PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA RECÉM-FORMADOS
INGRESSANTES NO ENSINO PÚBLICO: DIFICULDADES E
POSSIBILIDADES
Lidiane Marani
Suraya Cristina Darido
RESUMO
A Educação Física como área de conhecimento vem se modificando
bastante desde a década de 80, devido a um novo momento histórico e social
que o país passou, gerando a construção de novas concepções, com a
tentativa de romper o modelo tradicional. Contudo, os profissionais da área
ainda encontram dificuldades em transformar a suas práticas, devido a vários
fatores (falta de “status” da disciplina, falta de experiência, problemas na
formação inicial e continuada, etc.), favorecendo a permanência do modelo
tradicional/esportivista. O objetivo desse estudo foi investigar as dificuldades e
possibilidades enfrentadas pelos professores recém-formados ingressantes no
ensino público. Foram observados quatro professores recém-formados numa
universidade pública paulista. As aulas desses docentes foram observadas,
registradas e posteriormente analisadas e interpretadas. Após as observações
realizaram-se entrevistas semi-estruturadas com esses professores. Os
resultados indicaram que as maiores dificuldades do professor perpassam pela
questão da indisciplina e falta de participação dos alunos, falta de estrutura
física e materiais e também de problemas relacionados ao status da disciplina.
Palavras chave:
educação física escolar.
professores
recém-formados,
dificuldades,
Instituição: Universidade Estadual Paulista (Campus de Rio Claro)
[email protected]
PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA RECÉM-FORMADOS
INGRESSANTES NO ENSINO PÚBLICO: DIFICULDADES E
POSSIBILIDADES
Lidiane Marani
Suraya Cristina Darido
INTRODUÇÃO
A Educação Física como área de conhecimento vem se modificando
bastante desde a década de 80, devido a um novo momento histórico e social
que o país passou, gerando a construção de novas concepções, com a
tentativa de romper o modelo tradicional. Apesar das mudanças em termos
acadêmicos, o que se observa frequentemente na prática dos professores são
dificuldades na superação dos modelos tradicionais de ensino. Essa
dificuldades perpassam desde problemas estruturais (espaço físico, materiais)
até
problemas
inter/intra-pessoais
(relação
professor/escola,
relação
professor/aluno, relação professor/professor). Devido a essas dificuldades
permanentes, é evidente que a prática pedagógica desses profissionais fica
comprometida, principalmente em relação aos profissionais recém-formados,
que possuem pouca experiência para enfrentar essas dificuldades e
conseqüente insegurança para implementação de conteúdos, metodologia e
avaliação diferentes dos tradicionais.
Segundo Madureira (2006), é notório que todo jovem em início de
carreira vai encontrar um ambiente repleto de incertezas e mudanças, mas um
campo propício de desenvolvimento e constante reflexão sobre a prática,
podem gerar progressos e possíveis mudanças.
O
objetivo
desse
estudo
foi
investigar
as
dificuldades
e
possibilidades enfrentadas pelos professores recém-formados ingressantes no
ensino público. Analisar quais são as dificuldades mais freqüentes, do que mais
sentem falta (como maior número de aulas, falta de materiais, etc.) e o que
reconhecem de positivo na sua formação.
MATERIAL E MÉTODO
A pesquisa é de natureza qualitativa e do tipo descritiva. Através de
observação das aulas, foram registradas e posteriormente analisadas e
interpretadas questões sobre a prática docente dos professores observados.
Após as observações realizou-se entrevistas semi-estruturadas com os
professores.
Os sujeitos da pesquisa formaram-se na Universidade Estadual
Paulista (UNESP) – Campus de Rio Claro. Três deles se formaram no ano de
2004 e um professor no ano de 2005. Todos atuam no Ensino público paulista,
ingressantes no último concurso público realizado em 2005. Durante as saídas
de campo a observadora anotou os pontos mais relevantes em relação às
dificuldades ocorridas durante as aulas. Todos os professores foram escolhidos
por contatos que ainda mantêm na Universidade.
