UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O uso da gestão de projetos como instrumento de trabalho em arquivos Por: Juliana Loureiro Alvim Orientador Prof. Nelsom José Veiga de Magalhães Niterói 2011 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O USO DA GESTÃO DE PROJETOS COMO INSTRUMENTO DE TRABALHO EM ARQUIVOS Apresentação Candido de monografia Mendes como à requisito Universidade parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão de Projetos. Por: Juliana Loureiro Alvim 3 AGRADECIMENTOS ...a Deus, família e noivo. 4 DEDICATÓRIA ....dedico este trabalho a Deus, pois sua soberania me faz perceber que dependo dele em cada momento da minha vida. 5 RESUMO Esta monografia tem como principal objetivo ressaltar a necessidade e importância do conceito de Gestão de Projetos como instrumento para o trabalho em arquivos. Foram abordados os conceitos básicos de Projetos e da Arquivologia, o surgimento do Gerenciamento de Projetos, a Gestão de documentos e a importância de tais conceitos na organização eficiente e eficaz de um arquivo. 6 METODOLOGIA Esta monografia foi elaborada pela leitura de livros sobre gerenciamento de projetos segundo o PMI, e de material disponibilizado na WEB a respeito de Arquivologia (Gestão de documentos) e do Gerenciamento de Projetos. O PMBOK, Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos, artigos e sites, foram as principais fontes de informação. 7 SUMÁRIO INTRODUCAO 08 CAPÍTULO I – SURGIMENTO DA ARQUIVOLOGIA NO BRASIL E O CONCEITO DE GESTÃO DE DOCUMENTOS 09 CAPÍTULO II – SURGIMENTO DA GESTÃO DE PROJETOS E COMO PODE SER UM AGENTE FACILITADOR NA GESTÃO DE ARQUIVOS 15 CAPÍTULO III – O ESTABELECIMENTO DE METAS PARA EXECUÇÃO PODE AUXILIAR EM DETERMINADOS TRABALHOS EM ARQUIVO 26 CONCLUSÃO 38 BIBLIOGRAFIA 39 ÍNDICE 41 8 INTRODUÇÃO O tema desta monografia é o uso dos conceitos da gestão de projetos em trabalhos em arquivos. O inicio do referido trabalho deu-se por base o surgimento de tais disciplinas, ambas para solucionar um problema pósguerra. O gerenciamento de projeto, que tem como objetivo agir com qualidade na solução de um problema operacional em muitas vezes. O tema em questão é de suma importância principalmente para quebra de paradigmas para Arquivologia, que por muito tempo baseou o conhecimento em arquivos históricos e atualmente tal conceito está modificando para atender a necessidade do século XXI, período que é visível a quantidade de informações que devemos processar de forma rápida e precisa e a importância de um profissional qualificado para lidar com o problema, com certeza está sendo o diferencial. Trata-se de um tema bastante atual e por meio do gerenciamento de projetos, ou seja, algumas de suas etapas como: planejamento, execução e atividades de controle podem obter resultados favoráveis aplicando ao trabalho em arquivos. Este trabalho tem por finalidade enfocar os principais conceitos dessa temática área de conhecimento e como ela é importante em um projeto. 9 CAPÍTULO I SURGIMENTO DA ARQUIVOLOGIA NO BRASIL E O CONCEITO DE GESTÃO DE DOCUMENTOS 1.1 – SURGIMENTO DA ARQUIVOLOGIA NO BRASIL Na 1° metade do século XX, ocorreu a 2° guerra mundial que trouxe para o campo da informação, evolução das técnicas, e a necessidade de adquirir informação de uma forma mais rápida e precisa. Esse fato ocasionou a produção de muitos documentos e o acúmulo indevido dos mesmos. A massa documental acumulada não foi característica apenas do Brasil, isso também ocorreu em outros países. Porém o Brasil não possuía preocupação relevante com a sua documentação. Observando a péssima situação que se encontrava o país, alguns profissionais que tratavam de arquivo, sem ter formação especializada na área, começaram a reivindicar a existência de um curso superior que formasse profissionais qualificados para solucionar a questão documental. A ideia da criação do curso superior em arquivologia surge em 1970, por meio de uma das pioneiras da área Astréa de Moraes e Castro que possuía contato com arquivo desde o 2° grau, e em 1963 por meio de concurso público ingressou na Câmara dos Deputados. Logo depois do ingresso na Câmara pediu um estágio no Arquivo Nacional porque queria se aperfeiçoar no estudo de Arquivologia. Astréa participou da criação da Associação dos Arquivistas Brasileiros, sendo muito participativa na área de arquivos, a mesma percebia a necessidade de existir uma graduação que tratasse da documentação brasileira. Nesse momento uma parte dos bibliotecários realizavam tarefas inerentes ao arquivista que, apesar de tudo, contribuíram para a emancipação da Arquivologia quando lutaram nesse período para a construção do curso em nível superior. 10 Quando Castro identifica as diferenças entre a Arquivologia e a biblioteconomia afirma que: “Biblioteconomia e Arquivo são técnicas que, tendo alguns pontos de contato, têm, também, pontos de divergência absoluta.” (2008, p.115) Havia não somente a questão dos bibliotecários cuidarem de documentos de arquivo, mas, sobretudo a deficiência do país em relação a outros países onde a arquivologia era devidamente reconhecida e apoiada. No mesmo momento que eram feitos esforços para a criação do curso superior em arquivos, ocorria também a criação da Associação dos Arquivistas Brasileiros. Vale destacar que antes mesmo das iniciativas para se criar o curso nas universidades, houve por parte do Arquivo Nacional, em especial por um diretor da época Alcides Bezerra, que procurou valorizar a realização arquivística profissional com a criação de cursos técnicos, o que foi feito pelo decreto n. 15.596, de 2 de agosto de 1922, incorporado ao regulamento do Arquivo Nacional em 1923. Esses cursos destinavam-se a habilitar os candidatos a ocupar cargos no Arquivo Nacional, na Biblioteca Nacional e no Museu Histórico Nacional. No ano de 1930 Alcides Bezerra, propunha que os cursos deveriam ser incorporados à Universidade do Rio de Janeiro. Em 1932 defendeu a criação autônoma do curso técnico para o Arquivo Nacional, visto que a Biblioteca Nacional e o Museu Histórico Nacional haviam criado cursos próprios e independentes. Alcides justificava ao governo que era importante que o arquivista aliasse conhecimento humanístico à parte técnica. Porém, o governo daquele período não se sensibilizou com o pedido. Alcides Bezerra, que até sua saída do Arquivo Nacional, em 1938, insistia sempre na necessidade de formar os profissionais do Arquivo Nacional. Mas, foi somente em 25 de março de 1970 que Astréa de Moraes e Castro envia um documento para o Diretor do Ensino Superior, sugerindo a criação de Curso Superior de Arquivo nas universidades brasileiras, apresentando justificativas e o currículo mínimo para a criação desse curso. 