MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE
n. 01-2004 ISSN 1678-8265
RENATA OLIVEIRA MARTINS
A PRÁTICA DO ISO-STRETCHING NA MELHORA DA
PERCEPÇÃO CORPORAL
CASCAVEL
2004
i
ii
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE
n. 01-2004 ISSN 1678-8265
RENATA OLIVEIRA MARTINS
A PRÁTICA DO ISO-STRETCHING NA MELHORA DA
PERCEPÇÃO CORPORAL
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
CURSO DE FISIOTERAPIA DO CENTRO
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE
PARANÁ - CAMPUS CASCAVEL
Orientadora:
Tavares
CASCAVEL
2004
Profª.
Keila
DO
DE
DA
DO
Okuda
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iii
TERMO DE APROVAÇÃO
RENATA OLIVEIRA MARTINS
A PRÁTICA DO ISO-STRETCHING NA MELHORA DA
PERCEPÇÃO CORPORAL.
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do
título graduado em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
............................................................................
Orientadora Profª. Keila Okuda Tavares
Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE
..........................................................................................
Profª. Cristina Diamante
Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE
..........................................................................................
Profª. Karen Andréa Comparin
Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE
Cascavel, 01 de janeiro de 2004.
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iv
Ao meu pai José e minha mãe
Aparecida por acreditarem em
mim, e que cujo amor,
paciência e incentivo deram-me
força constantemente para que
eu pudesse ir em busca desta
vitória.
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v
AGRADECIMENTOS
À Deus, que com sabedoria, sempre guiou os meus passos.
À minha família, o suporte da minha vida.
Ao Alessandro pelo carinho, compreensão e pela força em todos os
momentos.
À minha orientadora e professora Keila Okuda Tavares por ter me transmitido
com muita dedicação seus conhecimentos, pela paciência nos momentos mais
difíceis e por todo o carinho na realização deste.
Ao companheirismo de Thama neste trabalho, que pela sua enorme amizade,
nunca deixou que eu chorasse sozinha. Por fim amiga: Vencemos!!!
Às amizades que aqui foram semeadas, fontes de alegria e conforto.
Ao corpo docente que contribuiu para o engrandecimento da minha pessoa,
não só com o conhecimento científico, mas com a riqueza de suas experiências.
Aos pacientes pela confiança, colaboração e paciência.
À fisioterapeuta Dra. Cristina Lunardeli pela sua grande contribuição e pelo
carinho na realização deste nosso estudo.
Ao Dr. Carlos Palmiro, proprietário da CliniFisio, pela confiança e por nos ter
cedido o espaço físico na realização deste.
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vi
RESUMO
Este estudo teve como objetivos: 1) verificar a eficácia da prática do Iso-Stretching
na melhora da percepção corporal; 2) demonstrar a relação entre as inúmeras
patologias que acometem um indivíduo e os distúrbios da imagem corporal que
estas provocam nos mesmos. Para isto foi colhida uma amostra composta
inicialmente por 7 indivíduos, de ambos os sexos, com idade entre 22 e 52 anos,
tendo como fator de exclusão indivíduos que já tenham sido submetidos ao IsoStretching, Reeducação Postural Global ou Stretching Global Ativo. Porém, apenas 3
pacientes concluíram o tratamento proposto, o qual foi baseado somente na técnica
do Iso-Stretching, e consistiu em um total de 10 sessões, realizadas 2 vezes por
semana com duração de cinqüenta minutos cada. A pesquisa foi realizada no
período de agosto a novembro de 2003, nas dependências da clínica de fisioterapia
CliniFisio de Cascavel. A avaliação dos pacientes foi através da aplicação do teste
de Askevold antes e depois das 10 sessões, que verificou o componente de
percepção de cada um. A análise dos resultados demonstrou que os objetivos
propostos foram parcialmente alcançados. Dos três pacientes que concluíram o
tratamento, um teve uma piora na construção da sua figura final, o que poderia
representar uma piora na sua percepção corporal. Porém, devido a interferência do
estado emocional em pesquisa da imagem corporal, torna-se difícil avaliar a
percepção corporal apenas com o teste de Askevold, pois os resultados dependem
muito do estado psicológico e físico em que se encontra o paciente. Contudo,
observou-se que nos outros dois pacientes houve uma melhora na construção de
suas figuras finais, possivelmente relacionada com a melhora da percepção corporal
com a prática do Iso-Stretching, já que esta técnica desenvolve a conscientização
postural e um maior conhecimento do próprio corpo. O segundo objetivo, não foi
atingido, já que os três pacientes que concluíram o tratamento tinham em comum o
diagnóstico de encurtamento de cadeia posterior.
Palavras Chaves: Iso-Stretching, Percepção Corporal, Imagem Corporal e Teste de
Askevold.
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vii
ABSTRACT
This study had as aims: 1) to verifythe efficacy of the pratice of the Iso-Stretching in
the improvemente of the corporal perception; 2) to demonstrate the relation among
the countlesss patologys that attack individuals and the disturbs of the corporal
image that these provoke them. Therefore it was collected initially a sample
compound for 7 individual for the both Sex, at the age among 22 and 52 years old,
being as a factor of exclusion individuals that already had been submited to IssoStretching, RPG or SGA. However, only 3 patients conclued the treatment
propoused, nich was based only in the techinic of the Iso-Stretching, and consisted in
a total of 10 sessions, realized twice a week in a period of fifty minutes each one. The
research was made from august to november on the year of 2003, in the
dependences of fisiotherapy clinic Clinifisio of Cascavel. The valuation of the patients
was made trough application of the Askevold test before and after of the 10 sessions,
that verifies the compound of perception monstrated. That the aims propused was
partialment obtained. From the three patients that conclused the three patients that
conclued the treatment, one had na aggravation in the construction of your final
figure, what could represent na aggravate in your final figure. However, due to
emotional load in a corporal image research, it becomes difficult to raluate the
corporal perception only with the Askevold test, because the results depends on
psychological and physical condition of the patients had a improvement in the
construction of your final figures, likely related with the pratice of the Isso-Stretching
since this tecnic develops the postural concerning and a better knowledjement of
their own body. The second aim wasn't reached, since the three patients that
conclued the treatment had in common the diagnosis of posterior chain curtailment.
Key Words: Iso-Stretching, Corporal Perception, Corporal Image, Askevold Test.
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viii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS............................................................................................................................................................. v
RESUMO .................................................................................................................................................................................. vi
ABSTRACT ............................................................................................................................................................................. vii
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................................................1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................................................4
2.1 ESTRUTURA DO MÚSCULO ESQUELÉTICO...................................................................................................4
2.1.1 TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES .................................................................................................................8
2.1.1.1 Fibras Brancas Ou Do Tipo II.......................................................................................................................9
2.1.1.2 Fibras Vermelhas Ou Do Tipo I..................................................................................................................10
2.1.2 PROPRIEDADES DO MÚSCULO ESQUELÉTICO ...................................................................................11
2.2 MECANISMO DA CONTRAÇÃO MUSCULAR................................................................................................13
2.3 ALONGAMENTO MUSCULAR..............................................................................................................................17
2.3.1 TIPOS DE ALONGAMENTO ...........................................................................................................................21
2.3.1.1 Alongamento Balístico................................................................................................................................21
2.3.1.2 Alongamento Estático..................................................................................................................................22
2.3.2 BENEFÍCIOS DO A LONGAMENTO.............................................................................................................23
2.4 ISO-STRETCHING......................................................................................................................................................24
2.4.1 CONTRAÇÃO ISOMÉTRICA ..........................................................................................................................25
2.4.2 AUTOCRESCIMENTO ......................................................................................................................................26
2.4.3 TRABALHO RESPIRATÓRIO.........................................................................................................................27
2.4.4 IMPORTÂNCIA DAS CADEIAS MUSCULARES......................................................................................28
2.5 POSTURA ......................................................................................................................................................................31
2.5.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES ..........................................................................................................................31
2.5.2 EQUILÍBRIO POSTURAL................................................................................................................................34
2.5.3 MECANISM O DE REGULAÇÃO DA POSTURA ......................................................................................36
2.5.3.1 Exteroceptores................................................................................................................................................36
2.5.3.2 Interoceptores.................................................................................................................................................37
2.5.3.3 Centros Superiores ........................................................................................................................................39
2.5.4 IMPLICAÇÕES EMOCIONAIS NA POSTURA ..........................................................................................41
2.6 IMAGEM E PERCEPÇÃO CORPORAL................................................................................................................45
3 METODOLOGIA .................................................................................................................................................................50
3.1 AMOSTRA ....................................................................................................................................................................50
3.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO...................................................................................................................................51
3.3 MATERIAIS..................................................................................................................................................................51
3.4 MÉTODOS.....................................................................................................................................................................52
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS.......................................................................................................................................53
5 DISCUSSÃO .........................................................................................................................................................................57
6 CONCLUSÃO ......................................................................................................................................................................60
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................................................61
ANEXO 1- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ................................................................65
ANEXO 2- APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA .....................................................................................................68
ANEXO 3 – FICHA DE IDENTIFICAÇÃO......................................................................................................................69
ANEXO 04 - REPRODUÇÃO DO MODELO NORMAL PROPOSTO POR ASKEVOLD .................................71
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1
1 INTRODUÇÃO
Desde o princípio de nossas vidas o corpo vai armazenando tanto
experiências de satisfação quanto traumáticas, e está sempre em permanente
processo de mudança de acordo com o grau de tolerância a essas diversas
experiências da vida. Essas experiências estão relacionadas a todos os sistemas do
nosso corpo, advindo de percepções, sentimentos e sensações próprias de cada um
(DIEFENBACH, 2003). Desta forma, entende-se que o corpo de um indivíduo é
moldado pelas experiências internas e externas como o nascimento, crescimento,
diferenciação, relacionamentos, reprodução, trabalho e resolução de problemas
(KELEMAN, 1992).
Essa relação entre o corpo e o psíquico, fez com que grandes estudiosos se
interessassem pelo assunto em busca de uma definição para as doenças
psicossomáticas. Assim, foram surgindo várias teorias como a de Richards (1963)
sobre o "protesto corporal", indicando que uma desordem física serve como escape
para as preocupações, desapontamentos e outras dificuldades emocionais (BEHAR
e CORDÁS, 1993).
Baseado neste contexto foi que surgiram termos como imagem corporal e
percepção corporal. A imagem corporal foi definida em 1950 por Paul Schilder como
sendo a figura que formamos do nosso corpo na nossa mente, ou seja, é uma
espécie de "retrato mental" que o indivíduo faz de sua própria aparência física. A
percepção corporal é considerada como sendo a avaliação do próprio corpo, ou
seja, como essa imagem é conhecida pelo indivíduo.
2
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A distorção entre a forma com que o indivíduo vê o próprio corpo e como este
realmente
é,
necessariamente
não
seria
uma
experiência
negativa,
pois
freqüentemente as pessoas se vêem diferente do que realmente são. Porém,
quando se tem uma imagem muito diferente da realidade, isto afeta diretamente no
seu auto cuidado e nas atitudes do dia a dia (PRACIDELLI et al; 2001).
O estresse, depressão, desvalorização do próprio corpo entre outras
sensações exercem uma grande influência na disfunção da imagem corporal. Assim,
torna-se essencial o estudo da percepção, a da consciência que o indivíduo tem do
seu próprio corpo (BEHAR e CORDÁS, 1993). Desta forma, a Fisioterapia utiliza a
noção de imagem e percepção corporal para trabalhar a conscientização do corpo,
de forma a contribuir para a melhora da imagem.
A Fisioterapia trabalha essa conscientização do corpo através de várias
técnicas, uma delas é a de reeducação postural, que se baseia no conceito de que
todo indivíduo é capaz de perceber a postura e o movimento de seu próprio corpo
através da integração do sistema sensorial.
Entre as várias técnicas de reeducação postural, o Iso-Stretching tem um
grande destaque por se tratar de um trabalho global adaptado a qualquer idade.