Sujeito
Número
de
aulas
observadas
12
10
10
10
42
Séries
S1
8.ª
S2
Ensino Médio
S3
1.ª à 4.ª
S4
1.ª à 4.ª
Total de aulas
observadas
Tabela 1 - Número de aulas observadas na pesquisa
Localidade
da escola
Rio Claro
Rio Claro
Piracicaba
Araras
Depois das observações, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 21 questões abertas que abordaram as seguintes temáticas:
Informações gerais, Atualização profissional; Objetivos e conteúdos da
Educação Física; Principais dificuldades enfrentadas no cotidiano escolar.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Expectativas dos alunos
Três professores (1, 2 e 4) relataram problemas relacionados com os
alunos. A indisciplina ficou muito evidente em todos os níveis de Ensino que
foram observados, mas ocorreu principalmente no Ensino Médio. Um dos
fatores que influencia na indisciplina é o fato de ser o primeiro ano desses três
professores com tais turmas aliados a pouca experiência anterior no trato
dessas questões. A não participação nas aulas nas turmas do Ensino Médio e
de 8.ª séries ocorreram em todas as aulas observadas. Na escola de Ensino
Médio as dificuldades do professor 2 são maiores devido, principalmente, a
falta de status da disciplina em relação à direção, refletindo nos alunos. Assim
a não participação nas aulas não traz preocupação nenhuma aos alunos, que
vêem a disciplina como um horário livre.
Segundo Martinelli (2006, p. 15) é comum nas aulas de Educação
Física no Ensino Médio, ocorrer um impasse entre professores que querem
desenvolver o conteúdo programado e os alunos, que querem apenas jogar.
Este fato tem origem em etapas escolares anteriores, optando por transformar
as aulas de Educação Física em espaços de recreação e lazer, já que na sala
de aula a responsabilidade aumenta. Isso ficou claro em uma das falas do
professor:
(...) Os alunos não entendem que Educação Física também é uma
aula, eles sabem o que querem fazer e querem que o professor seja o porteiro.
(Professor 2)
O elevado número de alunos por sala é comum em muitas escolas
da rede pública, como visto por Gaspari et. al. (2006) e Rodrigues (2006). Essa
dificuldade enfrentada por muitos professores, prejudica consideravelmente o
andamento da aula, já que a atenção dos alunos se dispersa facilmente.
Ainda nessa escola, observou-se em dois dias a mesma situação:
professores de outras disciplinas liberaram seus alunos para a quadra, não
realizando suas respectivas aulas, justificando ser início de semestre. Com isso
a aula de Educação Física praticamente se finalizou, pois o número de alunos
era enorme e ainda, os alunos que haviam sido liberados poderiam participar
se quisessem.
Na outra escola, com turmas de 8.ª séries a não participação nas
aulas eram menores, com um ou dois alunos por turma. Nessa escola o que se
observou é que ocorreu uma mudança grande no estilo e método de aula ao
ingressar o professor 1. O professor exige que os alunos que não forem
participar entreguem um relatório no final da aula. Essa estratégia parece
funcionar com os alunos, justificando a grande participação durante as aulas.
Com relação ao professor 4, a indisciplina se deve ao fato de alguns
alunos possuírem comportamento exagerado durante as atividades, o que
algumas vezes acaba influenciando outros alunos. Por exemplo, em uma das
atividades os alunos ficavam dispostos em roda com os olhos vendados, cada
um iria receber um objeto, senti-lo e passar para o aluno que estava ao lado
direito. Porém, alguns alunos falavam alto, atrapalhando os outros que
realizavam a atividade corretamente. Ao perceber que mais alunos começaram
a fazer o mesmo, o professor encerrou a atividade com uma discussão final,
em que os alunos deviam relacionar quais objetos sentiram maior dificuldade
de identificar.
Betti (1992 apud GASPARI et. al. 2006, p. 12), analisa que o prazer
sentido na aula de Educação Física é indiscutível, por ser o espaço que mais
aproxima os corpos, ou talvez que seja o único espaço na escola que dê
liberdade para tal aproximação. Isso pode ser justificado através do ensino
tradicional utilizado pelas outras disciplinas, exigindo do aluno somente a sua
capacidade cognitiva.
Já em relação ao professor 3, o que se observou é que a maioria
dos alunos gostam de fazer a aula, não havendo assim indisciplina durante as
aulas. Outro ponto que ficou evidente, é que essa situação foi conquistada pelo
professor através de muitas conversas e acordos. Segundo o mesmo
professor, no início de sua prática na mesma escola, as conversas durante as
aulas eram longas, e para ocorrer o entendimento dos alunos como existe hoje,
os acordos eram constantes.