11 É nesse contexto que é aprovada a criação do curso de arquivologia no Brasil conforme destacado por Monteiro (1988, p.79) Foi o parecer n° 212 , de 7 de março de 1972, do Conselho Federal de Educação, que autorizou as universidades brasileiras a organizarem, segundo programações específicas, o curso de arquivologia em nível superior, de acordo com os recursos materiais e humanos de que dispunham. Dois anos após essa autorização, o mesmo Conselho Federal de Educação, na resolução n° 28, de 13 de maio de 1974, fixou os míimos de conteúdo e duração do curso de arquivlogia. A resolução determinou o número de 2.160 horas-aula, distribuídas entre três e cinco anos. Foram criados cursos na Unirio, em 1977, na Universidade Federal de Santa Maria no Rio Grande do Sul também em 1977 e na Universidade Federal Fluminense em Niterói, RJ em 1978. Outro parecer de n° 249, de 1972 criou o curso de arquivística, em nível de segundo grau, para profissionalizar técnicos de arquivo, mas não houve um crescimento da profissão em quesitos quantitativos, pelo desinteresse por parte das escolas públicas e particulares, logo, a profissão só permaneceu em escolas técnicas, sendo abolidas de escolas de segundo grau. Hoje a carreira de técnico de arquivo 1 praticamente não existe no país. Foi a lei n°. 6546, de 4 junho de 1978 que regulamentou a profissão de arquivista e de técnico de arquivo, sendo a lei n°. 7.446, de 20 de novembro de 1985 que criou a carreira no serviço público federal. 1 Apesar da carreira de técnico de arquivo ser desconhecida por grande parte da população, em algumas esferas do setor público utiliza-se desse serviço. Sendo o concurso a via de acesso para ocupar essa vaga. É necessário, no entanto, apenas o nível médio e o conhecimento básico em arquivologia. 12 1.1.1 Cursos de Arquivologia Conforme foi visto anteriormente, a arquivologia surge no Brasil devido a uma necessidade verificada em meados do século XX. Mas, apesar do surgimento da profissão muitos desconhecem o papel do arquivista na sociedade. Um dos “culpados” desse desconhecimento pode ser o próprio arquivista que não se propõe a modificar esta situação, atuando de uma forma em que o serviço realizado seja feito com eficiência, ou seja, o profissional por vezes contribui para efetuar uma visão da profissão como algo sem importância social ou científica. Existem muitos debates sobre qual caminho real a arquivologia deve seguir, mesmo depois de alguns anos da criação do curso em nível universitário. Afinal, para que a mesma assuma seu papel como uma profissão autônoma, é necessário participação dos arquivistas. Isso significa que acompanhar apenas as práticas de arquivo é insuficiente. É necessário que os arquivistas (estudantes, professores e profissionais da área) modifiquem, por meio do seu trabalho, a visão que possuem do profissional de arquivo. Sendo assim, há um questionamento referente a posição que o arquivista assume na sociedade. Se a profissão de arquivista não possuísse um cunho social e científico, isso significaria ser desnecessário estudar durante um período razoavelmente longo para desenvolver apenas tarefas práticas. Lopes faz uma observação relevante sobre a questão: Os benefícios da pesquisa científica eram desconhecidos por um campo de estudo e trabalho normalmente interessado pelos aspectos técnicos da profissão. Este campo quase sempre nega os elos existentes entre a prática e a teoria. Salvo, em raras exceções, constatam-se internacionalmente as seguintes características dominantes no pensamento arquivístico: frágil elaboração teórica, multiplicidade de esforços práticos e falta de equilíbrio entre a teoria 13 e a prática. A arquivística é uma disciplina sobre a qual muitos se debruçam com um certo desprezo, inclusive parte expressiva do mundo acadêmico. Este campo profissional é percebido mesmo por alguns arquivistas como uma atividade menor de nenhuma importância social e científica. (1998, p. 12) O que é importante refletir é a questão da formação dos futuros arquivistas, em relação ao ensino superior oferecido nas Universidades e a questão dos alunos do curso quanto ao interesse em se aperfeiçoar na área, pois uma parte desses alunos acredita que a arquivologia é uma profissão voltada para a técnica, esquecendo todo o teor teórico que possui. Com isso, os estudantes acabam achando desnecessário o estudo de algumas disciplinas de outras áreas, como filosofia, sociologia, antropologia, por exemplo. Esta questão é muito bem abordada por Lopes (1998, p 12) quando este diz que: “o equilíbrio entre a teoria e a prática foi estabelecido na direção contrária da imagem da tradição profissional que considera os arquivistas como técnicos pragmáticos, que não se servem de reflexões ou raciocínios mais abstratos”. José Maria Jardim professor da Universidade Federal Fluminense publicou em 1999, uma coletânea que resultava na primeira literatura no país dedicada ao estudo da formação profissional do arquivista brasileiro. Tais trabalhos contemplavam e contemplam até hoje um leque de temas que permitem ao leitor a compreensão do percurso da formação de arquivistas no Brasil, seus aspectos positivos, impasses e novas vias de abordagem do problema. Sendo essa publicação utilizada como fundamentação do pensamento destacado abaixo. Apesar dos avanços alcançados por parte da AAB e do Arquivo Nacional o ensino de arquivologia mostra-se ainda incipiente no Brasil. Fato verificado, pois no passado muitos alunos recém formados ministravam aulas para o curso de arquivologia sem possuir uma especialização; a facilidade por parte dos alunos do curso em se colocar no mercado como estagiário antes 14 mesmo de conhecer os princípios básicos da arquivologia e a questão da pesquisa que é pouco explorada na arquivística. Vale ainda observar o que Jardim destaca nos anos de 90: Dos 35 docentes universitários de arquivologia 17 (48,5%) são exalunos das primeiras turmas, quae imediatamente alcançados à condição de professores, muitas vezes sem experiência profissional como arquivista. As circunstâncias históricas de implantação dos cursos de