Criado por Bernard Redondo na França em 1974, o Iso-Stretching, também
chamado de Cinesioterapia do Equilíbrio é uma ginástica postural, que utiliza o
alongamento global a fim de harmonizar as tensões e evitar compensações que
favorecem as alterações da coluna vertebral (REDONDO, 2001).
O método Iso-Stretching se traduz como corretivo, educativo, preventivo,
flexibilizante, tonificante e não traumatizante. Os exercícios são efetuados através de
posturas eretas que são mantidas durante uma expiração longa, ao mesmo tempo
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3
em que se solicita o autocrescimento do tronco, contração isométrica dos
abdominais, glúteos, músculos da coxa e cintura escapular.
O trabalho respiratório é feito com uma expiração forçada e prolongada
durante todas as posturas. A ação deste tipo de respiração sobre o diafragma
proporciona um relaxamento da musculatura acessória a qual está freqüentemente
contraturada, limitando a dinâmica respiratória normal e a expansibilidade
toracopulmonar.
O autocrescimento exigido pela técnica desenvolve o aprendizado do controle
corporal, melhorando o controle da mobilidade e a manutenção do equilíbrio.
Neste estudo justifica-se a prática do Iso-Stretching visando capacitar o
indivíduo a sentir e ativar partes de seu corpo, contribuindo para modificação e
atualização da sua imagem corporal. De acordo com VERDERI, 2002 "é muito
importante a conscientização em relação ao que seria uma postura correta e qual a
melhor maneira de se estar minimizando todo o esforço pelo qual o corpo é
submetido nas infinitas atividades diárias".
Assim, os objetivos deste trabalho incluem:
1. Verificar a eficácia da prática do Iso-Stretching na melhora da percepção
corporal.
2.
Demonstrar a relação entre as inúmeras patologias que acometem um
indivíduo e os distúrbios da imagem corporal que estas provocam nos mesmos.
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4
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 ESTRUTURA DO MÚSCULO ESQUELÉTICO
Os músculos são máquinas moleculares que convertem energia química,
inicialmente derivada do alimento em força. Na histologia, existem três tipos de
músculo: liso, cardíaco e esquelético. Particularmente neste trabalho, será dado
enfoque apenas sobre a musculatura esquelética, já que é ela a grande responsável
pelo controle postural.
Fig. 1 - Estrutura do músculo esquelético
FONTE: POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia do exercício 3ª ed. São Paulo:
Manole, 2000
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A estrutura do músculo esquelético (figura 01) é bastante complexa. Ao
dissecar um músculo, primeiramente secciona-se o tecido conjuntivo externo que o
recobre, denominado de epimísio, que envolve todo o músculo mantendo-o unido.
Ao seccionar o epimísio, observa-se pequenos feixes de fibras envoltas por uma
bainha de tecido conjuntivo, denominados fascículos. A bainha que circunda cada
fascículo é denominada perimísio. Finalmente, seccionando o perimísio, poderá ser
observado com auxílio de uma lupa as fibras musculares, as quais são consideradas
como sendo a célula muscular (WILMORE e COSTILL, 2001).
Todos os músculos esqueléticos do corpo são compostos de numerosas
fibras musculares que variam de dez a cem mícrons de diâmetro. Na maioria dos
músculos as fibras se estendem por todo o comprimento do músculo, sendo cada
uma envolvida por uma bainha de tecido conjuntivo denominada endomísio
(GUYTON, 2002).
Observando cuidadosamente uma fibra muscular (figura 02), nota-se que ela
é envolta por uma membrana plasmática, a qual é denominada sarcolema. Na
extremidade de cada fibra muscular, o sarcolema funde-se com o tendão, o qual se
insere no osso (WILMORE e COSTILL, 2001).
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Fig. 2. Estrutura da fibra muscular
FONTE: POWERS, S. K; HOWLEY, E. T. Fisiologia do exercício. 3º ed. São Paulo: Manole, 2000.
No interior do sarcolema, com auxílio de um microscópio pode-se observar
que uma fibra muscular contém milhares de miofibrilas, as quais são consideradas
os elementos contráteis do músculo esquelético. As miofibrilas são estruturas que
possuem aspecto de bastão e que percorrem toda a extensão das fibras musculares.
Os espaços entre as miofibrilas são preenchidos por uma substância gelatinosa
denominada de sarcoplasma. Ele é a parte líquida da fibra muscular, sendo
constituído principalmente de proteínas, minerais, glicogênio e gorduras dissolvidas,
além de organelas necessárias. O sarcoplasma difere do citoplasma da maioria das
células por conter uma grande quantidade de glicogênio armazenada.
Ainda no sarcoplasma existe um extenso retículo endoplasmático, que na
fibra muscular é chamado de retículo sarcoplasmático. Esse retículo tem uma
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7
organização especial sobremodo importante no controle da contração muscular, pelo
fato de servir como local de armazenamento de cálcio. O retículo sarcoplasmático é
composto de dois tipos de tubos distintos e separados denominados de túbulos
transversos ou em T, e túbulos longitudinais. Cada túbulo longitudinal termina numa
cisterna em forma de bulbo, de localização adjacente a um túbulo em T muito
pequeno, em corte transversal (GUYTON, 2002). Os túbulos T fornecem os meios
de comunicação entre o exterior da fibra muscular e suas porções mais internas,
passando lateralmente através da fibra muscular, sendo interconectados quando
passam entre as miofibrilas, permitindo que os impulsos nervosos recebidos pelo
sarcolema sejam rapidamente transmitidos às miofibrilas (WILMORE e COSTILL,
2001).
Como citado anteriormente, cada fibra muscular contém milhares de
miofibrilas, e essas se organizam em longas faixas de subunidades ainda menores
denominadas de sarcômero.
Ao observar uma miofibrila ao microscópio eletrônico, pode-se diferenciar dois
tipos de pequenos filamentos protéicos que são responsáveis pela contração
muscular. Os filamentos mais finos são de actina e os mais espessos são de
miosina. A banda I (clara) indica a região do sarcômero onde existem apenas
filamentos de actina. A banda A (escura) representa a região que contém tanto
filamentos de miosina quanto filamentos de actina. A zona H é ocupada somente por
filamentos de miosina, a ausência de filamentos de actina é que faz com que a zona
H pareça mais clara do que a banda A. O fato da zona H ser somente visível quando
o sarcômero se encontra relaxado, é porque quando ele se encurta durante a
contração os filamentos de actina são puxados para essa zona, fazendo com que
ela tenha o mesmo aspecto que o restante da banda A.
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Cada molécula de miosina é composta por dois filamentos protéicos
retorcidos conjuntamente. Uma extremidade de cada filamento é envolta numa
cabeça globular denominada cabeça da miosina. Ainda existe um conjunto de
filamentos finos, compostos por titina, que estabiliza os filamentos de miosina no
eixo longitudinal.
Cada filamento de actina possui uma extremidade inserida numa linha Z, com
a extremidade oposta se estendendo em direção ao centro do sarcômero, no espaço
entre os filamentos de miosina. Cada filamento de actina contém um sítio ativo ao
qual a cabeça da miosina pode se ligar. O filamento de actina na realidade é
composto por três moléculas protéicas diferentes: actina (forma a estrutura do
filamento), tropomiosina (proteína em forma de tubo que se retorce em torno dos
filamentos de actina) e a troponina (proteína mais complexa que se fixa em
intervalos regulares, tanto aos filamentos de actina quanto aos de tropomiosina). A
tropomiosina e a troponina atuam em conjunto de uma maneira intrincada com os
íons cálcio para manter o relaxamento ou iniciar a ação da miofibrila (GUYTON,
2002).
2.1.1 TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES
O músculo esquelético não é apenas um grupo homogêneo de fibras com
propriedades metabólicas e funcionais semelhantes. Apesar de ter existido
considerável confusão acerca do método e da terminologia para classificar o
músculo esquelético humano, foram identificados e classificados em dois tipos
distintos de fibras por suas características contráteis e metabólicas (MCARDLE e
KATCH, 1998).
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2.1.1.1 Fibras Brancas Ou Do Tipo II
Essas fibras musculares possuem contração rápida tendo uma alta
capacidade para a transmissão eletroquímica dos potenciais de ação, um alto nível
de atividade de miosina ATPase, um nível rápido de liberação e captação do cálcio
pelo retículo sarcoplasmático e um alto nível de renovação das pontes cruzadas,
características essas que se relacionam com sua capacidade de gerar energia
rapidamente para produzir contrações rápidas e vigorosas.
Estes tipos de fibras dependem essencialmente do sistema glicolítico bem
desenvolvido para a transferência de energia. Em geral, essas fibras são ativadas
nas atividades explosivas e rápidas, assim como em outras contrações musculares
vigorosas, que dependem quase que inteiramente do metabolismo anaeróbio para a
produção de energia (WILMORE e COSTILL, 2001).
Nos seres humanos, existem subdivisões da fibra de contração rápida. A fibra
tipo Iia é considerada intermediária, pelo fato de sua velocidade de contração rápida
estar combinada com uma capacidade moderadamente bem desenvolvida para a
transferência de energia tanto aeróbica quanto anaeróbica. Essas são as fibras
rápidas-oxidativas-glicolíticas. Outra subdivisão, ou fibra tipo Iib, possui o maior
potencial aeróbico e constitui a verdadeira fibra rápida glicolítica (MCARDLE e
KATCH, 1998).
As fibras brancas tendem a hipotonia e à fraqueza com o envelhecimento,
com a hipoatividade e com o surgimento de doenças neuromusculares (JUNIOR,
2002)
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Recomenda-se o treino de força para fortalecer as fibras brancas, mas devese evitar reforçá-las se estiverem com encurtamento, podendo, nessa condição, a
força ser mais um mecanismo causador do encurtamento.
São exemplos de músculos com predominância de fibras brancas: rombóide,
trapézio, tríceps braquial, fibulares, tibial anterior, vasto medial e lateral, reto do
abdome, glúteo, gastrocnêmio, entre outros.
2.1.1.2 Fibras Vermelhas Ou Do Tipo I
São fibras de contração lenta que geram energia para a ressíntese de ATP
predominantemente por meio do sistema de transferência de energia aeróbica de
ação relativamente longa. Elas se caracterizam por um baixo nível de atividade de
miosina ATPase, por uma menor velocidade de contração e por uma capacidade
glicolítica menos desenvolvida que suas congêneres de contração rápida.
Entretanto, as fibras de contração lenta contêm mitocôndrias relativamente
volumosas e numerosas. É essa concentração de mitocôndrias, combinada com os
altos níveis de mioglobina, que confere às fibras de concentração lenta sua
pigmentação vermelha característica. Acompanhando o seu maquinismo metabólico
mais aprimorado, existe uma alta concentração de enzimas mitocondriais
necessárias para sustentar o metabolismo aeróbico (MCARDLE e KATCH, 1998).
O perimísio da fibra vermelha é mais denso, e tende à hipertonia na presença
de doenças neuromusculares, envelhecimento e estilo de vida pouco ativo.(JANDA
1996, apud JUNIOR, 2002). Esses tipos de fibras em geral são menores, localizamse na região intramuscular mais profunda e possuem uma alta resistência à tensão e
um baixo potencial de deformação plástica (JUNIOR, 2002).
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O baixo limiar de excitação faz com que as fibras vermelhas fiquem quase
permanentemente em contração. Elas mantêm-se ativas durante várias horas do dia,
principalmente para o controle da postura. Assim, posturas incorretas e tensões
musculares mantidas podem levar ao surgimento de nódulos, encurtamento e dor
aos sistemas musculares.
São exemplos de músculos com predominância de fibras vermelhas: sóleo,
tibial posterior e anterior, reto femoral, iliopsoas, peitoral maior, piriforme, eretor da
espinha, isquiotibiais, quadrado lombar entre outros.
