Nascido em Vila Nova de Gaia, em 1967, Paulo Monteiro é conhecido no meio da banda desenhada nacional pela sua associação aos projectos bedéfilos tidos na cidade de Beja. Contudo o seu percurso neste sector é muito mais completo, tendo raízes em formação e actividades artísticas polivalentes, que com o tempo se vieram a especializar na Nona Arte – a Banda Desenhada. Em 1987, Paulo Monteiro ingressou na Universidade de Lisboa, onde se veio a licenciar em Letras, período durante o qual passou frugalmente pelo cinema de animação, com o projecto “Guessene, o Monge Pintor”, da Fundação C. Gulbenkian. Posteriormente, iniciou estudos em Pintura, na Escola de Artes e Comunicação, em Lisboa. Seguidamente, em 1993, muda-se para Beja, e integra o Museu Regional como bolseiro, procedendo depois à instalação do Sector Educativo desta entidade. Foi como responsável desse Sector Educativo que realizou, junto com a equipa do Museu, diversas actividades didácticas dirigidas às crianças e jovens do distrito, entre as quais teatro de fantoches, sombras chinesas, oficinas de ilustração, BD, azulejaria, e conversas sobre banda desenhada com alunos de diversas escolas, o jornal O Candil, etc. É na sequência destas ocupações que Paulo Monteiro inicia a sua aventura na banda desenhada, quando funda e monitora o Toupeira, um espaço dedicado à Nona Arte, criado ao abrigo da iniciativa Ateliers Permanentes promovida pela Casa da Cultura e Pelouro da Juventude de Beja. O propósito desta oficina de BD, que funciona em regime de workshop, foi albergar em horário extra-curricular e pela duração do ano lectivo diversos entusiastas da matéria, cuja produção se compilava posteriormente em fanzines antológicos (PaxFanzine 300 e Lua de Prata). Estes, por sua vez, deram mais tarde lugar à revista Venham+5, editada presentemente na abertura do FIBDB. O Atelier Toupeira foi dessa forma o catalizador de toda uma geração de promissores autores alentejanos, nos quais se contam Susana Monteiro, João Lam, Maria João Careto, VéteBD e Zé Francisco, entre muitos mais, alguns actualmente tidos como valores emergentes da BD portuguesa. Parte da formação destes artistas e uma faceta da actividade do ´Toupeira foram as digressões que Paulo Monteiro organizou, levando o atelier aos festivais nacionais e vizinhos com vista a completar aprendizagens e abrir os seus horizontes, das quais resultou uma relação estável entre o grupo e eventos da Catalunha, resultando esta em mostras colectivas e individuais que os autores lá têm podido realizar. Entre presenças nas Jornadas de Banda Deseñada de Ourense, Paulo Monteiro tornou igualmente regulares a participação do atelier nos eventos BejAlternativa, Moura BD e Festival Internacional BD da Amadora. O Atelier Toupeira, sob a batuta de Paulo Monteiro, conseguiu posteriormente a proeza de ser o único atelier do projecto original a manter-se activo após o descontinuar da iniciativa, e inclusivamente a manter abertas as suas portas para além dos meses lectivos, funcionando agora ininterruptamente durante o ano. Já no novo milénio, enquanto novos autores se vão associando ao projecto, Paulo Monteiro concretizou uma ideia de alguns anos, na qual havido começado a trabalhar desde 2004, inaugurando no ano seguinte a Bedeteca de Beja, localizada na Casa da Cultura da cidade. O espaço – que actualmente conta com cerca de 5 mil álbuns (europeus e americanos), 3 mil revistas especializadas e inúmeros zines, reunidos sempre com o propósito de disponibilizar leitura e arte que não seja conseguível obter em bibliotecas genéricas – abriu portas simultaneamente com o 1º Festival Internacional BD de Beja, que estando prestes a realizar o seu 3º salão é já tido como o 2º mais importante certame bedéfilo português, e um exemplo para os demais, pela inigualável excelência logística, capacidade de mobilização e bom-gosto na preparação das exposições que executa. Não suficiente, a Bedeteca de Beja tem vindo a editar com igual critério e ecletismo dois títulos – a supra-mencionada revista Venham+5 e os minicomics afectos à Colecção Toupeira, que até à data lançou “Bófias” (de Silvestre Francisco, aliás VéteBD), “Space & Co” (de João Lam) e em breve “La Béllete” (de Pedro Rocha Nogueira). Paralelamente, a Bedeteca de Beja disponibiliza ainda o caderno informativo Splaft! e promove ocasionais fanzines, como o Café & Cigarros. Enquanto ilustrador, o Paulo é um profissional experiente, com trabalhos publicados em mais de trinta livros e revistas, entre as quais a Rua Sésamo, para a qual igualmente assinou textos. Esta actividade da escrita veio a assumir de maior papel na carreira do autor quando, mais tarde, envolvido com a banda desenhada, assinou criticas e reportagens sobre esta (e outros assuntos) para rádio e diversos jornais, como o Noticias de Alverca – que fundou com alguns amigos em 1983. O começo da prática na 9ª Arte deu-se em meados dos anos 80, aquando o Paulo produziu e editou alguns fanzines (ie. Abelharuco, em 1984; Eclipse e De Washington a Moscovo com partida em Nova Iorque, ambos em 1985), mas também em periódicos, como o DNJovem. Todavia, não deixa de ser peculiar que o autor actualmente encontre mais oportunidades de ver o seu trabalho publicado na vizinha Espanha do que em Portugal, onde editou apenas a BD curta “Reflexos de Metal” (in Efeméride #01, 2005). Desde então, Paulo Monteiro tem vindo a publicar regularmente no célebre Barzowia, do nº06 em frente; lá, contam-se já as histórias “Os Mortos não Dançam” (in Barzowia #06), “O Amor infinito que te tenho” (in Barzowia #07), tendo ambas estas BDs sido posteriormente reeditadas na compilação Barzowia em Chamas, e já em 2007 no Barzowia #08 e 09, respectivamente com as BD “Irei ver a Amada” e “A Canção do Soldado”.