Caso agroquímico
17/05/2014: às 22:40h paciente masculino, 22anos, estudante do Ensino Médio
residente em Centenário do Sul (PR), deu entrada no Hospital Municipal daquela
cidade com história de tentativa de suicídio por ingestão, há cerca de 20 minutos,
de 120mL de Flytion®. Horário da notificação do caso: 23:00h.
18/05/2014 (D1): transferido para o PS/HU/UEL às 01:40h via SAMU (que, no
atendimento de urgência, iniciou a atropinização). Apresentava vômitos, sialorreia,
sudorese, miose e dispneia, PA 140x100, FC 117, sat O2 98% e Tpt de 36,80C.
Orientado pelo CIT/HU a administração de carvão ativado em dose de ataque
(50g), raio X de tórax, eletrocardiograma, hemograma, gasometria arterial,
glicemia,
determinação
da
atividade
da
colinesterase
plasmática
(acetilcolinesterase - AchE), tratamento de suporte e sintomático. No PSM/HU
seguiu com sudorese, sialorreia e miose. CIT orientou recomeçar esquema de
atropina e os mesmos exames da admissão no PS. Às 8:00h paciente
apresentava-se calmo, comunicativo, eupneico, abdome plano e um episódio de
vômito. Em uso de atropina em BIC (25mL/h). Às 17:50h orientado início de
desmame de atropina e observação. Às 21:30h: paciente em BEG, porém referiu
dor epigástrica. Determinação da atividade da AchE plasmática= 604 (VR 700019.000).
19/05/2014 (D2) (2:50h): Retirada atropina pois o paciente referiu dor torácica e
taquicardia sinusal. Orientado que, se o paciente apresentasse sinal/sintoma
muscarínico, fosse readministrada atropina em bolus. Às 9:00h, orientado
continuar com atropina (Ache=534 VR 7000-19000). Solicitada dosagem de
metabólitos de cocaína (segundo informações da família, o paciente é usuário e
pode estar desenvolvendo Síndrome de Abstinência). Às 16:35h aventada
possibilidade de alta (paciente assintomático), porém a atividade da Ache
continuava diminuída. Às 20:30h, paciente evoluiu com discreta sudorese,
sialorreia, taquicardia e dor torácica. Orientada reintrodução de esquema de
atropina (bolus em BIC) e ainda não solicitada dosagem de metabólitos de
cocaína.
20/05/2014 (D3): Às 4:45h paciente com sudorese; reorientada dose de
manutenção de atropina (0,2-0,4mg/h). Às 11:00h paciente apresentou-se agitado,
gemente, difícil comunicação, dor precordial e em uso de atropina. Às 15:45h:
devido à incompatibilidade entre o quadro clínico e os resultados da atividade
enzimática, solicitada nova análise laboratorial (determinação da atividade das
colinesterases total, plasmática e eritrocitária). Às 19:50h paciente em REG,
gemente, queixa de dor torácica, ECG e enzimas normais. Dificilmente abria os
olhos e quando examinado pedia que o pai segurasse suas mãos (acompanhado
pela psiquiatria com hipóteses de bipolaridade, transtorno de personalidade e/ou
abuso de drogas). Seguiu em uso de atropina. Mãe relatou que o rapaz há meses
não se alimentava normalmente, que adquiriu o agrotóxico em loja veterinária e o
ingeriu após briga com a mãe e a namorada.
21/05/2014 (D4): Às 10:30h o paciente evoluiu atropinizado, em BEG, porém com
dor abdominal, diarreia, comendo pouco e descorado. A mãe relatou alguns
delírios e que o rapaz dormiu bem à noite. Às 16:20h estava em REG, confuso,
ainda com episódios de delírio e gemente. Atividade das colinesterases
permaneceu alterada (orientada nova solicitação da atividade enzimática).
22/05/2014 (D5): De manhã, paciente em REG, com diarreia e vômito. Endoscopia
revelou esofagite. Prescrito omeprazol. Mantida atropina. Às 15:35h, seguiu em
BEG, corado, hidratado, anictérico, acianótico. Referiu dor epigástrica (sem dor
torácica ou vômitos). Apresentava abdome aumentado, doloroso à palpação e
hipertimpanismo, ativo, comunicativo, arrependido da tentativa de suicídio e
aceitando o tratamento psiquiátrico. Atropina suspensa. Solicitada nova
determinação da atividade das colinesterases. Continua em uso de omeprazol. Às
22:30h estava um pouco confuso, falando sozinho (segundo a psiquiatria o
paciente estaria resistente ao tratamento).
23/05/2014 (D6): paciente referiu cansaço e fome (ainda com eventuais episódios
de vômito e diarreia).
24/05/2014: paciente mostrou-se calmo e comunicativo, com melhora das
náuseas e diarreia e sem outros sintomas ou queixas.
25/05/2014: Paciente recebeu alta às 13:30h.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1) Explicar, sucintamente, o mecanismo de ação do agente tóxico e os
principais sinais e sintomas da intoxicação;
2) Discutir a adequação dos exames laboratoriais solicitados;
3) Correlacionar a evolução clínica com os resultados dos exames
laboratoriais apresentados pelo paciente;
4) Realizar a síntese e o fechamento da discussão do caso clínico.
Exames Laboratoriais
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Caso agroquímico - Toxicologia Clínica