arquivologia talvez expliquem esta opção. Talvez expliquem, mas não justifiquem. Esta limitação só foi revertida nos casos em que os professores procuraram compensar tais lacunas através de projetos desenvolvidos junto ao setor público ou á iniciativa privada. (1999, p. 42) Nesse quadro, o corpo discente nos cursos de arquivologia também apresentava naquela época algumas limitações, tais como: deficiência de leitura de literatura especializada devido a um ensino médio fragilizado, provido de escolas fracas no ensino, geralmente de escolas públicas onde houve um sucateamento no ensino. Chauí faz uma observação importante referente ao ensino básico no Brasil. Durante a ditadura militar, as elites brasileiras praticamente destruíram a escola pública de primeiro e segundo grau com a perspectiva de um ensino básico destinado a formar mão-de-obra barata para o mercado de trabalho. Como resultado, muitos dos alunos, egressos de escolas públicas, mal têm condições para 15 enfrentar os vestibulares, ao contrário da clientela egressa das escolas particulares. (1994, p.3) Sendo assim, quando um professor do curso trata a arquivologia como conhecimento científico e não como um conhecimento voltado exclusivamente para prática, há uma dificuldades em superar eventuais limitações que foram adquiridas no 2° grau. Um ponto que vale ressaltar é a questão do aluno do curso de arquivologia possuir facilidade em se colocar no mercado como estagiário, em contraposição a estudantes de outras graduações onde o estágio só é permitido a partir de um determinado período. Os alunos do curso de arquivologia começam a fazer estágio desde o 1° período antes mesmo de conhecerem os fundamentos essenciais da arquivologia. Uma parte desses alunos acaba adquirindo em seus estágios o conhecimento prático da arquivologia enquanto deveria, no entanto, possuir anteriormente um embasamento teórico. Este fato pode comprometer a formação profissional, conforme ressalta Jardim (1998, p. 44) quando diz: “(...) Diante das limitações do mercado – muitas vezes mais aberto ao estagiário que ao profissional – cria-se o aluno estagiário profissional que perpetua no curso em função de uma lógica perversa, segundo a qual o mercado rejeita o profissional em detrimento do estudante. Talvez isto ocorra porque o mercado tenda a considerar partes de suas demandas satisfeitas com este tipo de mão –de –obra, não apenas barata, mas considerada qualificada para ordenar documentos, ação visualizada mais como uma atividade física que intelectual”. 16 Outra questão relevante é a ausência de pesquisa na área, o que acarreta aquilo que Bosi (1993) designa como o “mundo do receituário” das fórmulas feitas, muitas vezes normas marcadas pelo tecnicismo e uma pretensa neutralidade. Sem a perspectiva crítica que a pesquisa sustenta com o valor intrínseco, tende-se a retificar conceitos, calcados em lacunas teóricas. Mas, o quadro referente à formação do arquivista está sofrendo algumas modificações, no sentido em que os professores dos cursos não são mais bacharéis, sendo necessário pós-graduação para dar aula em disciplinas de graduação. O MEC estabeleceu isso como política educacional. Há interesse, por parte de alguns alunos do curso, em adquirir conhecimento para além das aulas aprenderem um pouco mais da Arquivologia, fato verificado devido a contatos diretos com os outros alunos do curso. Percebe-se que, diferentes de épocas passadas. Atualmente uma parte desses estudantes de arquivologia entram na faculdade sabendo ou conhecendo o que é e o que faz um arquivista. O interesse em se aprofundar nessa área de conhecimento pode se dar pelo fato de muitos professores do curso estarem se especializando a fim de contribuir para o crescimento da arquivologia, dessa forma estimulando os discentes. Um outro fator em relação à formação do arquivista é o currículo mínimo que nos últimos anos sofreu algumas alterações, a partir de contato via e-mail, obtivemos respostas de algumas universidades tais como: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro em RJ, Universidade Federal Fluminense em Niterói – RJ, Universidade Federal de Santa Maria no Rio Grande do Sul, Universidade Estadual de Londrina em Londrina no Paraná e na Universidade Estadual Paulista em Marília – SP que neste ano está passando por reestruturação curricular. Tal reformulação justifica-se pela necessidade da nossa área em consonância com as reflexões teóricas e tendência de mercado. Isso significa que a arquivologia atualmente está voltada para as necessidades do século XXI, sendo isso que se destaca por meio de seu currículo mínimo modificado. 17 Existe muita coisa a ser feita quanto ao ensino de arquivologia no Brasil, mas o principal nesse momento é a necessidade de pesquisa que existe na arquivologia, para que essa profissão alcance seu lugar na sociedade. 1.2 – SURGIMENTO DA GESTÃO DE DOCUMENTOS A prática arquivística que dominou ao longo do século XIX e durante a primeira metade do século XX, ficou fragilizada com a explosão da massa documental a partir da 2° guerra mundial, em virtude da evolução das técnicas, das legislações e das mentalidades bem como da extensão do campo das competências administrativas no âmbito da gestão da economia, dos assuntos sociais, do urbanismo, do ensino e da cultura, características dos estados modernos, e da crescente complexidade dos processos de decisão de execução a nível nacional, regional e inclusive local que se denomina “burocracia”. O fazer arquivístico foi calcado em práticas durante muito tempo, sendo isso ineficiente para o tratamento do cenário descrito acima. Com isso, estes problemas foram, efetivamente, preocupantes tanto para eficácia da ação administrativa e para uma eficiente gestão econômica como para a conservação e organização dos documentos produzidos. Para os arquivistas, constituía-se um profundo replanejamento de seu papel tradicional. Os Estados Unidos foram primeiros, desde os anos 40, ao elaborarem o sistema de gestão de documentos (records management) inicialmente, era nitidamente mais administrativa e econômica do que arquivística tratava-se, essencialmente, de otimizar o funcionamento da administração, limitando a quantidade de documentos produzidos e o prazo de guarda. Na Europa, o problema foi tratado especialmente sob o ângulo do interesse histórico dos documentos, com diversas formas de controle dos arquivistas-historiadores sobre a seleção dos documentos a conservar e sobre a destruição do resto: isto é o que se tem denominado, de maneira bastante imprecisa, às vezes, de pré-arquivamento. 