Essa situação demonstra uma alternativa comum utilizada pelos
professores. Acordos e conversas conjuntas entre professor e alunos devem
existir para que ocorra uma adequada realização das aulas.
Status da Disciplina
Em relação à falta de status da disciplina, ficou evidente que os
professores 1 e 3 tiveram grande participação para diminuir tal quadro nas
escolas. A não importância da disciplina para a direção, alunos e outros
professores é comum em muitas escolas. Gaspari et. al. (2006), identificaram
em seu estudo que há discriminação constante da Educação Física escolar
quando comparada a outras disciplinas. Citam também que a Educação Física
deve buscar sua legitimidade, sua razão se ser no currículo e para isso sua
importância deve ser discutida nos diversos âmbitos da sociedade. Esse
quadro pode ser modificado com uma aproximação de professores e direção
da escola, numa tentativa de trabalho em conjunto.
(...) A maior dificuldade que eu percebi quando ingressei na escola
foi a questão da valorização da disciplina. Existia uma cultura: quem não fazia
tarefa, não ia para aula de Educação Física. No primeiro mês teve uma aula
com cinco alunos porque os outros trinta não tinham terminado a tarefa.
Precisei conversar muito, causou um atrito muito grande entre as professoras e
com relação à própria direção que não via sentido nenhum naquilo que eu
falava. Agora já houve uma mudança muito grande, depois de um bom tempo.
(Professor 3)
Em relação ao professor 1, ele cita que o apoio da direção sempre
foi muito grande. Porém em relação aos outros professores, cita que tinham
uma visão totalmente deturpada da Educação Física, pois outros profissionais
que trabalharam anteriormente na escola tinham uma linha tradicional de
ensino.
Com o professor 2, o quadro é muito mais complexo. O próprio
professor cita que a direção está voltada principalmente a outros assuntos,
como resolver casos de agressividade de alunos (muito constante na escola) e
também assuntos burocráticos. Assim, como já citado anteriormente, a
Educação Física na escola parece ser um horário livre para os alunos. O
professor em si também encontra muitas dificuldades em reverter o quadro,
assumindo que está muito distante dos outros professores e da direção.
Segundo Bracht (2000), para uma ciência ser legitimada, esta
deve mostrar à sociedade seu valor e importância social. Diferentemente de
algumas disciplinas que estão legitimadas no âmbito acadêmico, como a física,
biologia, sociologia e matemática, a Educação Física, ao contrário precisa
mostrar sua importância social no campo da intervenção.
Espaços e Materiais
Foi encontrado um quadro bastante diferenciado entre as escolas
no que diz respeito aos materiais e estrutura física. No caso do professor 1, os
materiais são bem escassos e velhos mas bastante utilizados. Com o professor
3, a falta de materiais era reflexo do status da disciplina antes ingressar na
escola. Juntamente com o outro professor que ingressou no mesmo período,
conseguiram a obtenção de materiais, apesar da resistência da direção. Já no
caso do professor 2, a escassez de materiais é enorme, o que leva a utilização
somente de bolas em suas aulas.
O professor 2 enfrenta outras situações que dificultam reverter a
falta de materiais. Na escola em que atua existe a sala de materiais, em que
após a saída da sala de aula os alunos deixam suas mochilas. Ao bater o sinal
todos voltam correndo para pegar os materiais e também outras bolas para
ficar jogando durante o intervalo. Diante disso os materiais são mais utilizados.
Frente a esse quadro, o que se pode perceber é que existe a
possibilidade de melhora na obtenção de materiais, como citado pelo professor
3, mesmo com o não apoio da direção. Assim, atitudes diferentes poderiam ser
tomadas pelo professor 2, que mesmo não sendo apoiado pela direção poderia
tentar reverter o quadro. O professor 4 não enfrenta problemas com materiais.
Em relação à estrutura, o mesmo usa o pátio do colégio e o refeitório (área
coberta) para a realização das aulas, isso se deve ao fato de a quadra ser
utilizada por uma escola próxima, de 5.ª a 8.ª série. O professor então deve
utilizar os espaços existentes na escola para a realização de suas aulas.
Como já citado anteriormente, Betti (1995 apud GASPARI et. al.