2.1.2 PROPRIEDADES DO MÚSCULO ESQUELÉTICO
O músculo esquelético é muito resistente e pode ser alongado ou encurtado
em velocidades bastante altas sem que ocorram grandes danos ao tecido. O
desempenho da fibra muscular em situações de velocidade e carga variáveis é
determinado
por
quatro
propriedades
do
tecido
muscular:
irritabilidade,
contratilidade, extensibilidade e elasticidade (JUNIOR, 2002).
A irritabilidade é a capacidade para responder à estimulação. Em um
músculo, a estimulação é feita por um neurotransmissor químico. O tecido muscular
esquelético é um dos tecidos mais sensíveis e responsivos do corpo. Como um
tecido excitável, o músculo esquelético pode ser recrutado rapidamente com
siginificante controle sobre quais e quantas fibras musculares serão estimuladas
para um movimento (HAMILL e KNUTZEN, 1999).
A contratilidade é a capacidade que um músculo tem para "encurtar-se"
quando o tecido muscular recebe estimulação suficiente. A distância que o músculo
se encurta é geralmente limitada pelas restrições físicas do corpo. Por exemplo, o
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sartório pode encurtar-se mais da metade de seu comprimento se for removido e
estimulado em uma situação de laboratório, porém, no corpo, a distância de
encurtamento é restringida pela articulação do quadril e pelo posicionamento do
tronco e da coxa.
A extensibilidade é a capacidade que o músculo tem para encompridar-se ou
alongar-se além do comprimento de repouso. O músculo sozinho não consegue
produzir alongamento, outro músculo ou força externa são necessários. A
extensibilidade do músculo é determinada pelo tecido conectivo encontrado no
perimísio, epimísio e nas fáscias.
A elasticidade é a capacidade da fibra muscular para retornar ao seu
comprimento de repouso depois que a força de alongamento do músculo é
removida. A elasticidade do músculo é determinada principalmente pelo tecido
conectivo dentro do músculo que pelas próprias fibrilas. As propriedades de
elasticidade e extensibilidade são mecanismos de proteção no músculo que mantêm
a integridade e o comportamento básico do músculo.
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2.2 MECANISMO DA CONTRAÇÃO MUSCULAR
Um neurônio motor individual, juntamente com o seu axônio e todas as fibras
musculares que são inervadas por esse neurônio, compreendem a unidade motora.
Existem vários tipos de neurônios motores, a maioria se não todos, são de
classificação A, alfa. Os comandos motores são transportados a partir dos corpos
celulares neuronais em fibras nervosas periféricas e são a seguir transmitidos
através da junção neuromuscular - a sinapse entre o nervo e o músculo (SMITH;
WEISS e LEHMKUHL, 1997).
Todas as fibras musculares dentro de uma dada unidade motora contraem-se
ou relaxam-se quase simultaneamente; sendo quase impossível que algumas fibras
musculares de uma unidade motora se contraiam enquanto outras fibras da mesma
unidade são relaxadas. Quando um nervo ativa as fibras musculares de uma
unidade motora suficientemente para que as fibras musculares contraiam-se, essas
fibras se contrairão maximamente. O princípio descrito é conhecido como lei do tudo
ou nada. A lei, no entanto, aplica-se apenas a unidades motoras individuais.
A contração do músculo esquelético é voluntária e controlada pelas vias
motoras no sistema nervoso central. O estímulo que produz contração pode ser
elétrico, mecânico, químico ou térmico. O estímulo usualmente é de origem química,
origina-se no sistema nervoso e é conduzido a cada fibra muscular por uma fibra
nervosa. O início e a execução da contração muscular ocorrem em etapas
seqüenciais: (GUYTON, 2002)
1º. Um potencial de ação dirige-se ao longo de um nervo motor, até suas
terminações nas fibras musculares.
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2º. Em cada terminação, o nervo secreta pequenas quantidades de uma
substância neurotransmissora chamada acetilcolina.
3º. A acetilcolina atua sobre áreas localizadas da membrana da fibra
muscular, para abrir múltiplos canais de sódio, os quais se dirigem para o interior da
membrana da fibra muscular.
4º. Os íons sódio ao penetrarem na membrana desencadeiam um potencial
de ação na fibra muscular.
5º. O potencial de ação propaga-se ao longo da membrana da fibra muscular
da mesma maneira que os potenciais de ação se propagam ao longo das
membranas neurais.
6º. O potencial de ação despolariza a membrana muscular, e grande parte da
eletricidade do potencial de ação também se propaga profundamente para dentro da
fibra muscular. Então, o retículo sarcoplasmático é induzido a liberar grande
quantidade de íons cálcio que haviam sido armazenados dentro dele.
7º. Os íons cálcio geram forças atrativas entre os filamentos de actina e
miosina, fazendo com que cada um deles deslize ao longo dos demais,
caracterizando o processo contrátil.
8º. Após uma fração de segundo, os íons cálcio são bombeados de volta para
o retículo sarcoplasmático, por uma bomba de cálcio da membrana, permanecendo
armazenados até a chegada de um novo potencial de ação do músculo. Essa
remoção de íons cálcio das miofibrilas é responsável pela cessação da contração
muscular (GUYTON, 2002).
O processo de contração torna-se muito mais complexo quando se trata do
que ocorre dentro de um sarcômero, onde a teoria de deslizamento dos filamentos
(figura 03) tem sido utilizada como explicação para o encurtamento do mesmo.
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Acredita-se que, no estado relaxado, as moléculas de tropomiosina repousem
sobre os sítios ativos dos filamentos de actina, impedindo ou enfraquecendo a
ligação das cabeças da miosina. Como a tropomiosina normalmente oculta os sítios
ativos, ela bloqueia a atração entre a ponte cruzada da miosina e o filamento de
actina. No entanto, quando ela é retirada de cima dos sítios ativos pela troponina e
pelo cálcio, as cabeças da miosina podem se fixar aos sítios ativos dos filamentos de
actina (GUYTON, 2002).
Quando as pontes da miosina são ativadas, elas se ligam fortemente à actina,
resultando numa alteração da conformação da ponte cruzada, a qual faz com que a
cabeça da miosina incline em direção ao braço da ponte cruzada e tracione os
filamentos de actina e de miosina em direções opostas, ocorrendo a denominada
"ligação forte". A tração do filamento de actina sobre o de miosina resulta no
encurtamento do sarcômero e na geração de força (WILMORE e COSTILL, 2001).
Imediatamente após ocorrer a inclinação da cabeça da miosina, ela se separa
do sítio ativo, roda de volta à sua posição original e se fixa a um novo sítio ativo mais
distante ao longo do filamento de actina. Fixações repetidas e ligações fortes fazem
com que os filamentos deslizem entre si dando origem ao termo do filamento
deslizante. Esse processo continua até as extremidades dos filamentos atingirem as
linhas Z. Durante esse deslizamento, os filamentos de actina são trazidos mais
próximos uns dos outros e formam uma protusão na zona H, onde finalmente, eles
se sobrepõem.
O deslizamento simultâneo de muitos sarcômeros em série cria uma alteração
do tamanho e força do músculo. A quantidade de força que pode ser desenvolvida
no músculo é proporcional ao número de pontes transversas formadas. Pelo
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encurtamento
de
muitos
sarcômeros,
é
criado
um
movimento
real
pelo
desenvolvimento de tensão que percorre todo o músculo (JUNIOR, 2002).
Fig. 3 Teoria da contração do filamento deslizante
FONTE: POWERS, S. K. ; HOWLEY, E. T. Fisiologia do exercício. 3º ed. São Paulo: Manole, 2000.
17
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2.3 ALONGAMENTO MUSCULAR
Desde a antigüidade, o alongamento e o desenvolvimento da flexibilidade têm
sido utilizados para atingir vários objetivos. De acordo com Egan (1984), a origem da
flexibilidade como um método de treinamento é desconhecido. Contudo, imagina-se
que os antigos gregos usaram algum tipo de treinamento de flexibilidade que
permitia que eles dançassem, realizassem acrobacias e lutassem com grande
facilidade. Além disso, o treinamento de flexibilidade foi incorporada nos três tipos de
ginástica grega: a profilática , a terapêutica, e a atlética (ALTER, 1999).
O conhecimento sobre o alongamento adequado e de como ele deve ser feito
ainda é pouco perfundido entre as pessoas, isto porque muitos profissionais
ensinam a filosofia de que para fazer bem, o alongamento deve gerar dor. O que
precisa ser transmitido é que o alongamento é benéfico e potencialmente agradável.
O alongamento é um termo geral utilizado para descrever qualquer manobra
terapêutica
elaborada
para
aumentar
o
comprimento
de
tecidos
moles
patologicamente encurtados e desse modo aumentar a amplitude de movimento
(KISNER e COLBY, 1998). Segundo JUNIOR (2002), o alongamento pode ser
considerado um exercício físico que pode manter ou aumentar a capacidade motora
de flexibilidade.
Para uma melhor compreensão sobre o mecanismo do alongamento é
necessário primeiramente o conhecimento de alguns conceitos que interferem de
alguma forma neste processo, são eles: a elasticidade, plasticidade e flexibilidade.
A elasticidade, como já citada anteriormente, é uma propriedade muscular
dependente dos componentes elásticos em série (tendões) e os em paralelo
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(fáscias). Esta propriedade fornece aos tecidos a capacidade de retornar a sua
forma ou tamanho original quando uma força é removida.
O alongamento elástico é otimizado pela alta força e pela curta duração em
temperaturas normais ou mais frias que as temperaturas do tecido normal.
A
plasticidade é a propriedade de um material para deformar-se
permanentemente quando é sobrecarregado além de sua amplitude elástica.
Consequentemente, não há tendência para recuo elástico ou recuperação. Por isso,
é de grande importância a aplicação de um programa de exercícios de alongamento
adequado, para que assim possa criar uma deformação benéfica para o indivíduo.
O alongamento plástico é mais provável de ser produzido pelo alongamento
de baixa força e longa duração em temperaturas elevadas, seguido pelo
resfriamento do tecido antes de aliviar a tensão. Logo, o programa de alongamento
ideal para favorecer o aumento na extensão do tecido sem dano deve: aumentar a
temperatura tecidual antes de alongar (através de exercícios que aumentam a
temperatura central do corpo), aplicar força de baixa intensidade, manter a força por
um período prolongado e resfriar o tecido até a temperatura normal antes de liberar
a força de alongamento.
A flexibilidade pode ser definida como a habilidade para mover uma
articulação ou articulações através de uma amplitude de movimento livre de dor e
sem restrições. Ela implica liberdade de movimento e a habilidade de um músculo
para relaxar e ceder a uma força de alongamento (KISNER e COLBY, 1998).
A flexibilidade dinâmica refere-se à amplitude de movimento ativa de uma
articulação, a qual é dependente de uma contração muscular e da quantidade de
resistência que é encontrada dentro do tecido. A flexibilidade passiva é a amplitude
de movimento verificada em graus onde uma articulação pode ser movida
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passivamente através da amplitude de movimento disponível e depende da
extensibilidade dos músculos e tecidos conectivos que cruzam e cercam a
articulação. A flexibilidade passiva é um pré-requisito para a flexibilidade dinâmica,
mas não é suficiente para assegurá-la (TRIBASTONE, 2001).
A flexibilidade é limitada por vários fatores: formato das superfícies articulares;
adesões, contraturas e cicatrizes nos tecidos moles; componentes contráteis;
ligamentos, tendões e fáscia. Pode ainda apresentar outras limitações mecânicas,
tais como excesso de gordura ou de massa muscular (JUNIOR, 2002). O maior
responsável na determinação do grau de flexibilidade é o tecido conjuntivo. Desta
forma, para uma melhor compreensão das adaptações nos tecidos musculares com
exercícios de alongamento, o conhecimento da estrutura básica do tecido conjuntivo
torna-se de grande importância.
O
tecido
conjuntivo
contém
uma
enorme
variedade
de
células
especializadas. Diferentes tipos de células realizam as funções de defesa, proteção,
armazenamento, transporte, ligação, conexão, suporte geral e reparo (ALTER,
1999).
