FILOSOFIA RENASCENTISTA: HUMANISMO E NOVO LUGAR NO MUNDO Prof. Danilo Arnaldo Briskievicz DATAÇÃO • Durante os séculos XV e XVI intensificou-se, na Europa, a produção artística e científica. Esse período ficou conhecido como Renascimento ou Renascença. O período chamado Renascimento (século XIV ao século XVI) resgata valores culturais da Antiguidade Clássica, ou seja, elementos greco-romanos que melhor traduzem o antropocentrismo. • O Renascimento pode ser dividido em 4 fases: Pré-Renascimento, Trecento (século XIV) Quattrocento (século XV) e Cinquecento ( século XVI) • Modernidade: de Maquiavel (O príncipe, 1513) até os dias atuais COMO EXPLICAR A NOVA MENTALIDADE A expansão marítima e o renascimento comercial Influência da civilização bizantina A retomada dos estudos das civilizações clássicas(grecoromana),graças à preservação pelos mosteiros medievais A ascensão socioeconômica da burguesia A invenção da imprensa por Johannes Gutemberg (1398-1468) COMO EXPLICAR A NOVA MENTALIDADE • Crescimento das cidades • Inovações tecnológicas: bússola magnética, pólvora, relógio mecânico • Crítica aos dogmatismos da Igreja Católica O RENASCIMENTO Nome dado pelos Próprios renascentistas Os renascentistas Chamavam a Idade Média de “Idade de Trevas” Os renascentistas desconsideraram a Idade Média Eles procuraram fazer renascer a cultura Greco-romana. Para eles a cultura na Idade Média tinha praticamente desaparecido Elegeram como base de estudos as obras dos gregos e dos romanos. 4) Essas mudanças inspiraram novos valores, ideias e atitudes 1) Na Europa, a Partir do Século XI, o Comércio e As cidades cresceram CONTEXTO 3) Ocorreu a aliança do rei com a burguesia 2) A burguesia Se fortaleceu O CONCEITO • O termo foi registrado pela primeira vez por Giorgio Vasari já no século XVI, mas a noção de Renascimento como hoje o entendemos surgiu a partir da publicação do livro de Jacob Burckhardt A cultura do Renascimento na Itália (1867), onde ele definia o período como uma época de "descoberta do mundo e do homem". RENASCIMENTO Hoje, essa visão preconceituosa que os renascentistas tinham da Idade Média não é mais aceita pelos historiadores O Renascimento foi um movimento cultural que começou nas cidades italianas no século XIV e se propagou pela Europa nos séculos seguintes Gravura do século XVI representando tipógrafos trabalhando em uma oficina com equipamentos usados por Gutenberg. Valores Medievais Valores Renascentistas 1. O tempo pertence a Deus. É pecado emprestar dinheiro a juros, ou seja, cobrar pelo tempo em que o dinheiro esteve emprestado. 1. O tempo pertence ao homem e este deve usá-lo em benefício próprio. 2. A fé é mais importante que a razão. 2. Razão e fé são importantes. 3. Valoriza-se o coletivismo. As pessoas consideram-se membros da cristandade. 3. Valorizam-se o individualismo, a arte e o talento de cada um. 4. Deus está no centro das atenções (teocentrismo). 4. O homem está no centro das atenções (humanismo). 5. O corpo é fonte de pecado. 5. O corpo é fonte de beleza e de prazer. O HUMANISMO Movimento que tinha como principal objetivo o conhecimento do homem, de seu corpo, sua história, Ideias e emoções Movimento liderado Pelos pensadores humanistas Humanistas Homens que queriam Melhorar o ensino Nas universidades Introduziram estudos baseados na razão no cálculo e na experiência. INOVAÇÕES QUE MARCARAM A HISTÓRIA DA ARTE Realismo na representação da figura humana e das paisagens. Domínio da perspectiva, técnica que permite transmitir a sensação de profundidade. A iniciativa de o artista pintar-se (autorretrato) Vincent de Beauvais escrevendo em seu escritório, em ilustração do século XV. Até a invenção da imprensa, os livros, copiados manualmente, tinham circulação muito restrita. CARACTERÍSTICAS • INDIVIDUALISMO: CAPACIDADE DO SER HUMANO DE FAZER ESCOLHAS LIVREMENTE • RACIONALISMO: A RAZÃO COMO PRINCIPAL INSTRUMENTO PARA COMPREENDER O UNIVERSO E A NATUREZA – O QUE IMPULSIONOU O CONHECIMENTO NAS ÁREAS DA ASTRONOMIA, MATEMÁTICA, FÍSICA, MEDICINA, LITERATURA, GEOMETRIA, PINTURA, ARQUITETURA, ENGENHARIA, FILOSOFIA E DA FÍSICA CARACTERÍSTICAS • HUMANISMO: O SER HUMANO É O CENTRO DAS PREOCUPAÇÕES E INDAGAÇÕES, POIS É OBRA SUPREMA DE DEUS (ANTROPOCENTRISMO) • CLASSICISMO: VALORIZAÇÃO DA CULTURA GRECO-ROMANA “ABAFADA” PELA IDADE DAS TREVAS • ABSOLUTISMO: JUSTIFICAVAM O GOVERNO CENTRALIZADO ATRAVÉS DE IDEIAS COMO O DIREITO DIVINO DOS REIS • HEDONISMO: VALORIZAÇÃO DO CORPO E DOS PRAZERES TERRENOS E ESPIRITUAIS • NATURALISMO: ESTIMULOU O DOMÍNIO DO HOMEM SOBRE A NATUREZA ITÁLIA: POR QUÊ? • Renascença Italiana foi como ficou conhecida a fase de abertura do Renascimento, um período de grandes mudanças e conquistas culturais que ocorreram na Europa, entre o século XV e o século XVI. • Este período marca a transição entre a Idade Média e a Idade Moderna. • Surgem novos conceitos ligados ao Humanismo, Naturalismo e Classicismo. ITÁLIA: POR QUÊ? Condições: Estados autónomos. Entre eles