunto de elementos que compõe a máquina de qualquer entidade”. Em complemento Frezatti (2009, p. 26) defende que “A controladoria é o órgão da empresa cuja missão consiste em zelar pela eficácia do seu processo de gestão, isto é, cuidar para que os usuários disponham de todas as informações necessárias para atingir seus objetivos”. Em defesa da controladoria como algo muito maior do que contabilidade gerencial, Tung (1974, p. 11) ressalta que a controladoria é uma ciência responsável por indagar sobre os objetivos e as realizações da entidade sob o ponto de vista econômico e complementa que a controladoria não se restringe aos estudos sobre o registro estático dos fatos contábeis, mas engloba os processos de planejamento, de análise e de controle da entidade. Frezatti (2009, p. 27), na contramão, defende que “A controladoria é a área da empresa que deve coordenar o processo de controle gerencial - desde o planejamento estratégico e operacional até o controle orçamentário.” Sendo assim, para o autor, a controladoria é a parte da contabilidade que deve estar presente em qualquer entidade, seja ela com ou sem fins lucrativos, pública, privada, mista ou do terceiro setor. Embora Frezatti (2009, p. 28) compreenda que a controladoria é uma área da contabilidade, o autor defende que a Controladoria não devem limitar-se apenas a elaboração e divulgação de informações contábeis, mas participar do processo gestão da entidade como um todo, pois é a área que reúne as informações de natureza econômico – financeira, proporcionando ao profissional da controladoria uma visão global da entidade, permitindo uma melhor assessoria aos gestores. Benedicto e Leite (2004), por sua vez, afirmam que Controladoria pode ser relacionada com um sistema de informações que objetiva auxiliar o processo de tomada de decisões dos gestores, que são responsáveis pela direção e o controle das operações realizadas pela empresa. Caderno Gestão Pública | ano.2 n.2 | jul/dez 2013 123 CONTROLADORIA GOVERNAMENTAL: UMA INVESTIGAÇÃO DE SUAS FUNÇÕES NO PODER EXECUTIVO ESTADUAL Considerando que um sistema são partes ligadas que possuem fluidez dinâmica, para atender a expectativa de sistema, defendida pelo autor, a controladoria deve agregar conhecimento de outras ciências como economia, estatística, administração, marketing, psicologia e outras que contribuem com o processo decisório empresarial, além das fornecidas pela contabilidade. Menezes (2001, p. 85), complementa dizendo que cabe ainda a Controladoria o papel de “monitorar os paradigmas de qualidade, devendo informar e interagir proativamente com as diversas funções da organização na busca da excelência empresarial, calcada na crença de que estratégia, custos e qualidade são responsabilidades de todas as funções da empresa”. A Controladoria está voltada para mensuração da riqueza, para a criação do modelo de gestão, além de auxiliar os gestores na sua tomada de decisão. Tem como base a relação entre os conceitos de outras áreas. Evolução da Controladoria Antes do surgimento da controladoria, cabia à contabilidade fornecer as informações necessárias para dar apoio à tomada de decisão das organizações. Porém com a evolução das empresas, a contabilidade passou a ser tornar ineficaz para o fornecimento de dados para o gestor decidir sobre o futuro da organização, tendo em vista que a contabilidade detém apenas parcela das informações necessárias. Para Frezatti (2009, p. 28), a evolução da controladoria está ligada diretamente à evolução da necessidade de se dispor de informação de gestão, ou seja, a importância de possuir informações relevantes para subsidiar o processo de planejamento, execução e controle das organizações. O papel da controladoria se torna extremamente necessário para o auxílio da gestão empresarial, pois ela cria relatórios que saem da visão estritamente financeira e dão modelos de tomada de decisão que estudam o ambiente interno, micro e macro ambientes econômicos, viabilizando e agilizando a atuação estratégica-organizacional. Assim, a controladoria associada a um modelo contábil-financeiro, formam um quadro de avaliação de desempenho, que permite avaliar o estado atual da empresa como também Caderno Gestão Pública | ano.2 n.2 | jul/dez 2013 124 Ely Celia Corbari, Juliana Caroline dos Santos Weck, Tuanny Cristine