PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA RECÉM-FORMADOS INGRESSANTES NO ENSINO PÚBLICO: DIFICULDADES E POSSIBILIDADES Lidiane Marani Suraya Cristina Darido RESUMO A Educação Física como área de conhecimento vem se modificando bastante desde a década de 80, devido a um novo momento histórico e social que o país passou, gerando a construção de novas concepções, com a tentativa de romper o modelo tradicional. Contudo, os profissionais da área ainda encontram dificuldades em transformar a suas práticas, devido a vários fatores (falta de “status” da disciplina, falta de experiência, problemas na formação inicial e continuada, etc.), favorecendo a permanência do modelo tradicional/esportivista. O objetivo desse estudo foi investigar as dificuldades e possibilidades enfrentadas pelos professores recém-formados ingressantes no ensino público. Foram observados quatro professores recém-formados numa universidade pública paulista. As aulas desses docentes foram observadas, registradas e posteriormente analisadas e interpretadas. Após as observações realizaram-se entrevistas semi-estruturadas com esses professores. Os resultados indicaram que as maiores dificuldades do professor perpassam pela questão da indisciplina e falta de participação dos alunos, falta de estrutura física e materiais e também de problemas relacionados ao status da disciplina. Palavras chave: educação física escolar. professores recém-formados, dificuldades, Instituição: Universidade Estadual Paulista (Campus de Rio Claro) [email protected] PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA RECÉM-FORMADOS INGRESSANTES NO ENSINO PÚBLICO: DIFICULDADES E POSSIBILIDADES Lidiane Marani Suraya Cristina Darido INTRODUÇÃO A Educação Física como área de conhecimento vem se modificando bastante desde a década de 80, devido a um novo momento histórico e social que o país passou, gerando a construção de novas concepções, com a tentativa de romper o modelo tradicional. Apesar das mudanças em termos acadêmicos, o que se observa frequentemente na prática dos professores são dificuldades na superação dos modelos tradicionais de ensino. Essa dificuldades perpassam desde problemas estruturais (espaço físico, materiais) até problemas inter/intra-pessoais (relação professor/escola, relação professor/aluno, relação professor/professor). Devido a essas dificuldades permanentes, é evidente que a prática pedagógica desses profissionais fica comprometida, principalmente em relação aos profissionais recém-formados, que possuem pouca experiência para enfrentar essas dificuldades e conseqüente insegurança para implementação de conteúdos, metodologia e avaliação diferentes dos tradicionais. Segundo Madureira (2006), é notório que todo jovem em início de carreira vai encontrar um ambiente repleto de incertezas e mudanças, mas um campo propício de desenvolvimento e constante reflexão sobre a prática, podem gerar progressos e possíveis mudanças. O objetivo desse estudo foi investigar as dificuldades e possibilidades enfrentadas pelos professores recém-formados ingressantes no ensino público. Analisar quais são as dificuldades mais freqüentes, do que mais sentem falta (como maior número de aulas, falta de materiais, etc.) e o que reconhecem de positivo na sua formação. MATERIAL E MÉTODO A pesquisa é de natureza qualitativa e do tipo descritiva. Através de observação das aulas, foram registradas e posteriormente analisadas e interpretadas questões sobre a prática docente dos professores observados. Após as observações realizou-se entrevistas semi-estruturadas com os professores. Os sujeitos da pesquisa formaram-se na Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus de Rio Claro. Três deles se formaram no ano de 2004 e um professor no ano de 2005. Todos atuam no Ensino público paulista, ingressantes no último concurso público realizado em 2005. Durante as saídas de campo a observadora anotou os pontos mais relevantes em relação às dificuldades ocorridas durante as aulas. Todos os professores foram escolhidos por contatos que ainda mantêm na Universidade. Sujeito Número de aulas observadas 12 10 10 10 42 Séries S1 8.ª S2 Ensino Médio S3 1.ª à 4.ª S4 1.ª à 4.