estabeleceu-se uma verdadeira rivalidade: todos pretendiam ter os mais belos palácios e igrejas, os artistas e os pensadores mais célebres. Abundam na Itália os vestígios da arte greco-romana que viria a inspirar numerosos artistas. Por sua vez, as bibliotecas dos mosteiros guardavam cópias de muitas obras da Antiguidade, que os intelectuais estudavam. Muitas cidades italianas tinham se tornado centros de comércio. Graças a essa prosperidade, os grandes senhores nobres e eclesiásticos e os ricos burgueses apoiavam os escritores e os artistas. ITÁLIA: POR QUÊ? • A referência inicial é centrada na zona da Toscana, nas cidades de Florença e Siena. Espalhou-se depois para o sul, tendo um impacto muito significativo sobre Roma, que foi praticamente reconstruída. Espalhou-se depois para o resto da Europa. Florença é um município italiano, capital e maior cidade da região da Toscana e da província homônima, com cerca de 377 207 habitantes. Estende-se por uma área de 102,41 km², tendo uma densidade populacional de 3683 hab/km². Área: 102,4 km² População: 370.092 (2010) Organização das Nações Unidas FLORENÇA, OU MELHOR, FIRENZE • Florença era umas das mais prósperas cidades italianas. • Os negociantes e financeiros, apreciadores das belas artes, criaram à sua volta um ambiente favorável aos artistas. • Entre as famílias mais ricas de Florença contavam-se os Médicis, que acabaram por controlar o governo da cidade e tornar-se mecenas generosos. • Sob o seu governo, Florença transformou-se na capital das artes: ali trabalharam inúmeros arquitetos, escultores e pintores famosos. NOVA MENTALIDADE • Enquanto o homem medieval era temente a Deus, envolvido na cristandade e acomodado às restrições/obrigações servis, o homem moderno tornou-se crítico, individualista, envolvido no espírito de competição capitalista. • DOGMA X AUTONOMIA • FÉ X RAZÃO • MEDO X COMPREENSÃO • CAMPO X CIDADE • TEMPO DA NATUREZA X TEMPO DO HOMEM • ORDEM NATURAL DAS COISAS X CAOS DAS NOVAS VERDADES • MISTÉRIO X EXPLICAÇÃO A PARTIR DA EXPERIÊNCIA Michelangelo Buonarroti Rafael de Sanzio Giotto Os principais Nomes da Pintura italiana Leonardo da Vinci Sandro Botticelli Escritores Inglaterra Inglaterra Thomas Morus: Autor de a UTOPIA William Shakespeare: Autor de peças Teatrais (Romeu e Julieta, Hamlet etc) Portugal Luís de Camões: Autor de Os Lusíadas Espanha Miguel de Cervantes: Autor de Dom Quixote Expansão dos valores renascentistas Inglaterra William Shakespeare: Romeu e Julieta, Hamlet, Otelo Thomas Morus: Utopia As obras de Shakespeare estão ainda hoje presentes no teatro e no cinema. França Espanha Michel de Montaigne: “Ensaios críticos” François Rabelais: “Gargântua e Pantagruel” El Greco: O enterro do conde de Orgaz Miguel de Cervantes: Dom Quixote Francesco Petrarca Escritores italianos Dante Alighieri Nicolau Maquiavel QUEM É O HOMEM? POR QUE FOI CRIADO? Botticelli - os temas de seus quadros foram escolhidos segundo a possibilidade que lhe proporcionavam de expressar seu ideal de beleza. Para ele, a beleza estava associada ao ideal cristão. Por isso, as figuras humanas de seus quadros são belas porque manifestam a graça divina, e, ao mesmo tempo, melancólicas porque supõem que perderam esse dom de Deus. 1: Zenão de Cítio ou Zenão de Eleia 2: Epicuro 3: desconhecido (acredita-se ser o próprio Rafael) 4: Anicius Manlius Severinus Boethius ou Anaximandro ou Empédocles 5: Averroes 6: Pitágoras 7: Alcibíades ou Alexandre, o Grande 8: Antístenes ou Xenofonte 9: Rafael, ou Monalisa, Fornarina como uma personificação do Amor ou ainda Francesco Maria della Rovere 10: Ésquines ou Xenofonte 11: Parmênides 12: Sócrates 13: Heráclito ou Miguelângelo. 14: Platão segurando o Timeu (Leonardo da Vinci). 15: Aristóteles segurando Ética a Nicômaco 16: Diógenes de Sínope 17: Plotino 18: Euclides ou Arquimedes acompanhado de estudantes (Bramante) 19: Estrabão ou Zoroastro). 20: Ptolomeu R: Apeles (Rafael). 21: Protogenes. A dúvida de São Tomé, 1599 Caravaggio REFORMA RELIGIOSA: UMA AGOSTINIANO NA HISTÓRIA - MARTIN LUTHER • Martin Luther (Eisleben, 10 de novembro de 1483 — Eisleben, 18 de fevereiro de 1546), foi um frei agostiniano e professor de teologia. Luther em 1529 por Lucas Cranach MARTIN LUTHER • Contra diversos dogmas do catolicismo romano, contestando sobretudo a doutrina de que o perdão de Deus poderia ser adquiridos pelo comércio das indulgências. • Essa discordância inicial resultou na publicação de suas famosas 95 Teses em 1517, em um contexto de conflito aberto contra o vendedor de indulgências Johann Tetzel. • Sua recusa em retratar-se de seus escritos, a pedido do Papa Leão X em 1520 e do Imperador Carlos V na Dieta de Worms em 1521, resultou em sua excomunhão da Igreja Romana e em sua condenação como um fora-da-lei pelo imperador do Sacro Império Romano Germânico. • Propôs, com base em sua interpretação das Sagradas Escrituras, especialmente da Epístola de Paulo aos Romanos, que a salvação não poderia ser alcançada pelas boas obras ou por quaisquer méritos humanos, mas tão somente pela fé em Cristo Jesus (sola fide), único salvador dos homens, sendo gratuitamente oferecida por Deus aos homens. Sua teologia desafiou a infalibilidade papal em termos doutrinários, pois defendia que apenas as Escrituras (sola scriptura) seriam fonte confiável de conhecimento da verdade revelada por Deus. 1 • Opôs-se ao sacerdotalismo romano (isto é, à consagrada divisão católica entre clérigos e leigos), por considerar todos os cristãos batizados como sacerdotes e santos. Aqueles que se identificaram com os ensinamentos de Lutero acabaram sendo chamados de luteranos. 