Como todos os tecidos, o conjuntivo é formado por células: os blastos. Estas
células em forma de estrela se comunicam por intermédio de seus prolongamentos
protoplásmicos, não tendo nenhuma atividade metabólica. Sua fisiologia é
unicamente a secreção de duas proteínas: o colágeno e a elastina (BIENFAIT,
1993).
O colágeno é definido como uma proteína de curta duração e que contém
três cadeias de aminoácidos enrolados em uma tripla hélice. Estas fibras se
apresentam possivelmente sem cor ou esbranquiçada. Elas são arranjadas em
feixes e, exceto sob tensão, atravessam um caminho caracteristicamente ondulado.
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As fibras colágenas só são capazes de um leve grau de extensibilidade, contudo,
são muito resistentes ao estresse de tração. Logo, são os principais constituintes de
estruturas como ligamentos e tendões (ALTER, 1999).
O estímulo para a produção de colágeno é a tensão imposta no tecido
conjuntivo. A disposição das fibras colágenas depende do tipo de tensão que é
aplicada. Uma tensão contínua e prolongada promove um alongamento das
moléculas colagenosas, ocorrendo o fenômeno de crescimento. Se a tensão for
curta e repetitiva, as moléculas colagenosas se instalam em paralelo, as fibras
colágenas e os feixes conjuntivos se multiplicam, ocorrendo uma densificação do
tecido, ficando este mais compacto e resistente, porém perdendo progressivamente
sua elasticidade (BIENFAIT, 1993).
A elastina é uma proteína de longa duração e de formação estável, possui
uma estrutura complexa com uma propriedade mecânica de elasticidade devido a
sua composição bioquímica e ao arranjo físico de suas moléculas individuais. Como
o colágeno, a elastina também é composta por aminoácidos. Até onde se sabe,
ainda não é conhecido o fator que provoca a secreção de elastina (ALTER, 1999).
As fibras elásticas cedem facilmente ao alongamento. Contudo quando
liberadas, elas retornam para seu tamanho inicial. Somente quando as fibras
elásticas são alongadas até aproximadamente cento e cinqüenta por cento de seu
comprimento original, elas alcançam seu ponto de quebra.
O espaço livre entre as células conjuntivas é ocupado por aquilo que a
anatomia chama de "substância fundamental". Esta substância é um material
transparente, que possui as propriedades de um gel semilíquido. O gel torna-se um
fluido quando feitos movimentos de soltura ou balanceios, recuperando sua forma
viscosa no período de repouso. Assim, as substâncias fundamentais podem servir
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não só como lubrificante dos tecidos para facilitar os movimentos das articulações,
mas também como uma barreira para difusão das bactérias que penetraram no
tecido. Pode servir também como um sistema plástico para diminuir a fricção e o
desgaste entre as fibras colágenas, e ainda como um local para estocar proteínas,
água e íons (JUNIOR, 2002).
Outro elemento da substância fundamental é o líquido lacunar, que ocupa
todos os espaços livres entre os feixes de colágenos e os de elastina. Este líquido é
a linfa intersticial, assim denominada porque é de seu interior que todos os capilares
linfáticos retiram os elementos que vão se transformar em linfa. Trata-se, na
realidade de plasma sangüíneo, sendo um líquido vital (BIENFAIT, 1993).
As células conjuntivas não têm nenhuma atividade metabólica; a linfa ao
contrário, é sede de uma imensa atividade, englobando um grande número de
células macrófagas, o que lhe confere um lugar de primeiro plano nas funções de
nutrição celular e de eliminação.
2.3.1 TIPOS DE ALONGAMENTO
Para facilitar o ganho da flexibilidade, desenvolveram-se exercícios especiais
de alongamento que podem ser amplamente classificados em duas categorias:
balística e estática.
2.3.1.1 Alongamento Balístico
É caracterizado pela repetição de movimentos rápidos e intensos à procura
da máxima amplitude articular, com o propósito de alongar os músculos antagônicos
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que se opõem ao movimento de máxima amplitude. Este tipo de alongamento pode
ser aceito somente quando executado com movimentos suaves, rítmicos e exercidos
lentamente, depois de um alongamento estático e dentro dos limites precisos. Muitas
vezes, o termo dinâmico, rápido, isotônico ou cinético são usados para referir-se a
esse tipo de alongamento. O alongamento balístico ajuda a desenvolver a
flexibilidade dinâmica (TRIBASTONE, 2001).
2.3.1.2 Alongamento Estático
Envolve uma posição que é mantida por um período de tempo e que pode ou
não ser repetida. As qualidades chave do alongamento estático são controle máximo
para manutenção da postura e pouco ou nenhum movimento.
Tradicionalmente, parece haver acordo geral de que o alongamento estático
ou lento é preferível ao alongamento balístico. O alongamento estático foi usado
durante séculos por profissionais de yoga e é comprovado pelo tempo. É baseado
cientificamente e foi comprovada a sua eficácia no aumento da amplitude de
movimento. O alongamento estático requer menos espaço físico e pode ser
realizado em qualquer lugar. Além disso, este tipo de alongamento requer menos
energia, o que provavelmente irá resultar em menos sofrimento muscular e fornecer
alívio mais qualitativo da dor muscular (JUNIOR, 2002).
Este trabalho enfatiza a importância do alongamento estático, dando enfoque
na técnica do Iso-Stretching, que tem se revelado muito útil no âmbito reeducativo,
por meio da recuperação normal da relação muscular tensão-comprimento,
restabelecendo um equilíbrio harmônico funcional entre as cadeias musculares e
proporcionando a tomada da consciência corporal.
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2.3.2 BENEFÍCIOS DO ALONGAMENTO
Um programa de alongamento, quando bem elaborado, pode promover
vários benefícios como:
- Evitar ou eliminar encurtamento musculotendíneo;
- Diminuir o risco de alguns tipos de lesão músculo-articular;
- Aumentar e/ou manter a flexibilidade;
- Eliminar ou reduzir o incômodo de nódulos musculares;
- Aumentar o relaxamento muscular e melhorar a circulação sangüínea;
- Melhorar a coordenação e evitar a utilização de esforços adicionais no
trabalho e no desporto;
- Reduzir a resistência tensiva muscular antagonista e aproveitar mais
economicamente a força dos músculos agonistas;
- Liberar a rigidez e possibilitar melhorar a simetria muscular;
- Evitar e/ou eliminar problemas posturais que alteram o centro de gravidade,
provocando adaptação muscular.
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2.4 ISO-STRETCHING
O método Iso-Stretching foi criado em 1974 na França, por Bernard Redondo,
Cinesioterapeuta do Esporte e vice-presidente da Sociedade Francesa de
Cinesioterapeutas do Esporte. Considerado um método novo e revolucionário, foi
desenvolvido com o intuito de preparar e proteger a musculatura de uma atividade
física postural inadequada, o que pode acarretar compensações, dores, e evolução
de deformidades posturais (PESSOA, 1997).
A técnica visa o fortalecimento dos diferentes grupos musculares que
sustentam o corpo, e o desenvolvimento da consciência das posições corretas da
coluna e da capacidade respiratória (MENEZES, 2002).
O Iso-Stretching é baseado em uma cinesioterapia de equilíbrio que mantém
e controla o corpo no espaço, harmonizando as tensões e evitando as
compensações que favorecem as alterações da coluna vertebral, sendo considerado
desta forma um método corretivo, educativo, preventivo, flexibilizante, tonificante e
não traumatizante (REDONDO, 2001).
Os exercícios são efetuados através de posturas eretas que são mantidas
durante uma expiração longa, ao mesmo tempo em que se solicita o
autocrescimento do tronco, contração isométrica dos abdominais, glúteos, músculos
da coxa e cintura escapular. Estes exercícios devem ser realizados com a atenção e
intensidade máxima que cada praticante pode dar, sendo adaptados às capacidades
do momento de cada um.
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2.4.1 CONTRAÇÃO ISOMÉTRICA
A contração isométrica no Iso-Stretching ocorre de forma estática onde o
encurtamento dos elementos contráteis equilibra o alongamento dos elementos
elásticos que atuam em série. Esse alongamento em série acontece de forma
anárquica: alguns grupos musculares se relaxam outros se contraem, e enquanto
outros se encontram em diferentes graus de contração. Esta coordenação anárquica
proporcionada pelos elementos elásticos em série tem a função de absorver as
diversas tensões (BIENFAIT, 1993).
A musculatura paravertebral profunda tem como função permanente: a
manutenção do equilíbrio do tronco, favorecer da melhor forma a repartição das
pressões sobre os discos intervertebrais e controlar a mobilidade da coluna
vertebral. O seu fortalecimento é realizado através da solicitação de contrações
isométricas com a retificação da coluna associada ao autocrescimento do tronco.
Este trabalho é essencial para um melhor controle do posicionamento e da ação da
coluna e consequentemente para melhora da percepção corporal, além de favorecer
uma descompressão discal através do crescimento e da modificação das curvaturas
em função do posicionamento. A força muscular será desenvolvida pela
continuidade da prática, pelo recrutamento cada vez maior do número de fibras
solicitadas neste trabalho, assim como o aumento do número de sarcômeros, em
função da contração estática (REDONDO, 2001).
A musculatura abdominal tem como função a contenção das vísceras. A sua
pressão sobre as vísceras lhe confere outra função: a função corretiva da lordose
lombar (SOUCHARD, 1989). Portanto, a existência de uma maior pressão abdominal
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e torácica, permite a manutenção da coluna em melhor posição de estiramento
(FELDENKRAIS, 1994).
O Iso-Stretching dá ênfase ao fortalecimento dos músculos abdominais, que
devem ser trabalhados em suas funções: (REDONDO, 2001).
1. Proprioceptiva estática: É trabalhada através da contração isométrica
mantida, principalmente ao nível do reto abdominal que cria uma pressão no sentido
perpendicular a coluna lombar, pois este músculo encontra-se ao lado da
convexidade da coluna lombar, favorecendo a retificação da sua curvatura,
desencadeando uma reação em cadeia de forma ascendente.
2. Rotatória: É desenvolvida pelos músculos oblíquos do abdome, que
contribuem para o equilíbrio tóraco-abdome-pélvico.
3. Respiratória: Desenvolvida durante a expiração forçada que é mantida em
conseqüência da inspiração, aumentando com isso o condicionamento respiratório.
Por fim, a contração isométrica dos glúteos e músculos da coxa auxiliarão a
estabilização
da estática da pelve e a contração da cintura escapular atuará
estabilizando a estática apical da coluna (PESSOA, 1997).
2.4.2 AUTOCRESCIMENTO
O autocrescimento é de grande importância para a correção das curvaturas
fisiológicas, assim como para o aprendizado de como preparar melhor os
movimentos , mantendo o corpo ereto e protegido do relaxamento.
O ganho da flexibilidade através do alongamento e a força obtida pela
contração isométrica permite a coluna alcançar o seu máximo comprimento,
favorecendo o autocrescimento. Entretanto, este só será possível se houver
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harmonia do conjunto bacia-coluna, incrementada pelo fortalecimento dos músculos
abdominais e pela tomada de consciência corporal (REDONDO, 2001).
A pelve tem papel importante no autocrescimento em função de sua posição
no corpo, podendo adotar um posicionamento em anteversão ou retroversão,
possibilitando desta forma os alongamentos; diminuindo a sobrecarga da coluna e o
trabalho dos músculos abdominais. O posicionamento adequado da pelve facilita o
alongamento dos músculos do tronco, com fixação dos membros inferiores.
O Iso-Stretching utiliza-se do endireitamento do corpo, como forma de
rearranjo músculo-esquelético através de posturas estáticas, dando um enfoque
maior sobre a coluna, visto que ela é eixo e ponto de partida para desequilíbrios em
séries de todas as estruturas corporais.
