aprendizado, a observação do número em
suas múltiplas funções e representações
também esteve presente em nosso cotidiano, quando dividíamos a turma para uma
partida de queimado, na troca de telefo nes, quando perguntávamos quanto calçavam, assim como nos jogos com dados e
cartas de baralho. Chegaram a diversas
soluções na hora de distribuir alguns lápis
em três potes. Enfrentaram o desafio de
desenhar o seu prédio, com seus tantos
andares, ao lado da Torre Eiffel que equivaleria mais ou menos a um edifício de
oitenta andares. As figuras geométricas
estiveram presentes na hora de transformar o papel retangular em quadrado, para
fazermos dobraduras: “Agora, junta ponta
com ponta. Forma o que?” – “Um triângulo!”
Esperamos que o trabalho tenha contribuído para estimular a curiosidade, a pesquisa e a alegria de descobertas. Que
também tenha colaborado na formação de
princípios éticos e no contato com o patrimônio cultural. E que as situações de conflito tenham proporcionado algum crescimento, fazendo com que nos sintamos
mais à vontade e próximos. Agora, é aproveitar as férias, descansar e viver novas
experiências.
A partir de setembro, integrados com o
projeto da turma, trabalhamos os elementos que caracterizam o balé. Criamos uma
dança confrontando os movimentos do
balé com outros inspirados no futebol. Foi
muito divertido!
Depois, as crianças se encantaram com
a música da “Bailarina” e aproveitamos a
ocasião para coreografá-la e apresentá-la
em um fim de tarde de outubro.
No final do ano, escolhemos uma música que pudesse representar um continente do mundo e coreografamos para a Festa Pedagógica
MÚSICA
Neste semestre, a Turma do Amor se
viu envolvida com a cultura francesa, sobretudo com o Ballet e a Música Clássica.
Nas nossas aulas, procuramos apreciar
algumas composições e, prestando muita
atenção, pudemos reparar que as orquestras eram formadas por várias dezenas de
instrumentos organizados e dispostos em
famílias. A família das cordas com seus
violinos, violas, violoncelos e contra-
baixos. A família das madeiras com flautas, flautins, clarinetas, oboés, fagotes entre outros. A família dos metais, com os
saxofones, trombones, trompas, Tubas. E
finalmente a família das Percussões com
a caixa-clara, tímpanos, xilofones, vibrafones e o piano. Utilizamos a música Passarinho que som é esse, do cd Meu Querido
Pé, onde pudemos brincar de adivinhar o
nome do instrumento que estava solando.
Depois, como não podia deixar de ser,
reparamos na figura do maestro e logo
estávamos aprendendo com as nossas
mãos a regência quaternária de compasso. Com pequenas batutas improvisadas
era possível fazer a turma atacar conjuntamente, em qualquer um dos quatro tempos, só pela regência.
No repertório trabalhado pela turma está presente a Ciranda da Bailarina, do cd
O Grande Circo Místico de Edu Lobo e
Chico Buarque. Uma música que se diverte com a perfeição apolínea da dançarina
e que acabou sendo utilizada numa linda
coreografia na última Festa Pedagógica.
EXPRESSÃO CORPORAL
O semestre foi bem intenso. Tivemos
muitas atividades interessantes que motivaram a turma. Abordamos o corpo, sua
estrutura e experimentamos diferentes
sensações através de massagem nos colegas e nas próprias crianças. Exploramos
os sons que podemos produzir brincando
com a percussão corporal, incorporando
ritmo e qualidades sonoras diversas.
As crianças ampliaram bastante as possibilidades de exploração espacial trabalhando com criações de passos coreográficos. Aproveitando suas idéias, propusemos alguns desafios de imitar os movimentos dos colegas, socializando habilidades e vencendo dificuldades em diagonais pela sala.
Professores: Marcelo Coutinho Vianna Auxiliar: Lara Cardoso Saraiva Música: Jean Phillippe C. B. Trindade
Expressão Corporal: Ana Cecília P Guimarães Coordenação: Paula Lacombe
Relatório do Segundo Semestre de 2002
Turma do Amor
Rua Capistrano de Abreu, 29 - Botafogo - 2535-2434
Rua Cesário Alvim, 15 - Humaitá 3239-0950
www.sapereira.com.br / [email protected]
Alice Balleste Lemme / Bernardo Mello Queiroz / Carolina Venancio Magalhaes / Fernanda Thomaz
Rodrigues / Flora Schneider Mendes Alcure Pereira / Gabriel Capobianco Villa Nova Diniz / Isabela
Canelas da Motta / Joana de Medina Barbalho / João Pedro Rocha Canedo da Silva / Leonardo Vieira
Franca Moss / Maira Kalume Barbosa Cirne / Manuela Carpenter Mode / Maria Iyda Vieira Paganelli /
Nina Castro Adeodato Barronin e Mello / Rafaella Saioro Bezerra Batista / Rodrigo Castilho Barros /
Sofia Dantas Seda
O exercício reflexivo de escrever um
relatório nos oferece a possibilidade de
tentarmos alcançar uma compreensão
parcial dos acontecimentos. Estamos fisicamente distantes da nossa vida escolar,
porém dentro de nós sua presença cresce. Como quem faz um caminho de volta,
procurando a linha invisível que costura a
trama da relação entre nós: tão iguais e
tão diferentes.
“Amar é um elo entre o azul e o amarelo”.
Paulo Leminski
Nosso grupo se autodeterminou Turma
do Amor. Quanto desafio! Mas, afinal, o
que faz com que as pessoas aceitem o
modo de cada um ser, colocando de lado
as diferenças, acolhendo o outro? Somos
pessoas diferentes! Baixos, altos, magros,
gordos, espertos, corajosos, indefesos,
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calmos, agitados: o importante é acreditarmos no que somos capazes de ser ou fazer.