95 TESES • Com um desejo ardente de trazer a verdade à luz, as seguintes teses serão defendidas em Wittenberg sob a presidência do Rev. Frei Martinho Lutero, Mestre de Artes, Mestre de Sagrada Teologia e Professor oficial da mesma. Ele, portanto, pede que todos os que não puderem estar presentes e disputar com ele verbalmente, façam-no por escrito. • Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. • Amém. • 1. Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência. • 2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes). • 3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne. • 4. Por consequência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus. • 5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones. 95 TESES • 6. O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoados os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações, a culpa permaneceria. • 7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário. • 8. Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos. • 9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da m orte e da necessidade. • 10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório. • 11. Essa cizânia de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam. • 12. Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição. • 13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesm as. • 14. Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais quanto menor for o amor. • 15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez qu e estão próximos do horror do desespero. 95 TESES • 16. Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança. • 17. Parece necessário, para as almas no purgatório, que o horror devesse diminuir à medida que o amor crescesse. • 18. Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontrem fora do estado de mérito ou de crescimento no amor. • 19. Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem -aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza disso. • 20. Portanto, por remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs. • 21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgênci as do papa. • 22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nes ta vida. • 23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouq uíssimos. • 24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvi ção da pena. • 25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em par ticular. • 26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão. • 27. Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu]. • 28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apen as da vontade de Deus. • 29. E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas, como na história contada a respeito de São Sever ino e São Pascoal? • 30. Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão. 95 TESES • 31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo. • 32. Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de car ta de indulgência. • 33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da q ual a pessoa é reconciliada com Ele. • 34. Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humano s. • 35. Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas incompatívei s com o cristão. • 36. Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plena tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem uma carta de indulgência. • 37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta de indulgência. • 38. Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser desprezado, pois – como disse – é uma declaração da remissão divina[2]. • 39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar simultaneamente perante o povo a liberalidade de indulgências e a verdadeira contrição.[3] • 40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá -las, ou pelo menos dá ocasião para tanto.[4] • 41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferív eis às demais boas obras do amor.[5] • 42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia. • 43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgê ncias.