2.4.3 TRABALHO RESPIRATÓRIO
A importância de uma função respiratória regular e eficaz sempre foi
universalmente reconhecida. Segundo a cultura oriental, pelo controle da respiração,
o homem não só alcança um maior domínio sobre o corpo e sobre as emoções,
como tem condições de controlar a energia vital. Para a cultura ocidental, mediante a
respiração se alcança e se mantém o equilíbrio psicofísico (TRIBASTONE, 2001).
A relação entre respiração e a atenção interiorizada é de grande importância,
pois estima-se que a dificuldade em manter a atenção é conseqüência da frágil
capacidade respiratória e da dificuldade em manter uma respiração rítmica e regular.
O trabalho respiratório no Iso-Stretching é realizado através de uma expiração
forçada e prolongada durante todas as posturas. Os exercícios são realizados na
fase expiratória, pois a maior parte dos músculos antigravitacionais situados acima
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da cintura são inspiradores, e cada tentativa de retificação lombar provocará um
bloqueio do diafragma em inspiração.
Durante a fase expiratória há diminuição da tensão sobre as costelas,
músculos intercostais, parede abdominal e fáscia. Essa diminuição na tensão
muscular
será
transmitida
pelos
fusos
musculares
específicos
e
outros
proprioceptores, consequentemente haverá percepção subjetiva de menor estresse
e maior relaxamento. Desta forma, esta fase pode contribuir para relaxar alguns dos
músculos posturais, acessórios da inspiração, tais como: escalenos, peitoral menor e
maior, latíssimo do dorso, serrátil anterior, rombóide, levantador da escápula e o
principal músculo respiratório, o diafragma (JUNIOR, 2002).
Na prática do Iso-Stretching realiza-se a inspiração nasal, evitando o aumento
do volume torácico e a contração do abdome, e a expiração bucal de forma
prolongada.
2.4.4 IMPORTÂNCIA DAS CADEIAS MUSCULARES
Com a evolução da fisioterapia, deixou-se de entender a postura apenas
como harmonia estática e equilibrada dos movimentos, passando para uma
concepção
mais
progressista
dentro
de
uma
visão
globalista
de
suas
desestruturações. Desta forma, apregoa-se hoje, dentro dos procedimentos
fisioterapêuticos para a correção ou para a reestruturação corporal, o conhecimento
das cadeias musculares.
As cadeias musculares são formadas pela organização dos músculos
estáticos que representam dois terços dos músculos humanos. Esta organização
ocorre através de superposições e de junções musculares por meio de aponeuroses.
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Daí se explica o motivo pelo qual quando ocorre uma atividade ou tensão de um
grupo muscular, a conseqüência se faz em todo o conjunto das cadeias.
O método Iso-Stretching se ocupa globalmente da interação entre as cadeias
musculares. Assim, Bernard Redondo, referencia as cadeias musculares por seu
trabalho de contração isométrica e alongamento, referenciando a musculatura
profunda, responsável pela estática e músculos superficiais, com função dinâmica
buscando a correção da postura para a manutenção das atitudes corretas e
facilitação dos gestos.
São conhecidas as cadeias musculares:
1. Cadeia Respiratória: músculo peitoral menor, músculos escalenos (anterior,
médio e posterior), músculos intercostais (externos e internos) e diafragma (porção
esternal, costal e lombar).
2. Cadeia Posterior: músculos da planta do pé (abdutor do hálux, adutor do
hálux, flexor curto do hálux e dos dedos e flexor longo do hálux e dos dedos),
gastrocnêmio, sóleo, poplíteo, semitendíneo, semimembranáceo, bíceps da coxa,
glúteo máximo, músculos da coluna vertebral (iliocostal lombar, torácico e cervical,
músculo longo do pescoço e da cabeça, espinhal do tórax e do pescoço, semiespinhal do tórax, do pescoço e da cabeça, multifídio, rotadores, interespinhais,
intertransversários, esplênio do pescoço e da cabeça.
3. Cadeia Ântero-Interna do quadril: músculo ilíaco, psoas maior e menor,
pectíneo, grácil, adutor magno, adutor curto e longo.
4. Cadeia Anterior do braço:
músculo trapézio, deltóide, coracobraquial,
bíceps do braço, braquiorradial, braquial, pronador redondo, flexor radial do carpo,
flexor ulnar do carpo, flexor superficial e o profundo dos dedos, músculos da região
tenar (abdutor curto e longo do polegar, adutor do polegar, oponente do polegar,
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flexor curto e longo do polegar) e músculos da região hipotenar (flexor curto do dedo
mínimo, abdutor do dedo mínimo, oponente do dedo mínimo, interósseos dorsais,
interósseos palmares e lumbricais).
5. Cadeia Ântero-interna do ombro: músculo peitoral maior, coracobraquial e
subescapular.
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2.5 POSTURA
2.5.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES
Através da evolução, os seres humanos assumiram uma postura bípide,
adquirindo uma maior liberdade com as mãos. Porém, a postura ereta acabou
acarretando uma sobrecarga sobre a coluna e membros inferiores, além de
dificuldades na respiração e no transporte sanguíneo (MAGEE, 2002).
O termo postura pode ser entendido como a posição otimizada mantida com
características automática e espontânea de um organismo em perfeita harmonia
com a força gravitacional, podendo também ser considerado o conjunto de relações
existentes entre um organismo como um todo, e o ambiente que o cerca
(TRIBSTONE, 2001).
Segundo KISNER e COLBY (1998), postura é uma posição ou atitude do
corpo, um arranjo relativo das partes do corpo para uma atividade específica, ou
uma maneira característica de alguém sustentar seu corpo. Para KENDALL (1998),
postura é a posição do corpo que envolve o mínimo de sobrecarga das estruturas,
com o menor gasto de energia para o máximo de eficiência na utilização do mesmo.
De acordo com ENOKA (2000), postura é uma resposta neuromecânica que
se relaciona com a manutenção do equilíbrio e tem como objetivo a manutenção da
estabilidade músculo-esquelética.
Uma definição mais utilizada e aceita no nosso meio é a da Academia
Americana de Ortopedia, definindo a postura como um inter-relacionamento relativo
das partes do corpo, caracterizada pelo equilíbrio entre os ossos, músculos, tendões
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e ligamentos, estruturas que sustentam e protegem o corpo contra agentes externos
ou internos, que de uma forma ou de outra atuam na tentativa de quebrar a
harmonia estática e dinâmica deste equilíbrio (LIANZA, 2001).
Postura correta é a posição na qual um mínimo estresse é aplicado em cada
articulação. Assim, será necessária mínima atividade muscular para manter esta
posição. Qualquer posição que aumente o estresse sobre as articulações pode ser
denominada postura defeituosa. Se um indivíduo possuir músculos fortes e flexíveis,
as articulações adquirem capacidade de mudar de posição facilmente, não
permitindo que estresses se tornem excessivos. Se as articulações forem rígidas, ou
os músculos forem fracos ou encurtados, a postura não pode ser facilmente alterada
para o alinhamento correto, ocasionando estresses, e o resultado pode ser alguma
forma de patologia (MAGEE, 2002).
Não existe uma só postura correta para todos os indivíduos. Para cada
pessoa a melhor postura é aquela em que os segmentos corporais estão
equilibrados na posição de menor esforço e máxima sustentação. Pode-se afirmar
também que a melhor postura é aquela que preenche todas as necessidades do
aparelho locomotor, permitindo que o indivíduo mantenha a posição ereta com
esforço muscular mínimo (LIANZA, 2001).
Vários fatores podem afetar a postura correta: configuração óssea, frouxidão
de estruturas ligamentares, retesamento fascial e musculotendíneo, tônus muscular,
ângulo pélvico (normal é 30º), posição e mobilidade das articulações e aferência e
eferência neurogênicas (MAGEE, 2002).
Existem muitas causas que levam o indivíduo a permanecer em uma má
postura, algumas sendo a níveis posicionais e outras estruturais. O problema
posicional mais comum é o mau hábito postural. Este tipo de postura é muitas vezes
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observado na pessoa que fica em pé ou sentada durante longos períodos de tempo
e começa a relaxar-se e encurvar-se, e que por este motivo começa a apresentar
atitudes compensatórias levando a deformidades posturais e a um quadro álgico.
A maioria dos problemas posturais posicionais são relativamente fáceis de
corrigir. O tratamento tem como principais objetivos: promover o fortalecimento da
musculatura fraca e o alongamento da musculatura encurtada, melhorar a percepção
corporal assim como orientar ao paciente sobre a responsabilidade em manter uma
postura correta quando em pé, sentado e em outras atividades de vida diária.
As más posturas de origem estruturais são resultados de anomalias
congênitas, problemas de desenvolvimento, trauma ou doença. As deformidades
estruturais envolvem principalmente alterações ósseas e, portanto, não são
facilmente corrigíveis sem cirurgia. Entretanto, os pacientes muitas vezes podem
aliviar os sintomas por meio de instrução adequada de cuidado postural.
A postura pode ser distinguida de duas formas: postura estática e a dinâmica.
A postura estática é descrita como sendo o equilíbrio do organismo do homem na
posição parada (em pé, sentado ou parado) em situação que não cause nenhum
dano das estruturas anatômicas responsáveis por tal, e não produza dor quando
essa posição for mantida durante muito tempo. Já a postura dinâmica participa na
realização de todos os movimentos de deslocamento do corpo, sendo então descrita
como sendo o equilíbrio adequado na realização dos movimentos que devem ser
executados sem dor. Na posição adequada de equilíbrio, as vértebras, os discos, as
articulações e os músculos executam essa função com o mínimo de desgaste
(FILHO, 2001).
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2.5.2 EQUILÍBRIO POSTURAL
A postura ereta, estática e dinâmica resulta do equilíbrio entre as forças que
agem no centro de gravidade, e as forças dos grupos musculares antigravitacionais
que se contraem e atuam em sentido contrário (LIANZA, 2001).
A atitude ereta estática com apoio bípede tem mostrado ser impossível, pois
na postura ereta sempre ocorre um leve balanço (ântero-posterior, cerca de quatro
centímetros para frente e quatro centímetros para trás) que necessita de constante
controle e permanente adaptações das estruturas músculo-esqueléticas.
A linha da gravidade se constitui num traçado imaginário interligando pontos
específicos observados no paciente posicionado em pé e lateralmente ao
examinador. Para que um corpo fique estável, ou em equilíbrio, a linha da gravidade
de sua massa precisa passar exatamente no eixo de rotação. As alterações
observadas através da linha da gravidade compõem a abordagem específica e
fundamental no estudo da caracterização postural (LIANZA, 2001).
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Parte do trago , por
diante dos côndilos occipitais;
Tangencia a coluna cervical pela frente;
Passa pelo acrômio;
Passa pela frente da região dorsal;
Cruza a coluna lombar na altura de L2;
Passa por detrás das últimas vértebras
lombares;
Passa por detrás da cavidade cotilóide;
Acompanha o eixo do fêmur;
Passa pela frente do joelho;
Passa pela frente da Tíbia;
Passa pela frente da articulação TíbioTársica;
Cái no cubóide.
Fig. 4 Representação do trajeto da linha da gravidade
FONTE: RODRIGUES, 2002. (www.cdof.com.br)
Assim, as contrações equilibradas da postura, são sensitivas e induzidas pela
força da gravidade. Portanto, o trabalho postural educa as sensações, porque o
sistema muscular é o fiel executor dos impulsos motores estimulados pelas
sensações da gravidade (TRIBASTONE, 2001).
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2.5.3 MECANISMO DE REGULAÇÃO DA POSTURA
Segundo TRIBASTONE (2001), a regulação automática e perfeita da postura
do indivíduo, segundo o Instituto de Posturologia de Paris, baseia-se essencialmente
na elaboração das informações provenientes dos:
2.5.3.1 Exteroceptores
Estão localizados no ouvido interno, nos tecidos cutâneos, nos olhos e planta
dos pés. Têm como função fornecer informações para o indivíduo situar-se em
relação ao mundo.
