ID: 44612335
07-11-2012
Tiragem: 7014
Pág: 3
País: Portugal
Cores: Preto e Branco
Period.: Diária
Área: 27,99 x 22,13 cm²
Âmbito: Regional
Corte: 1 de 2
Falta de médicos empurra
grávidas para Coimbra
“Verdadeiro
escândalo”
chega ao
Parlamento
Administração do Centro Hospitalar do Baixo Vouga reconhece carência de
profissionais, aguardando autorização do Governo para novas contratações
n Por insuficiência de médicos
no Hospital de Aveiro, grávidas
e parturientes que recorram a
esta unidade de saúde têm sido
transferidas para Coimbra. O
conselho de administração do
Centro Hospitalar do Baixo
Vouga (CHBV), liderado por José
Afonso, admite a carência de
profissionais e revela que a contratação de médicos ginecologistas está dependente da luz verde
do Governo.
“No último ano e meio, cinco
dos 18 médicos ginecologistas
deixaram de trabalhar neste
centro hospitalar, quatro por
reforma e um por opção própria”, informa a administração
em comunicado.
Já foi aberto um concurso
para colmatar a saída destes
profissionais, faltando, porém, a
“validação final” por parte dos
ministérios da Saúde e das
Finanças, acrescenta a equipa de
José Afonso.
Os administradores do CHBV
adiantam que até à chegada da
autorização da tutela, as utentes
que recorram à Urgência do
Hospital de Aveiro, nos dias em
que não estiver assegurada a
ARQUIVO
Rui Cunha
n O PCP/Aveiro denunciou
esta semana a “ruptura
completa” no serviço de
Ginecologia/Obstetrícia do
hospital local. Esta unidade de
saúde “vive hoje uma situação
de completa ruptura em
termos de pessoal médico”.
Durante o mês de
Novembro, o Hospital de
Aveiro “irá funcionar em
alguns períodos com um
médico obstetra e outros
sem nenhum, deixando
assim de garantir condições
mínimas de funcionamento
num dos distritos mais
populosos do país”, frisam
os comunistas, que falam do
caso como um “verdadeiro
escândalo”.
A situação “deixa centenas
de milhares de utentes em
situação de completa
vulnerabilidade”, pelo que o
PCP entregou na Assembleia
da República um requerimento dirigido ao Ministério da
Saúde onde este é questionado
sobre o problema. “Sendo
assumida a falta de médicos
obstetras, importa saber como
irão ser assistidos os pacientes
internados naquele serviço,
entre os quais as parturientes
(mas não só), e como irão ser
geridos os casos urgentes que
entrem naquele serviço
durante os períodos onde não
foi possível preencher a escala
de serviço”, salienta o partido.
“O PCP considera esta
situação absolutamente
lamentável, representando
apenas um exemplo das
consequências dos cortes
cegos que este Governo
procura impor a todos os
portugueses”.RC
HOSPITAL DE AVEIRO incapaz de dar resposta total às grávidas e parturientes
escala do serviço de ginecologia/obstetrícia, serão encaminhadas para o Centro Hospitalar
e Universitário de Coimbra, ao
abrigo de um protocolo existente
com aquela instituição.
sempre acompanhadas por
enfermeiros especialistas. Até ao
momento, estes procedimentos
têm decorrido “da melhor forma”, assegura a administração
do CHBV, acreditando que o
“Riscos” para as grávidas
A transferência de uma mulher
para Coimbra ocorreu pela primeira vez no último sábado.
Nesse fim-de-semana várias
pacientes terão feito o mesmo
caminho. Nas viagens para
aquela cidade, que dista cerca de
60 quilómetros de Aveiro, as
grávidas e parturientes são
CENTRO
HOSPITALAR
PERDEU CINCO DOS
18 GINECOLOGISTAS
EM ANO E MEIO
problema será solucionado a
muito curto prazo.
Na escala do serviço de Urgência para Novembro, que o
Diário de Aveiro consultou,
existem vários turnos aos sábados e domingos em branco.
Numa carta endereçada ao
director clínico do CHBV, Paulo
Ferreira, datada de 2 de Novembro, o director do serviço de
Obstetrícia/Ginecologia, Mário
Oliveira, refere que foram feitos
“todos os esforços desde o primeiro dia do mandato” da actual
administração para preencher
as vagas criadas por “reformas e
rescisões de contratos”. O responsável acrescenta que foi feito
um “esforço suplementar para
completar a escala de serviço
além das horas extra legalmente
impostas pelo Ministério, e já
largamente ultrapassadas”.
“Não havendo autorização
superior para a bolsa de recrutamento, cujo processo já foi
finalizado pelo serviço, não há
mais disponibilidades para a
realização de horas extraordinárias”, lê-se na carta a que o
Diário de Aveiro teve acesso.
Desta forma, a escala de serviço de Novembro “tem o número
de horas obrigatório de cada
médico e a disponibilidade total
dos médicos tarefeiros”, verificando-se “vários períodos sem
médico ou apenas com um
médico”. Nos dias só com um
médico, o clínico fará a observação das grávidas e assegurará a
transferência de “todas as que
estiverem em trabalho de parto”. Quando não houver profissionais escalados, a totalidade
das grávidas ou os doentes de
ginecologia “devem ser transferidos” para Coimbra.
A directora da Urgência, Elsa
Rocha, emitiu, por sua vez, uma
comunicação interna sobre o
assunto, onde alerta para os “riscos” que a situação comporta,
em especial para as grávidas.l
ID: 44612335
07-11-2012
Tiragem: 7014
Pág: 1
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 6,19 x 3,10 cm²
Âmbito: Regional
Corte: 2 de 2
BEBÉS DE AVEIRO VÃO
NASCER A COIMBRA
FALTA DE MÉDICOS NO HOSPITAL
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Falta de médicos empurra grávidas para Coimbra