Godzinski Pereira, Patricia Wenceslau Cabral e Joel de Jesus Macedo projetar e simular cenários futuros. A atividade de Controladoria começou a ficar mais clara a partir da metade do século XX, quando a Contabilidade Societária começou a ter mais autonomia, não dependendo efetivamente de um governo para decidir como será a contabilidade da empresa (Corbari, 2008). Beuren (2001, p. 20) atribui “o desenvolvimento da Controladoria no início do século XX a três fatores: verticalização, a diversificação e a expansão geográfica das organizações, com o consequente aumento da complexidade de suas atividades”. Na década de noventa, a Controladoria dividiu-se em duas linhas doutrinárias, sendo que de um lado estão aqueles que representam uma visão empírica, sendo ela apenas um fornecedor de informações para o gestor. De outro lado estão aqueles ligados ao modelo de gestão econômica - GECON que é um modelo gerencial pioneiro desenvolvido a partir do final dos anos 70, pelo Prof. Dr. Armando Catelli. Controladoria na Gestão Pública O motivo pelo qual deve ser estudada a controladoria no setor público é o poder de fiscalizar como estão sendo contabilizados os montantes arrecadados pelo Governo e qual foi a destinação dada a essa verba, se está sendo destinada aos órgãos conforme orçamento ou se há alguma irregularidade com os procedimentos. Para Slomski (2005, p. 16) O controller, no ente público, deve ter em mente que a administração pública é milenar e desde os primórdios os gestores públicos vêm buscando o ótimo em seus resultados, embora nem sempre voltados ao atendimento das necessidades da sociedade, porém sempre buscam controlar, administrar e registrar as receitas e as despesas do ente público, ainda que as despesas tenham sido em sua maioria, para manter os gastos. Não basta apenas saber quanto arrecadou e quanto gastou, precisa-se saber quais são as despesas do governo, e se as mesmas geraram algum benefício para a sociedade. Os entes públicos devem contabilizar os ganhos e despesas de forma clara para que a Caderno Gestão Pública | ano.2 n.2 | jul/dez 2013 125 CONTROLADORIA GOVERNAMENTAL: UMA INVESTIGAÇÃO DE SUAS FUNÇÕES NO PODER EXECUTIVO ESTADUAL sociedade entenda e veja se não há fraudes nem desvios de verba neste setor. Prestar contas é um dos princípios das boas práticas da governança corporativa. O balanço social pode ser um instrumento a ser utilizado pelo gestor público para a minimização da assimetria informacional entre a sociedade e o Estado, de acordo com Slomski (2005, p.19). Para Oliveira (2010) a controladoria no setor público tem o objetivo de garantir que os recursos sejam eficientes e eficazes para a sociedade. Para o autor, se a área de controladoria está inserida num contexto de administração pública, ela possui o papel de contribuir para otimização do resultado econômico e dos recursos para a sociedade como um todo. Segundo Oliveira (2010), as principais necessidades da existência de controladoria no setor público está relacionada com a assessoria, controle operacional e econômico e a otimização. Assessoria apoiaria o gestor na tomada de decisão, o controle operacional e econômico seria o responsável pela fiscalização dos órgãos e da aplicação dos recursos públicos, evitando a corrupção e irregularidades. A otimização está relacionada com a eficiência e eficácia dos serviços públicos. Chaves apud Souza et. al. (2010) “define a controladoria como órgão central do sistema de controle interno, uma espécie de órgão da administração pública localizado no nível de assessoramento do dirigente máximo da administração, com a finalidade de agregar diversas atividades como auditoria, correição, prevenção e combate a desvios para otimizar o resultado da administração.” Flores apud Souza et. al. (2010) define a controladoria como um órgão administrativo, posto que não se constitui em ciência autônoma ou ramo do conhecimento. É a contabilidade em uma visão holística da gestão para a busca de informações que possam determinar a melhor decisão por parte do administrador. Constitui-se, portanto, em um departamento que trabalha a Contabilidade, as informações monetárias, físicas e os indicadores de desempenho voltados para a qualidade da gestão. Souza et. al. (2010, p. 4) expõem que “a controladoria governamental pode ser definida como um órgão