18 Ocorreu assim, o surgimento de vários modelos nacionais ligados as condições culturais, econômicas, administrativas e inclusive psicológicas, de cada pais ou grupo de países. Abaixo, seguem alguns conceitos referente a gestão de documentos. Robert SANDERS “As novas tecnologias tentam o gestor de documentos com o perigo da infidelidade: recuperação acelerada, economia de espaço e melhora das comunicações, mas ao mesmo tempo dificultam a tarefa do arquivista que tem de aplicar os procedência e ordem original de avaliar o significado histórico e legal com o desaparecimento de fones documentais em suporte papel”. Lawrence BURNET “Gestão de documentos é uma operação arquivística entendida domo o processo de reduzir seletivamente a proporções manipuláveis a massa documental características da administração moderna visando a conservação permanente daquela que tem valor cultural futuro sem menosprezar a integridade substantiva da massa documental para efeitos de pesquisa”. Michael COOK “Gestão de documentos é a aplicação da administração cientifica com fins de eficiência e economia, sendo considerados os benefícios para os futuros pesquisadores meros subprodutos”. A UNESCO, por intermédio do RAMP, definiu a gestão de documentos bem como a área da administração geral que se encarrega de assegurar economia e eficácia as operações arquivísticas desde a criação, manutenção e utilização dos documentos, mesmo antes de sua criação ou recepção até o momento em que eles não são mais necessários na condução que se faça de seu valor e de sua utilidade potencial, podendo tomar a forma de uma transferência a um arquivo intermediário para armazenamento temporário, de um recolhimento ao arquivo permanente, de sua reprodução antes de sua destruição ou da eliminação pura e simples. Art. 3 da lei 8159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados- “Considera-se gestão de documentos o conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à 19 sua produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente”. Portanto, a gestão de documentos é o conjunto das operações técnicas e processos que governam todas as atividades de um arquivo e que são capazes de controlar e racionalizar as atividades de produção, manutenção, uso, guarda, seleção e limitação de documentos, fazendo uso do planejamento, a organização, da coordenação e do controle dos recursos humanos, do espaço físico e dos equipamentos, com o objetivo de aperfeiçoar e simplificar todo o ciclo documental. 20 CAPÍTULO II O SURGIMENTO DA GESTÃO DE PROJETOS E COMO PODE SER UM AGENTE FACILITADOR NA GESTÃO DE ARQUIVOS 2.1 - Gestão de Projetos Com o objetivo de iniciar este capítulo, procurei mencionar o que vem a ser Gestão de Projetos que para alguns autores, significa aplicação de alguns adjetivos tais como: conhecimento, habilidades e técnicas na elaboração de atividades relacionadas para atingir um conjunto de objetivos pré-definidos, em um prazo que na maioria das vezes é curto, com custo e qualidade por meio da mobilização de recursos técnicos e humanos. Segundo Kozak, 2005 com relação ao surgimento do gerenciamento de projetos, se observado atentamente, já tem existido, de alguma forma, há milhares de anos. Todo ato de planejar a obtenção de um produto final único, com um prazo definido, pelo menos em parte, pode ser identificado como um projeto. De outra forma, os seres humanos jamais teriam conseguido um resultado plausível na tentativa de se construir maravilhas como a Muralha da China (221AC – 206AC), a Pirâmide de Giza (2.550AC) ou o Coliseu Romano (80AC). Além de grandes construções, outros projetos também podem ser destacados como as jornadas cruzando o Oceano Atlântico e as diversas e grandes expedições pelos quatro cantos do mundo. Todos esses exemplos podem ser interpretados como diferentes tipos de projetos. Porém tal disciplina surge devido a certas dificuldades verificadas a partir da 2ª Guerra Mundial e dos anos 50, a execução de grandes projetos militares trouxe a necessidade de uma melhor gestão das atividades, equipes e disciplinas diversas, presentes na construção de novos artefatos, obras ou produtos. Nos anos 60, a indústria automobilística também começou a aplicar 21 novas técnicas na coordenação e sincronização dos trabalhos em projetos complexos envolvendo diferentes áreas e engenharias. Com isso alguns prazos foram estourados, custos e funcionalidades deficientes eram problemas que começavam a se repetir e repercutindo nos resultados. Como uma forma de resposta a esse quadro, organizações surgiram com o objetivo de desenvolver um corpo de conhecimentos e práticas para uma melhor gestão de projetos, visando prover maiores garantias de previsibilidade desses resultados. Nessa época, se formaram organizações como o Project Management Institute e o Internacional Project Management Association com tal intuito. Mais tarde, em 1989, evoluiu de uma metodologia de gestão de projetos de Tecnologia de Informação para uma organização orientada a prover um modelo de referência de gestão de projetos de qualquer natureza. Sendo assim, algumas empresas, organizando-se para poder dar respostas eficazes e ágeis às questões ambientais e organizacionais, a gestão de projetos tem assumido maior importância na sociedade atual. Na década de 90, houve uma retomada em gerenciamento de projetos no Brasil e no mundo, e essa retomada pode ser vista em forma de ondas por alguns autores destacam. Sendo a primeira referente a questões básicas de gerenciamento de projetos. Nessa onda, proliferaram os cursos de treinamento fundamentais, houve maior atenção nas áreas básicas, com maior concentração na gestão do escopo e do acompanhamento de prazos e custos através do uso de cronogramas físico-financeiros, acompanhados de uso mais intensivo da tecnologia de informação na disponibilização das informações do projeto e na utilização de softwares aplicativos desta área. Portanto, a primeira onda proporcionou maior eficiência às empresas no gerenciamento de projetos. O uso de técnicas e práticas ajudou-as no desenvolvimento de seus empreendimentos através de melhor eficiência na 22 utilização dos recursos. Peter Drucker em seu Clássico artigo da Harvard (1963) sobre eficiência e eficácia