2006, p. 18), a falta de estrutura e materiais não são empecilhos para o
desenvolvimento das aulas, pois, apesar de muitas escolas não possuírem
espaços adequados para estas aulas, a imposição que o próprio professor se
impõe, muitas vezes converte-se no maior empecilho para a prática, podendose usar então espaços alternativos (como observado com o professor 4), além
de áreas naturais e materiais não convencionais.
Relacionamento Professor-aluno e Professor-professor
A questão de proximidade professor-aluno também foi observada
de diferentes maneiras. Com o professor 1, 3 e 4, a relação era bem próxima,
principalmente em relação ao professor 1,
que tem maior facilidade de
comunicação. Com os professores 3 e 4, o que se observou é que a
aproximação é facilitada devido a idade dos alunos (7-10 anos), sendo que
nessa fase os alunos se espelham bastante nos seus professores, tendo em
sua maioria, gosto pelas aulas de Educação Física.
A relação do professor 2 com os alunos está relacionada com a
indisciplina dos mesmos. O professor cita que a falta de educação e a violência
são constantes, não só em sua aula mais também com outros professores e
funcionários. Essa dificuldade enfrentada pelo professor não se deve somente
à sua postura frente aos alunos, mas também o meio social em que os alunos
estão inseridos e à situação geral em que a escola se encontra. Professores e
funcionários são alvos constantes de violência verbal, e até física, por parte dos
alunos.
Formação e Atualização Profissional
Nesse tópico serão discutidos aspectos relacionados à formação
e atualização profissional dos professores. O professor 1 considera
praticamente todas as disciplinas importantes, citando algumas disciplinas
humanas como mais importantes. O mesmo professor diz que só percebeu a
real necessidade das disciplinas depois de formado.
As disciplinas consideradas mais importantes, citadas pelos
professores 2 e 3, foram relacionadas com cunho pedagógico. O professor 4
citou a Fisiologia como mais importante por ter sido motivado a fazer seu
trabalho de formatura e por ter seguido mestrado na mesma área, mas citou as
disciplinas pedagógicas importantes para prestar o concurso público. Cada
professor citou também outras disciplinas de outras áreas, julgadas importantes
para a formação de cada um.
No que diz respeito ao que cada professor sente falta da sua
formação, foram citados: mais pessoas interessadas em discutir Educação
durante as aulas, maiores vivências que instigasse a criatividade para a
realização das aulas, a disciplina Prática de Ensino ocorresse de forma
gradual, permeando todo o currículo, esta citada por dois professores e maior
ênfase em disciplinas da área de humanas, como Filosofia e Psicologia. Todos
avaliaram o curso como bom, mas ressaltaram como aspectos negativos o
isolamento das disciplinas, citados pelos professores 2, 3 e 4 justificando que
uma não têm ligação com a outra e a não relação entre teoria e prática.
Essa questão mostra a importância do curso de formação rever seu
currículo, principalmente na relação entre teoria/prática e interdisciplinaridade.
Como já citado anteriormente, mesmo com avanços que já ocorreram nessa
direção, ainda estamos longe de um modelo que trate com a mesma
importância teoria e prática (GASPARI et. al., 2006). O mesmo ocorre em
relação à interdisciplinaridade, é comum observar nos cursos de formação
disciplinas isoladas, não possibilitando aos alunos a visão conjunta da
importância de todas as disciplinas para sua futura prática, como citado pelo
professor 1.
Em relação aos pontos positivos cada professor citou um ponto
diferente. Entre as respostas estavam: a proximidade com o Departamento de
Educação, o acesso a conhecimentos diferentes (laboratórios de diferentes
áreas) e o comprometimento de alguns professores para com o curso de
graduação, este citado pelos professores 1 e 3. Em relação à atualização, foi
perguntado aos professores se procuram manter-se atualizados, assim como
se têm condições e apoio para fazer o mesmo. Todos responderam que sim.
O professor 1 citou o grande incentivo do mestrado, que o leva a ler
muitas coisas. Outro ponto citado pelo mesmo professor, é que ele trabalha
junto à outra professora formada na mesma turma, o que facilita a troca de
experiências e ajuda de um para com o outro. O professor 4 também citou a
troca de experiência com outros professores formados na mesma turma.
