Intel® Education - Perguntas e
respostas com Cristián Rizzi
Currículo e avaliação
“A abordagem da educação centrada no aluno e baseada em projetos
é uma das coisas principais”
Consultor de Tecnologia Educacional,
Argentina
@rizzicristian
Destaques
• Nós precisamos derrubar as paredes da sala de aula, conectar a sala de aula com o mundo exterior através de comunidades de estudantes com especialistas, membros da comunidade e colegas.
• Os professores precisam ter tempo para planejar seu trabalho e também para interagir com outros professores e
rever seu próprio planejamento.
• Os recursos digitais podem atuar como um andaime, tornando conceitos abstratos de ciências e matemática em
coisas mais concretas e muito fáceis de ver.
Você trabalha no mundo que fala espanhol, ajudando professores a integrarem a TIC na educação e aumentando a disponibilidade de recursos de currículo de alta qualidade. Qual é a sua visão sobre o que os alunos
precisam poder fazer como trabalhadores, inovadores e cidadãos do século 21?
Cristián Rizzi: Não importa o que os alunos fazem depois da
formatura, seja trabalhar para uma corporação ou para uma
empresa sem fins lucrativos, as habilidades do século 21 são
cruciais. Estas habilidades (pensamento crítico, criatividade,
capacidade de trabalhar em equipe, entendimento cultural,
espírito de equipe, conhecimento de tecnologia) são úteis,
necessárias e críticas para todos os estudantes.
Eu gostei muito de você ter mencionado entendimento cultural e colaboração. A aprendizagem emocional e social são muito importantes em um mundo
cada vez menor e as sociedades estão cada vez mais
complexas.
Cristián Rizzi: Com toda a certeza! Se quisermos que o nosso
planeta sobreviva e as nossas sociedades avancem, nós
precisamos todos trabalhar juntos. Eu considero vital que os
alunos desenvolvam os valores essenciais. Nós queremos
que eles desenvolvam um senso de fraternidade, de dar sem
a expectativa de receber nada em troca.
Outra coisa que é muito importante em qualquer organização é imparcialidade. Nós precisamos ser objetivos o suficiente para levar a opinião dos outros em consideração sem
importar se você gosta da pessoa ou não. Às vezes, a forma
como nós analisamos uma ideia é contaminada pelos nossos
sentimentos em relação à outra pessoa. Alguns educadores
acham que não há nada de bom que possa vir do mundo
corporativo, então eles deixam de considerar ideias por causa da origem delas.
Intel® Education - Perguntas e respostas com Cristián Rizzi
Currículo e avaliação
De que forma as escolas estão mudando para atender
estas necessidades?
Cristián Rizzi: A abordagem da educação centrada no aluno
e baseada em projetos é uma das coisas principais. Você
precisa dar aos alunos atividades práticas. Ninguém, crianças ou adultos, consegue ficar em uma aula por duas horas
seguidas. Você precisa dar aos alunos a oportunidade de
colocarem suas mãos no trabalho, para aprender através de
envolvimento ativo. O papel do professor é guiá-los, apoia
-los, orientá-los, estimular sua mentes, atiçar seu entusiasmo.
Nós precisamos também derrubar as paredes da sala de aula,
conectar a sala de aula com o mundo exterior através de
comunidades de estudantes com especialistas, membros da
comunidade e colegas.
Estas são coisas que precisam ser feitas, mas elas exigem
um grande esforço. Leva muito tempo para conseguir estas
coisas. Uma simples conferência pelo Skype envolve uma longa série de tarefas que o professor precisa fazer, em adição a
todas as outras coisas que nós pedimos para eles fazerem.
Que políticas podem ajudar o sucesso dos professores?
Cristián Rizzi: Todo mundo fala sobre desenvolvimento profissional, mas ninguém fala sobre tempo. Os professores precisam ter tempo para planejar seu trabalho e também para
interagir com outros professores e rever seu próprio planejamento. Uma política altamente eficaz pode ser simplesmente
proibir os professores de trabalhar mais de quatro horas por
dia na sala de aula. O resto do dia seria para reuniões com
outros professores, análise dos planos de aula, avaliação de
recursos e treinamento e desenvolvimento profissional.