permitiu fazer as coisas de forma correta, mas isto tudo ainda é pouco; as empresas agora precisam de um gerenciamento de projetos profissional, sobretudo; para conseguir atingir seus resultados mais rapidamente, é preciso ser eficaz, ou seja, fazer a coisa certa. A segunda onda deve levar em conta, definitivamente, a integração das áreas de conhecimento em gestão de projetos. Enquanto na primeira onda os gerentes de projetos aprenderam a desenvolver seus empreendimentos, administrando isoladamente escopo, prazos, custos e qualidade, na segunda onda é necessário aprimorar algumas áreas de conhecimento, como é o caso do gerenciamento de riscos em projetos. O uso de técnicas de simulação, por exemplo, bastante explorado pelo pessoal de riscos financeiros, ainda é pouco difundido e explorado pelos gerentes de projetos de maneira geral. Estas técnicas, quando utilizadas de maneira plena, ajudam a configurar a administração em outras áreas do conhecimento. As incertezas nos projetos são muitas e minimizá-las é uma tarefa que, ainda, poucos gerentes o fazem. Neste aspecto, cabe lembrar que os programas de simulação podem ser utilizados, também, para minimizar as incertezas de prazos e custos em projetos. Isto é uma forma mais criativa de utilização de recursos e ferramentas já existentes que, em muitos casos, não estão sendo exploradas devidamente. Logo, o gerenciamento de projetos deverá se apresentar de forma mais profissional, e para isto será necessário não só avançar na sedimentação de técnicas e ferramentas pouco exploradas na primeira onda, mas também criar elementos que possam sensibilizar uma camada mais estratégica empresas. das 23 2.1.1 Gestão de Projetos como um agente facilitador Conforme verificado acima, foram criadas novas formas de organização para garantir a continuidade do sistema de produção em suas atividades diárias e a conclusão bem-sucedida dos projetos. A mais importante entre essas novas formas de organização é a organização baseada em projetos, que consiste em uma forma de resolver um problema de uma determinada instituição. A organização baseada em projetos geralmente é constituída bem antes do início dos projetos para que se possa elaborar o plano de projeto. O plano significa planta do projeto e guia geral para se conseguir uma conclusão bem sucedida dos mesmos. O Project Management Institute – PMI®, uma das maiores organizações de profissionais de gerenciamento de projetos do mundo, propõe uma definição sintética e abrangente: Projeto é um empreendimento temporário realizado de forma progressiva para criar um produto ou serviço único. Por serem temporários, os projetos têm, obrigatoriamente, início e término definidos, diferenciando-se de operações contínuas. Essa característica não indica, necessariamente, que sejam curtos ou longos, mas apenas que são iniciados, evoluem e, por fim, são finalizados. O gerente de projeto pode dividir os projetos em fases para obter melhor controle gerencial com ligação adequada com as operações da organização executora. Estas fases são conhecidas como ciclo de vida do projeto. Muitas organizações identificam um ciclo de vida específico para ser usado em todos os projetos. 24 De um modo geral, as fases do projeto apresentam as seguintes características: Cada fase do projeto é marcada pela entrega de um ou mais produtos (deliverables), como estudos de viabilidade ou protótipos funcionais; No início de cada fase, define-se o trabalho a ser feito e o pessoal envolvido na sua execução; O fim da fase é marcado por uma revisão dos produtos e do desempenho do projeto até o momento; Uma fase começa quando termina a outra. Quando há overlapping entre as fases, chamamos essa prática de "fast tracking". Nesse caso, começa-se a trabalhar nas próximas fases do projeto antes do fim da fase corrente (entrega e revisão dos produtos); Os custos são geralmente crescentes à medida que a fase Os riscos são geralmente decrescentes à medida que a fase A habilidade das partes envolvidas alterarem os produtos de avança; avança; cada fase é decrescente à medida que a fase avança; Um projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. A sua natureza temporária indica um início e um término definidos. O término é alcançado quando os objetivos tiverem sido atingidos ou quando se concluir que esses objetivos não serão ou não poderão ser atingidos e o projeto for encerrado, ou quando o mesmo não for mais necessário. Temporário não significa necessariamente de curta duração. Além disso, geralmente o termo temporário não se aplica ao produto, serviço ou resultado criado pelo projeto; a maioria dos projetos é realizada para criar um resultado duradouro. Por exemplo, um projeto para a construção de um monumento nacional criará um resultado que deve durar séculos. Os 25 projetos também podem ter impactos sociais, econômicos e ambientais com duração mais longa que a dos próprios projetos. Cada projeto cria um produto, serviço ou resultado exclusivo. Embora elementos repetitivos possam estar presentes em algumas entregas do projeto, essa repetição não muda a singularidade fundamental do trabalho do projeto. Por exemplo, prédios de escritórios são construídos com os materiais idênticos ou similares ou pela mesma equipe, mas cada um é exclusivo, com diferentes projetos, circunstâncias, fornecedores, etc. Um esforço de trabalho contínuo é geralmente um processo repetitivo porque segue os procedimentos existentes de uma organização. Por outro lado, devido à natureza exclusiva dos projetos, pode haver incertezas quantos aos produtos, serviços ou resultados criados pelo projeto. As tarefas podem ser novas para a equipe do projeto, o que demanda planejamento mais dedicado do que outro trabalho rotineiro. Além disso, os projetos são empreendidos em todos os níveis organizacionais. Um projeto pode envolver uma única pessoa ou múltiplas unidades organizacionais. Gerenciar, administrar, coordenar ou gerir um projeto é a aplicação de técnicas, conhecimento e habilidades para garantir que um projeto tenha sucesso. E gerenciar um projeto envolve desde iniciá-lo até finalizá-lo, passando pelas etapas de planejamento, execução e atividades de controle. 