ª Total de aulas observadas Tabela 1 - Número de aulas observadas na pesquisa Localidade da escola Rio Claro Rio Claro Piracicaba Araras Depois das observações, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 21 questões abertas que abordaram as seguintes temáticas: Informações gerais, Atualização profissional; Objetivos e conteúdos da Educação Física; Principais dificuldades enfrentadas no cotidiano escolar. RESULTADOS E DISCUSSÃO Expectativas dos alunos Três professores (1, 2 e 4) relataram problemas relacionados com os alunos. A indisciplina ficou muito evidente em todos os níveis de Ensino que foram observados, mas ocorreu principalmente no Ensino Médio. Um dos fatores que influencia na indisciplina é o fato de ser o primeiro ano desses três professores com tais turmas aliados a pouca experiência anterior no trato dessas questões. A não participação nas aulas nas turmas do Ensino Médio e de 8.ª séries ocorreram em todas as aulas observadas. Na escola de Ensino Médio as dificuldades do professor 2 são maiores devido, principalmente, a falta de status da disciplina em relação à direção, refletindo nos alunos. Assim a não participação nas aulas não traz preocupação nenhuma aos alunos, que vêem a disciplina como um horário livre. Segundo Martinelli (2006, p. 15) é comum nas aulas de Educação Física no Ensino Médio, ocorrer um impasse entre professores que querem desenvolver o conteúdo programado e os alunos, que querem apenas jogar. Este fato tem origem em etapas escolares anteriores, optando por transformar as aulas de Educação Física em espaços de recreação e lazer, já que na sala de aula a responsabilidade aumenta. Isso ficou claro em uma das falas do professor: (...) Os alunos não entendem que Educação Física também é uma aula, eles sabem o que querem fazer e querem que o professor seja o porteiro. (Professor 2) O elevado número de alunos por sala é comum em muitas escolas da rede pública, como visto por Gaspari et. al. (2006) e Rodrigues (2006). Essa dificuldade enfrentada por muitos professores, prejudica consideravelmente o andamento da aula, já que a atenção dos alunos se dispersa facilmente. Ainda nessa escola, observou-se em dois dias a mesma situação: professores de outras disciplinas liberaram seus alunos para a quadra, não realizando suas respectivas aulas, justificando ser início de semestre. Com isso a aula de Educação Física praticamente se finalizou, pois o número de alunos era enorme e ainda, os alunos que haviam sido liberados poderiam participar se quisessem. Na outra escola, com turmas de 8.ª séries a não participação nas aulas eram menores, com um ou dois alunos por turma. Nessa escola o que se observou é que ocorreu uma mudança grande no estilo e método de aula ao ingressar o professor 1. O professor exige que os alunos que não forem participar entreguem um relatório no final da aula. Essa estratégia parece funcionar com os alunos, justificando a grande participação durante as aulas. Com relação ao professor 4, a indisciplina se deve ao fato de alguns alunos possuírem comportamento exagerado durante as atividades, o que algumas vezes acaba influenciando outros alunos. Por exemplo, em uma das atividades os alunos ficavam dispostos em roda com os olhos vendados, cada um iria receber um objeto, senti-lo e passar para o aluno que estava ao lado direito. Porém, alguns alunos falavam alto, atrapalhando os outros que realizavam a atividade corretamente. Ao perceber que mais alunos começaram a fazer o mesmo, o professor encerrou a atividade com uma discussão final, em que os alunos deviam relacionar quais objetos sentiram maior dificuldade de identificar. Betti (1992 apud GASPARI et. al. 2006, p. 12), analisa que o prazer sentido na aula de Educação Física é indiscutível, por ser o espaço que mais aproxima os corpos, ou talvez que seja o único espaço na escola que dê liberdade para tal aproximação. Isso pode ser justificado através do ensino tradicional utilizado pelas outras disciplinas, exigindo do aluno somente a sua capacidade cognitiva. Já em relação ao professor 3, o que se observou é que a maioria dos alunos gostam de fazer a aula, não havendo assim indisciplina durante as aulas. Outro ponto que ficou evidente, é que essa situação