[6] • 44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena. • 45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulg ências do papa, mas a ira de Deus. 95 TESES • 46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de f orma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência. • 47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação. • 48. Deve ensinar-se aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (assim como tem mais necessidade) de oração de vota em seu favor do que do dinheiro que se está pronto a pagar. • 49. Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas. • 50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas. • 51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro. • 52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas. • 53. São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas. • 54. Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela. • 55. A atitude do Papa necessariamente é: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias. • 56. Os tesouros da Igreja, a partir dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conheci dos entre o povo de Cristo. • 57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmen te, mas apenas os ajuntam. • 58. Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior. • 59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em s ua época. • 60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem estes te souros. 95 TESES • 61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos especiais, o poder do papa por si só é suficiente. • 62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus. • 63. Mas este tesouro é certamente o mais odiado, pois faz com que os primeiros sejam os últimos. • 64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os primeiros. • 65. Portanto, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas. • 66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens. • 67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tais, na medi da em que dão boa renda. • 68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade da cruz. • 69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas. • 70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissári os não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbidos pelo papa. • 71. Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas. • 72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências. • 73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências, • 74. muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram fraudar a santa caridade e verdade. • 75. A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentad o a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura. 95 TESES • 76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados venais no que se refere à sua culpa. • 77. A afirmação de que nem mesmo São Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o Papa. • 78. Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc., como está escrito em I.Coríntios XII. • 79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insigneamente erguida, equivale à cruz de Cristo. • 80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos entre o povo. • 81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil nem para os homens doutos defender a dignidade do papa contra calúnias ou questões, sem dúvida argutas, dos leigos. • 82. Por exemplo: Por que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas –, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante? • 83. Do mesmo modo: Por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos? • 84. Do mesmo modo: Que nova piedade de Deus e do papa é essa que, por causa do dinheiro, permite ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, mas não a redime por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta por amor gratuito? 95 TESES • 85. Do mesmo modo: Por que os cânones penitenciais – de fato e por desuso já há muito revogados e mortos – ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor? • 86. Do mesmo modo: Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos mais Crassos, não constrói com seu próprio di nheiro ao menos esta uma Basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos próprios fiéis? • 87. Do mesmo modo: O que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à plena remissão e participação? • 88. Do mesmo modo: Que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações cem vezes ao dia a qualquer dos fiéis? • 89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências, outrora já concedidas, se são igualmente eficazes? • 90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá -los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes. • 91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido. • 92. Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo "Paz, paz!" sem que haja paz! • 93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz! • 94. Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno. • 95. E que confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz. • [1517 D.C.] NEOPLATONISMO • corrente de pensamento iniciada no século III que se baseava nos ensinamentos de Platão e dos platônicos, mas interpretando-os de formas bastante diversificadas. ANTROPOCENTRISMO • Do grego anthropos, "humano"; e kentron, "centro") é uma concepção que considera que a humanidade deve permanecer no centro do entendimento dos humanos, isto é, o universo deve ser avaliado de acordo com a sua relação com o homem. É normal se pensar na ideia de "o homem no centro das atenções". ANTROPOCENTRISMO • trata-se de um lugar comum na historiografia qualificar como antropocêntrica a cultura renascentista e moderna, em contraposição ao suposto teocentrismo da Idade Média. ANTROPOCENTRISMO • A transição da cultura medieval à moderna é frequentemente vista como a passagem de uma perspectiva filosófica e cultura centrada em Deus a uma outra, centrada no homem – ainda que esse modelo tenha sido reiteradamente questionado por numerosos autores que buscaram mostrar a suposta continuidade entre a perspectiva medieval e a renascentista. HEDONISMO • O hedonismo (do grego hedonê, que significa prazer) é uma teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma ser o prazer o supremo bem da vida humana. • Surgiu na Grécia, na época pós-socrática, e um dos maiores defensores da doutrina foi Aristipo de Cirene. O hedonismo moderno procura fundamentar-se numa concepção mais ampla de prazer entendida como felicidade para o maior número de pessoas. RACIONALISMO • corrente filosófica que iniciou com a definição do raciocínio que é a operação mental, discursiva e lógica. Este usa uma ou mais proposições para extrair conclusões se uma ou outra proposição é verdadeira, falsa ou provável. Essa era a ideia central comum ao conjunto de doutrinas conhecidas tradicionalmente como racionalismo. RACIONALISMO • corrente central no pensamento liberal que se ocupa em procurar, estabelecer e propor caminhos para alcançar determinados fins. RACIONALISMO • Tais fins são postulados em nome do interesse coletivo (commonwealth), base do próprio liberalismo e que se torna assim, a base também do racionalismo. • O racionalismo, por sua vez, fica à base do planejamento da organização econômica e espacial da reprodução social. OTIMISMO • Em filosofia, otimismo é uma orientação característica do pensamento de Leibniz, que pode ser resumida na afirmação de que, sendo o universo criado por Deus, nele se torna possível conciliar o máximo de bem e o mínimo de mal, o que faz dele "o melhor dos mundos possíveis". Esta posição, exposta no século XVII, foi particularmente combatida por Voltaire no século XVIII, especialmente em sua obra satírica "Cândido, ou o Otimismo". OTIMISMO • Já no início do século XIX, o filósofo anarquista inglês William Godwin foi ainda mais longe que Leibniz em seu otimismo, ao supor que a sociedade humana tenderia a alcançar um estado em que a razão viria a substituir todo o uso da força e da violência, a mente controlaria a matéria e a inteligência descobriria o segredo da imortalidade. INDIVIDUALISMO • O Homem do renascimento passou a apoiar a competição e a desenvolver uma crença baseada em que o homem tudo poderia, desde que tivesse vontade, talento e capacidade de ação individual. INDIVIDUALISMO • O individualismo, em princípio, opõe-se a toda forma de autoridade ou controle sobre os indivíduos e coloca-se em oposição ao coletivismo, no que concerne à propriedade. O individualista pode permanecer dentro da sociedade e de organizações que tenham o indivíduo como valor básico - embora as organizações e as sociedades, contraditoriamente, carreguem outros valores, não necessariamente individualistas, o que cria um estado de permanente tensão entre o indivíduo e essas instâncias de vida social. INDIVIDUALISMO • Segundo Sartre, mesmo dentro do maior constrangimento - político, econômico, educacional ou outro -, existe um espaço, maior ou menor, para o exercício da liberdade individual, o que faz com que as pessoas possam se distinguir uma das outras, através das suas escolhas. INDIVIDUALISMO • O exercício da liberdade individual implica em escolhas, que, nas sociedades contemporâneas, frequentemente estão associadas a um determinado projeto. Indivíduos desenvolvem seus projetos dentro de um campo de possibilidades e dado um certo repertório sociocultural - que inclui ideologias, visões de mundo e experiências de classe, grupos, ethos, dimensões nas quais o indivíduo se insere. HUMANISMO • é um método de aprendizado que faz uso da razão individual e da evidência empírica para chegar às suas conclusões, paralelamente à consulta aos textos originais, ao contrário da escolástica medieval, que se limitava ao debate das diferenças entre os autores e comentaristas. HUMANISMO • afirma a dignidade do homem e o torna o investigador por excelência da natureza. Na perspectiva do Renascimento, isso envolveu a revalorização da cultura clássica antiga e sua filosofia, com uma compreensão fortemente antropocentrista e racionalista do mundo, tendo o homem e seu raciocínio lógico e sua ciência como árbitros da vida manifesta.