Porém, cita que sua ida em congressos e cursos sempre foi voltada à sua área
de estudo. Cita como apoio uma bolsa que recebe da Secretaria de Educação
do Estado de São Paulo por estar fazendo mestrado, mas diz que destina a
maior parte para área de Fisiologia.
Já os professores 2 e 3 citaram a ida em cursos e congressos. Em
relação às condições e apoio, o professor 2 citou a proximidade da
Universidade, já o professor 3 acha que é uma questão de prioridade para si
próprio.
A questão da atualização é facilitada nesses professores, sendo que
os mesmos se mantêm atualizados, pois estão envolvidos com a Universidade
e/ou pesquisas (como o mestrado), como visto com os quatro professores
observados. A dificuldade de professores experientes se manterem atualizados
é grande, pois estão “fora” da universidade e muito cansados, em sua maioria,
prejudicando na atualização e formação continuada.
O que se observa é a necessidade de realizações de cursos e
congressos voltados para esses profissionais. Uma possibilidade seria uma
mobilização conjunta (escola, professores, universidade, diretoria de ensino,
por exemplo) buscando a atenção desses profissionais para a real necessidade
de se manter atualizado.
Outras
questões
feitas
aos
professores
se
deviam
ao
conhecimento de tais dificuldades enfrentadas na época da faculdade, e se
durante as aulas essas questões foram discutidas. Os professores 1 e 2 citam
que tinham consciência de tais dificuldades, mas em proporções menores. Já o
professor 3 cita que tinha conhecimento, por também estar envolvido desde o
segundo ano da graduação em trabalhos relacionados à escola. O professor 4
cita que não pensava em sua futura prática, tinha uma “pensamento de aluno”,
ou seja, ia para a aula somente para “adquirir conhecimentos teóricos”.
Em relação às discussões das possíveis dificuldades a serem
enfrentadas durante as aulas, o professor 1 cita que existiu principalmente nas
disciplinas pedagógicas, mas que poderiam ter sido mais discutidas. Os
professores 2 e 4 citam a falta de criticas durante as aulas, por parte dos
alunos. As participações eram ótimas, porém as discussões não faziam, na
maioria das vezes, parte das aulas. Já o professor 3 cita que as dificuldades
foram levantadas, porém não há como o curso de formação englobar tudo o
que pode ser enfrentado na prática. Vivências maiores em relação a isso
poderiam ser mais freqüentes durante as aulas, citados pelos professore 1 e 3.
(...) Senti bastante falta de discussões, nas pedagógicas tinha pouco
acho que poderia ter sido mais discutido. A disciplina poderia ser mais voltada
para a prática. Por exemplo, tem disciplina que eu estudei Piaget, meus alunos
não querem saber a vida de Piaget, mas pra mim é importante, então poderia,
nesse caso, ter sido vivenciado um construtivismo aplicado na prática, saber
onde isso pode me ajudar, aonde isso é bom ou ruim, senti falta disso.
(Professor 1)
CONCLUSÃO
As mudanças e dificuldades no campo da Educação Física são
constantes. Porém, há alternativas e possibilidades para garantir a melhoria da
prática dos professores. Como objetivo, o estudo buscou identificar as
dificuldades
encontradas
por
professores
recém-formados.
Algumas
dificuldades comuns a muitos professores foram encontradas nessa pesquisa,
que se deve à indisciplina constante dos alunos e a não participação nas aulas,
vistos principalmente em turmas do Ensino Médio. O que se pode observar
nesse estudo, foi a grande influência que a prática do professor pode trazer,
com uma busca constante de atenção dos alunos, que ocorreu, na maioria das
vezes, por meio de diálogos e acordos. Situações mais difíceis de serem
revertidas se devem à situação em que a escola se encontra, o que reflete no
comportamento dos alunos.
A falta de status da disciplina de Educação Física é comum a
muitos professores. Alunos, direção e professores de outras disciplinas têm
uma visão tradicional da Educação Física, influenciados pela sociedade, devido
à história que a Educação Física possui, o que acaba por dificultar a prática
desses professores, que ao ingressar na escola sentem grandes dificuldades
na implementação de conteúdos diferentes dos tradicionais. Porém, ao mostrar
seu trabalho comprometido, o professor pode, muitas vezes, conquistar a
confiança dos outros professores, direção e alunos podendo assim, melhorar
sua prática, observado nessa pesquisa na prática dos professores.