foi conquistada pelo professor através de muitas conversas e acordos. Segundo o mesmo professor, no início de sua prática na mesma escola, as conversas durante as aulas eram longas, e para ocorrer o entendimento dos alunos como existe hoje, os acordos eram constantes. Essa situação demonstra uma alternativa comum utilizada pelos professores. Acordos e conversas conjuntas entre professor e alunos devem existir para que ocorra uma adequada realização das aulas. Status da Disciplina Em relação à falta de status da disciplina, ficou evidente que os professores 1 e 3 tiveram grande participação para diminuir tal quadro nas escolas. A não importância da disciplina para a direção, alunos e outros professores é comum em muitas escolas. Gaspari et. al. (2006), identificaram em seu estudo que há discriminação constante da Educação Física escolar quando comparada a outras disciplinas. Citam também que a Educação Física deve buscar sua legitimidade, sua razão se ser no currículo e para isso sua importância deve ser discutida nos diversos âmbitos da sociedade. Esse quadro pode ser modificado com uma aproximação de professores e direção da escola, numa tentativa de trabalho em conjunto. (...) A maior dificuldade que eu percebi quando ingressei na escola foi a questão da valorização da disciplina. Existia uma cultura: quem não fazia tarefa, não ia para aula de Educação Física. No primeiro mês teve uma aula com cinco alunos porque os outros trinta não tinham terminado a tarefa. Precisei conversar muito, causou um atrito muito grande entre as professoras e com relação à própria direção que não via sentido nenhum naquilo que eu falava. Agora já houve uma mudança muito grande, depois de um bom tempo. (Professor 3) Em relação ao professor 1, ele cita que o apoio da direção sempre foi muito grande. Porém em relação aos outros professores, cita que tinham uma visão totalmente deturpada da Educação Física, pois outros profissionais que trabalharam anteriormente na escola tinham uma linha tradicional de ensino. Com o professor 2, o quadro é muito mais complexo. O próprio professor cita que a direção está voltada principalmente a outros assuntos, como resolver casos de agressividade de alunos (muito constante na escola) e também assuntos burocráticos. Assim, como já citado anteriormente, a Educação Física na escola parece ser um horário livre para os alunos. O professor em si também encontra muitas dificuldades em reverter o quadro, assumindo que está muito distante dos outros professores e da direção. Segundo Bracht (2000), para uma ciência ser legitimada, esta deve mostrar à sociedade seu valor e importância social. Diferentemente de algumas disciplinas que estão legitimadas no âmbito acadêmico, como a física, biologia, sociologia e matemática, a Educação Física, ao contrário precisa mostrar sua importância social no campo da intervenção. Espaços e Materiais Foi encontrado um quadro bastante diferenciado entre as escolas no que diz respeito aos materiais e estrutura física. No caso do professor 1, os materiais são bem escassos e velhos mas bastante utilizados. Com o professor 3, a falta de materiais era reflexo do status da disciplina antes ingressar na escola. Juntamente com o outro professor que ingressou no mesmo período, conseguiram a obtenção de materiais, apesar da resistência da direção. Já no caso do professor 2, a escassez de materiais é enorme, o que leva a utilização somente de bolas em suas aulas. O professor 2 enfrenta outras situações que dificultam reverter a falta de materiais. Na escola em que atua existe a sala de materiais, em que após a saída da sala de aula os alunos deixam suas mochilas. Ao bater o sinal todos voltam correndo para pegar os materiais e também outras bolas para ficar jogando durante o intervalo. Diante disso os materiais são mais utilizados. Frente a esse quadro, o que se pode perceber é que existe a possibilidade de melhora na obtenção de materiais, como citado pelo professor 3, mesmo com o não apoio da direção. Assim, atitudes diferentes poderiam ser tomadas pelo professor 2, que mesmo não sendo apoiado pela direção poderia tentar reverter o quadro. O professor 4 não enfrenta problemas com materiais. Em relação à estrutura, o mesmo usa o pátio do colégio e o refeitório (área coberta) para a realização das aulas, isso se deve ao fato de a quadra ser utilizada por uma escola próxima, de 5.