No ouvido interno os exteroceptores estão situados na pirâmide do osso
temporal, são representados pelos nervos vestibulares, os quais transmitem os
estímulos provocados pelos movimentos da endolinfa, colhidos no nível das máculas
acústicas, do utrículo, do sáculo e das cristas das ampolas dos canais semicirculares
(TRIBASTONE, 2001). Estes exteroceptores são sensíveis à força da gravidade, às
acelerações lineares e angulares, cujas informações são moduladas no nível dos
núcleos vestibulares. Estes sinais contribuem para a manutenção do tônus postural,
para a orientação antigravitacional do corpo e na origem de reações rápidas às
acelerações. Essas reações rápidas visam a estabilização da cabeça ou dos olhos
durante o movimento (ASENCIO; BLANC e CLASILLAS, 2001).
Os mecanorreceptores cutâneos compreendem as terminações nervosas
livres que tem a capacidade de percepção e sensação da dor e as terminações
encapsuladas responsáveis pelo tato, frio, calor e pressão. Estas terminações
encapsuladas recebem nomes especiais: Corpúsculos de Meissner sensíveis pelo
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tato, Corpúsculo Vater Pacini sensíveis à pressão, Corpúsculos de Krause sensíveis
ao frio e os Corpúsculos de Ruffini sensíveis ao calor. Estes receptores transmitem
informações até os músculos através de vias polissinápticas, assim como por vias
leminiscais e extraleminiscais em direção aos centros superiores (GUYTON, 2002).
Os receptores visuais informam sobre o deslocamento da cabeça e do corpo
em relação ao meio ambiente. O movimento esteja ele ligado às oscilações posturais
ou aos deslocamentos, causa sempre conseqüências visuais que correspondem à
sucessão de imagens na retina (ASENCIO; BLANC e CLASILLAS, 2001). Os
estímulos visuais são recebidos pelas células que constituem o estado retínico
profundo (cones e bastonetes) que transmitem aos centros superiores as
informações (TRIBASTONE, 2001).
Por fim, as informações originadas nas plantas dos pés são transmitidas pelos
mecanorreceptores e por sensores proprioceptivos musculares e articulares até o
sistema central. De acordo com a Escola de Posturologia o pé "é o tampão terminal
do sistema postural; o traço de união entre o equilíbrio e o solo". Daí conclui-se que
elas são elementos fundamentais para a regulação do sistema postural (ARNAUD e
CORREA, 2000).
2.5.3.2 Interoceptores
Estão localizados nos fusos neuromusculares, receptores tendinosos e
receptores articulares. Os interoceptores compreendem:
- Receptores Proprioceptivos: estão localizados profundamente nos músculos
esqueléticos, tendões, fáscias, ligamentos e cápsulas articulares. Dão origem a
impulsos proprioceptivos conscientes e inconscientes. Os primeiros atingem o córtex
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cerebral permitindo perceber a posição do corpo e suas partes, bem como a
atividade muscular e movimentos articulares, são portanto, responsáveis pelo
sentido de posição e movimento. Os impulsos inconscientes não despertam
nenhuma sensação, sendo utilizados para a regulação reflexa da atividade muscular
através do reflexo miotático (FILHO, 2001).
Desta forma estes últimos receptores proprioceptivos pertencem aos fusos
neuromusculares e aos órgãos musculotendinosos de Golgi. No fuso neuromuscular
os interoceptores são responsáveis pelo reflexo miotático, ou seja, pela contração
reflexa do músculo em resposta ao aumento do comprimento muscular. Os
receptores tendíneos de Golgi são, ao contrário, transdutores fisiológicos que
medem a força de contração muscular. Estes são considerados um mecanismo de
proteção, pois quando se desenvolve uma tensão excessiva em um músculo, estes
órgãos são acionados, inibindo a atividade dos motoneurônios, diminuindo a tensão
no músculo (KISNER e COLBY, 1998).
- Mecanorreceptores articulares: são estruturas capsuladas para proporcionar
uma maior capacidade de condução. São divididos em quatro tipos:
•
Tipo I - são de condução lenta. Encontrados nas articulações dos membros,
articulações apofisárias da coluna e articulação temporomandibular. Ao nível
dos membros distribuem-se mais nas articulações proximais e na coluna
seguem o sentido cefálico. Sua estimulação transmite mensagem até o córtex
dando origem à sensação consciente de posição espacial dos segmentos na
postura estática e registra a duração, amplitude e velocidade do movimento
articular (ARNAUD e CORREA, 2000).
•
Tipo II - também de condução lenta, encontram-se na cápsula de todas as
articulações, mas predominam nas distais.
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•
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Tipo III - são encontrados nos ligamentos, sendo acionados quando a
articulação entra em movimento.
•
Tipo IV - são terminações nervosas não capsulares. Encontram-se nos
membros, nas articulações das apófises da coluna e na articulação
temporomandibular. São receptores de dor, e só são ativados quando ocorre
uma deformação mecânica, tensão ou irritação química.
2.5.3.3 Centros Superiores
Compreendem os núcleos vestibulares, gânglios da base, cerebelo, formação
reticular, lobos frontais, colículo superior e corpo caloso. Funcionam como
computador central que recebe informações de todos estes receptores acima
mencionados.
Os núcleos vestibulares recebem informações do ouvido interno, contribuindo
para determinar a orientação espacial; para comandar com aferência proprioceptiva
e visível, intermediando pelas vias vestíbulo-espinhais o tônus postural adequado e
mantendo a correta posição dos olhos durante os movimentos da cabeça
(TRIBASTONE, 2001).
Os gânglios da base são estruturas que funcionam interferindo no tônus
muscular, durante diferentes automatismos de forma ascendente estimulando a
atividade cortical (ARNAUD e CORREA, 2000).
O cerebelo tem função essencial no ajuste dos movimentos rápidos, sendo
ele e os lobos frontais os maiores responsáveis pelo equilíbrio. Além disso, os lobos
frontais também intervêm na regulação da marcha e dos esquemas pré-motores.
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O colículo superior controla os movimentos dos olhos por um trabalho
sinérgico direito/esquerdo. O corpo caloso é composto por estruturas interhemisféricas responsáveis pela transferência de informações armazenadas a uma
determinada área cortical, para uma área homóloga contralateral. Portanto,
informações somestésicas e visuais, também passam por estas vias possibilitando
um bom sinergismo direito/esquerdo.
Todas as estruturas acima relatadas quando intactas e funcionando de forma
integrada, permitem ao indivíduo realizar o seu "endireitamento" através dos reflexos
posturais. Esses reflexos embora descritos de forma independente, podem agir
simultaneamente, dependendo da situação, com maior ou menor grau de
intensidade. Segundo LIANZA (1995), são descritos cinco tipos de reflexos:
1. Reflexo de endireitamento labiríntico: condicionado durante o crescimento
com finalidade de coordenação motora e equilíbrio dos movimentos utilizados pelos
aparelho locomotor.
2. Reflexo de endireitamento corporal sobre a cabeça: regula a colocação do
corpo no espaço independente de seu movimento.
3. Reflexo de endireitamento do pescoço: mantém a cabeça posicionada na
tentativa de regular sua postura estabilizada para a atividade executada.
4. Reflexo de endireitamento sobre o corpo: atua na procura do encontro do
equilíbrio das ações dos segmentos corpóreos.
5. Reflexo de endireitamento óptico: utiliza a visão para conduzir o movimento
dentro dos limites normais de equilíbrio postural.
Desta forma, constata-se que o controle postural é fruto de uma interação
sensorial entre exteroceptores, interoceptores e centros superiores aliados aos
reflexos de endireitamento. Assim, qualquer alteração que ocorrer, impedindo esta
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interação, acarretará maus hábitos posturais os quais são caracterizados por
modificações funcionais reversíveis e que provocam um desequilíbrio dinâmico,
reduzindo a eficiência do movimento (TRIBASTONE, 2001).
Todo esse complexo sistema de regulação postural permite ao indivíduo
consciência perceptiva da posição do corpo na postura estática, assim como em
movimento, chamadas respectivamente de sensação postural e cinestesia. Assim,
pode-se dizer que as sensações posturais e a cinestesia são experiências
perceptivas das quais o indivíduo está consciente. Portanto, com o trabalho postural
feito pelo Iso-Stretching é possível adquirir uma melhora dessa consciência, basta o
indivíduo efetuar as posturas de forma correta e com o máximo de atenção.
2.5.4 IMPLICAÇÕES EMOCIONAIS NA POSTURA
De acordo com CAILLIET (1998), a postura tem total relação com a emoção
do indivíduo, pois ela corresponde a "uma representação somática das emoções
internas; uma linguagem orgânica, uma expressão emocional, uma exteriorização
postural dos sentimentos anteriores".
Assim, a postura é considerada uma verdadeira e própria forma de
linguagem, uma vez que cada um se move assim como se sente: por exemplo, uma
pessoa cansada e deprimida apresenta ombros arqueados, o dorso encurvado, o
colo deprimido, as pernas semifletidas. Uma outra situação é a da postura
hiperlodótica, na região lombar, que evidencia uma tentativa de busca de respeito.
Foi observado que pessoas angustiadas, deprimidas ou tensas têm uma tendência
maior de apresentar dores na coluna, isto porque têm uma postura viciosa e seu
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modo de viver está relacionada com atitudes mentais incorretas (TRIBASTONE,
2001).
A postura exprime o que experimenta um organismo na situação atual e
como ele a vive. É, por este motivo uma resposta global de acomodação a certo
ambiente, uma correlação entre os aspectos corporais e mentais do comportamento
(FREITAS; GORENSTEIN e APPOLINARIO, 2002).
O principal fator que interfere na postura é o tônus muscular, que não é
somente a base da acomodação postural, mas também a expressão das emoções e
dos movimentos ou atitudes. De certa forma, a postura exprime a maneira pelo qual
o organismo enfrenta os estímulos do mundo exterior e se prepara para reagir a eles
(ASENCIO; BLANC e CLASSILAS, 2001).
A análise das expressões posturais pode ser aplicada à teoria genética dos
três cérebros (Mclean, 1964): o cérebro reptiliano, o cérebro límbico e o cérebro
cortical.
O cérebro reptiliano, constituído pela substância reticular e núcleo estriado
participa do controle do nível de atenção e recebe inúmeras informações posturais.
Ele intervém nas posturas características da atenção e do relaxamento, da
sonolência e do sono. É possível que ele também esteja implicado nas atitudes de
medo e agressividade (GAGEY e WEBER, 2000).
O cérebro límbico está relacionado com as atitudes de carinho, de prazer e
repouso. É nesse nível que ocorre a fusão dos dados oriundos do meio interno (do
espaço relacional, informações sensoriais e da memória das experiências
emocionais). Essa "fusão límbica" exprime, à sua maneira, que não se pode
encontrar qualquer situação emocional característica. Observa-se, portanto, que a
fusão das informações posturais permanece essencialmente fora da consciência.
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O cérebro cortical representado pelo córtex frontal, parietal, temporal e
occipital, recebe informações posturais vestibulares e proprioceptivas transmitidas
pelo tálamo. Estão diretamente relacionados com o controle visual do equilíbrio, que
pode ser um ato voluntário. É dessa forma que o aprendizado e a vontade
participam diretamente da estruturação do sistema postural e do equilíbrio para
dominar todas as condições difíceis, particularmente a apreensão do perigo e o
estresse da altura. A conquista pelo homem do espaço atual no qual ele se
movimenta é, em suma, a todo o momento, o aprendizado que permite uma
adaptação aperfeiçoável e uma automatização de seus movimentos, deixando à
vontade o cuidado de tratar as situações novas, difíceis, perigosas ou excepcionais.
Assim, são muitas as situações que podem levar as alterações posturais,
como: informações posturais muito discordantes que ultrapassam a capacidade de
integração; quando a posição espacial é objetivamente muito perigosa; ou ainda
quando o indivíduo encontra-se invadido pela avaliação pessimista de um perigo que
o ameaça, pela dificuldade de uma situação social ou por um estado de ansiedade
de qualquer origem.
