JOÃO PAULO DE OLIVEIRA GOMES APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS E GEOESTATÍSTICA NO ESTUDO HIDROGEOQUÍMICO DE ELEMENTOS-TRAÇO NOS SÓLIDOS EM SUSPENSÃO DO ALTO RIO MADEIRA. Monografia apresentada ao Departamento de Biologia da Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas. PORTO VELHO-RO 2005 JOÃO PAULO DE OLIVEIRA GOMES APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS E GEOESTATISTICA NO ESTUDO HIDROGEOQUÍMICO DE ELEMENTOS-TRAÇO NOS SÓLIDOS EM SUSPENSÃO DO ALTO RIO MADEIRA. Monografia apresentada ao Departamento de Biologia da Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas. Área de Concentração: Biogeoquímica Ambiental Orientador: Profº. Dr. Wanderley Rodrigues Bastos PORTO VELHO-RO 2005 ii FICHA CATALOGRÁFICA GOMES, J. P. de O. Aplicação da análise de componentes principais e geoestatística no estudo hidrogeoquímico de elementos-traço nos sólidos em suspensão do Alto rio Madeira. / João Paulo de Oliveira Gomes. Porto Velho: s.n., 2005. xiii, 72 p. Orientador: Profº. Dr. Wanderley Rodrigues Bastos. Monografia – Núcleo de Ciência e Tecnologia. Departamento de Biologia da Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR. 1. Hidrogeoquímica 2. Sólidos em Suspensão 3. Elementos-traço 4.Análise das Componentes Principais 5. Geoestatística iii APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS E GEOESTATISTICA NO ESTUDO HIDROGEOQUÍMICO DE ELEMENTOS-TRAÇO NOS SÓLIDOS EM SUSPENSÃO DO ALTO RIO MADEIRA. JOÃO PAULO DE OLIVEIRA GOMES BANCA EXAMINADORA ______________________________________________ (Dr. Wanderley Rodrigues Bastos) ______________________________________________ (Dr. José Vicente Elias Bernardi) ______________________________________________ (Dr. Marlon Martins dos Reis) Monografia defendida e aprovada em ____/____/____ iv DEDICATÓRIA Aos meus pais Gustavo e Dalva, pelo exemplo de vida, e a minha namorada Elisabete com todo meu amor e carinho. v AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus em primeiro lugar por ter-me colocado no mundo e guiado meus caminhos até este momento da minha vida, Ao meu orientador Profº. Dr. Wanderley Rodrigues Bastos por ter apostado suas fichas em mim ao me iniciar no mundo científico, pela orientação, paciência, incentivos e amizade sincera que permitiram a realização deste trabalho, Ao Profº. Dr. José Vicente Elias Bernardi, pela orientação, paciência, amizade e incentivos, sem os quais não seria possível realizar o este trabalho, Ao Profº. Dr. Reitor Ene Glória da Silveira pelos três de anos de Bolsa do CNPqPIBIC/UNIR, A minha família, em especial a minha mãe Dalva e ao meu pai Gustavo, por tudo que me ensinaram e ainda me ensinam no caminhar da vida, pela confiança, incentivo, e principalmente pelo incondicional amor que me dedicam; e a minha amada namorada Elisabete por todo amor, apoio, paciência, compreensão e carinho, A toda equipe do Laboratório de Biogeoquímica Ambiental em especial para Ronaldo Cavalcante (Kabção), Ronaldo de Almeida (Tapyrus), Giselle (Taz), Greicyleia (Draguinha), Darly (Catatau), Janeide (Mamolenga), Cibelle, Tchê, Grazyelle, Jaca, Ynhana, Tiago, Déborah, João Hermann, Alessandra, Daril, Ailton, Ândrio, Daniela, pela amizade, paciência, incentivos, ensinamentos e troca de experiências que foram muito importantes para minha formação e conclusão deste trabalho, Aos Profº. Mariângela, Maniesi, Juan, Valéria, Flávio, Márlon, Wanderley, Vicente, Áurea, Lafayete, pelos conhecimentos transmitidos, além de todos os outros professores do Departamento de Biologia que contribuíram e também para os que não contribuíram para a minha formação acadêmica, e as funcionarias Graciete, Suely e Juraci. Aos meus amigos de turma: Leandro, Priscilla, Vivienne, Allisson, Paulo Henrique, Samuel, Jones, Sidvarnei, Metu Zalen, Ivonete, Carla, Jorge, Flávio, pelos momentos de descontração e pela amizade, Aos órgãos financiadores: CNPq- PIBIC/UNIR pelos três anos de Bolsa de Iniciação Cientifica que proporcionaram a minha iniciação e crescimento como pesquisador. Além de terem me proporcionado à participação nos congressos: IX Congresso Brasileiro de Geoquímica, VIII Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia e X Congresso Brasileiro de Limnologia; a Furnas Centrais Elétricas do Brasil S.A., pelo apoio financeiro e logístico empregado na realização deste trabalho; e aos meus pais pela grana despendida nos meus 4 anos de Porto Velho. vi Escrever qualquer merda vii SUMÁRIO LISTA DE TABELAS LISTA DE FIGURAS RESUMO ABSTRACT 1. INTRODUÇÃO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. A BACIA AMAZÔNICA E O RIO MADEIRA 2.2. FONTES DE ELEMENTOS-TRAÇO NO MEIO AMBIENTE 2.3. FONTES DE ELEMENTOS-TRAÇO NO MEIO AMBIENTE 3. OBJETIVOS 3.1 – GERAL 3.2 – ESPECÍFICOS 4. METODOLOGIA 5.1. DESENHO AMOSTRAL 5.2. AMOSTRAGEM 5.3. MÉTODOS ANALÍTICOS 5.3.1. EXTRAÇÃO QUÍMICA 5.3.1.1. Para determinação de Mercúrio (Hg) 5.3.1.2. Para determinação dos demais elementos-traço 5.3.2. – ESPECTROFOTOMETRIA DE ABSORÇÃO ATÔMICA 5.3.3. CONTROLE DE QUALIDADE 5.4. MÉTODOS ESTATÍSTICOS DE ANÁLISE DOS DADOS 5.4.1. ANALISE ESTATÍSTICA MULTIVARIADA (PCA) 5.4.2. ANÁLISE GEOESTATÍSTICA (KRIGAGEM ORDINÁRIA PONTUAL) 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 6.1. PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS 6.1.1. ANÁLISE ESTATÍSTICA MULTIVARIADA DAS COMPONENTES PRINCIPAIS (PCA) DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DA ÁGUA 6.2. SEDIMENTOS EM SUSPENSÃO 6.2.1. ANÁLISE ESTATÍSTICA MULTIVARIADA DAS COMPONENTES PRINCIPAIS (PCA) DE ELEMENTOS-TRAÇO NOS SEDIMENTOS EM SUSPENSÃO 6.2.2. ANÁLISE GEOESTATÍSTICA (KRIGAGEM ORDINÁRIA PONTUAL) DA CARGA DE SEDIMENTOS EM SUSPENSÃO 6.2.3. ANÁLISE GEOESTATÍSTICA (KRIGAGEM ORDINÁRIA PONTUAL) DAS CONCENTRAÇÕES DE Hg NA CARGA DE SEDIMENTOS EM SUSPENSÃO 7. CONCLUSÕES viii REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APÊNDICE ix LISTA DE TABELAS Tabela 01. Número de Indústrias em no Estado de Rondônia por Município. 06 Tabela 02. Densidade dos principais elementos-traço. 07 Tabela 03. Concentrações de alguns elementos-traço na crosta terrestre e em 08 solos de diferentes regiões do mundo. Tabela 04. Adições antropogênicas de alguns elementos-traço a ecossistemas 10 aquáticos (106 Kg ano-1). Tabela 05. Extração mineral e emissão atmosférica de alguns elementos-traço 11 no mundo. Tabela 06. Adições globais de alguns elementos-traço ao solo (106 Kg ano-1). 12 Tabela 07. Principais impactos causados na saúde humana por alguns 21 elementos-traço. Tabela 08. Função Biológica, toxicidade para plantas e animais de alguns 22 elementos-traço importantes. Tabela 09. Limites de Detecção da Técnica (LTD) para cada elemento químico 29 analisado. Tabela 10. Concentração de Hg (g.g.1) e Mn (g.Kg.1) em amostras de 30 Referência Certificada de sedimento. Tabela 11. Valores médios dos parâmetros físico-químicos do rio Madeira 36 (Novembro 2003). Tabela 12. Coordenadas e resultados dos parâmetros físico-químicos das 36 amostras coletadas na bacia do rio Madeira (Novembro 2003). Tabela 13. Cargas das componentes principais indicando as percentagens de 38 explicação da variabilidade das variáveis físico-químicas (novembro de 2003). Tabela 14. Concentração de sedimentos em suspensão (mg.L-1) e elementos- 40 -1 traço (g.g ) na Bacia de drenagem do rio Madeira (novembro 2003). Tabela 15 Cargas das componentes principais indicando as percentagens de 42 explicação da variabilidade das variáveis relacionadas aos sedimentos em suspensão (novembro de 2003). Figura 16 Semi-variograma para as concentrações de S.S. Modelo anisotrópico 44 esférico com um modelo de função de covariância: co= 1400, c=10000, a= 38.000 m mostrando pares de pontos das amostras com separação até 60.000 m. Figura 17. Mapa de isoteores das [S.S.] (mg.L-1) a partir do algorítmo de 45 x Krigagem Ordinária Pontual. Figura 18. Mapa de desvio das [S.S.] (mg.L-1) a partir do algorítmo de 46 Krigagem Ordinária Pontual. Figura 19. Semi-variograma para as concentrações de Hg em sedimentos em 47 suspensão. Modelo anisotrópico Linear com um modelo de função de covariância: c0= 80, mostrando pares de pontos das amostras com separação até 60.000 m. Figura 20. Mapa de isoteores das [Hg] (g.Kg-1) a partir do algorítmo de 48 Krigagem Ordinária Pontual. Figura 21. Mapa de desvio das [Hg] (g.Kg-1) a partir do algorítmo de 49 Krigagem Ordinária Pontual. xi LISTA DE FIGURAS Figura 01. Variação do nível fluviométrico do rio Madeira entre os anos de 1996 03 a 2001. Figura 02. Processos dinâmicos interativos que governam a solubilidade, 13 disponibilidade e mobilidade de elementos-traço nos solos. Compilado de McBride (1994). Figura 03. Produção oficial e estimada da produção de ouro no rio Madeira-RO 14 (BASTOS, 2004). Figura 04. Representação esquemática do ciclo de elementos-traço em lagos. 