A KPC e ação dos hospitais no controle de infecções. A KPC é uma mutação da Klebsiella Pneumoniae que testamos em nossos produtos com eficácia de 99% de redução. È de extrema importância a utilização de produtos antimicrobianos altamente eficazes no controle de infecções hospitalares x propagação da resistência aos antibióticos. A disseminação de superbactérias chamou a atenção da comunidade médica internacional em setembro após a propagação do gene NDM-1 (Nova Délhi metalo-beta-lactamase), responsável por deixar bactérias como a KPC e a Escherichia coli resistentes a muitos medicamentos. No Brasil, autoridades de saúde pública se mobilizam para lidar com o problema. Em São Paulo, as secretarias municipal e estadual de Saúde informaram nesta quarta-feira (20) que não registraram nenhum caso da superbactéria nos hospitais públicos até o momento. A secretaria estadual informou que as unidades de saúde mantêm comissões de controle de qualidade e combate a micro-organismos. A municipal afirmou que ainda não recebeu orientação do Ministério da Saúde sobre como proceder em relação à bactéria KPC, e que mantém as orientações rotineiras a seus hospitais: reforço das medidas preventivas contra infecções hospitalares. A Secretaria de Saúde do Rio informou que não há nenhum caso de infecção pela bactéria no estado e que está seguindo as diretrizes do Ministério da Saúde e da Anvisa para evitar contaminação. Já em Brasília, dois relatórios do Comitê Gestor de Enfrentamento à Superbactéria da Secretaria de Saúde alertam para a falta de materiais básicos na rede pública, o que impede até mesmo a higiene de funcionários e prédios e denunciam a estrutura precária do Hospital Regional do Gama (HRG), o que também dificulta o combate a bactéria KPC, que já matou 15 pessoas. Em Minas Gerais, a Coordenação Estadual de Controle de Infecção enviou comunicado aos profissionais de saúde alertando “sobre a ocorrência de infecções por KPC em diferentes regiões do país, com registro de óbitos”. Remédio sem efeito Há anos circulam bactérias multirresistentes no território nacional. Além da KPC, é o caso da SPM-1 (São Paulo metalo-beta-lactamase). Com a resistência a carbapenemas sendo conhecida já há alguns anos pela comunidade médica, remédios como as polimixinas e tigeciclinas ainda são eficientes contra esses organismos, mas são usados somente em casos de emergência como infecções hospitalares. Médicos indicam que o controle das superbactérias está ligado, principalmente, ao uso adequado de antimicrobianos. Para o médico Jacyr Pasternak, do Hospital Albert Einstein, o problema é a tendência atual de aumentar o uso dos remédios além do necessário. “A bactéria adquire resistência conforme o antibiótico é administrado”, diz o infectologista. “A gente fica preocupado porque a indústria farmacêutica tem investido pouco em remédios novos.” Entre os remédios ineficazes contra as superbactérias estão as carbapenemas, uma das principais opções no combate aos organismos unicelulares. Medidas básicas de prevenção O comunicado enviado pela secretaria de Minas lista as cautelas básicas que os hospitais devem adotar: - Identificar precocemente o paciente com infecção - Medidas de isolamento de contato até a alta do paciente - Quarto privativo quando possível, ou quarto com paciente que apresenta infecção pelo mesmo micro-organismo - Higienização das mãos - Uso de luvas e avental - Limpeza e desinfecção de superfícies, equipamentos e artigos - Visitas restritas Conduta de hospitais particulares No Hospital Edmundo Vasconcelos, instituição particular na Zona Sul de São Paulo, pacientes que são transferidos de outros hospitais são isolados inicialmente e submetidos a exames para a verificação da presença da bactéria. Foram registrados três casos de morte após infecção pela KPC no local este ano – nas ocorrências, os infectados foram isolados e precauções para evitar a contaminação foram tomadas. Em nota, a assessoria de imprensa do hospital informou que os casos registrados da superbactéria estavam relacionados a “pacientes que estavam internados há mais de 30 dias e que se internaram com doenças graves, agravadas por comorbidades [agravantes do estado clínico] importantes.” De acordo com o infectologista Luis Fernando Aranha Camargo, do Hospital Albert Einstein, a instituição começou a partir de abril deste ano a fazer o controle da colonização da superbactéria. Foram registrados três casos de colonização – quando a infecção não se desenvolve e o paciente não apresenta sintomas. “A estratégia é identificar os pacientes, para ver se precisa de tratamento e isolá-los dos outros. O importante é que é uma doença que se desenvolve dentro do hospital, e atinge pessoas já debilitadas, com condições muito específicas”, afirmou. No caso de pacientes transferidos de outros hospitais, é feito o isolamento até a identificação da existência ou não da KPC nos casos de risco – pessoas internadas por um longo período, vindas de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) ou com histórico de alto consumo de antibióticos. Nesses casos, segundo o médico, o isolamento inicial dura de quatro a cinco dias – tempo necessário para a realização dos exames que indicam a presença da bactéria. Como surge uma superbactéria “Superbactéria” é, na verdade, um termo que vale não para um organismo, mas para qualquer bactéria que desenvolva resistência a muitos medicamentos. Essa resistência é adquirida pela presença de genes como o NDM-1. O gene faz com que uma enzima seja produzida pela bactéria e torne os antimicrobianos insuficientes para destruí-la. A KPC, “turbinada”, é considerada uma ameaça restrita a ambientes hospitalares