A RESPONSABILIDADE SOCIAL AMBIENTAL E A ADOÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL RESUMO: Nos primórdios das organizações o único objetivo era voltado apenas para a obtenção de lucro sem dar importância à preservação do meio ambiente. Com a evolução comportamental no começo da década de 70 deu-se início a uma maior conscientização sócio-ambiental. Nesse mesmo momento surge a responsabilidade social como um compromisso da organização com a sociedade.Para certificar e normatizar a responsabilidade social e a gestão ambiental criou-se a ISO (Internacional Organization for Standardization) , tendo como objetivo promover e desenvolver normas e padrões que traduzam o consenso dos diferentes países do mundo de forma a facilitar o comércio internacional. Nesse trabalho será analisado normas de gestão ambiental e responsabilidade social, extraindo os benefícios (internos e externos) de um sistema gerencial adquiridos pela aplicação das mesmas. Sendo assim, busca-se sensibilizar os interessados em administração para a importância do uso da gestão ambiental e da responsabilidade social (interna e externa) da organização, estimulando a prática de atividades de proteção ao meio ambiente. PALAVRAS-CHAVE:Sistemas de Gestão Ambiental, Certificação, Abordagem Sistêmica, Responsabilidade Social Ambiental. ABSTRACT: In the early days of organizations the single goal was geared just for profit without giving importance to the preservation of the environment. With behavioral evolution at the beginning of the 1970s been greater socio-environmental awareness. At the same time comes social responsibility as an organization's commitment to society. To certify and normalized social responsibility and environmental management created the ISO (International Organization for Standardization) aiming to promote and develop norms and standards that reflect the consensus of the different countries of the world in order to facilitate international trade. This work will be analyzed environmental management standards and social responsibility, extracting the benefits (internal and external) of a system management acquired by application of the same. Therefore, search-if awareness interested in Government to the importance of the use of environmental management and social responsibility (internal and external) of the organization, encouraging the practice of protection activities on the environment KEY-WORDS: Environmental management systems, certification, a systemic Approach, Environmental social responsibility 1 INTRODUÇÃO O cerne deste trabalho parte da evolução da gestão ambiental seguida da responsabilidade social. Segundo Donaire (1999, p.15), “No princípio as organizações precisavam preocupar-se apenas com a eficiência dos sistemas produtivos”, a idéia das indústrias em obter lucros cada vez maiores e padronizar cada dia mais as atividades dos trabalhadores foi sendo substituída por novas idéias baseadas na sustentabilidade empresarial, tornado-se obsoleta com o passar do tempo. Esta mudança teve início com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo na Suécia em 1972, que salientava a importância das práticas ambientais e das responsabilidades sociais nas empresas. Mas esta Conferência foi somente o “estopim” da evolução comportamental. Em 1992 na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), denominada ECO-92, teve início a era da sustentabilidade ambiental, que se tornou símbolo de produtividade sobre tudo de competitividade nas empresas. Abordagem da atuação social empresarial surgiu no século XX com o filantropismo. Em seguida, com o esgotamento do modelo industrial e o desenvolvimento da sociedade pós-industrial, o conceito evoluiu, passando a incorporar os anseios dos agentes sociais no plano de negócios das corporações (TENÓRIO, 2004. p. 13). Segundo o mesmo autor, além do filantropismo, desenvolveram-se conceitos como voluntariado empresarial, cidadania corporativa, responsabilidade social corporativa e, por último, desenvolvimento sustentável. A partir dos pressupostos conceituais da sociedade pós-industrial em 1950, deu-se início aos estudos da responsabilidade social, mas somente em 1970 com o entendimento de que as empresas estão inseridas num ambiente complexo, onde suas atividades têm impactos e influenciam diversos agentes sociais, os trabalhos desenvolvidos sobre o tema receberam maior destaque. A responsabilidade social surge de um compromisso da organização com a sociedade, em que sua participação vai mais além do que apenas gerar empregos, impostos e lucros. A harmonia