2.1.2 Gestão de Arquivos A cultura de muitas empresas é realizar a guarda de todos os documentos, sem ao menos organizá-los antes de arquivá-los, para evitar perda de informações que futuramente poderá ser útil. Nesse cenário entra o profissional da informação que muitas vezes é discriminado pela falta de 26 conhecimento do que é um arquivista e o que é um arquivo, por meio de algumas instituições. Com o objetivo de resolver tais problemas, foi criado o curso de Arquivologia, visto no capítulo I deste trabalho, com objetivo solucionar por meio do conhecimento o grande volume documental, ou melhor, a massa 2 documental existente nas empresas. O arquivo consiste em um lugar de guarda segura das informações de um determinado órgão, autores da literatura arquivistica destacam que os documentos passam por três idades: Correntes (surgimento do documento/produção, no qual o documento é utilizado por muitas vezes), intermediária (conjunto de documentos consultados em baixa freqüência, geralmente é enviado para locais de guarda fora dos grandes centros urbanos, como medida de controle orçamentário, pois o metro quadrado no centro das grandes cidades o valor é alto, para guardar documentos que não são muito consultados) e permanente (documentos que possuem caráter histórico para as empresas, comprovação de sua existência, por exemplo, atas de assembléia e outros). A gestão de arquivo começa desde a produção dos documentos que se refere ao ato de elaboração em razão da execução das atividades de um órgão ou setor, passando assim pela utilização da documentação que compreende o controle e o armazenamento das informações necessárias ao desenvolvimento das funções ou atividades da instituição e por fim a destinação de documentos sendo uma das fases mais importantes, pois implicam em decidir quais serão conservados como testemunho do passado e quais os que devem ser destruídos e também por quanto tempo devem ser conservados determinados documentos por razões administrativas ou jurídicas. Gerir um arquivo consiste em capacitar a equipe, selecionar os materiais e equipamentos adequados, garantir maior utilização dos equipamentos e controle na aquisição de novos equipamentos, elaborar sistemas de armazenamento de informação em suporte que não sejam o papel, 27 como micro formas ou gravações em vídeo, eliminar os documentos não 3 necessários, depósitos de armazenamento intermediário e recolhimento dos documentos ao arquivo permanente. Gerir um arquivo é muito mais do que guardar documentos antigos e empoeirados, gerir um arquivo consiste em administrar um setor, saber lidar com as diferenças dos usuários (pessoas que utilizam o arquivo) e, sobretudo gerir pessoas que é uma das atividades mais complexas existentes, nesse cenário o conhecimento a mais em gestão de projetos beneficia o profissional arquivista. 2.2 – Processos Associados ao gerenciamento de documentos e a utilização de novas tecnologias Conforme verificado acima a gestão de arquivos, ou melhor, gestão de documentos passa por três fases sendo elas: Produção, utilização e destinação, Abaixo, podem ser verificadas com maior clareza o ciclo de vida dos documentos. Produção – Elaboração dos documentos. Nesta fase, devem-se evitar a produção de documentos não essenciais, diminuindo o volume de documentos manuseados, controlados, armazenados e eliminados; Ampliar a utilização e a utilidade dos documentos que são necessários; Garantir um nível adequado de aplicações dos recursos de reprografia e automação. Utilização - Refere-se ao fluxo necessário percorrido pelos documentos para o cumprimento de sua função administrativa assim como a sua forma de guarda 2 Massa documental é o nome dado ao grande volume documental encontrado em algumas instituições que não possui tratamento em seu arquivo, na maioria das vezes é visto como depósito de documentos. 3 Recolhimento na linguagem arquivística, significa o ato de recolher documentos que servem como testemunho do passado. 28 Nesta fase desenvolvem-se a gestão de arquivos e a implantação de sistemas de comunicação, informação e arquivos. Esta fase garante: disponibilidade da informação e dos documentos necessários; utilização a baixo custo da informação e dos documentos; seleção de material auxiliar, equipamentos e lugar de armazenamento de documentos, de acordo com a freqüência de consulta e a sua natureza. Destinação - Essa fase envolve as atividades de análise, seleção e fixação de prazos de guarda dos documentos. É a fase em que devem participar arquivistas e administradores. Para que a destinação de documentos seja eficientemente determinada as seguintes atividades devem ser desenvolvidas: identificação e descrição dos documentos por séries ou classes; classificação destas séries ou classes com vistas a sua conservação ou eliminação e eliminação periódica de documentos não permanentes. Portanto, tais atividades de gestão de documentos muitas vezes são desconhecidas por parte de algumas empresas, se tal conceito fosse aplicado e aliado a gestão de projetos, muitos prejuízos causados por meio da desorganização documental poderia ser evitado. 29 CAPÍTULO III O ESTABELECIMENTO DE METAS NO TRABALHO EM ARQUIVOS 3.1 – Gerir arquivos com eficácia e eficiência respeitando o cronograma A existência de arquivos e sua necessidade para a sociedade são inquestionáveis, por isso o tratamento de acervos depende de um conhecimento teórico, visto que o arquivista estuda durante um tempo considerável para depois desempenhar tarefas inerentes à sua formação. A ausência de um arquivista em um arquivo pode trazer deficiências na organização da documentação. Visto que no século XXI a busca pela informação se da em maiores exigências e é maior a necessidade de atender com eficiência e eficácia às necessidades de pesquisa, algumas empresas, conscientes desse fato, estão buscando o serviço desse profissional e isso vem trazendo conseqüências positivas para as instituições e também para área de arquivo. Sendo assim, para que haja eficácia na gestão é necessário que o profissional da informação domine não apenas os conceitos arquivisticos, mas, sobretudo possa ser capacitado no ato de administrar, ou seja, consiga liderar equipes, administrar os recursos disponíveis, controlar e produzir. Produzir, no entanto, significa as tarefas inerentes ao arquivista: controle do fluxo documental, criação de tabela de temporalidade, criação de instrumentos de pesquisa tais como: inventário, índice, catálogo e guia. Há muitas atividades para realizar em arquivo, fato desconhecido por parte de algumas empresas que acabam contratando um arquivista, porque não acha algum tipo de documento, porém se as tarefas descritas acima, principalmente o controle do fluxo documental e a contratação de um arquivista fosse realizado desde a criação de um órgão, com certeza, os problemas seriam mínimos. Como este fato nunca acontece, cabe ao arquivista mostrar 30 por meio de seu trabalho, sua eficiência. Não basta apenas colocar seus conhecimentos adquiridos na academia, mas, conhecer métodos que podemos encontrar em outras disciplinas, ser assim um profissional interdisciplinar. Logo, a visão que acabam tendo de um arquivista, como uma atividade que talvez não tenha necessidade de cursar um curso superior, com certeza diminuiria. 