TOMADA DE POSIÇÃO CONCENTRAÇÃO/PROTESTO DE PROFESSORES, Coimbra PROFESSORES DE COIMBRA CONTESTAM ATAQUES À PROFISSÃO E ÀS SUAS ESCOLAS Esta concentração realiza-se por iniciativa dos docentes da Escola Secundária Jaime Cortesão, com o apoio e empenhamento do Sindicato dos Professores da Região Centro, oportunidade para expressar o protesto e a indignação que lavram entre os profissionais do ensino e da educação. Para ela foram convidados os docentes das escolas de Coimbra, na certeza de que os problemas são, em grande medida, comuns e exigem a acção e a unidade dos professores. Os participantes nesta concentração afirmam: o Governo não olha a áreas nem a meios para executar incomportáveis cortes orçamentais sobre as escolas e os seus profissionais, liquidando muito do trabalho feito e hipotecando, perigosamente, o desenvolvimento da qualidade das respostas educativas de que os docentes são principais executores e defensores. Os presentes denunciam que as medidas que o Governo tem vindo a tomar visam, fundamentalmente, a redução de postos de trabalho, na gana de cortar os encargos necessários, o que é incompatível com uma escola pública de qualidade de que os alunos, as suas famílias e o país tanto carecem. As medidas tomadas são a negação do que Portugal, a sua população e as novas gerações necessitam. A agregação de escolas e agrupamentos em curso, o aumento do número de alunos por turma, a revisão da estrutura curricular, as regras para a organização do próximo ano lectivo ou a extinção de ofertas educativas são instrumentos do Governo para eliminar horários de trabalho, sendo que também vai é cada vez mais nítida a orientação ideológica para a elitização da Educação e para a desvalorização da Escola Pública. Os professores não podem tolerar este caminho. Com a aplicação daquelas medidas, o Governo vai provocar uma perigosa instabilidade dentro das escolas, em resultado do aparecimento forçado de muitos horários-zero entre docentes dos quadros. Perante um governo que toma medidas propositadas que resultam em horários-zero, nenhum professor pode ficar descansado ou de braços cruzados em relação ao seu próprio futuro. Com a aplicação das medidas referidas, o Governo projecta a eliminação da contratação nas escolas. Milhares de docentes contratados, todos ou quase todos, usados pelos governos ao longo de anos e anos, necessários à organização e funcionamento das escolas, vão ser artificialmente empurrados para o desemprego, para fora das escolas que deles necessitam e para fora da profissão que é a sua e para cujo exercício estão qualificados. Com a aplicação das tais medidas, o Governo promove a desvalorização, a degradação e a destruição da Escola Pública, o que, só por si e por ser tão grave, deve suscitar uma forte reacção da generalidade dos docentes e restantes sectores profissionais da educação e do ensino, bem como de sectores mais vastos da sociedade dos quais se espera um grande combate em defesa da Escola Pública, Democrática e de Qualidade. Assim sendo, os presentes nesta concentração/protesto: - expressam a sua incontornável condenação face ao rumo político que o Governo quer para a educação e o ensino e, em particular, reclamam a suspensão das medidas que visam retirar docentes às escolas; - apelam à luta de todos os professores e de outros profissionais em defesa da qualidade na Escola Pública, combate que vai em sentido oposto ao da eliminação e instabilização de postos de trabalho que o Governo comanda; - incitam outros professores e outras escolas do concelho a tomarem iniciativas de luta neste âmbito, na certeza de que a persistência no protesto e na expressão pública de indignação são contributos fundamentais para corrigir ou substituir más opções políticas; - exortam os professores a dar força a outras oportunidades de luta, em particular a manifestação de protesto e exigência convocada pela FENPROF para o próximo dia 12 de Julho que deve ser um grande momento de disponibilidade e de inconformismo por parte de todos os que estão conscientes da gravidade do ataque que o Governo dirige às escolas e aos seus profissionais; - alertam a sociedade em geral para este ataque que, a não ser sustido, constituir-se-ia como um garrote letal para qualquer aspiração séria de desenvolvimento de Portugal que terá de ter como elemento estruturante uma Escola Pública de Qualidade e Democrática! Esta tomada de posição será divulgada junto das escolas do concelho e seus docentes, junto da comunicação social, bem como ao Governo e à Assembleia da República. Coimbra, 26 de Junho de 2012