com o equilíbrio ecológico, com o crescimento econômico e o desenvolvimento social torna-se uma ferramenta para a sustentabilidade da sociedade e dos negócios dentro de uma empresa responsável e ética que busca o equilíbrio no ecossistema social. As empresas buscam a prática de projetos sociais tendo em vista um reconhecimento pela sociedade e pelo seu público interno e externo, além de obter boa imagem institucional. Através do certificado social as empresas socialmente responsáveis diferenciam-se das não certificadas no sentido de transmitir informações ao consumidor do produto adquirido, valorando assim o mesmo. Dessa forma, Torres (2002) diz que para conquistar um diferencial e obter a credibilidade e aceitação da sociedade e das diversas partes interessadas dentro do universo empresarial, além de novas práticas sociais, as corporações têm buscado certificações, selos e standards internacionais na área social. Entre os exemplos brasileiros mais significativos, estão o 'Selo Empresa Amiga da Criança', conferido pela Fundação Abrinq; o 'Selo Empresa-Cidadã', que é uma premiação da Câmara Municipal da Cidade de São Paulo; e o 'Selo Balanço Social Ibase/Betinho', do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas desde 1998. Na concepção da Corporate Social Responsability apud Vassallo (2000) uma metodologia deve ser seguida para a implementação de uma estratégia de boa cidadania corporativa. A seguir, alguns passo básicos: Desenvolver uma missão, uma visão e um conjunto de valores a serem seguidos. Para que a responsabilidade social seja uma parte integrante de cada processo decisório, é preciso que haja comprometimento explícito das lideranças e dos funcionários com questões como ética nos negócios e respeito a acionistas, clientes, fornecedores, comunidades e meio ambiente. Colocar os valores em prática – é básico. De nada adianta ter um maravilhoso quadro de valores na parede do escritório se eles não são exercitados e praticados a cada decisão tomada. Promover a gestão executiva responsável – esse é um exercício diário e permanente. É preciso fazer com que cada executivo leve em consideração os interesses de seus subordinados antes de tomar qualquer decisão estratégica. Comunicar, educar e treinar – as pessoas só conseguirão colocar valores de cidadania corporativa em prática se os conhecerem e souberem como aplicálos no dia-a-dia. Publicar balanços sociais e ambientais – elaborados por especialistas e auditores externos, eles garantem uma visão crítica de como acionistas, funcionários, organizações comunitárias e ambientalistas enxergam a atuação da empresa. Usar sua influência de forma positiva – o mundo corporativo é formado por uma grande rede de relacionamentos. Use os valores cidadãos de sua empresa para influenciar a atuação de fornecedores, clientes e companhias do mesmo setor. 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O procedimento metodológico utilizado para este trabalho pode ser classificado como o da pesquisa exploratória, pois para GIL (2002, p. 41), estas pesquisas tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Ainda este trabalho tem a forte conotação de uma pesquisa bibliográfica, pois foi realizada com apoio em material já formado. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente GIL (2002, p.45) 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Como resposta a esse processo de evolução da gestão ambiental e da responsabilidade social criou-se, em 1972, a ISO 14000 que, segundo Oliveira (2005), compreende uma série de padrões, internacionalmente reconhecidos, por estruturar o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) de uma organização e o gerenciamento do desempenho ambiental. As empresas que almejam implementar o SGA necessitam investir tempo para o planejamento, envolvendo todos da organização no seu próprio processo. A ISO 14000 promove também a proteção dos empregados, através do cumprimento de todo a legislação e regulamentos. As organizações que implantam a ISO 14000 em sua administração alcançam um nível de competitividade superior às demais concorrentes, pois os consumidores dão prioridade aos produtos que interagem com os interesses da sociedade. Devido à aplicabilidade das iniciativas das empresas, leis mais rígidas foram criadas a fim de conscientizar as empresas da importância da preservação ambiental sob penalidade. Devido à ênfase no assunto foi criada em seguida a ISO 14001, que de acordo com Oliveira (2005), "é um processo de gerenciamento das atividades da companhia que têm impacto no ambiente". Além destes