incumbido de comandar o sistema de controle interno, auditoria interna, contabilidade e aperfeiçoar os demais sistemas de controles, objetivando a busca Caderno Gestão Pública | ano.2 n.2 | jul/dez 2013 126 Ely Celia Corbari, Juliana Caroline dos Santos Weck, Tuanny Cristine Godzinski Pereira, Patricia Wenceslau Cabral e Joel de Jesus Macedo de resultados”. Slomski apud Souza et. al. (2010,p. 6) destaca as seguintes atribuições para o Controller Público: Avaliar a gestão da coisa pública associando o tripé que compõem os recursos públicos: recursos humanos, recursos financeiros e os recursos físicos; Estimular os gestores públicos a implantarem os sistemas de custos nas entidades públicas brasileiras; Apropriar o resultado econômico nas entidades públicas (não basta saber quanto arrecadou e como gastou, é preciso evidenciar o resultado econômico, ou seja, quais e quantos foram os serviços prestados, seu preço de mercado e a receita econômica); Elaborar o contracheque econômico para evidenciar a distribuição da renda econômica produzida. Souza et. al. (2010, p. 6) acreditam que “o ‘Controller’ ou Controlador Governamental é o responsável por comandar a Controladoria Governamental para o exercício de suas funções, tais como: avaliar a gestão pública; apurar os custos dos programas, das entidades públicas e apurar o resultado econômico das entidades públicas”. A controladoria na gestão pública está se tornando uma ferramenta muito importante, pois a gestão pública tem que se preocupar com o planejamento e com as decisões de investimentos, além de melhorar a transparência dos seus resultados afim de que a sociedade veja como eles estão sendo aplicados. Em relação à tipologia, este trabalho é suportado pelos seguintes tipos de pesquisa: a) quanto aos meios enquadra-se como descritiva, pois objetiva descrever as funções da controladoria do Poder Executivo Estadual, e documental, pois é construída com dados obtidos em documentos escritos disponibilizados nos seus respectivos sítios; b) quanto aos fins a presente pesquisa enquadra-se como exploratória, pois visa uma maior familiaridade com o problema (Gil, 2002). O universo amostral do presente trabalho compreende 27 (vinte e sete) instituições brasileiras do Poder Executivo Estadual. A amostra se deu de forma intencional em virtude do fraco desenvolvimento das ferramentas gerenciais na parte de controladoria nos setores públicos e a escassez de estudos com este tema. Caderno Gestão Pública | ano.2 n.2 | jul/dez 2013 127 CONTROLADORIA GOVERNAMENTAL: UMA INVESTIGAÇÃO DE SUAS FUNÇÕES NO PODER EXECUTIVO ESTADUAL Os dados foram coletados de sítios dos estados brasileiros que declaram a existência de unidades de controle, nos meses de abril e maio de 2012. Os dados coletados foram analisados tendo como base as funções declaradas por Suzart et. al. (2011). DESENVOLVIMENTO Após acessar os sítios do Poder Executivo dos Estados observou-se que uma unidade de controle existe em 24 dos 27 estados brasileiros, porém nem todas possuem a denominação padrão de Controladoria. A denominação varia de estado para estado, como Controladoria Geral do Estado, Auditoria Geral do Estado e Secretaria de Estado de Controle e Transparência, conforme quadro a seguir. SUL SUDEST E CENTRO -OESTE NORDESTE NORTE Quadro 1 – Unidades de controle dos estados brasileiros ESTADO Acre Amapá Amazonas Pará Rondônia Roraima Tocantins Alagoas Bahia Ceará Maranhão Paraíba Pernambuco Piauí Rio Grande do Norte Sergipe Distrito Federal Goiás Mato Grosso Mato Grosso do Sul Espírito Santo Minas Gerais Rio de Janeiro São Paulo Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul DENOMINAÇÃO DA UNIDADE Controladoria Geral do Estado Controladoria Geral do Estado Controladoria Geral do Estado Auditoria Geral do Estado Controladoria Geral do Estado Controladoria Geral do Estado Controladoria Geral do Estado Controladoria Geral do Estado Controladoria Geral do Estado Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado Controladoria Geral do Estado Controladoria Geral do Estado Secretaria da Controladoria Geral do Estado Controladoria Geral do Estado Controladoria Geral do Estado - Control Controladoria Geral do Estado Secretária de Estado de Transparência e Controle Controladoria Geral do Estado Auditoria Geral do Estado Auditoria Geral do Estado