16 Adaptado de Stumm & Morgan (1996). Figura 05. Passagens do mercúrio da mineração de ouro até chegar ao homem. 18 Figura 06. Localização da área de estudo evidenciando o trecho do Alto rio 23 Madeira. Figura 07. Desenho experimental da malha de amostragem biogeoquímica. 25 Figura 08. Localização dos pontos amostrados no Alto rio Madeira nas duas 26 expedições realizadas. Figura 09. Projeção espacial da ordenação dos vetores das variáveis físico- 38 químicas nas três componentes principais (novembro de 2003). Figura 10. Projeção espacial da ordenação dos vetores das variáveis relacionadas aos sedimentos em suspensão nas três componentes principais (novembro de 2003). 43 xii RESUMO GOMES, J.P.O. Aplicação da análise de componentes principais e geoestatística no estudo hidrogeoquímico de elementos-traço nos sólidos em suspensão do Alto rio Madeira. Porto Velho, 2005. tantas p.Monografia. Departamento de Biologia, Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR. O presente trabalho teve por objetivo fazer um levantamento hidrogeoquímico das concentrações dos elementos-traço (Cd, Cu, Cr, Zn, Pb, Fe, Co, Mn, Hg) no Alto rio Madeira e afluentes através de análise por Espectrofotometria de Absorção Atômica na matriz abiótica, sólidos em suspensão. Utilizando-se técnicas de análise geoestatística: Semi-variograma e Krigagem Ordinária Pontual, para produzir mapas de isolinhas de teores de sólidos em suspensão e concentração de mercúrio (Hg). A realização desse levantamento se deve à expectativa de ampliação do potencial energético regional com a possível chegada do gás natural de Urucu-AM e o Projeto Hidroelétrico de FURNAS no Alto rio Madeira, que possivelmente acarretará num desenvolvimento sócio-econômico e industrial. A análise dos parâmetros físico-químicos mostrou que a bacia de drenagem do alto rio Madeira é constituída por rios com águas brancas e pretas; de levemente alcalinas a levemente ácidas; de elevada a baixa condutividade elétrica; e com alta quantidade de oxigênio dissolvido no meio. A área amostral apresentou de forma geral concentrações de elementos-traço em níveis naturais. As maiores concentrações encontradas foram de Fe e Mn, que se devem aos tipos de solos da bacia de drenagem, onde prevalece a classe dos latossolos. Os elementos considerados traçadores industriais como Cd, Cr e Pb apresentaram baixas concentrações devido ao pequeno potencial poluidor do parque industrial da região. Os mapas de Krigagem demonstram uma variação continua nas concentrações de Hg e uma dependência espacial dos sólidos em suspensão ao longo do rio Madeira, bem como, um aumento médio nas concentrações de Hg adsorvido aos sólidos em suspensão do rio Madeira na confluência com alguns afluentes amostrados. PALAVRAS-CHAVE: Rio Madeira; Elementos-traço; Mercúrio; Geoestatística e sólidos em suspensão. xiii ABSTRACT GOMES, J.P.O. Aplicação da análise de componentes principais e geoestatística no estudo hidrogeoquímico de elementos-traço nos sólidos em suspensão do Alto rio Madeira. Porto Velho, 2005. tantas p.Monografia. Departamento de Biologia, Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR. This study to have in view make prior lifting of trace element concentrations (Cd, Cu, Cr, Zn, Pb, Fe, Co, Mn, Hg) in high Madeira river and his tributaries by Atomic Absorption Spectrophotometer in abiotics samples, suspension solids. Using geoestatistic analysis technical: Semi-variogram and Pontual Ordinary Kriging, to produce isolines maps of suspension solids proportions and mercury concentrations. The realization of this lefting in the enlargement expectation of regional eletric potencial with the posible came of natural gas of Urucu-AM and FURNAS Hydroelectric Project that result in industrial and sócio-economic developing. The analysis of the physiochemical parameters showed that the basin of drainage of the high Madeira river is constituted by rivers with white and black waters; of slightly alkaline the slightly acid; high the low electric conductivity; and with high demand chemistry of oxygen and oxygen dissolved in the middle. The study area presented the element-trace concentrations in natural levels. The Fe e Mn concentration were largest found, both are coming of the types of soils of the drainage basin, were the class of the latossolos prevails. The trace elements considered industrial like Cd, Cr and Pb presented low concentrations due to the small pollutant potential of the industrial park of the area. Kriging maps demonstrate a continuing variation in Hg concentrations and suspension solids space dependence along of Madeira River, as well as, an average increase in Hg concentrations adsorption to the suspension solids of Madeira River in the confluence with some sampling tributaries. KEYWORDS: Madeira River; trace element; Mercury; Geoestatistic; Suspension solids. 1 1. INTRODUÇÃO A Bacia de drenagem do rio Madeira, devido a sua importância quanto ao fluxo de sólidos em suspensão carreados ao rio Amazonas tem sido avaliada por vários autores (SIOLI, 1967; MARTINELLI et al., 1989; GUYOT et al., 1999; FILIZOLA-JÚNIOR, 1999). Pois, naturalmente o rio Madeira transporta uma grande carga de sólidos em suspensão na ordem de 40.106 t.ano-1 (GUYOT et al., 1999). Tornando-o um veiculo de transporte e dispersão de poluentes orgânicos e inorgânicos, a exemplo, de elementos-traço adsorvidos as partículas sedimentares em suspensão. Deste modo, a dinâmica dos sólidos em suspensão é um fator chave para se entender o funcionamento ecológico, ambiental e geoquímico de muitos rios, principalmente na região Amazônica (SIOLI, 1967). Em relação às concentrações de elementos-traço no rio Madeira, com ênfase ao elemento Hg, devido à contribuição antrópica da garimpagem de ouro de aluvião na região, vem sendo avaliada por autores, tais como: Martineli et al., 1987;Lacerda et al., 1987; Pfeiffer & Lacerda, 1988; Malm et al., 1991; Leckler et al., 2000; Maurice-Bourgoin et al., 2000; Bonotto & Silveira, 2003 e Bastos et al., 2005. Porém, o estudo destas matrizes ambientais considerando-as como Variáveis Regionalizadas (VR), ou seja, variáveis que apresentam uma dependência espacial, ainda é um estudo sem referência na Bacia do rio Madeira. Nos estudos realizados sobre a carga de sólidos em suspensão no rio Madeira e a sua relação com o transporte de elementos-traço, a exemplo do Hg, têm utilizado-se como ferramenta estatística, a estatística clássica. Na sua base matemática, esta assume que qualquer dado é aleatório e independente dos outros, e que estão distribuídos uniformemente ao acaso. Neste caso a estatística clássica é inviável para responder a uma questão específica referente aos padrões de dispersão espacial (NOGUEIRA et al., 2004). Portanto, a análise estatística multivariada e a análise geoestatística até o momento são as ferramentas mais adequadas para responder a questões de dependência espacial. A geoestatística baseia-se no estudo do padrão de distribuição espacial de um elemento, auxiliando a compreensão dos processos que o resulta, aumentando assim o conhecimento dos processos geoquímicos que o controlam (ZHANG & SELINUS, 1997). Atualmente procedimentos de avaliação da distribuição espacial de Hg e outros elementostraço baseados na modelagem geoestatística têm sido utilizados (ZHANG & SELINUS, 1997; INÁCIO et al., 1998; ARGENTO et al., 2003; XU & TAO, 2004; WASSERMAN & QUEIROZ, 2004). Segundo Leecaster (2003), os mapas gerados através de técnicas 2 geoestatísticas têm sido ferramentas úteis em diversas áreas ambientais para identificar gradientes de concentração dos elementos-traço. Esta proposta de estudo se torna muito importante na região, uma vez que, a Bacia do rio Madeira vem sendo explorada desde a década de 70 pela atividade garimpeira e mais recentemente pela atividade agropecuária nas cabeceiras dessa importante Bacia. O atual uso da terra na região, sem um manejo adequado, tem acelerado o processo de erosão através do escoamento superficial da água das chuvas após lavagem e lixiviação dos solos da região, carreando elementos-traço como (Co, Cd, Cr, Cu, Pb, Hg, Zn, Mn e Fe) para o talvegue dos rios. Por isso, o principal objetivo deste trabalho foi estudar a relação entre os sólidos em suspensão e as concentrações de elementos-traço, com ênfase ao Hg, através de técnicas estatísticas multivariadas e a distribuição espacial destes através de técnicas geoestatísticas no trecho do Alto rio Madeira. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. A Bacia Amazônica e o rio Madeira Inserido na Bacia Amazônica, o rio Madeira é o principal afluente da margem direita do rio Amazonas, tendo 1.459 Km de extensão, todo ele dentro do território brasileiro. Percorre os estados de Rondônia e Amazonas, com a sua formação na confluência dos rios Mamoré e Beni (originários dos planaltos andinos), na localidade de Vila Murtinho no município de Nova Mamoré (RO), até sua foz no rio Amazonas próximo ao município de Itacoatiara (AM), com vazão média de 23.000m3/s (SEDAM, 2002). A bacia hidrográfica constituída pelo rio Madeira e seus afluentes drenam uma área de 1.420.000 Km2, sendo que os demais afluentes nascem em áreas rebaixadas do Planalto Central (Serra dos Pacaás Novos, Chapada dos Parecis e Serra do Roncador), em altitudes que não ultrapassam 800 m. O rio Madeira apresenta dois trechos distintos em seu curso, denominados Alto e Baixo Madeira. O primeiro trecho que vai da formação até as proximidades de Porto Velho, chamado de Alto Madeira, tem cerca de 360 Km de extensão não apresentando condições de navegabilidade devido à grande quantidade de cachoeiras existentes. São 18 cachoeiras ao todo, com desnível de cerca de 72 m e índice de declividade da ordem de 20 cm a cada quilômetro. O Baixo Madeira, trecho onde funciona a “Hidrovia do Madeira”, uma das importantes vias fluviais da América do Sul, corre numa extensão de 1.099 Km, a partir da Cachoeira de Santo Antonio até sua foz no rio Amazonas (SEDAM, 2002). Se junta ao rio 3 Amazonas em volumes d’água quase equivalentes, dependendo da época do ano. Seu nível fluviométrico oscila cerca de 15 m entre as estações seca e chuvosa (figura 01). Devido ao seu volume de águas o rio Madeira é considerado um dos vinte maiores rios do mundo. As primeiras classificações quanto às águas da Bacia Amazônica foi realizada por Sioli et al. (1967), tendo como base principal, o grau de acidez. Nessa primeira classificação o rio Madeira foi classificado como um rio de águas branco-amareladas, ricas em material dissolvido e particulado em suspensão, ou seja, sua nascente é fornecedora Nível Fluviométrico (m) primária de material sedimentar. 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 JA N Rio Madeira o o 08 44'87"S 63 54'99"W V FE 1996 R A M B A R 1997 IO A M JU N 1998 JU L G A O T SE 1999 O T U 2000 O N V EZ D 2001 Figura 01. Variação do nível fluviométrico do rio Madeira entre os anos: 1996 e 2001. Fonte: Compilado de CPRM (2002) apud BASTOS (2004). Conforme Katzer (1897) apud Mortatti & Probst (1998), desde os resultados das primeiras investigações científicas sobre a qualidade química das águas do rio Amazonas, mostra-se à influência dos afluentes à montante deste rio. Nestas investigações Katzer observou que os tributários do baixo Amazonas apresentavam carga sólida maior, quando em comparação com o canal principal. Mais recentemente, Martinelli et al. (1989), mostrou esta influência através da quantificação das cargas sólidas em suspensão dos principais afluentes do rio Amazonas, onde em termos médios, quase metade do material em suspensão transportado pelo rio Amazonas ao oceano Atlântico é oriundo da bacia de drenagem do rio Madeira (0,5x109 t/a). Segundo dados de Mortatti et al. (1989) entre os tributários do rio Amazonas, na sua parte baixa, o rio Madeira foi o que mais contribuiu com um transporte de material sólido da ordem de 37x106 t/a, muito próximo aos resultados de Guyot et al. (1999) referentes à Bacia do Alto rio Madeira, junto à estação de Vilabela, onde o mesmo encontrou um transporte de sólidos totais na ordem de 40x106 t/a, justificando a origem de suas águas nos Andes Bolivianos. Segundo, o referido autor, mais de 90% do material dissolvido 4 transportado ao oceano tem origem Andina, confirmando as verificações anteriores. Durante o período de cheia, tal valor passa a ser mais significativo, como o determinado por Mortatti et al. (1989), em torno de 1,4x109 t/a. 2.2. Fontes de elementos-traço para o meio ambiente O termo elemento-traço tem sido usado para definir metais catiônicos e oxiânions que normalmente estão presentes em baixas concentrações no ambiente, usualmente <1g.kg-1, muito embora Al, Fe e Mn, os quais ocorrem em maiores concentrações na litosfera (principalmente em ecossistemas tropicais), também sejam tratados como elementos-traço por alguns autores (KABATA-PENDIAS & PENDIAS, 2001; MORTATTI & PROBST, 1998; BONOTTO & SILVEIRA, 2003). Este termo tem sido preferido em diversas publicações recentes que tratam desse assunto (McBRIDE, 1994; STUMM & MORGAN, 1996; KABATA-PENDIAS & PENDIAS, 2001; BONOTTO & SILVEIRA, 2003), em detrimento da expressão metal pesado, que se refere aos metais com densidade acima de 5,0 g/cm3, nunca ter sido definida por nenhum órgão oficial na área de química (IUPAC), tendo perdido seu sentido (tabela 01). Tabela 01. Densidade dos principais elementos-traço. METAL DENSIDADE 3 METAL DENSIDADE (Símbolo) (g/cm ) (Símbolo) (g/cm3) ALUMÍNIO (Al) 2,7 MERCÚRIO (Hg) 14,1 CHUMBO (Pb) 11,3 COBALTO (Co) 8,9 COBRE (Cu) 8,9 ZINCO (Zn) 7,1 CRÔMIO (Cr) 7,2 CÁDMIO (Cd) 8,4 FERRO (Fe) 7,8 MANGANÊS (Mn) 7,4 No meio ambiente os elementos-traço podem estar presentes em águas superficiais, sub-superfíciais, solos e sedimentos tanto em concentrações naturais, dependendo da formação geológica da região, quanto pela atividade antropogênica. Para fins comparativos e de referência, a tabela 02 apresenta as concentrações médias de elementostraço na crosta terrestre e em solos do mundo. Os processos naturais que contribuem para o aparecimento de elementos-traço em águas são o intemperismo de rochas e o escoamento superficial da água das chuvas após lavagem e lixiviamento de elementos no perfil do solo da região. Portanto, a constituição 5 geológica tem grande importância na composição da água dos rios e lagos que drenam íons metálicos e pequenas partículas dos solos, contribuindo assim para a composição físicoquímico da água regional, além de uma possível representação do particulado em suspensão (MORTATTI & PROBST, 1998). Tabela 02. Concentrações de alguns elementos-traço na crosta terrestre e em solos de diferentes regiões do mundo. Elemento Crosta terrestrea Solos do mundob Químico (mg.Kg-1) (mg.Kg-1) Cd 0,1 - Co 20 1,4-27 (10) Cr 100 12-221 (67) Cu 50 6-80 (24) Hg 0,05 - Mn 950 80-1315 (558) Pb 14 8-67 (29) Zn 75 17-236 (67) a Valores para crosta terrestre expressos como médias; b Valores para solos do mundo são expressos como mínimo-máximo (média). Fonte: Adaptado de Kabata-Pendias & Pendias (2001). As principais fontes antropogênicas de contaminação dos rios e lagos com elementos-traço são: atividade industrial através do lançamento de efluentes sólidos, líquidos e deposição atmosférica de partículas ou gases (ex. Pb e V); atividades de mineração como a fundição de metais não-ferrosos (ex. Cd, Ni, Pb e Se) e os garimpos de ouro (ex. Hg); fabricação de ferro e aço (ex. Cr, Mo, Sb e Zn); efluentes domésticos (especialmente As, Cr, Cu, Mn e Ni) e águas superficiais provenientes de áreas cultivadas com adubos químicos e defensivos agrícolas (estes contêm os mais variados metais como o Cd, Hg, Pb, Cu, etc.) (NRIAGU & PACYNA, 1988) (tabela 03). Essas fontes antropogênicas são responsáveis pela alteração pontual ou não-pontual das concentrações de elementos-traço na coluna d’água. Causando assim uma diferenciação ao decorrer da coluna d’água e desestruturando toda a ciclagem natural de elementos-traço presentes no sistema hídrico (TAILLEFERT & GAILLARD, 2002). 