Desta forma, quando um indivíduo apresentar alterações posturais, o
importante é antes de tudo, escutá-lo e compreender bem a sua queixa antes de
definir um diagnóstico topográfico dando a aparência da ciência. Raciocinar do ponto
de vista psicossomático não quer dizer impor, por definição, uma psicogênese, mas
escutar atentamente o indivíduo e não somente procurar sintomas físicos
determinantes.
Portanto, o conceito de postura se complementa com o pensamento de
integração total do indivíduo, que segundo GAGEY e WEBER (2000), pode ser
considerada como "consciência total do corpo, seus limites, suas corretas
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localizações no espaço físico, em resumo a complexa chegada a um estado de
maturidade psicossomática e espiritual do indivíduo de forma a levá-lo ao equilíbrio e
a condição de bem estar total".
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2.6 IMAGEM E PERCEPÇÃO CORPORAL
"Talvez não exista visualização mais fascinante do que a da nossa própria
imagem. Narciso, na mitologia grega, é o mais famoso exemplo de paixão que a
própria imagem pode despertar no homem: ao se ver refletido no espelho da fonte
de Téspias, Narciso não pôde mais sair dali, apaixonado, cativo pela própria
imagem" (BEHAR e CORDÁS, 1993).
Dentre as muitas interpretações sobre o mito de Narciso, desde a época de
Platão até hoje, o interesse pelo corpo como um fenômeno psicológico e sociológico
está cada vez mais florescido. A inter-relação entre o psíquico e o corpóreo que
diferentes autores perceberam deu início, posteriormente, às primeiras tentativas de
se definir e compreender a chamada "doença psicossomática". Com estes estudos
surgiram termos como imagem corporal e percepção corporal.
O desenvolvimento do conhecimento científico sobre a relação do homem
com o seu corpo foi se aprimorando em várias direções, desde a atratividade do
próprio corpo, experiências com membro fantasma em amputações e distorção da
imagem corporal em pacientes anoréxicas e bulímicas.
Nos consultórios neurológicos, no começo do século, foram realizados os
primeiros diagnósticos de experiências subjetivas de distúrbios da imagem corporal
e distorções na percepção do próprio corpo, em pacientes com lesões cerebrais. Os
pacientes apresentaram sintomas bizarros, como negação da existência de partes
do corpo, inabilidade para distinguir entre o lado direito e esquerdo e sensação de
partes do corpo que já foram amputadas.
O neurologista Henry Head, em 1920, foi o primeiro a declarar que o esquema
postural e a representação que o corpo tem para cada indivíduo são fundamentais
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para a manutenção da postura. Da mesma forma, estudos neurológicos no início do
século começaram a identificar que indivíduos, após lesão cerebral, tinham a
percepção de que o seu corpo desaparecera.
Paul Schilder começou sua carreira como neurologista e logo ficou fascinado
pelos diversos tipos de alteração da percepção do corpo que seus pacientes
apresentavam. Schilder fez uma excepcional contribuição a essa área de pesquisa
quando em 1950 definiu imagem corporal como "a representação que formamos
mentalmente de nosso próprio corpo, isto é, a forma como ele nos aparece"
(PRACIDELLI; IZZO e ARANHA, 2001).
Schilder também especulou sobre a fluidez da experiência corporal, admitindo
que emoções podem alterar a imagem corporal, já que certamente elas promovem
mudanças físicas: raiva provoca contração muscular; há expansão do corpo quando
o sentimento é de amizade e afeto; o corpo encolhe diante de uma sensação de
medo ou vergonha. Assim, o autor afirmou que o conceito de imagem corporal
poderia ser útil para esclarecer tanto a problemática de pacientes com patologia
cerebral orgânica, quanto explicar comportamento ditos normais da vida cotidiana,
reconhecendo a importância da atitude e dos sentimentos com relação ao corpo.
Interessados pelo mesmo contexto, autores começaram a contribuir para uma
melhor e mais esclarecida definição de imagem corporal. Assim, segundo OLIVIER,
(1995), a imagem corporal não é algo pronto e definitivo, mas algo dinâmico que se
modifica e altera. Sua alteração é justificada pela influência dos estados emocionais,
dos conflitos psíquicos e do contato com o mundo e com os outros (MELLO e
MARQUES, 1995).
De acordo com MORETTI (1992), a imagem corporal não é mera sensação
ou imaginação, é a fixação do corpo em nossa mente. É uma unidade possível de
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tranformação, onde todos os sentidos entram em colaboração. A capacidade de ver ,
sentir e ativar partes do nosso corpo ajudam a modificar e atualizar a nossa imagem
corporal.
DIEFENBACH (1999), refere que desde o princípio da vida o corpo vai
armazenando tanto experiências de satisfação quanto traumáticas, e está sempre
em permanente processo de mudanças de acordo com o grau de tolerância a essas
diversas experiências da vida. Estas experiências estão relacionadas a todos os
sistemas do nosso corpo, advindo de percepções, sentimentos e sensações próprias
de cada um.
A imagem corporal é um processo contínuo de construção e desconstrução,
sendo, portanto a vivência/experiência adquirida, importante para sua análise. Toda
experiência vem carregada de significados afetivos e emocionais que determinam o
comportamento motor. A imagem corporal é holística, permitindo uma síntese viva
de todos os conteúdos adquiridos pela experiência ( PRACIDELLI; IZZO e ARANHA,
2001).
Dessa forma, conclui-se que imagem corporal é um fenômeno muito
complexo, a qual inclui a integração de informações visuais e táteis (exteroceptivas)
e a percepção e interpretação de estímulos vindo de dentro do corpo (introceptivos)
como fome, sono, desejo. Estes aspectos mesclam-se com as experiências
subjetivas das funções corporais e as opiniões pessoais sobre o próprio corpo
(BEHAR e CORDÁS, 1993).
GARNER E GARFINKEL (1981) conseguiram delinear, duas formas básicas
da manifestação dos distúrbios da imagem corporal. A primeira forma seria a
distorção do tamanho-corpo que envolve o distúrbio de percepção na qual as
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pessoas não são capazes de avaliar seu tamanho de maneira adequada. A segunda
forma geralmente denominada de descontentamento do corpo representa o
sentimento das pessoas em relação ao seu corpo ou partes de seu corpo que vão
desde a satisfação a depreciação. Estas duas formas de distúrbios da imagem
podem atuar independente uma da outra ou conjuntamente (KEETON; CASH e
BROWN, 1990).
O interesse pela imagem corporal reflete-se no estudo da percepção, ou seja,
a forma com que essa imagem é conhecida pelo próprio corpo, e da conseqüente
relação da pessoa com o mundo, assim como na adaptação do indivíduo às
restrições que o seu corpo apresenta, seja por acidente, cirurgia ou dor. Nesse
sentido a pesquisa da percepção corporal, das sensações corpóreas e a habilidade
de julgar a posição do próprio corpo são de grande importância, já que a fisioterapia
poderá atuar, trabalhando a conscientização do corpo, conquistando uma melhora
da imagem corporal.
Considerando a importância da pesquisa sobre a percepção corporal,
Marchover em 1963 elaborou um teste para avaliar o aspecto projetivo da imagem
corporal, utilizando desenhos da figura humana realizados pelo próprio sujeito. Em
1975, surgiu outro modelo para avaliar a percepção corporal proposto por Askevold,
que consiste em avaliar a percepção de pontos anatômicos específicos utilizando
uma referência autógena a partir da recordação da imagem corporal no espelho. Os
resultados mostram diferenças importantes entre a imagem corporal referida e a
imagem corporal real (MELLO e MARQUES, 1995).
Atualmente têm sido marcante o aumento no número de estudos científicos
sobre a imagem corporal, particularmente no que se refere aos distúrbios
alimentares. Com esse aumento surgiu uma abundância de métodos para se avaliar
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a imagem corporal, porém várias revisões metodológicas concluíram que não existe
ainda um método que proporcione a explicação exata da construção da imagem
corporal. Assim, a maior crítica em se pesquisar a imagem corporal se refere à
duvidosa suposição da unidimensionalidade da sua construção (KEETON; CASH e
BROWN, 1990).
Todos os estudos até hoje realizados demonstraram que os indivíduos que
possuem uma boa percepção corporal e uma imagem extremamente valorizada,
consequentemente terão uma grande auto-estima, com uma maior confiança em si,
e em sua capacidade funcional e intelectual, modificando suas atitudes perante o
mundo e aos outros (ASSUNÇÃO, 2002).
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3 METODOLOGIA
3.1 AMOSTRA
Para o desenvolvimento deste estudo a amostra foi composta inicialmente por
7 pacientes de ambos os sexos, entre 22 e 52 anos, que foram escolhidos
aleatoriamente à medida em que iam sendo encaminhados para o tratamento
fisioterapêutico com a técnica do Iso-Stretching com diagnósticos variados, no
período de agosto a novembro de 2003.
No decorrer deste estudo, surgiram algumas intercorrências e dos 7 pacientes
que iniciaram, apenas três concluíram o tratamento proposto. Dois pacientes
justificaram sua desistência por motivos de saúde, um por motivo particular e outros
dois pacientes não concluíram as 10 sessões a tempo do término deste estudo
devido às constantes faltas.
A coleta de dados e o tratamento foram realizados nas dependências da
Clínica de Fisioterapia CliniFisio de Cascavel, situada à Rua Castro Alves, 2518. O
tratamento foi baseado somente na técnica do Iso-Stretching e consistiu em um total
de dez sessões, as quais foram realizadas duas vezes por semana, com duração de
cinqüenta minutos cada. O atendimento foi feito pela fisioterapeuta da CliniFisio,
Cristina Lunardeli, portadora do Crefito número 12901-F, a qual possui o curso de
formação e o domínio da técnica do Iso-Stretching.
Os sujeitos deram entrada no estudo, depois de terem assinado o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade
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Estadual do Oeste do Paraná. (Anexo 1 e 2 respectivamente). Antes do tratamento
era preenchida uma ficha de identificação. (Anexo 3)
3.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Foram excluídos os sujeitos que já haviam sido submetidos a técnica do IsoStretching, RPG e ou SGA anteriormente, pois supõem-se que estes teriam uma
maior facilidade de autocorreção, o que interferiria nos resultados de nosso estudo.
3.3 MATERIAIS
Os materiais utilizados neste estudo foram:
a- bastões de PVC (1m);
b- bolas terapêuticas (de 1 a 3 Kg);
c- colchonetes (2m de comprimento, 1m de largura, 6cm de
espessura);
d- papel crafit com dimensões 1,60x0,60m de comprimento;
e- caneta hidrográfica de cor preta;
f- régua de madeira de 1m de comprimento;
g- ficha de identificação.
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3.4 MÉTODOS
A terapia era realizada em grupo, de até oito pessoas, e aplicada pela
fisioterapeuta Cristina Lunardeli. O tratamento era composto por exercícios
realizados através da manutenção de posturas (deitada, sentada e em pé) por
aproximadamente dez segundos (o tempo da expiração) e repetidas mínimo três
vezes cada.
Os pacientes foram avaliados antes da primeira e depois da décima sessão,
com o teste de Askevold que analisa como cada sujeito projeta sua imagem
corporal. Através deste procedimento, foi avaliado o componente de percepção de
cada um.
O teste consistiu em posicionar o paciente em uma postura de bipedestação
diante de uma folha de papel crafit, fixado à parede com uma altura de 30cm acima
do solo, de forma que suas mãos alcançassem o papel. Após ter posicionado o
paciente, este então era orientado pelo pesquisador a realizar o teste com as
seguintes instruções verbais: "Imagine que esta folha de papel é um espelho, e você
está se vendo nele. Eu vou tocar em alguns pontos do seu corpo e você vai marcar
no papel onde você acha que está cada ponto”. Durante todo o teste o paciente
permanecia de olhos fechados. O paciente avaliado marcava com auxílio da caneta
a seqüência de pontos tocados pelo pesquisador: ápice da cabeça, articulações
acromioclaviculares direita e esquerda, curva da cintura direita e esquerda e
trocanter femural maior direito e esquerdo. Com os pontos marcados, o pesquisador
com auxílio da régua e da caneta traçava uma linha unindo os pontos de forma a
fechar uma figura. A seguir a figura obtida era comparada ao modelo proposto por
Askevold (Anexo 4), sendo este considerado o normal.