ª a 8.ª série. O professor então deve utilizar os espaços existentes na escola para a realização de suas aulas. Como já citado anteriormente, Betti (1995 apud GASPARI et. al. 2006, p. 18), a falta de estrutura e materiais não são empecilhos para o desenvolvimento das aulas, pois, apesar de muitas escolas não possuírem espaços adequados para estas aulas, a imposição que o próprio professor se impõe, muitas vezes converte-se no maior empecilho para a prática, podendose usar então espaços alternativos (como observado com o professor 4), além de áreas naturais e materiais não convencionais. Relacionamento Professor-aluno e Professor-professor A questão de proximidade professor-aluno também foi observada de diferentes maneiras. Com o professor 1, 3 e 4, a relação era bem próxima, principalmente em relação ao professor 1, que tem maior facilidade de comunicação. Com os professores 3 e 4, o que se observou é que a aproximação é facilitada devido a idade dos alunos (7-10 anos), sendo que nessa fase os alunos se espelham bastante nos seus professores, tendo em sua maioria, gosto pelas aulas de Educação Física. A relação do professor 2 com os alunos está relacionada com a indisciplina dos mesmos. O professor cita que a falta de educação e a violência são constantes, não só em sua aula mais também com outros professores e funcionários. Essa dificuldade enfrentada pelo professor não se deve somente à sua postura frente aos alunos, mas também o meio social em que os alunos estão inseridos e à situação geral em que a escola se encontra. Professores e funcionários são alvos constantes de violência verbal, e até física, por parte dos alunos. Formação e Atualização Profissional Nesse tópico serão discutidos aspectos relacionados à formação e atualização profissional dos professores. O professor 1 considera praticamente todas as disciplinas importantes, citando algumas disciplinas humanas como mais importantes. O mesmo professor diz que só percebeu a real necessidade das disciplinas depois de formado. As disciplinas consideradas mais importantes, citadas pelos professores 2 e 3, foram relacionadas com cunho pedagógico. O professor 4 citou a Fisiologia como mais importante por ter sido motivado a fazer seu trabalho de formatura e por ter seguido mestrado na mesma área, mas citou as disciplinas pedagógicas importantes para prestar o concurso público. Cada professor citou também outras disciplinas de outras áreas, julgadas importantes para a formação de cada um. No que diz respeito ao que cada professor sente falta da sua formação, foram citados: mais pessoas interessadas em discutir Educação durante as aulas, maiores vivências que instigasse a criatividade para a realização das aulas, a disciplina Prática de Ensino ocorresse de forma gradual, permeando todo o currículo, esta citada por dois professores e maior ênfase em disciplinas da área de humanas, como Filosofia e Psicologia. Todos avaliaram o curso como bom, mas ressaltaram como aspectos negativos o isolamento das disciplinas, citados pelos professores 2, 3 e 4 justificando que uma não têm ligação com a outra e a não relação entre teoria e prática. Essa questão mostra a importância do curso de formação rever seu currículo, principalmente na relação entre teoria/prática e interdisciplinaridade. Como já citado anteriormente, mesmo com avanços que já ocorreram nessa direção, ainda estamos longe de um modelo que trate com a mesma importância teoria e prática (GASPARI et. al., 2006). O mesmo ocorre em relação à interdisciplinaridade, é comum observar nos cursos de formação disciplinas isoladas, não possibilitando aos alunos a visão conjunta da importância de todas as disciplinas para sua futura prática, como citado pelo professor 1. Em relação aos pontos positivos cada professor citou um ponto diferente. Entre as respostas estavam: a proximidade com o Departamento de Educação, o acesso a conhecimentos diferentes (laboratórios de diferentes áreas) e o comprometimento de alguns professores para com o curso de graduação, este citado pelos