6 Tabela 03. Adições antropogênicas de alguns elementos-traço a ecossistemas aquáticos (106 Kg ano-1). FONTE Cd Cr Cu Hg Mn Pb Zn Efluentes urbanos 0,18–1,8 8,1–36 4,5–18 0–0,18 18–81 0,9–7,2 9,0–45 Efluentes rurais 0,3–1,2 6,0–42 4,2–30 0–0,42 30–90 0,6–4,8 6,0–36 Energia a vapor 0,01-0,24 3,0–8,4 3,6–23 0–3,6 4,8–18 0,24-1,2 6,0–30 0–0,3 0–0,7 0,1–9 0–0,15 0,8–12 0,25-2,5 0,02–6 - - - - 14–36 1,4–2,8 5,6–24 0,01–3,6 3–20 2,4–17 0–0,04 2,0–15 1,0–6,0 2,0–20 0,5–1,8 15–58 10–38 0–0,75 2,5–20 2,5–22 25–138 0,1–2,5 2,5–24 1,0–18 0,02-1,5 2,0–15 0,4–3,0 0,2–5,0 Papel e celulose - 0,01-1,5 0,03-0,39 - 0,03-1,5 0,01-0,9 0,09-1,5 Produtos de petróleo - 0–0,21 0–0,06 0–0,02 - 0–0,12 0-0,24 0,9–3,6 2,2–16 6,0–15 0,22-1,8 3,2–20 87–113 21–58 0,08-1,3 5,8–32 2,9–22 0,0-0,31 32–1,06 2,9–16 2,6–31 2,1–17 45–239 35–190 0,3–8,8 109-414 97–180 77–375 (9,4) (142) (112) (4,6) (262) (138) (226) Mineração e revestimento Fundição e refino (ferro e aço) Metais não-ferrosos Processos industriais (metais) Produtos químicos Deposição atmosférica Descarga de lodo de esgoto Total (média) Fonte: Adaptado de Nriagu & Pacyna (1988). Nos ecossistemas aquáticos continentais os elementos-traço podem se apresentar sob as formas: iônica (apresenta maior disponibilidade geoquímica e, conseqüentemente, maior biodisponibilidade, além de aumentarem seu tempo de resistência na coluna d’água); complexada (principalmente a moléculas orgânicas); adsorvidos a sólidos em suspensão (principalmente como componente dos detritos e da biomassa). Dentre os sistemas aquáticos, os lagos, devido às suas características de ambientes deposicionais, são os reservatórios potenciais destes elementos químicos (ESTEVES, 1998; TAILLEFERT & GAILLARD, 2002). Nos sistemas aquáticos o transporte de elementos-traço é realizado sob a forma dissolvida ou ligado ao sólido em suspensão. Desta forma, cerca de 90 a 99% dos elementostraço presentes na carga total dos rios são transportados adsorvidos aos sedimentos em suspensão. Isso, dependendo do comportamento geoquímico do metal (especiação e complexação) e outros parâmetros físico-químicos, tais como o pH, circunstâncias do potencial oxido-redução (redox) e a natureza da interação entre os sólidos e as espécies 7 químicas, que determinam o coeficiente de partição do metal entre a fase dissolvida e a adsorção com partículas finas, que é um processo chave neste transporte (BONOTTO & SILVEIRA, 2003). Assim os rios que recebem grandes cargas de rejeitos industriais apresentam, na maioria dos casos, grandes concentrações de elementos químicos na fase dissolvida, enquanto que rios sem contribuição antrópica apresentam a maior parte da carga total associada aos sólidos em suspensão (HATJE et al., 2003). Segundo Mortatti & Probst (1998) o fluxo de elementos-traço medido junto à foz de uma bacia hidrográfica, é o resultado conjunto dos mecanismos de erosão e sedimentação, além da ação antrópica que afetam essa bacia de drenagem. Durante o transporte fluvial, o fluxo dos elementos-traço pode ser modificado através das trocas com a planície aluvial, com os sedimentos de fundo em processos de adsorção e dessorção, com os organismos biológicos e através das diversas reações biogeoquímicas, envolvendo a precipitação e a dissolução de certos minerais, oxidação da matéria orgânica e desnitrificação (MORTATTI & PROBST, 1998). Dentre as diversas reações biogeoquímicas, as mais importantes são as interações que ocorrem entre Fe e Mn e os demais metais e substâncias presentes na coluna d’água. Segundo Stumm & Morgan (1996), próximo à interface água-sedimento, pode ocorrer uma zona anóxica, de depleção de O2, onde reações de redução e dissolução de óxidos de Fe (III) e Mn (IV) podem liberar metais catiônicos (Cd+2, Cu+2, Pb+2, Zn+2) ou oxiânions (AsO3-3) que se encontravam adsorvidos a estes óxidos. A dissolução destes óxidos leva também à liberação de Fe+2 e Mn+2 que, uma vez atingindo a região óxica próxima à superfície, na presença de O2, sofrem oxidação e re-precipitação, levando novamente à formação de óxidos de Fe (III) e Mn (IV), que podem adsorver elementos-traço dissolvidos e, eventualmente, sofrerem sedimentação no fundo do lago, ficando sujeitos a novos ciclos de redução e dissolução, e assim por diante (figura 02). Levando-se em consideração as altas concentrações de Fe (+5000g.L-1) e Mn (+300g.L-1) na bacia hidrográfica do rio Madeira (GOMES et al., 2003a), e a alta correlação entre a concentração destes elementos em lagos marginais à jusante deste (GOMES et al., 2003b), podemos considerar que a ciclagem de Fe e Mn é um importante contribuidor para a remoção de outros elementos através da mobilização e posterior sedimentação. 8 Figura 02. Representação esquemática do ciclo de elementos-traço em lagos. Adaptado de Stumm & Morgan (1996). Devido à adsorção realizada pelos sólidos em suspensão e sedimentos de fundo, estes também são importantes controladores das concentrações de elementos-traço dissolvidos nos meios hídricos. Nesse contexto, os fatores físico-químicos do meio aquático são de grande importância, pois podem disponibilizar os metais que estão adsorvidos nos sólidos em suspensão ou associados aos sedimentos de fundo, deixando-os disponíveis à biota, podendo bioacumular e biomagnificar (a exemplo do Hg) ao longo da cadeia alimentar. Não havendo grandes modificações físico-químicas no ambiente pode ocorrer à remoção destes metais dissolvidos para fases sólidas através de processos de: adsorção, floculação, precipitação e co-precipitação (HATJE et al., 2003). A poluição das águas por elementos-traço é um importante fator que afeta tanto o ciclo geoquímico desses elementos quanto à qualidade ambiental. Porém, nos últimos anos, especialmente na década de 90, a poluição dos solos tem merecido especial atenção, sendo mundialmente reconhecida como um problema que pode representar sérios riscos à qualidade do meio aquático. Pois, o fluxo de elementos-traço numa bacia hidrográfica pode ser modificado através das trocas com a planície aluvial. Solos possuem características únicas quando comparados aos outros componentes da biosfera (ar, água e biota), pois se apresentam não apenas como um dreno para contaminantes, mas também como um tampão natural que controla o transporte de elementos químicos e outras substâncias para a atmosfera, hidrosfera e biota (KABATA-PENDIAS & PENDIAS, 2001). As principais fontes antropogênicas de contaminação dos solos com elementostraço são: extração mineral; descarte de produtos comerciais e; as precipitações atmosféricas 9 de cinzas ou pequenas partículas provenientes de queimadas e gases poluentes lançados por indústrias e incineradoras que provocam a volatilização e formação dessas cinzas ricas em metais adsorvidos (NRIAGU & PACYNA, 1988) (tabela 04). Insumos agrícolas ou subprodutos usados com finalidade corretiva ou nutricional na agricultura representam também uma possível fonte de contaminação dos solos com elementos-traço. Embora menos importantes do ponto de vista quantitativo, esses insumos (fertilizantes, calcários, estercos e lodos de esgoto) podem se constituir em importantes fontes não pontuais de poluição de solos e águas. McBride (1994) relata que a alteração do teor natural de elementos-traço nos solos pela aplicação de taxas agronômicas de fertilizantes tende a levar décadas. Tabela 04. Adições globais de alguns elementos-traço ao solo (106 Kg ano-1). FONTE Cd Cr Cu Hg Mn Pb Zn Resíduos agrícolas 0-3,0 4,5-90 3-38 0-1,5 15-112 1,5-27 12-150 Resíduos animais 0,2-1,2 10-60 14-80 0-0,2 50-140 3,2-20 150-320 0-2,2 2,2-18 3,3-52 0-2,2 18-104 6,6-8,2 13-65 Resíduos urbanos 0,88-7,5 6,6-33 13-40 0-0,26 7-42 18-62 22-97 Lodo de esgoto municipal 0,02-0,34 1,4-11 4,9-21 0,01-0,8 4,4-11 2,8-9,7 18-57 – 0,08-0,63 0,02-1,6 0,13-2,1 Resíduos de madeira Resíduos orgânicos diversos Resíduos de manufat. de metais Cinzas de queima de carvão 0-0,01 0,01-0,48 0,04-0,61 0-0,08 0,65-2,4 0,95-7,6 0-0,08 0,41-4,9 4,1-11 2,7-19 1,5-13 149-446 93-335 0,37-4,8 498-1655 45-242 112-484 – 0,13-0,83 0,42-2,3 0,26-1,1 0-0,02 5,2-17 0,45-2,6 0,15-3,5 100-500 195-390 310-620 7,4-46 202-263 49-135 0,03-0,25 0,03-0,38 0,05-0,58 Fertilizantes Turfa (fins agrícolas ou 0-0,11 0,04-0,19 0,78-1,6 305-610 Deposição atmosférica 2,2-8,4 5,1-38 Total 5,6-38 combustível) Descarte de prod. Comerciais (média) (22) 0,15-2 395-790 0,55-0,82 14-36 484-1309 541-1367 (896) (954) 0,63-4,3 1,6-15 (8,3) 706-2633 479-1113 (1670) (796) 689-2054 (1372) Fonte: Adaptado de Nriagu & Pacyna (1988). J, normalize as casas decimais. As emissões atmosféricas e a extração mineral contribuem com cerca de 11% de Mn a 96% de Pb do total das fontes antropogênicas, além de serem responsáveis por adições de até 1,16 milhões de toneladas do metal Pb por ano ao ecossistemas terrestres e aquáticos (NRIAGU & PACYNA, 1988). Um quadro resumido da emissão atmosférica e da extração mineral de alguns elementos-traço é apresentado na tabela 05. 