Secretaria de Estado de Controle e Transparência Controladoria Geral do Estado Controladoria Geral do Estado Não Declarada Secretaria de Controle Interno Não Declarada Não Declarada Caderno Gestão Pública | ano.2 n.2 | jul/dez 2013 128 Ely Celia Corbari, Juliana Caroline dos Santos Weck, Tuanny Cristine Godzinski Pereira, Patricia Wenceslau Cabral e Joel de Jesus Macedo Observa-se que 16 (dezesseis) estados possuem a designação formal de Controladoria Geral do Estado; 1 (um) estado possui a denominação de Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado; 3 (três) Estados possuem a unidade de controle como Auditoria Geral do Estado e 4 (quatro) como Secretarias. Identificou-se que todas as instituições de Controladoria estão subordinadas ao Governador de cada Estado o que denota a independência em sua atuação, observando um dos princípios básicos do controle. Dentre os princípios que regem o controle estão a segregação das funções e a independência técnico-funcional. Verificou-se, ainda, que 2 (dois) estados do sul do Brasil e São Paulo não declararam em seus sítios a existência ou não de unidades de Controladoria. A ausência de informação deve-se, provavelmente, ao fato de que a instituição de controle não está ligada diretamente ao governador, mas refere-se a uma unidade subordinada a alguma Secretaria. Com base nos dados acima, o gráfico a seguir indica a quantidade em percentual de estados que possui uma unidade de controle instituída. Gráfico 1 – Percentual de estados que possuem controladoria Dos 27 estados brasileiros pesquisados, 89% (oitenta e nove por cento) possuem instituída uma unidade de controle. Porém, 11% (onze por cento) não possuem ou não declaram possuir uma unidade de controle. As unidades que instituíram unidades de controle as denominam de controladoria, auditoria e secretarias, conforme apresentado a seguir. Caderno Gestão Pública | ano.2 n.2 | jul/dez 2013 129 CONTROLADORIA GOVERNAMENTAL: UMA INVESTIGAÇÃO DE SUAS FUNÇÕES NO PODER EXECUTIVO ESTADUAL Gráfico 2 – Denominação das unidades de controle Dos estados que declararam possuir uma unidade de controle, 71% (setenta e um por cento) a denominam de Controladoria, 17% (dezessete por cento) como Secretaria e 12% (doze por cento) Auditoria, conforme gráfico a seguir. Em relação às funções desempenhadas pelas unidades de controle observou-se que não há uma padronização entre os estados. Dos 24 estados brasileiros, apenas 18 publicaram suas funções, ou seja, embora 6 estados possuam unidades de controle instituídas, não constam em seus sítios ou qualquer documentos que o cidadão possa ter acesso informações sobre as suas funções. Com base nas funções e na missão das 18 controladorias estaduais, montou-se um painel que sintetiza suas atividades, apresentado a seguir. Caderno Gestão Pública | ano.2 n.2 | jul/dez 2013 130 Ely Celia Corbari, Juliana Caroline dos Santos Weck, Tuanny Cristine Godzinski Pereira, Patricia Wenceslau Cabral e Joel de Jesus Macedo Quadro 2 – Atividades das controladorias públicas Fonte: Suzart (2011) – Adaptado e atualizado Das atividades acima, 3 (três) não tiveram marcações pois não se enquadram nas descrições encontradas nos sítios, são elas, elaborar e manter atualizado o plano de contas do ente federado; planejar, coordenar e executar funções de ouvidoria; e propor medidas para racionalizar o uso dos recursos públicos. Com base nas atividades desenvolvidas pelas unidades depreende-se que as unidades de controladoria estão alinhadas a missão do controle interno, estabelecida pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 74. Assim, nota-se uma forte aderência das funções declaradas pelas controladorias com as funções do controle interno estabelecido pela Constituição Federal. Embora a missão das controladorias estaduais não possam se desviar das determinações legais, espera-se que suas funções sigam além do atendimento das determinações legais, que se voltem suas ações para a boa gestão dos recursos públicos. O gráfico a seguir ilustra a frequência das atividades declaradas pelas Caderno Gestão Pública | ano.2 n.2 | jul/dez 2013 131 CONTROLADORIA GOVERNAMENTAL: UMA INVESTIGAÇÃO DE SUAS FUNÇÕES NO PODER EXECUTIVO ESTADUAL controladorias. Gráfico 3 – Frequência das atividades Com base nos dados anterior, organiza-se as atividades em