conceitos, Oliveira (2005), cita algumas características importantes da ISO 14001: Compreensão: todos os agentes envolvidos “stakeholders” participam na proteção do meio ambiente (os clientes, os funcionários, os acionistas, os fornecedores e a sociedade). São utilizados processos para identificar todos os impactos ambientais. Toda e qualquer tipo de empresa poderá utilizar a norma ISO 14001, tanto organizações industriais, como organizações prestadoras de serviços, de qualquer porte ou ramo de atividade. Pro - atividade: seu foco é na ação e no pensamento pró-ativo, não reagindo a políticas e comandos estabelecidos anteriormente. Norma de sistêmica: em um único sistema de gestão, esta reforça o melhoramento da proteção ambiental. Contudo a ISO 14001 necessita que as organizações possam desenvolver uma política ambiental com um compromisso para as necessidades, prevenção de poluição e melhoria continua; conduzir um plano que identifica aspectos ambientais de uma operação e as exigências legais, fixa objetivos e metas consistentes com política e estabelece um programa de gerenciamento ambiental; implementar e operacionalizar um programa que inclua uma estrutura e responsabilidades definida, treinamento, comunicação, documentação, controle operacional, e preparação para atendimento a emergências. Torna-se necessário para que uma empresa que pretende ser certificada pela ISO 14001 passar um processo de cinco etapas que inclui a solicitação do registro; revisão da documentação do SGA; uma revisão preliminar no local; uma auditoria de certificação e a determinação da certificação atual. Esta certificação será avaliada por uma auditoria periodicamente para certificar se todas as conformidades estão de acordo com os padrões da ISO 14001. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo ponderou sobre o progresso do sistema de gestão ambiental, denotando a relevância das organizações praticarem uma visão sistêmica da cadeia produtiva, pois através desta pode-se alcançar o profissionalismo na gestão. De forma similar aos demais sistemas de uma organização, os de Gestão Ambiental procuram alcançar seu progresso na busca pela total eficiência, esta focado neste trabalho e conhecida como a certificação ISO 14.001. Contudo, infelizmente verifica-se que grande parte das organizações se adaptam a esta eficiência de gestão, mas não traduzindo uma situação de retrocesso gestacional. Isto tende a ocorrer devido a alguns motivos a saber: conjuntura atual; clientela; certificação vista apenas como tendência e ao final o fator que mais assola de forma errônea as empresas: os custos. Ainda assim vale a pena destacar os benefícios quando da implantação de uma certificação pela ISSO 14001, este benefícios são internos, mas se estendem externamente para a empresa e que segundo Oliveira (2005) podem ser visualizados da seguinte forma: Internos: melhoria na eficiência das operações com maior retorno nos investimentos; disciplina organizacional; reconhecimento e flexibilidade na legislação; e proteção dos investimentos no SGA. Externos: satisfação das necessidades contratuais;expansão de mercados e da base de clientes;maior competitividade; e melhora da imagem para clientes, fiscalização, funcionários, investidores, comunidade local. Conclui-se que a ISSO 14001 é um certame de extrema importância para as organizações, pois beneficia a empresa e retoma um sistema de gestão ambiental aceitável para a organização bem como para a sociedade. Ainda verifica-se que qualquer empresa, organização ou cadeia de produção precisa evoluir de forma integrada e na opção pela certificação ISO 14.001 há que se pensar em certificação da cadeia produtiva como um todo, pois o progresso da cadeia produtiva deve impreterivelmente acompanhar a sustentabilidade do sistema de gestão ambiental. 5 REFERÊNCIAS DONAIRE, Denis. A internalização da gestão ambiental na empresa. Revista de Administração USP, São Paulo, v.31, n.1, p. 44-51, jan./mar.1996 GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. – São Paulo: Atlas 2002. OLIVEIRA, Marcos Antonio Lima de. Conceitos ISO 14000. Acessado em 18 de março de 2010. On-line. Disponível na Internet http://jasconsultoria.vilabol.uol.com.br/ artigoConceitosISO14000.htm>. TENÓRIO, Guilherme Fernando et al. Responsabilidade social empresarial: teoria e prática. Rio de Janeiro: FGV, 2004. TORRES, C. Quando o social é a diferença. Acessado em 18 de março de 2010. Disponível na internet VASSALLO, C. Um novo modelo de negócios. Guia de boa cidadania corporativa. Revista Exame. São Paulo, n. 728, p.08-11, 2000.