10 Tabela 05. Extração mineral e emissão atmosférica de alguns elementos-traço no mundo. Elemento Extração Mineral Emissão Atmosférica 1997 Média Mundial Cd 3 19,675. 10 toneladas 8,9. 109g ano-1 Cr 3750. 103 toneladas 74. 109g ano-1 Cu 11386. 103 toneladas 63. 109g ano-1 Co 24,800. 103 toneladas - Zn 7036. 103 toneladas 177. 109g ano-1 Mn 6699. 103 toneladas 355. 109g ano-1 Pb 2817000. 103 toneladas 344. 109g ano-1 Fe 528981. 103 toneladas - Hg 3 3,089 10 toneladas 6,1. 109g ano-1 Fonte: Dados compilados e adaptados de Nriagu & Pacyna (1988). As reações que controlam a disponibilidade de elementos-traço em solos compreendem adsorção e dessorção, precipitação e dissolução, e complexação. A figura 03 ilustra resumidamente os processos que governam a solubilidade, disponibilidade e mobilidade de elementos químicos no solo. Figura 03. Processos dinâmicos interativos que governam a solubilidade, disponibilidade e mobilidade de elementos-traço nos solos. Compilado de McBride (1994). Esses processos são influenciados por diferentes atributos, sendo o pH e o potencial redox os mais relevantes, pois além de afetarem diretamente as reações supracitadas, são também os principais fatores que controlam a especiação de elementos-traço em solução. A concentração de elementos-traço na solução da maioria dos solos é bastante baixa, normalmente na faixa de 1 a 1000 µg.L-1 (partes por bilhão), não sendo raros os casos em que estes teores são menores que 1 µg.L-1. Nestas condições, esses elementos tendem a ser retidos no solo via adsorção, principalmente na forma não trocável (McBRIDE, 1994). 11 2.3. Elementos-traço no rio Madeira Na região do rio Madeira os estudos referentes a elementos-traço estão focados em pesquisas sobre a contaminação ambiental decorrente da atividade garimpeira de ouro de aluvião, realizada desde a década de 70, sendo atribuído a esta as altas concentrações de mercúrio (Hg) na região. Sendo que, o uso intensivo do mercúrio metálico (Hg0) como agente amalgamador de ouro pelos garimpeiros na região amazônica persiste até os dias atuais com grandes perdas para o ambiente, o que, aliado ao alto potencial tóxico de seus derivados, sua capacidade de biocumulação e biomagnificação ao longo da cadeia trófica, o torna de especial interesse como elemento tóxico para estudos na região. Entre os inúmeros estudos realizados para melhor entender o comportamento deste metal na região do rio Madeira, grande parte destes foram realizados em solos, sedimento de fundo de lagos e rios, peixes e humanos através da exposição alimentar e ocupacional. O depósito de ouro em exploração no rio Madeira localiza-se na fronteira do Brasil com a Bolívia, no Estado de Rondônia, numa região autorizada e delimitada por portarias do Ministério de Minas e Energia (Nos. 1345 de 1979 e 1034 de 1980) e denominada Reserva Garimpeira do rio Madeira, ocupando uma área de 192km2 ao longo do rio Madeira, no trecho compreendido entre as cachoeiras do Paredão (Guajará-Mirim) e Teotônio (Porto Velho). A produção de ouro oficial segundo a Secretaria de Receita Federal de Rondônia no período entre 1979 e 1995 foi de 51,5t, após essa data não se tem registro oficial (figura 04). A perda de Hg nesse processo chegou a tingir 40 a 45% do total utilizado, caindo diretamente no rio Madeira, e o restante do Hg sublimava para a atmosfera na ordem 55 a 60% (PFEIFFER & LACERDA, 1988). Baseado nesses cálculos, estes autores estimaram que cerca de 68t de Hg foram lançadas para o meio ambiente na região, apenas considerando o período citado e a produção oficial. Segundo estimativas esse despejo ultrapassou as 90t nesse período, baseado em estimativas de extrações de ouro não registrado. 20000 18000 16000 14000 12000 Kg 10000 8000 6000 4000 2000 0 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 PERÍODO DE PRODUÇÃO PRODUÇÃO OFICIAL PRODUÇÃO ESTIMADA Figura 04. Produção oficial e estimada de ouro no rio Madeira (BASTOS, 2004). 12 Os sedimentos de fundo devido a sua capacidade de refletir as entradas pontuais recentes de Hg tem sido um dos compartimentos mais estudados para avaliar a contaminação por Hg no rio Madeira. Segundo Leckler et al. (2000) a distribuição do Hg reflete basicamente dos rejeitos de dragas e balsas, onde estes determinaram concentrações de 41 µg.Kg-1 a montante, e de 340 µg.Kg-1 a jusante de dragas em operação na região, mostrando um aumento devido à fonte pontual. Logo, as concentrações de Hg medidas nos sedimentos de fundo na Bacia do rio Madeira se apresentam mais elevadas nas regiões de maior exploração atingindo valores de até 19.800 µg.Kg-1 no Rio Mutum-Paraná, área de concerto de dragas e balsas (PFEIFFER et al., 1989). Segundo os mesmos autores as concentrações de Hg em outros locais da região garimpeira variaram entre 50 e 280 µg.Kg-1. Valores equivalentes também foram encontrados por Lacerda et al. (1987), com concentrações variando entre 50 e 175 µg.Kg-1. Resultados mais recentes demonstram concentrações mais baixas na região como demonstrado por Bonotto & Silveira (2003), com concentrações entre 37 e 136 µg.Kg-1. Na região do Baixo Madeira entre Porto Velho e a confluência com o rio Amazonas, região menos estudada durante o auge do garimpo, as concentrações de Hg em sedimentos de fundo apresentaram média de 41 + 34 µg.Kg-1 no trabalho realizado por Leckler et al. (2000). Estas concentrações são similares às encontradas por Bastos et al. (2005) em suas amostragens nessa região em 2003, com valores entre 35,2 e 82,2 µg.Kg-1. Resultados semelhantes também são observados para a água e sólidos em suspensão, embora poucas publicações dêem ênfase a esta matriz. Segundo o estudo de Pfeiffer et al. (1989), nas águas do rio Madeira as concentrações de Hg apresentaram média de 0,41 g.L-1. Posteriormente, Pfeiffer et al. (1991), encontrou valores entre 0,2 - 5,1 g.L-1 na mesma região do alto rio Madeira. Já Leckler et al. (2000), estudando as concentrações de Hg em vários compartimentos ambientais do Baixo Maderia demonstra valores mais altos, entre 4 - 17 g.L-1 para Hg na água. Demonstrando que ocorre um enriquecimento das concentrações de Hg nos sólidos em suspensão na região não impactada pelo garimpo, o que pode estar relacionado as fontes naturais de Hg na Amazônia – SOLOS – como vem demonstrando alguns autores. Também estudando o Baixo Maderia, Ayres et al. (2004), encontrou valores de Hg adsorvido nos sólidos em suspensão variando entre 68 e 251 g.Kg-1 no ano de 1997 e de 9,6 a 122,1 g.Kg-1 em 2002. Conforme estes autores os resultados sugerem que ocorreu uma alteração na partição de Hg nas águas do rio Madeira entre os anos amostrados, devido ao 13 aumento nas taxas de erosão provocadas pela expansão da agricultura na região. Os resultados obtidos por Bastos (2004), em amostras coletadas entre Porto Velho e o rio Amazonas, corroboram para esta afirmação, com concentrações de Hg variando entre 68 e 251 µg.Kg-1. Já nas proximidades de Porto Velho entre as cachoeiras de Teotônio e Santo Antônio em 1997, as concentrações de Hg nos sólidos em suspensão variaram entre 20 e 48 µg.Kg-1, segundo Bonotto & Silveira (2003). E conforme Maurice-Bourgoin et al. (2000), os valores de Hg para os sólidos em suspensão na calha do rio Madeira são bem mais baixos, variando em torno da média de 10,0 g.Kg-1, e no rio Beni entre 2 e 8 g.Kg-1. No trabalho realizado por Bonotto & Silveira (2003) também se encontram valores para as concentrações de outros elementos traço tanto em sedimento de fundo quanto em sólidos em suspensão. Nos sedimentos de fundo estes autores encontraram concentrações de: Cd - 5 g.g-1, Cr - 5 g.g-1, Pb – 169 g.g-1, Cu – 636 g.g-1, Zn – 421 g.g-1, Mn – 582 g.g1 , Fe – 38101 g.g-1. Para os sólidos em suspensão estes autores encontraram concentrações de: Fe - 75776 g.g-1, Zn - 723 g.g-1, Pb - 712 g.g-1, Cu - 593 g.g-1 e Mn 1217 g.g-1. Sendo que estes autores utilizaram um método de extração total dos elementos-traço presentes nas partículas. Demonstrando que na componente cristalina das partículas de sedimentos