Pesquisando o Brasil, a França ou o
Japão: “pela lente do amor podemos enxergar mais além” (Gilberto Gil). As crianças são parceiras e co-responsáveis nesse projeto dinâmico, construído na prática
do diálogo, com encontros e desencontros, que se renova no seu próprio cami-
nhar. A iniciativa, a expressão e as opiniões são tão importantes na construção
desse espaço coletivo de aprendizado e
conhecimento quanto a escuta e a espera.
No equilíbrio, podemos efetivar trocas e
compartilhar descobertas.
Viajando de espírito aberto para conhecer o outro,, nos compreendemos melhor.
A “velha” França nos acenava com tantas
possibilidades e circunstâncias favoráveis.
A leitura dos famosos contos de fadas de
Charles Perrault e o filme onírico da Pele
de Asno, nos levaram a uma França medieval. Conhecemos o Rei Luis XIV, o rei
bailarino, e o seu palácio. Ficamos sabendo que os castelos de ontem, hoje são
pontos turísticos ou continuam habitados,
há gerações, por famílias produtoras de
vinho.
Pelo viés do balé, íamos dançando pela
linha do tempo, preparando nossa festa.
Nossa primeira intenção era oferecer um
contato com a música clássica e fazer uma pequena apresentação de um trecho
de balé. Por isso, fomos ao Municipal e
também recebemos na escola a visita da
Zoê, mãe da Isabela, professora de balé,
acompanhada de um grupo de alunas da
Cruzada São Sebastião. A integração foi
total e deixou saudades no grupo de cá e
no de lá.
Numa brincadeira de faz-de-conta,
transformamos nossa sala num avião e
viajamos para Paris. Precisaríamos de
passaportes. Então mãos à obra: nele escreveram seu nome, sua idade, nome do
pai, da mãe, país de origem etc. Para a
visita se tornar mais real convidamos a
Isabel e o Nicolau, mãe e irmão da Alice,
que tinham chegado recentemente de Paris, para nos ajudarem a fazer um mapa
da cidade. Para conhecer um pouco mais
da vida de lá, enviamos uma carta das
crianças da Turma do Amor para Clara,
ex-aluna da Sá Pereira, que está vivendo
lá. Ela nos respondeu com carinho, contando um pouco sobre sua escola e os
espetáculos que assistiu.
Muitas idéias e diferentes áreas do conhecimento para serem exploradas, nossa festa pedagógica estava marcada. Ao
mesmo tempo que fizemos releituras da
pintura de Degas e Miró, Jean apresentou
a música da bailarina, do Grande Circo
Místico (Edu Lobo/Chico Buarque). Foi
amor à primeira ouvida, então elaboramos
os movimentos, misturando tudo: futebol e
balé, Brasil e França, meninos e meninas.
Às vésperas da festa, recebemos a visita
de Sônia, mãe da Lara, que nos ajudou a
modelar bailarinas inspiradas em Degas.
Durante os ensaios, nosso grupo assistiu ao filme do Billy Elliot, um menino que
enfrenta preconceitos e obstáculos para
fazer o que gosta – dançar e seguir sua
formação de bailarino. O filme contagiou
todos e acreditamos tenha deixado alguns
mais à vontade para se soltarem nessa
forma de expressão. Vale ressaltar o empenho para gravar e executar a coreografia planejada. Agora, estamos embarcando em outro avião, feito de dobradura de
papel, rumo a Ásia, mais especificamente
ao Japão. “Do Japão quero uma máquina
de filmar sonhos...” (Gilberto Gil)
“Contudo, se o pofessor for capaz de
introduzir a idéia de que a escrita é um
jogo instigante e a leitura uma fonte inesgotável de conhecimento, estará abrindo
os olhos de novos leitores e o caminho de
vigorosos escritores”.
Heloísa Prieto e Zélia Cavalcanti
Para a nossa roda de leitura, procuramos trazer diversos gêneros literários. Na
rotina diária é reservado um momento para usufruirmos do encantamento e prazer
de uma boa história. Enquanto escutavam
a poesia da “Bailarina” (Cecilia Meireles),
os olhos de algumas meninas foram se
enchendo de sonho. Já com olhar e riso
matreiros, algumas crianças pediam: -” De
novo!” - para a poesia “Uma palmada
bem dada”, do mesmo livro, Ou isto ou
aquilo. A leitura de alguns capítulos das
aventuras de Pippi Meia-longa, uma menina sapeca e anárquica, foi uma diversão
para todo o grupo.
A Odisséia contada pela Ruth Rocha
deixou no ar um certo enigma. Envoltos
numa nuvem de mistério, navegamos em
alguns trechos dessa obra.
Essa narrativa fomentou perguntas e
uma discussão muito interessante:
“Isso existiu mesmo?” “É um mito! Parecido com os contos de fada...”
Alguns Haikais e contos e lendas do
Japão também frequentaram nossa roda.
Já as parlendas, os travalínguas e as
tiras em quadrinhos do menino maluquinho eram afixadas no mural para exercício
de leitura das crianças. Elas olhavam as
ilustrações e, cantando e dançando as
parlendas, perguntavam onde estava determinada palavra. Com a ajuda de um
colega, dos professores, ou até mesmo
sozinhas, era uma alegria quando encontravam essas palavras. Os dedinhos iam
correndo sobre os quadrinhos do Maluquinho, procurando a palavra PUM. Quando
achavam, explodia uma gargalhada!
Além das tarefas relacionadas a esse
Download

Turma do Amor - Escola Sá Pereira