3.1.1 – O arquivo setorial de uma Incorporadora Este trabalho faz referência a um arquivo de uma determinada instituição, onde foi perceptível a necessidade de possuir conhecimentos em gestão de projetos aliados aos conhecimentos arquivísticos. Quando cheguei à instituição percebi que a grande massa documental acumulada sem nenhum tratamento e sem padrão da nomenclatura documental. Apresentam caixas com identificação do tipo: diversos, documentos antigos para arquivar, dossiês de funcionários, caixa com nome de colaboradores do departamento, caixa sem identificação e dentre outras. No primeiro momento, destaquei os principais pontos necessários para o início do projeto de organização documental: tratamento dos documentos correntes (ou seja, documentos que são utilizados com muita frequência), por meio de uma melhora em seu acondicionamento. Conforme, segue abaixo: Padronização da nomenclatura; Trocar material; Criar etiquetas padronizadas para as pastas suspensas, caixas e pastas jekas; Inserção dos dados em sistema de busca (fato já criado por meio do inventário sumário), melhor adequação do inventário existente, a fim de atender as necessidades do usuário, objetivando a digitazaliação da documentação do DP e disponibilização no Sistema de Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED). 31 No segundo momento é viável unificar toda a documentação dispersa que encontra-se em diversos lugares da empresa, a fim de centralizar no arquivo destacado. Porém, identificando cada tipo de documento e vendo a possibilidade por meio de sua utilização de encaminhar para a empresa de guarda documental, depois de inventariado. Em seguida, o ideal é identificar as caixas que não possuem nenhum tipo de informação que estão acondicionadas no arquivo. Os fatores ressaltados acima foram implantados em uma empresa do ramo imobiliário, especificamente em um arquivo setorial. Apesar de possuir uma equipe pequena. Algumas bonificações para atingir as metas estabelecidas foram estímulos para a equipe e os mesmos conseguiram alcançá-las. Ainda há muitas atividades a para desenvolver, principalmente a mudança de cultura referente a arquivo. Sendo assim, por meio do conhecimento referente à gestão de projetos, estratégia, noções de administração o acesso a informação estará disponível de uma forma rápida e de fácil acesso para todos os colaboradores do departamento mencionado. 3.1.2 – Equipe como aliada Uma das tarefas mais complexas em gestão de projetos é gerir recursos humanos, visto que as todas as pessoas são diferentes. Capacidade, personalidade, interesses, ambições, níveis de energia, educação, treinamento e experiência variam. Sendo importante que os gerentes de projetos considerem essas diferenças, porque abordagens gerais e universais para melhorar o desempenho no trabalho podem não ser eficazes para todos os empregados. 32 Sendo assim, cabe ao gestor de projetos ou qualquer líder estimular sua equipe, transforma-los em aliados e motiva-los sempre. Mas, como pode ser feito tal coisa? Motivação significa o conjunto de processos que dão ao comportamento uma intensidade, uma direção determinada e uma forma de desenvolvimento próprias da atividade individual. Para Maslow que identificou cinco níveis de necessidades motivam as pessoas a agir sendo elas: fisiológicas, segurança, sociais, estima e auto-realização. Essas necessidades são organizadas no nível mais elevado. Somente necessidades não satisfeitas são motivadores, ou fazem com que as pessoas ajam, e à medida que cada necessidade de nível mais baixo torna-se relativamente satisfeita, necessidades de nível mais elevado surgem como motivadores. Baseado nos conceitos destacados acima, o gerente de projetos deve: promover o envolvimento de membros da equipe que não ocupam posições de comando no processo de planejamento; estabelecer regras básicas para detecção, resolução de conflitos e sobretudo mostrar para cada membro da equipe que todos estão no mesmo “barco”, ou seja, é um time. Então, um time unido tem mais chances de vencer. Tais fatos destacados podem apresentar resultado paralelo de melhorar o desempenho da equipe. De acordo com Stuckenbruck e Marshall, o processo de formação de equipe envolve: 1. Planejar a formação da equipe; 2. Negociar os membros da equipe; 3. Organizar a equipe; 4. Realizar a reunião de partida; 5. Obter o comprometimento dos membros da equipe; 6. Construir links de comunicação; 7. Conduzir exercícios de formação de equipe; 8. Utilizar o desenvolvimento da equipe. 33 Portanto, não existe uma receita a qual seguirá e será visto como um líder por meio dos membros da sua equipe, a melhor maneira deste fato ocorrer é ser verdadeiro em todo tempo e conversar. No momento do elogio, elogie no meio de todos e no momento de chamar atenção, fale em particular. O segredo para um projeto seja ele em arquivo ou em outra área do conhecimento é liderar com eficiência, mostras aos membros da equipe que podem contar com o líder, esse modelo de gestão ainda é utopia nas organizações. 