existem altas concentrações de elementos-traço não biodisponíveis. E que o Hg é preferencialmente transportado por minerais compostos por kaolinitas, óxidos e hidróxidos de Fe, micas e feldspatos (referência). Uma vez que a deposição da maior parte do Hg atmosférico originado em garimpos na Amazônia ocorre à cerca de 40 a 60Km da fonte (LACERDA et al., 2004 apud BASTOS, 2004), é provável que a maior parte do Hg perdido para a atmosfera em Rondônia tenha sido depositado nos solos da região ao longo do Alto rio Madeira (BASTOS & LACERDA, 2005). Estudos referentes aos solos da floresta de planície em torno do rio Madeira, principalmente nas áreas de intensa atividade garimpeira, foram realizados por Lacerda et al. (1987), que encontrou uma alta variação nas concentrações de Hg, com valores entre 35 e 300 µg.Kg-1. Posteriormente, nos estudos de Malm et al. (1991) em solos de florestas da região, com alguns pontos distantes das áreas de garimpo, observa-se valores semelhantes, variando de 30 a 340 µg.Kg-1 de Hg. Os altos valores encontrados são associados com a deposição de Hg atmosférico, proveniente da queima de amálgama nas áreas de garimpo próximos. No entanto, estudos recentes constatam que a atividade garimpeira não é a única fonte de Hg na região Amazônica. Segundo os estudos de Roulet et al. (1996) apud Bastos & 14 Lacerda (2005), os solos da região do rio Tapajós, que não possui histórico de garimpo, apresenta teores de Hg variando entre 90 – 210 µg.Kg-1. Valores relativamente altos quando comparados com as médias mundiais. Postula-se então que os solos da região Amazônica são naturalmente enriquecidos por este elemento. E o processo de desmatamento seguido da queima de vegetação tem sido apontado como um fator que influencia na liberação do Hg contido nos solos orgânicos, húmus (matéria orgânica), e na biomassa florestal. Estas práticas aumentam também a lixiviação e erosão superficial do solo desprotegido, causando o aumento das taxas de sedimentação nos rios e, consequentemente acelerando o transporte de Hg para o ambiente aquático. Nesse contexto de mineração de ouro também pode ter ocorrido o lançamento de outros elementos-traço como Pb, Cr, Cu, Zn, Fe, presentes em soldas e chapas metálicas, tintas (usadas até hoje na pintura dos cascos das embarcações), entre outros produtos utilizados na fabricação de balsas, dragas e outras embarcações usadas no garimpo. Além também, do enriquecimento desses metais realizado pelo processo gravimétrico utilizado pelos garimpeiros durante a pré-concentração dos elementos pesados na busca do ouro. Porém, os estudos referentes às concentrações desses elementos-traço são escassos na região, tendo em vista as poucas publicações referentes ao assunto. Principalmente em relação à concentração de elementos-traço adsorvidos aos sólidos em suspensão. 15 3. OBJETIVOS 3.1 - GERAL Avaliar a carga de sólidos em suspensão e as concentrações dos elementos-traço adsorvidos (Cd, Cu, Cr, Zn, Pb, Fe, Co, Mn e Hg) através de técnicas estatísticas multivariadas e geoestatísticas na bacia de drenagem do Alto rio Madeira e seus afluentes. 3.2 - ESPECÍFICOS Determinar os parâmetros físico-químicos dos corpos d’águas na área de estudo: temperatura, potencial hidrogeniônico (pH), condutividade elétrica, oxigênio dissolvido e saturação de O2, em dois períodos sazonais: vazante (novembro de 2003) e cheia (fevereiro de 2004); Quantificar as concentrações de elementos-traço nos sólidos em suspensão em dois períodos sazonais: vazante (novembro de 2003) e cheia (fevereiro de 2004); Aplicar as técnicas de análise estatística multivariada e geoestatística: Análise das Componentes Principais (PCA), Semivariograma e Krigagem ordinária pontual, como ferramentas de análise do comportamento e da distribuição espacial de elementos-traço presentes nos sólidos em suspensão no Alto rio Madeira; Colaborar com o banco de dados hidrobiogeoquímicos do Laboratório de Biogeoquímica Ambiental - UNIR com informações sobre os poluentes metálicos na Bacia do rio Madeira. 16 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1. Caracterização da área de estudo A área de estudo situa-se no domínio do sistema fluvial Guaporé-Mamoré-Alto Madeira, compreendendo parte da rede hidrográfica do Estado de Rondônia, que é composta pelo rio Madeira, desde a sua formação pelos rios Mamoré e Beni, seus afluentes da margem direita (rio Jaci-Paraná e rio Mutum-Paraná) e seu mais importante afluente da margem esquerda (rio Abunã), chegando até a Cachoeira de Santo Antônio – Porto Velho. 4.1.1. Clima A área de estudo localiza-se na zona sub-climática regional Am, onde predominam altas temperaturas durante todo o ano, com pequena amplitude térmica anual e notável amplitude térmica diária, especialmente no inverno. Apresenta chuvas abundantes, com forte decréscimo de precipitação no inverno, com 3 meses de seca (junho, julho e agosto) bem definidos. Esses fenômenos conferem um clima que, de acordo com a classificação de Köppen é do tipo Tropical quente e úmido (SEDAM, 2002). A precipitação anual varia de 1.800 a 2.400 mm, mantendo uma umidade média de 82% ao ano. O período sazonal é marcado por duas estações, uma chuvosa com duração de 8 a 9 meses de precipitação (setembro a abril) e outra de estiagem com pouca ocorrência de precipitação e duração de 3 a 4 meses (junho a agosto). As temperaturas médias anuais variam entre 24º e 26º C, podendo as máximas oscilar entre 28º e 33º C, e as mínimas chegar a 18º e 21º C nas regiões de maior altitude (SEDAM, 2002). 4.1.2. HIDROGRAFIA A rede hidrográfica do estado de Rondônia é composta pelo rio Madeira e seus afluentes, que formam oito sub-bacias significativas: Bacia do Guaporé, Bacia do Mamoré, Bacia do Abunã, Bacia do Mutum-Paraná, Bacia do Jaci-Paraná, Bacia do Jamari, Bacia do Machado e Bacia do Aripuanã. Segundo a SEDAM (2002), em relação à economia do estado e ao volume d’água destacam-se quatro sub-bacias no trecho da área de estudo: 1. Bacia do rio Mutum-Paraná: ocupa superfície de 8.840 km², servindo principalmente como via de penetração para o interior. 17 2. Bacia do rio Abunã: possui área de abrangência de aproximadamente 4.600 km², sendo responsável pela linha fronteiriça entre Brasil e Bolívia no extremo oeste do estado. 3. Bacia do rio Jaci-Paraná: estende-se por 12.000 km², sendo utilizada principalmente como via de penetração para o interior. 4. Bacia do rio Mamoré: ocupa uma área de 30.000 km² dentro do estado de Rondônia, formando a linha fronteiriça do Brasil com a Bolívia. É navegável a embarcações de médio calado em qualquer época do ano. A rede de drenagem do rio Madeira apresenta trechos de embasamento, meandrante e sedimentar, estando localizada na Plataforma ou Cráton Amazônico, região que permaneceu estável durante a evolução das faixas de dobramentos Paraguai e Uruguai. Assim o regime hidrográfico do rio Madeira recebe grande influência do relevo do estado que é pouco acidentado, não apresentando grandes elevações ou depressões, com variações de altitudes que vão de 70 metros a 500 metros. A região norte e noroeste, pertencente à grande Planície Amazônica, apresenta área de terras baixas e sedimentares. As áreas mais acidentadas encontram-se localizado na região sul, onde ocorrem elevações e depressões, com altitudes que chegam a alcançar 800 metros na Serra dos Pacaás Novos, que se dirige de noroeste para sudeste e é o divisor entre a bacia do rio Guaporé e as bacias dos afluentes do rio Madeira (Jaci-Paraná, Candeias e Jamari) (SEDAM, 2002). 