funções propostas por Suzart et al (2011), apresentado a seguir. Quadro 3 – Frequência das atividades apontadas pelas controladorias Fonte: Suzart (2011) – Adaptado e atualizado. Caderno Gestão Pública | ano.2 n.2 | jul/dez 2013 132 Ely Celia Corbari, Juliana Caroline dos Santos Weck, Tuanny Cristine Godzinski Pereira, Patricia Wenceslau Cabral e Joel de Jesus Macedo Com base na frequência das atividades por funções construiu-se o gráfico a seguir, considerando a quantidade de controladorias que as citam em seus sítios: Gráfico 4 – Funções desempenhadas pelas controladorias Conforme as informações do quadro e do gráfico acima, constata-se que 31% dos estados exercem o Controle Interno como função principal da Controladoria seguido de 17% com função Contábil e controle de risco, 16% avaliados como função Gerencial – Estratégica, 10% Gestão de Informação, 8% Proteção e Controle dos ativos e 1% Tributária. Sendo assim, nota-se que a maioria das Controladorias executa atividade de controle interno e mesmo aquelas enquadradas com a função contábil e gerencial têm na prática uma atuação de controle, pois apresentam como verbo “acompanhar/fiscalizar”, verbos utilizados para a função controle. CONSIDERAÇÕES FINAIS A controladoria no setor público tem o objetivo de garantir que os recursos sejam gerenciados de forma eficientes e eficazes a fim de contribuir para a otimização do resultado econômico da entidade e para o resultado social. Caderno Gestão Pública | ano.2 n.2 | jul/dez 2013 133 CONTROLADORIA GOVERNAMENTAL: UMA INVESTIGAÇÃO DE SUAS FUNÇÕES NO PODER EXECUTIVO ESTADUAL Este estudo teve como objetivo investigar se os Estados Federados possuem institucionalizadas unidades de controladorias e quais são suas funções desempenhadas. Vislumbrou-se que ao identificar as funções desempenhadas pela controladoria do Poder Executivo Estadual, obter-se-ia um retrato do que tem sido praticado atualmente pelas controladorias públicas e permitiria uma avaliação de suas funções. Os resultados indicam que dos Estados Federas 27 (vinte e sete) possuem institucionalizadas unidades de controle, porém nem todas são denominadas de controladoria. Em alguns Estados a unidade de controle denomina-se Auditoria ou Secretarias de Controle. Apenas 3 (três) Estados não apresentam em seus sítios de forma clara a existência de unidades de controladorias. Quanto às funções desempenhadas pelas unidades de controles, sejam elas classificadas como Controladoria, Auditoria ou Secretarias de Controles, contatou-se que 31% das unidades de controle exercem o controle interno, 17% exercem a função contábil e de controle de risco, 16% a função gerencial/estratégica, 10% a função de informação, 8% a função de proteção e controle dos ativos e 1% a função tributária. Nota-se que as funções das controladorias estão alinhadas as funções do controle interno definidas pela Constituição Federal, ou seja, está alinhada a observação dos aspectos legais. Mesmo aquelas enquadradas com a função contábil e gerencial têm na prática uma atuação de controle, pois apresentam como verbo “acompanhar/fiscalizar”, verbos utilizados para a função controle. Tendo em vista poucas informações disponibilizadas nos sítios, esta pesquisa limita-se apenas as funções declaradas e não se buscou por meio de entrevista aprofundar-se na investigação. Assim, a carência de informações publicadas sobre as controladorias impossibilitam uma análise mais ampla sobre o tema. Caderno Gestão Pública | ano.2 n.2 | jul/dez 2013 134 Ely Celia Corbari, Juliana Caroline dos Santos Weck, Tuanny Cristine Godzinski Pereira, Patricia Wenceslau Cabral e Joel de Jesus Macedo REFERÊNCIAS BENEDICTO, Gideon Carvalho de; LEITE, Joubert da Silva Jerônimo. Administração financeira, economia e contabilidade: uma abordagem da relação existente no processo empresarial de gestão de caixa e lucro. Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília, v. 33, n. 146, p. 61-81, mar./abr. 2004. BEUREN, Ilse Maria. O Papel da Controladoria no Processo de Gestão. In Controladoria: Agregando valor para a empresa. Paulo Schmidt (Organizador). Porto Alegre: Bookman, 2001. CATELLI, Armando. Controladoria - Uma Abordagem Economica Gecon. São Paulo: Atlas, 2006. CORBARI, Ely Célia. Dissertação de mestrado. 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