professores 1 e 3. Em relação à atualização, foi perguntado aos professores se procuram manter-se atualizados, assim como se têm condições e apoio para fazer o mesmo. Todos responderam que sim. O professor 1 citou o grande incentivo do mestrado, que o leva a ler muitas coisas. Outro ponto citado pelo mesmo professor, é que ele trabalha junto à outra professora formada na mesma turma, o que facilita a troca de experiências e ajuda de um para com o outro. O professor 4 também citou a troca de experiência com outros professores formados na mesma turma. Porém, cita que sua ida em congressos e cursos sempre foi voltada à sua área de estudo. Cita como apoio uma bolsa que recebe da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo por estar fazendo mestrado, mas diz que destina a maior parte para área de Fisiologia. Já os professores 2 e 3 citaram a ida em cursos e congressos. Em relação às condições e apoio, o professor 2 citou a proximidade da Universidade, já o professor 3 acha que é uma questão de prioridade para si próprio. A questão da atualização é facilitada nesses professores, sendo que os mesmos se mantêm atualizados, pois estão envolvidos com a Universidade e/ou pesquisas (como o mestrado), como visto com os quatro professores observados. A dificuldade de professores experientes se manterem atualizados é grande, pois estão “fora” da universidade e muito cansados, em sua maioria, prejudicando na atualização e formação continuada. O que se observa é a necessidade de realizações de cursos e congressos voltados para esses profissionais. Uma possibilidade seria uma mobilização conjunta (escola, professores, universidade, diretoria de ensino, por exemplo) buscando a atenção desses profissionais para a real necessidade de se manter atualizado. Outras questões feitas aos professores se deviam ao conhecimento de tais dificuldades enfrentadas na época da faculdade, e se durante as aulas essas questões foram discutidas. Os professores 1 e 2 citam que tinham consciência de tais dificuldades, mas em proporções menores. Já o professor 3 cita que tinha conhecimento, por também estar envolvido desde o segundo ano da graduação em trabalhos relacionados à escola. O professor 4 cita que não pensava em sua futura prática, tinha uma “pensamento de aluno”, ou seja, ia para a aula somente para “adquirir conhecimentos teóricos”. Em relação às discussões das possíveis dificuldades a serem enfrentadas durante as aulas, o professor 1 cita que existiu principalmente nas disciplinas pedagógicas, mas que poderiam ter sido mais discutidas. Os professores 2 e 4 citam a falta de criticas durante as aulas, por parte dos alunos. As participações eram ótimas, porém as discussões não faziam, na maioria das vezes, parte das aulas. Já o professor 3 cita que as dificuldades foram levantadas, porém não há como o curso de formação englobar tudo o que pode ser enfrentado na prática. Vivências maiores em relação a isso poderiam ser mais freqüentes durante as aulas, citados pelos professore 1 e 3. (...) Senti bastante falta de discussões, nas pedagógicas tinha pouco acho que poderia ter sido mais discutido. A disciplina poderia ser mais voltada para a prática. Por exemplo, tem disciplina que eu estudei Piaget, meus alunos não querem saber a vida de Piaget, mas pra mim é importante, então poderia, nesse caso, ter sido vivenciado um construtivismo aplicado na prática, saber onde isso pode me ajudar, aonde isso é bom ou ruim, senti falta disso. (Professor 1) CONCLUSÃO As mudanças e dificuldades no campo da Educação Física são constantes. Porém, há alternativas e possibilidades para garantir a melhoria da prática dos professores. Como objetivo, o estudo buscou identificar as dificuldades encontradas por professores recém-formados. Algumas dificuldades comuns a muitos professores foram encontradas nessa pesquisa, que se deve à indisciplina constante dos alunos e a não participação nas aulas, vistos principalmente em turmas do Ensino Médio. O que se pode observar nesse estudo, foi a grande influência que a prática do professor pode trazer, com uma busca constante de atenção dos alunos, que ocorreu, na maioria das vezes, por meio de diálogos e acordos. Situações mais difíceis