4.1.3. Geologia O estado de Rondônia está inserido no domínio do embasamento cratônico antigo pertencente à Província do Tapajós, Sub-Província do Madeira. A geologia da região é caracterizada pelo embasamento mais antigo, originário dos complexos gnáissicos, granitóides e supracrustais associados, por sua vez retrabalhados por rochas intrusivas, com destaque para as graníticas, e encoberta por sequências sedimentares, com ou sem vulcânicas associadas que datam do Proterozóico Médio e Superior (RONDÔNIA, 2002). Segundo o Zoneamento socioeconômico e ecológico de Rondônia: ZSEE-RO, na escala 1:250.000, a área de estudo apresenta as seguintes unidades geológicas: PMPja Supergrupo Gnaisse Jaru, TQi - Coberturas Quaternárias-Neogênicas, Qpt - Terraços Fluviais Pleistocênicos, NPps - Grupo Palmeiral-São Lourenço, MPmr - Grupo Vulcano-Sedimentar Mutumparaná-Roosevelt, MPteg - Suíte Intrusiva Teotônio, MPyrg - Granitos Rapakivi Jovens de Rondônia, Qha - Sedimentos Aluvionares e Coluvionares Holocênicos, Qpa - 18 Sedimentos Aluvionares e Coluvionares Pleistocênicos e TQli - Lateritas Imaturas (Figura 05). Destes os mais importantes são o PMPja - constituído por ortognaisses de origem granítica, granodiorítica, tonalítica, charnoquítica, enderbítica e charno-enderbítica. Os pargnaisses incluem biotita-gnaisses, kinzigitos, rochas calcissilicatadas; TQi - coberturas quaternárias-neogênicas indiferenciadas; Qpt - sedimentos pouco selecionados constituídos por cascalho, areia e argila, relativos às áreas situadas acima do nível médio das águas dos rios atuais; NPps – compostos por ortoquartzitos esbranquiçados, arenitos arcosianos, subordinados, com estratificação cruzada, arcósio e conglomerados; MPteg - constituída por quartzo-alcalifeldspato-granito, faialita-clinopiroxênio-quartzo-alcalifldspato-sienito, cortados por meladiorito simplutônico; Qpa - materiais detríticos mal selecionados, compostos por areia, silte e argila, com níveis conglomeráticos. 250000 200000 300000 350000 Localização da Folha. 400000 N E 9000000 9000000 W S 80 8950000 8950000 0 160Km 0 400 800Km LEGENDA 8900000 8900000 I Expedição II Expedição Rio Madeira Lateritas Imaturas Suíte Intrusiva Teotônio Supergrupo Gnaisse Jaru Grupo Palmeiral - São Lourenço Terraços Fluviais Pleistocênicos Coberturas Quaternárias-Neogênicas Granitos Rapakivi Jovens de Rondônia Grupo Vulcano-Sedimentar Mutumparaná-Roosevelt Sedimentos Aluvionares e Coluvionares Holocênicos Sedimentos Aluvionares e Coluvionares Pleistocênicos 8850000 30 60 90Km ESCALA GRÁFICA Projeção Universal Transversa de Mercator Datum Horizontal: WGS 84. 250000 200000 300000 350000 400000 8850000 0 Fonte: Mapa elaborado através da Base Temática de Unidades Geológicas: ZSEE (RONDÔNIA, 2002). Escala: 1:250000. Figura 05. Mapa das unidades geológicas da área em estudo. 4.1.4. Solos Conforme o ZSEE-RO (Rondônia, 2002) na escala 1:250.000, a área de estudo apresenta os seguintes grupos de solos: Podzólicos Vermelho-Amarelos Distróficos, Latossolos Vermelho-Escuros Distróficos, Latossolos Vermelho-Amarelos Distróficos, Latossolos Amarelos Distróficos, Solos Glei Distróficos, Cambissolos Distróficos, Areias Quartzosas e Solos Litólicos Distróficos (figura 06). 19 O grupo mais representativo são os latossolos, que apresentam horizonte B ôxico e/ou kândico. Geralmente, são solos bastante intemperizados, apresentando como principais minerais derivados da argila: caolinita, gipisita, minerais amorfos e sesquióxidos de ferro e alumínio. Em razão da forte lixiviação sua capacidade de troca catiônica é baixa, assim como a quantidade de cálcio, magnésio, potássio e sódio adsorvidos. Os Latossolos VermelhoAmarelos Distróficos são os mais freqüentes, sendo geralmente pobres, ácidos, álicos e distróficos. Em seguida vêm os Latossolos Amarelos Distróficos que se caracterizam por altos conteúdos de caolinita e hidróxidos de alumínio. Do ponto-de-vista da fertilidade são pobres, bastante ácidos e geralmente distróficos e álicos. Outro grupo de solos importantes na área de estudo são os solos hidromórficos: Glei Húmico, Glei Hidromórfico, Glei Tiomórfico, Podzol Hidromórfico que ocorrem em regiões com excesso de água. Muitos desses solos se desenvolveram a partir de depósitos aluviais ao longo dos rios. Apresentam baixa fertilidade, pH baixo e altos níveis de saturação de alumínio. 250000 200000 400000 350000 300000 Localização da Folha. N E 9000000 9000000 W S 8950000 8950000 0 80 160Km 0 400 800Km 0 30 60 90Km ESCALA GRÁFICA Projeção Universal Transversa de Mercator Datum Horizontal: WGS 84. 200000 250000 300000 350000 400000 8850000 8850000 8900000 8900000 LEGENDA I Expedição II Expedição Rio Madeira Porto Velho Areias Quartzosas Solos Glei Distróficos Cambissolos Distróficos Solos Litólicos Distróficos Latossolos Amarelos Distróficos Latossolos Vermelho-Escuros Distróficos Podzólicos Vermelho-Amarelos Distróficos Latossolos Vermelho-Amarelos Distróficos Fonte: Mapa elaborado através da Base Temática de Solos: ZSEE (RONDÔNIA, 2002). Escala: 1:250000. Figura 06. Mapa dos tipos de solos da área em estudo. 4.1.5. Vegetação A classificação mais recente quanto à formação vegetal do estado de Rondônia está baseada no Zoneamento Socioeconômico e Ecológico de Rondônia: ZSEE-RO (RONDÔNIA, 2002), na escala 1:250.000, onde o quadro vegetal da área de estudo é composto por: florestas ombrófilas, formações pioneiras, formação aluvial de pequeno porte 20 (Umirizal), zonas de contato e savanas parque (campo cerrado) (figura 07). Dentre estes tipos vegetais a floresta Ombrófila Aberta Submontana, presente em 115.932 km2 ou 48,82% do estado de Rondônia, é a predominante. Estas florestas apresentam dossel bem distinto, com indivíduos emergentes e sub-bosque estratificado. Ocorrem principalmente sobre latossolos e podzólicos, ou seja, em solos antigos, rasos, fortemente intemperizados, com afloramento de rochas, seixos superficiais e lateritas de idades variadas desde o quaternário (aluviais), predominando no terciário até o pré-cambriano. Este tipo de floresta possui indivíduos emergentes ao dossel, podendo estar associadas a palmeiras e cipós. Entre as palmeiras, destacam-se o babaçu (Attalea phalerata), o coco-cabeçudo (A. martiana) e inajá (A. maripa). Outra formação comum em áreas de aluviões nas bacias dos rios Madeira e Guaporé é o Umirizal. Esta cresce sobre solos pobres, mal drenados e rasos. Geralmente é dominada por uma ou poucas espécies, destacando-se o umiri (Humiria balsamifera), Pera sp., Pagamea sp. e Qualea sp. O dossel fica a cerca de 5 a10 m de altura, com até 15 % de abertura. O sub-bosque é fechado, com pouca visibilidade, dominado por estrato arbustivo onde se destacam espécies de Melastomataceae (Tococa sp., Mayeta guianensis) além de lianas lenhosas. 250000 200000 400000 350000 300000 Localização da Folha. N E 9000000 9000000 W S 8950000 8950000 0 80 160Km 0 400 800Km I Expedição II Expedição Rio Madeira Ocupação Humana Formação Aluvial de Umirizal Savana Parque (Campo Cerrado) Floresta Ombrófila Aberta Aluvial Contato Savana / Floresta Ombrófila Floresta Ombrófila Aberta Submontana Floresta Ombrófila Aberta de Terras Baixas Formação Pioneira Fluvial Arbustiva ou Arbórea 0 30 60 90Km ESCALA GRÁFICA Projeção Universal Transversa de Mercator Datum Horizontal: WGS 84. 200000 250000 300000 350000 400000 8850000 8850000 8900000 8900000 LEGENDA Fonte: Mapa elaborado através da Base Temática de Formações Vegetais: ZSEE (RONDÔNIA, 2002). Escala: 1:250000. Figura 07. Mapa das formações vegetais da área em estudo. 21 4.1.6. Perfil industrial de Rondônia A atividade industrial em Rondônia ainda á bastante incipiente. Os ciclos de extrativismo minero-vegetal porque passou a economia do estado, não implicaram no surgimento de um setor representativo de transformação de produtos primários. Isso devido à colonização de Rondônia ter sido baseada numa estratégia do Governo Federal, para na década de 70 estimular o povoamento agrícola da região com migrantes provenientes dos estados do sul e sudeste do país. Tal processo, associado a solos aptos, transformou o estado meramente extrativista num produtor nacional de grãos e gado de leite e corte (SEDAM, 2002). Segundo levantamento FIERO (2003), o perfil das indústrias do Estado de Rondônia e suas distribuições espaciais por municípios estão dispostos na tabela 06. Tabela 06. Número de Indústrias em no Estado de Rondônia por Município. Municípios Total Total (%) Porto Velho 822 22,93 Ji – Paraná 365 10,18 Ariquemes 258 7,20 Jarú 152 4,24 Vilhena 216 6,02 Rolim de Moura 154 4,30 Cacoal 207 5,77 Pimenta Bueno 153 4,27 Ouro Preto d`Oeste 98 2,74 Demais Municípios 1.048 32,35 TOTAL 3.585 100% Fonte: Perfil Industrial/2003 – Banco de dados FIERO. Estas 3.585 indústrias estão distribuídas em atividades, das quais temos um maior número de empresas atuando nos setores madeireiro 945 (26,36%); alimentícios 807 (22,51%); construção civil 58 (16,23%); moveleiro 249 (6,96%); confecções 189 (5,27%); não metálicos (4,72%) e; produtos metálicos (4,30%) (FIERO, 2003). Mais recentemente a industrialização do couro vêm se instalando no estado. Estas indústrias estão situadas em sua maioria ao longo da rodovia BR 364, principal artéria rodoviária do estado. As indústrias de produtos metálicos tiveram sua ascensão com a grande atividade garimpeira de ouro, tendo em vista as fabricações de balsas e outros equipamentos, vindo 22 estas indústrias a declinar com a redução da garimpagem. As principais atividades que compõe o seguimento são: serralherias; fabricação de estruturas metálicas; artefatos de ferro e aço; e estamparia. Tendo como principais matérias-primas: aço, barra de ferro, cantoneira de ferro, chapa de aço inox, chapa de alumínio, chapa de ferro, cobre, disco de corte, disco de lixadeira, eletrodos, ferro tubular, lixas, massa plástica, metal trefilado, solda de oxigênio, solda elétrica, tubo de alumínio, tubo de ferro, tubo de zarcão e estanho (FIERO, 2003). 