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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os resultados desta pesquisa serão apresentados de forma descritiva e foram
obtidos através das figuras seguindo o teste de Askevold.
Foi feita a análise apenas dos resultados referentes aos 3 pacientes que
concluíram o tratamento proposto.
A paciente identificada como número 1, é do sexo feminino, 52 anos e foi
encaminhada para tratamento devido ao diagnóstico médico de encurtamento de
cadeia posterior e desvio postural; o paciente número 2, é do sexo masculino, 24
anos e foi também encaminhado com o diagnóstico médico de encurtamento da
cadeia posterior e por último, a paciente número 3, do sexo feminino, 48 anos,
encaminhada com o diagnóstico de encurtamento de cadeia posterior e desvio
postural.
De acordo com as figuras obtidas da paciente número 1, observou-se uma
grande divergência entre as duas. Na primeira figura, feita antes do tratamento,
notou-se um tamanho maior, se assemelhando mais com a sua altura, e uma
simetria entre o lado direito e o esquerdo, já a feita posteriormente às 10 sessões
teve um tamanho inferior à primeira e houve uma grande diferença entre o lado
direito e o esquerdo, quando comparado os pontos da cintura e do fêmur. Desta
forma, verificou-se que a figura feita após o tratamento se distanciou ainda mais do
modelo normal proposto por Askevold, e de acordo com este autor, isto é indicativo
que não ocorreu nenhuma melhora da percepção corporal.
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FIGURA 05 - REPRESENTAÇÃO DO TESTE DE ASKEVOLD
ANTES
DEPOIS
As figuras obtidas do paciente número dois também revelaram uma
divergência entre as duas, porém desta vez, a figura maior foi a feita posteriormente
às 10 sessões, sendo mais equivalente a sua altura. Notou-se também, que houve
uma assimetria muito maior entre os pontos das cinturas na primeira figura do que
da segunda. Além do comprimento, houve uma diferença significativa também na
largura das figuras, sendo que, a primeira foi mais larga que a do final. Neste critério,
cabe ressaltar que se tratava de um paciente do sexo masculino do biotipo
longilíneo. Assim, nota-se que a figura feita posteriormente ao tratamento se
aproximou mais do modelo normal, o que revela uma melhora da percepção
corporal.
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FIGURA 06 - REPRESENTAÇÃO DO TESTE DE ASKEVOLD
ANTES
DEPOIS
As figuras da última paciente, revelaram que esta tinha uma boa capacidade
de percepção corporal antes do tratamento, considerando-se que sua primeira figura
foi a que mais se assemelhou ao modelo normal, se comparada com as figuras finais
feitas pelos outros pacientes. Na sua primeira figura observou-se uma pequena
assimetria dos pontos das cinturas e dos fêmures, sendo que no lado direito a
dificuldade de representar o ponto da cintura e do fêmur foi maior. Na última figura
verificou-se um estreitamento dos pontos das cinturas se assemelhando mais com o
modelo normal e uma diminuição da assimetria tanto entre os pontos das cinturas,
como entres os dos fêmures observada na figura anterior. Desta forma, constata-se
que houve uma melhora da percepção corporal.
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FIGURA 07 - REPRESENTAÇÃO DO TESTE DE ASKEVOLD
ANTES
DEPOIS
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5 DISCUSSÃO
Em uma análise descritiva destes resultados, observou-se em dois pacientes
uma melhora na construção das figuras feitas posteriormente ao tratamento, que
pode estar possivelmente relacionado com a melhora da percepção corporal através
da prática do Iso-Stretching. Porém, um dos pacientes não conseguiu se aproximar
ao modelo proposto por Askevold, ao contrário, se distanciou ainda mais depois do
tratamento com as 10 sessões.
A piora na construção da figura final feita pelo paciente número 1 não
corresponde necessariamente a uma piora da percepção corporal, pois segundo
OLIVIER (1995), uma alteração da imagem corporal pode ser justificada pela
influência dos estados emocionais e dos conflitos psíquicos. Assim, torna-se difícil
avaliar a percepção corporal do paciente somente com o teste de Askevold, pois as
figuras construídas dependem do estado físico e emocional em que se encontra o
paciente no momento da realização do teste.
Em uma análise crítica deste trabalho, observou-se uma falha em utilizar
apenas o teste de Askevold para avaliar a percepção. Pois, de acordo com KEETON
et.al; (1990), várias revisões metodológicas concluíram que não existe ainda um
método que proporcione a explicação exata da construção da imagem corporal.
Assim, a maior crítica em se pesquisar a imagem corporal através dos métodos
existentes, se refere à duvidosa suposição da unidimensionalidade da sua
construção.
Contudo, as figuras construídas pelos pacientes número 2 e 3 obtiveram uma
aproximação ao modelo de Askevold, o que pode representar que estes adquiriram
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uma melhora da percepção corporal com a prática do Iso-Stretching. Isto porque,
segundo REDONDO (2001), esta técnica oferece aos praticantes a capacidade de
visualizar, sentir e ativar partes do corpo, contribuindo assim, para uma melhora e
atualização da imagem corporal. Além disso, o fortalecimento da musculatura
profunda fornecido pelo Iso-Stretching reduz o enrijecimento, facilita o movimento,
corrige a postura e desenvolve a tomada de consciência das posições corretas da
coluna.
Em um estudo de caso realizado na Universidade Estadual do Pará por
ARNAUD e CORREA (2000), observou-se que através do trabalho feito com o IsoStretching o paciente apresentou um novo registro de sua imagem corporal,
influenciando diretamente na sua auto estima, melhorando inclusive sua aparência
física, tornando-o mais expansivo, fazendo com que ele demonstrasse maior
interesse e motivação durante a realização das posturas.
Neste mesmo estudo, observou-se também que, progressivamente, o
paciente obtinha uma maior gestualidade, com o desenvolvimento de sua
consciência corporal corretiva. Segundo REDONDO (2001), não existe atividade
locomotora sem a harmonização da mobilidade da bacia e do diafragma, sem uma
boa flexibilidade e tonicidade da coluna, que por sua vez promovem o
autocrescimento e endireitamento do corpo, alcançados através da tomada de
consciência corporal.
O estudo de ARNAUD E CORREA (2000), conclui que, a instalação da
sensação perceptiva, postural e cinestésica representada através da tomada de
consciência corporal, foi adquirida pelo paciente só a partir da 17º sessão.
FRANÇA (2000), realizou uma pesquisa na Universidade Tuiuti do Paraná utilizando
a técnica do Iso-Stretching como tratamento para deformidades posturais, e como o
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estudo acima, observou que os pacientes passaram a adquirir maior conscientização
corporal e maior facilidade nas realizações dos exercícios a partir da vigésima
sessão. Assim, constata-se que, para alcançar resultados mais positivos, este
trabalho poderia ter avaliado a percepção corporal após um tempo superior a 10
sessões.
Um grande impecilho para a realização do cronograma deste estudo, foi a
dificuldade relatada pelos pacientes na realização do método, o que acabou
levando-os ou a desistência do tratamento, ou a constantes faltas. Isto porque,
segundo REDONDO (2001), o Iso-Stretching não é uma ginástica branda, e sua
dificuldade reside no fato de criar suficientes contrações e tensões musculares,
limitando os movimentos compensatórios.
Assim, compreende-se que, os pacientes devem estar dispostos para a
realização da técnica, pois esta exige o máximo da atenção do praticante e além de
tudo devem ser adeptos ao método, caso contrário, as faltas surgirão e, de acordo
com BIENFAIT (1995), as primeiras dez sessões devem ser realizadas de forma
regular para que se possa estabelecer a manutenção dos ganhos, sejam posturais
ou respiratórios.
Portanto, sugere-se com a finalidade de que estudos semelhantes possam
adquirir valores mais significativos: (1) que o trabalho em questão envolva uma
amostra maior; (2) que o tempo de tratamento seja prolongado, ou seja superior às
10 sessões; e (3) que a avaliação da percepção corporal seja feita por mais de um
método e que se possível com uma acompanhamento de um psicólogo para a
interpretação dos distúrbios da imagem corporal.
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6 CONCLUSÃO
Através dos resultados obtidos, concluiu-se que os objetivos propostos foram
parcialmente alcançados.
1. Em relação ao primeiro objetivo, o qual era de verificar a eficácia da prática
do Iso-Stretching com a melhora da percepção corporal, tendo como método de
avaliação o teste de Askevold, demonstrou-se que de acordo com as figuras, nem
todos os participantes tiveram uma melhora da percepção corporal. A paciente
número 1 teve uma piora na construção da sua figura final, o que poderia revelar
uma piora em sua percepção corporal. Porém, considerando a grande relação
existente entre o psíquico e a pesquisa da imagem corporal, torna-se difícil analisar
a melhora da percepção somente através do teste de Askevold, pois o resultado
depende muito de como se encontra o estado físico e psicológico do paciente no
momento do teste.
No entanto, dois pacientes obtiveram na construção da figura final uma maior
aproximação ao modelo normal proposto por Askevold, o que pode representar que
os pacientes tiveram uma capacidade de autocorreção pelo desenvolvimento da
conscientização da postura e de um maior conhecimento do próprio corpo.
2. O segundo objetivo deste estudo, que era demonstrar a relação entre as
inúmeras patologias que acometem um indivíduo e os distúrbios da imagem corporal
que estas provocam nos mesmos, não foi possível alcançá-lo, já que os três
pacientes que concluíram o tratamento proposto tinham em comum o diagnóstico de
encurtamento de cadeia posterior.
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ANEXO 1- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO
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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Nome da Pesquisa: “A prática do Iso-stretching na melhora da Percepção Corporal".
Orientadora da Pesquisa: Keila Okuda Tavares
Este é um estudo experimental, do tipo série de casos, que tem por objetivo
verificar a eficiência da técnica do Iso-stretching na melhora da percepção
corporal.O estudo será realizado através da aplicação do teste de Askevold antes e
após o tratamento, que consistirá num total de 10 sessões, 2 vezes por semana,
com duração de 50 minutos cada atendimento, realizados nas dependências da
CliniFisio, pela fisioterapeuta Cristina Lunardeli, portadora do Crefito 12901-F
Sua participação será muito importante para a realização desta pesquisa.
Assinatura do pesquisador_________________________________
Tendo recebido as informações anteriores e, esclarecido dos meus direitos
relacionados a seguir, declaro estar ciente do exposto e desejar participar da
pesquisa.
1.
A garantia de receber respostas a qualquer pergunta ou esclarecimentos a
dúvidas sobre os procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados com
a pesquisa;
2.
A liberdade de retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de
participar do estudo;
3.
A segurança de não ser identificado (a) e que será mantido o caráter
confidencial das informações relacionadas com a privacidade;
Em seguida assino o consentimento.
Cascavel,_____ de_______________de 2003.
Nome:_____________________________ RG_________________
Assinatura:__________________________________________
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ANEXO 2- APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA
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ANEXO 3 – FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
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FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
Data inicial:
Data final:
Nome:
Sexo:
Data de nascimento/idade:
Profissão:
Endereço:
Tel:
Queixa Principal:
Diagnóstico:
Patologia Pregressa e/ou Associada:
Hábitos de Vida:
Tratamento Associado:
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ANEXO 04 - REPRODUÇÃO DO MODELO NORMAL
PROPOSTO POR ASKEVOLD
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REPRODUÇÃO DO MODELO NORMAL PROPOSTO POR ASKEVOLD
FONTE:
ASKEVOLD,
1975.
Measuring body image.
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RENATA OLIVEIRA MARTINS A PRÁTICA DO ISO