3.2 - O Gestor de projetos em arquivos O gerente de projetos em arquivos deve ser um administrador de um grande número de diferentes interfaces, com um relacionamento bastante dinâmico entre si. Para lidar com estas interfaces e com a elevada responsabilidade inerentes ao cargo, espera-se que este profissional possua um alto grau de flexibilidade face à limitada autoridade formal de que pode fazer uso (SBRAGIA, MAXIMIANO & KRUGLIANSKAS, 1986). Ele é a pessoa designada pela organização executora para atingir os objetivos do projeto e também é responsável por definir, planejar, desenvolver e controlar projetos, atendendo os requisitos de custos, prazos, qualidade e especificações estabelecidas pelas empresas. Para um projeto ser bem elaborado, é preciso que o responsável leve em consideração: O tempo estimado, O custo previsto, Um bom nível de aceitação do cliente, As regras, procedimentos da organização e, Os aspectos culturais. A figura do Gerente de Projetos começa ter valor a partir da hora que a diretoria da organização tiver consciência do seu trabalho e da sua 34 importância. E isso deve se disseminar para todos os outros departamentos da organização. A principal precaução que o gerente de projetos deve tomar é providenciar para que a adequada atenção seja dada a todos os elementos constituintes do sistema do projeto. Muitos elementos do projeto podem ter pouco relacionamento direto com o sistema que está sendo trabalhado, porém podem ser críticos para o seu sucesso. A maioria dos projetos envolve um número diferente de unidades organizacionais, sendo elas vinculadas a serviços ou suporte de capacitação, e um grande número de pessoas pode estar interessado em vários aspectos do projeto (STUCKENBRUCK, 1978). Sendo assim, um gerente de projetos necessita de entusiasmo, força e aptidões para o difícil trabalho de resistência ao ataque de interesses técnicos e políticos. Sempre que possível, ele deve possuir antiguidade e posição na organização proporcional ao do gerente funcional, com o qual terá que negociar. Quando o gerente de projetos é coordenador, dentro de uma estrutura funcional, ou gerente em uma estrutura matricial, ele freqüentemente encontrará sua autoridade de forma incompleta. Conseqüentemente, ele deve ter uma combinação de habilidades técnicas, administrativas e interpessoais para superar as dificuldades advindas do cargo (SHTUB, BARD & GLOBERSON, 1994). Portanto, o gerente de projetos em arquivo, deve coordenar com eficiência e eficácia a sua equipe, saber liderar e ser visto por meio dos membros da equipe, como uma figura respeitada, porém não autoritária. 35 CONCLUSÃO Essa monografia conceituou arquivo e projeto, a importância dos conceitos de gestão de projetos em arquivos, abordou as ferramentas do gerenciamento de projetos e da gestão de arquivos. Segundo o Guia PMBOK, o gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de atender aos seus requisitos. O gerenciamento de projetos é realizado através da aplicação e da integração dos seguintes processos de gerenciamento de projetos: iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle, e encerramento. O gerente de projetos é a pessoa responsável pela realização dos objetivos do projeto. 36 ANEXO I GLOSSÁRIO Arquivista - Profissional de nível superior, com formação em arquivologia ou experiência reconhecida pelo Estado. Dossiê- Conjunto de documentos relacionados entre si por assunto (ação, evento, pessoa, lugar, projeto), que constitui uma unidade de arquivamento. Gestão de documentos - Conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento de documentos em fase corrente e intermediária, visando sua eliminação ou recolhimento. Também chamado de administração de documentos. Instrumento de pesquisa – Meio que permite a identificação, localização ou consulta a documentos ou a informações neles contidas. Expressão normalmente empregada em arquivos permanentes. Inventário- Instrumento de pesquisa que descreve, sumária ou analiticamente, as unidades de arquivamento de um fundo ou parte dele, cuja apresentação obedece a uma ordenação lógica que poderá refletir ou não a disposição física dos documentos. Seleção - Separação dos documentos de valor permanente daqueles passíveis de eliminação, mediante critérios e técnicas previamente estabelecidos em tabela de temporalidade. 37 BIBLIOGRAFIA 1- BRASIL, Lei n° 6.546, de 04 de Julho de 1978. Senado Federal. Disponível em <http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=124752> Acesso em: 10 de março de 2011. 2- CASTRO, ASTREA DE MORAES. Arquivologia. Sua Trajetória no Brasil: o curso superior em arquivo. Brasília: Editora Stilo, 2008. 3- CHAUÍ, MARILENA. Do direito ao privilégio. Folha de S. Paulo, São Paulo, p.3, 5 jul. 1994. 4- ESTEVÃO, SILVIA NINITA DE MOURA. Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005. 5- GAITHER, NORMAN; FRAIZER, GREG. Administração da Produção e Operações. 8° ed., Texas: Universidade do Texas, 2002. 6- INDOLFO, ANA CELESTE. Disciplina Gestão de Documentos Arquivísticos. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2008. 7- KAMINISSE, F. T. (2007). A Importância do Gerente de Projetos numa Organização de Desenvolvimento de Software. 8- LOPES, Luís Carlos. A imagem e a Sombra da Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, 1998. 38 9- PMBOK®, GUIA. Guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos. Terceira edição. Project Management Institute, Four Campus Boulevard, Newtown Square, PA 19073-3299 EUA, pp 179-190, 2004. 10- PM Network, edição 2005, traduzido por Rodrigo Fernandes. Disponível em www.pmimg.org.br/Geral/visualizadorConteudo.aspx?cod_areaconteudo=423, acessado em 03/03/2011. 11- REBECHINI, ROQUE As duas ondas na gestão de projetos. Disponível em http://www.fradmon.com.br/default/index.php?page=art006, Acessado em 13/04/2011 13- SBRAGIA, R.; MAXIMIANO, A. C. A.; KRUGLIANKAS, I. O gerente de projetos: seu papel e habilidades. Revista de Administração, São Paulo, v.21, n3, p.24-31, jul./Set. 1986 12- STUCKENBRUCK, L.C. Project manager: the system integrator. Project manegement quaterly. September, 1978. 14- VIOLA, MARCELO. Disciplina: Gereciamento de Recursos Humanos em Projetos. Rio de Janeiro: A Vez do Mestre, 2010. 39 ÍNDICE AGRADECIMENTO 03 DEDICATORIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMARIO 07 INTRODUCAO 08 CAPÍTULO I – SURGIMENTO DA ARQUIVOLOGIA NO BRASIL E O CONCEITO DE GESTÃO DE DOCUMENTOS 09 1.1 – Surgimento da Arquivologia no Brasil 09 1.1.1 – Curso de Arquivologia 12 1.2 – O surgimento da Gestão de Documentos 17 CAPÍTULO II – O SURGIMENTO DA GESTÃO DE PROJETOS E COMO FACILITADOR NA GESTÃO DE ARQUIVOS 20 2.1 - Gestão de Projetos 20 2.1.1 Gestão de projetos como um agente facilitador 23 2.2 – Processos Associados ao gerenciamento de documentos e a utilização de novas tecnologias 27 CAPÍTULO III –O ESTABELECIMENTO DE METAS NO TRABALHO EM ARQUIVOS 29 3.1 – Gerir arquivos com eficácia e eficiência respeitando o cronograma 29 3.1.1 – O arquivo setorial de uma incorporadora 30 3.1.2 – Equipe como aliada 31 3.2 – O Gerente de Projetos em arquivos 33 CONCLUSÃO 35 ANEXO I – GLOSSÁRIO 36 BIBLIOGRAFIA 37