de serem revertidas se devem à situação em que a escola se encontra, o que reflete no comportamento dos alunos. A falta de status da disciplina de Educação Física é comum a muitos professores. Alunos, direção e professores de outras disciplinas têm uma visão tradicional da Educação Física, influenciados pela sociedade, devido à história que a Educação Física possui, o que acaba por dificultar a prática desses professores, que ao ingressar na escola sentem grandes dificuldades na implementação de conteúdos diferentes dos tradicionais. Porém, ao mostrar seu trabalho comprometido, o professor pode, muitas vezes, conquistar a confiança dos outros professores, direção e alunos podendo assim, melhorar sua prática, observado nessa pesquisa na prática dos professores. A falta de espaços e materiais são dificuldades enfrentadas principalmente por professores da rede pública, que encontram na maioria das vezes, situações precárias para a boa realização das aulas. A falta de status que a disciplina de Educação Física enfrenta na escola pode influenciar bastante esse quadro, já que a atenção da direção e professores está voltada principalmente a outros assuntos, destinando a verba para outras necessidades. Novamente, o grande comprometimento do professor pode diminuir consideravelmente o quadro, como visto nessa pesquisa. Reverter o quadro não é uma tarefa fácil, principalmente em relação aos professores recém-formados, que não possuem experiência e muitas vezes conhecimento dos direitos que possuem para uma melhora em sua prática. Outro ponto favorável à prática do professor se deve ao seu relacionamento com os alunos e outros professores. A atitude e personalidade do professor influenciam bastante na relação com seus alunos, assim como a boa facilidade de comunicação com os mesmos. Foi observado nessa pesquisa que estar atento aos acontecimentos da escola e principalmente às características dos alunos (idade dos alunos, problemas específicos), pode aproximar consideravelmente o professor de Educação Física, alunos e outros professores. A implementação de conteúdos diferentes dos tradicionais, nas aulas de Educação Física, também enfrentam grande resistência por parte dos alunos, que querem apenas jogar. A falta de apoio da direção pode influenciar esse quadro, como observado nessa pesquisa. A formação e atualização profissional auxiliam bastante na prática do professor, que muitas vezes pode encontrar alternativas para reverter suas dificuldades. No caso dessa pesquisa, em que todos os professores são formados na mesma instituição, a formação, de uma forma geral, auxilia bastante a prática desses profissionais. Mas a constante atualização, citada por todos os professores observados nessa pesquisa, assim como a troca de experiências com outros professores também é essencial para a boa prática profissional. Assim, pode-se concluir que os professores observados nessa pesquisa conseguem reverter o quadro de algumas dificuldades, por meio de um trabalho comprometido e integrado à proposta político pedagógica da escola. REFERÊNCIAS BRACHT, V; Educação Física e Ciência: cena de uma casamento (in)feliz. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 22, n. 1, p. 53-63, 2000. DARIDO, S. C; RANGEL, I. C. A; Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. GASPARI, T. C. et al. A realidade dos professores de educação física na escola: suas dificuldades e sugestões. Revista Mineira de Educação Física, Viçosa, v. 14, n.1, p. 109-137, 2006. MADUREIRA, M, D. O fator emocional e o professor de Educação Física no início de carreira: é possível que a inteligência emocional seja um instrumento favorável à melhoria das relações humanas no exercício profissional? Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, Barueri, n. 5 (especial), p. 83-92, 2006. Disponível em: <http://www.mackenzie.br/editoramackenzie/revistas/edfisica/edfis5nespecial/ar t09_edfis5nE.pdf>. Acesso em: 26 out. 2007. MARTINELLI, C. R. et al. Educação Física no Ensino Médio: motivo que levam as alunas a não gostarem de participar das aulas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, Barueri, n. 5 (2), p. 13-19, 2006. 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