A falta de espaços e materiais são dificuldades enfrentadas
principalmente por professores da rede pública, que encontram na maioria das
vezes, situações precárias para a boa realização das aulas. A falta de status
que a disciplina de Educação Física enfrenta na escola pode influenciar
bastante esse quadro, já que a atenção da direção e professores está voltada
principalmente
a
outros
assuntos,
destinando
a
verba
para
outras
necessidades. Novamente, o grande comprometimento do professor pode
diminuir consideravelmente o quadro, como visto nessa pesquisa. Reverter o
quadro não é uma tarefa fácil, principalmente em relação aos professores
recém-formados, que não possuem experiência e muitas vezes conhecimento
dos direitos que possuem para uma melhora em sua prática.
Outro ponto favorável à prática do professor se deve ao seu
relacionamento com os alunos e outros professores. A atitude e personalidade
do professor influenciam bastante na relação com seus alunos, assim como a
boa facilidade de comunicação com os mesmos. Foi observado nessa pesquisa
que estar atento aos acontecimentos da escola e principalmente às
características dos alunos (idade dos alunos, problemas específicos), pode
aproximar consideravelmente o professor de Educação Física, alunos e outros
professores.
A implementação de conteúdos diferentes dos tradicionais, nas
aulas de Educação Física, também enfrentam grande resistência por parte dos
alunos, que querem apenas jogar. A falta de apoio da direção pode influenciar
esse quadro, como observado nessa pesquisa.
A formação e atualização profissional auxiliam bastante na prática
do professor, que muitas vezes pode encontrar alternativas para reverter suas
dificuldades. No caso dessa pesquisa, em que todos os professores são
formados na mesma instituição, a formação, de uma forma geral, auxilia
bastante a prática desses profissionais. Mas a constante atualização, citada por
todos os professores observados nessa pesquisa, assim como a troca de
experiências com outros professores também é essencial para a boa prática
profissional. Assim, pode-se concluir que os professores observados nessa
pesquisa conseguem reverter o quadro de algumas dificuldades, por meio de
um trabalho comprometido e integrado à proposta político pedagógica da
escola.
REFERÊNCIAS
BRACHT, V; Educação Física e Ciência: cena de uma casamento (in)feliz.
Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 22, n. 1, p. 53-63, 2000.
DARIDO, S. C; RANGEL, I. C. A; Educação Física na escola: implicações
para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
GASPARI, T. C. et al. A realidade dos professores de educação física na
escola: suas dificuldades e sugestões. Revista Mineira de Educação Física,
Viçosa, v. 14, n.1, p. 109-137, 2006.
MADUREIRA, M, D. O fator emocional e o professor de Educação Física no
início de carreira: é possível que a inteligência emocional seja um instrumento
favorável à melhoria das relações humanas no exercício profissional? Revista
Mackenzie de Educação Física e Esporte, Barueri, n. 5 (especial), p. 83-92,
2006.
Disponível
em:
<http://www.mackenzie.br/editoramackenzie/revistas/edfisica/edfis5nespecial/ar
t09_edfis5nE.pdf>. Acesso em: 26 out. 2007.
MARTINELLI, C. R. et al. Educação Física no Ensino Médio: motivo que levam
as alunas a não gostarem de participar das aulas. Revista Mackenzie de
Educação Física e Esporte, Barueri, n. 5 (2), p. 13-19, 2006. Disponível em:
<http://www.mackenzie.br/editoramackenzie/revistas/edfisica/edfis5n2/art01_ed
fis5n2.pdf.pdf>. acesso em: 26 out. 2007.
RODRIGUES, H. A; DARIDO, S. C. Dificuldades e alternativas observadas
na prática pedagógica de uma professora de Educação Física com
mestrado e as dimensões dos conteúdos. 2006. 56 f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Licenciatura em Educação Física) – Instituto de
Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2006.
Instituição: Universidade Estadual Paulista (Campus de Rio Claro)
Endereço (autor): Avenida Jaguaré, 325 bloco 07 ap. 32 - Jaguaré - São
Paulo-SP
Cep.: 05346-000
E-mail: [email protected]
Download

3) professores de educação física recém-formados