Outra política eficaz é reduzir o isolamento. Em um dos projetos em que eu estou trabalhando, quando os professores
estão usando tecnologia, eles nunca dão estas aulas sozinhos. São sempre duas aulas em pares, para que os professores possam aprender juntos e ajudar uns aos outros. Fora da
educação, não há nenhuma profissão em que você trabalha
sozinho. Você sempre trabalha com outros, faz perguntas e
interage. Por que não fazer a mesma coisa na escola?
Em termos de tecnologia, você precisa de um especialista que
esteja presente na escola em período integral para que os
professores possam discutir seus sentimentos e suas opiniões
com um especialista. Como dizem os professores “Eu sei que
posso usar o Google Earth* para ensinar geografia. Você acha
que eu posso usar esse recurso desse jeito ou de outro jeito?
Que atividades funcionarão melhor para os alunos praticarem
em casa e quais seriam melhores para a escola?” À medida que
os professores implementam esses procedimentos, eles aprendem. Você não aprende apenas quando está fazendo cursos.
Você aprende de outras formas com uma prática refletida.
Quais são algumas das formas de os professores
usarem recursos digitais para mudar a maneira como
eles implementam o currículo?
Cristián Rizzi: Eu citaria as quatro formas identificadas por
Bransford in How People Learn1 (Como as pessoas aprendem)
e adicionaria mais uma. A primeira coisa é que os recursos
digitais podem conectar o currículo com o mundo real. Se
estiver estudando meteorologia, você pode usar dados de
bancos de dados mundiais, fornecer os seus próprios dados e
talvez até adicionar um podcast.
Outra coisa é criar e manter comunidades de práticas. Você
reúne professores e alunos com especialistas, colegas, outros
professores, outros alunos. Os alunos podem publicar material em blogs e de fato fazer contribuições.
O que eu mais gosto, pois eu estudei química na escola, é
como os recursos digitais podem atuar como um andaime,
tornando conceitos abstratos de ciências e matemática em
coisas mais concretas e muito fáceis de ver. Quando os alunos
podem usar modelos de simulação, eles agem como cientistas para prever, explorar, argumentar e chegar a conclusões.
Eles estão lidando com ciência real, e isto é muito importante.
A forma que eu adicionaria é criatividade. São os diferentes
meios que a tecnologia oferece através dos quais você pode
se expressar. Uma das razões por que os vídeo games são tão
empolgantes é que o jogador está no controle e pode escolher seu próprio caminho. Com a tecnologia, você pode fazer
suas próprias criações. Você tem uma grande quantidade de
recursos para inspirar e expressar a sua imaginação.
A quinta coisa está relacionada a feedback e avaliação. Os
organizadores gráficos e as ferramentas baseadas em tecnologia podem revelar o que os alunos estão pensando e mostrar a
você o nível do entendimento deles. Como professor, eu aproveitar estas informações para ajudar os alunos a melhorarem.
Eu vejo o progresso do aluno e como o seu entendimento está
se desenvolvendo. Isto é crucial.
Algum conselho para os líderes escolares sobre a
escolha e a aplicação dos recursos de currículo?
Cristián Rizzi: Concentrar-se na pedagogia. Usar a tecnologia
para conectar a sua escola com o mundo exterior e para fazer
coisas que você não conseguiria sem a tecnologia. Dar aos
professores tempo para eles interagirem com colegas, refletirem sobre o seu trabalho e gerenciarem os novos espaços de
ensino. É assim que você vai fazer diferença. Caso contrário, a
tecnologia seria apenas cosmética.
John D. Bransford, Ann L. Brown e Rodney R. Cocking, How People Learn: Brain, Mind, Experience, and School,
Expanded Edition. National Academy Press, 2000.
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