4.2. METODOLOGIA 4.2.1. DESENHO AMOSTRAL A elaboração do desenho amostral para a área foi baseado em uma amostragem sistemática em malha, com a marcação de pontos de coleta em imagens LANDSAT-TM 7, formando uma malha experimental composta por 23 transcectos de amostragem distribuídos em uma malha regular, com intervalos ao longo da coordenada “X” paralela ao leito do rio de 12.500m e, ao longo da coordenada “Y”, transversal a área amostrada, estabeleceu-se coletas na margem esquerda e direita e um ponto central no canal principal do rio (BERNARDI et al., 2001). Também foram amostrados pontualmente no canal principal do rio, os principais afluentes do Alto rio Madeira: rio Mutum-Paraná, rio Abunã, rio Jaci-Paraná, e os rios formadores: rio Mamoré e rio Beni (figura 08). A malha experimental foi aferida em campo através da coleta de coordenadas geográficas, obtidas com utilização de receptores de GPS, modelos: GPS GARMIN’s III Plus e GPS GARMIN’s 12 XL Personal NavigatiorTM. Para realização das edições iniciais e finais nos mapas, utilizaram-se os softwares: ArcView GIS versão 3.2, AutoCad Map versão 2000 (Autodesk), Sufer versão 8.0 (Golden Software) e CorelDRAW versão 10. 23 250000 200000 Y 8950000 P 10 P9 P 11 A7 P8 8850000 Ri o Madeira Igarapé Araras 800Km I Expedição II Expedição Vegetação i en 0 Rio Mamoré 250000 400 Rios e Igarapés 30 60 90Km ESCALA GRÁFICA Projeção Universal Transversa de Mercator Datum Horizontal: WGS 84. 200000 160Km LEGENDA 300000 350000 400000 8850000 oB Ri 80 0 8900000 A 12 0 Rio Mutum-Paraná A 11 8900000 oA Ri A8 S 8950000 P5 P4 A5 A4 Rio Jaci-Paraná A6 P6 P7 E W 9000000 P1 A1 a eir d a P2 oM A2 i R P3 A3 A9 A 10 nã u b Localização da Folha. Porto Velho I Expedição II Expedição Afluentes N 400000 350000 a deir A Ma K m 7 Ri o =1 2,5 X P8 8950000 300000 P7 DESENHO AMOSTRAL Ocupação Humana Fonte: Mapa elaborado através da sobreposição de Imagens de Satélite LANDSAT-TM 7 e da Base Temática de Hidrografia: ZSEE (RONDÔNIA, 2002). Escala: 1:250000. Figura 08. Desenho experimental da malha de amostragem geoquímica e localização dos pontos amostrados no Alto rio Madeira nas duas expedições realizadas. 4.2.2. AMOSTRAGEM A amostragem de sólidos em suspensão e as medidas dos parâmetros físicoquímicos d’água foi realizada em 2 etapas usando os períodos de vazante (22-11 à 25-112003) e cheia (22-02 à 25-02-2004) como parâmetros. Essa amostragem fez parte do Projeto de Pesquisa: “Biogeoquímica de Metais Pesados no Alto rio Madeira”, firmada através do convênio de consultoria entre FURNAS/UNIR/RIOMAR, no período entre novembro/2003 e dezembro/2004. Este trabalho envolveu uma equipe composta por 10 pessoas, utilizando-se 2 veículos tracionados 4x4, 2 voadeiras com motores de 25HP, além de equipamentos específicos citados abaixo do laboratório para realização das coletas. Nos pontos selecionados para as amostragens de sólidos em suspensão foram, in loco, medidos os seguintes parâmetros físico-químicos dos corpos d’água: pH (pHmetro: SCHOTT – pH/mV Meter-handylab1); Condutividade Elétrica (Condutivímetro: SCHOTT – Hand-Held Conductivity Meter-handylab LF1); Oxigênio Dissolvido, Saturação e Temperatura (Oxímetro: SCHOTT – Dissolved Oxygen Meter-handylab OX1). A coleta das amostras foi realizada em garrafões de polietileno, que possuem menor adsorção a íons metálicos (CETESB, 1987), previamente descontaminados durante 24hs em solução de ácido nítrico (HNO3) a 5% e enxaguados com água ultra pura (MILLI-Q 24 18.2M). As amostras foram coletadas à + 25cm abaixo da superfície da lamina d’água, obtendo-se de forma geral partículas menores que <63m ou 250 mesh. Pois, segundo Richey et al. (1986) apud Filizola-Júnior (1999), a maioria do material em suspensão do rio Amazonas é classificado como sedimento fino (<63m). Sendo o mesmo padrão de transporte observado no rio Madeira, onde a fração grosseira dos sólidos em suspensão apresenta-se na ordem de 20 a 30% da concentração do sedimento fino. 4.2.3. MÉTODOS ANALÍTICOS As metodologias de extrações químicas aplicadas no referente estudo constam do APHA (1971), sendo encontradas em várias publicações recentes que tratam desse tipo de amostragem e análise química (BASTOS et al., 1998; SASTRE et al., 2002; BONOTTO & SILVEIRA, 2003; HATJE et al., 2003; TAILLEFERT & GAILLARD, 2002), tendo sido realizadas adaptações no Laboratório de Biogeoquímica Ambiental – UNIR. 4.2.3.1. EXTRAÇÃO QUÍMICA Em laboratório as amostras foram submetidas a um processo de filtragem a vácuo, passando-se uma alíquota da amostra por um filtro de celulose desumidificado e pré-pesado (PI) de 47mm e 0,45 m de diâmetro de poro. Após a filtração de um volume conhecido (1L), os filtros foram colocados em estufa para desumidificação, à + 60ºC por 24 horas. Sendo em seguida pesado novamente (PF), obtendo-se a quantidade de sólidos em suspensão em mg.L-1 através da diferença do PI e PF (Meade et al., 1985 apud FILIZOLA-JÚNIOR, 1999). Para garantir maior confiabilidade aos dados, foram feitas quadruplicatas de cada ponto amostrado obtendo-se um baixo coeficiente de variação para todos os pontos amostrados ( = 4,19%). 4.2.3.1.1. Para determinação de Mercúrio Total (Hg). Após o processo de filtração, os filtros foram colocados em tubos de ensaio, adicionando-se 1 mL de água ultra pura (MILLI-Q 18.2 M) ao material e logo após 5 mL de água régia (HCl:HNO3 – 3:1), levando-se ao banho Maria por 15 min. a 60C. Resfriou-se em banho de gelo e adicionaram-se 10 mL de permanganato de potássio (KMnO4) a 5%, levandose ao banho Maria por mais 30 min. a 60C. Deixou-se em overnight e posteriormente 25 neutralizou-se com cloridrato de hidroxilamina (HONH3Cl+NaCl) a 12%, filtrando-se por gravidade em papel de filtro Whatmam 44. Aferindo-se a 14 mL em tubos de teflon. 4.2.3.1.2. Para determinação dos demais Elementos-traço. Após o processo de filtração, colocou-se os filtros em becker de 40mL, fazendo-se um ataque agressivo com 10mL de ácido nítrico (HNO3 65%), levando-se posteriormente à chapa quente para acelerar o processo de solubilização junto com peróxido de hidrogênio (H2O2). Ressuspendeu-se em seguida com 10 mL de ácido clorídrico (HCl 37%), levando-se novamente à chapa quente. Após a secagem total adicionaram-se 10 mL de ácido clorídrico (HCl 0,1N), e filtrou-se por gravidade em papel de filtro Whatmam 44, acondicionando em tubos de teflon. Aferiu-se o volume final em 14ml com ácido clorídrico (HCl 0,1N). 4.2.3.2. – ESPECTROFOTOMETRIA DE ABSORÇÃO ATÔMICA As análises quantitativas dos elementos-traço presentes nos sólidos em suspensão foram realizadas por espectrofotômetria de absorção atômica (AAS – Atomic Absorption Spectrophotometry. A determinação de Hg foi realizada por AAS com sistema de injeção em fluxo (Flow Injection Mercury system - FIMS 400 - Perkin Elmer). Para os demais elementostraço utilizou-se AAS por meio de chama (GBC-AVANTA, Modelo-3000). O principio de funcionamento destes aparelhos se baseia na propriedade que cada átomo possui em absorver determinado comprimento de luz, com maior especificidade que os demais elementos. Sendo este pico de absorção exclusivo para cada elemento. A absorção de energia ocorre com a promoção do elétron para níveis de energia superiores aqueles do estado fundamental. Para cada absorção característica de um dado elemento é absorvida energia respectiva a uma freqüência no espectro eletromagnético com um dado comprimento de onda. Este fenômeno se deve ao arranjo eletrônico único, que cada átomo possui no estado fundamental, conferindo características intrínsecas a cada elemento químico. Sendo assim, com a excitação elétrica de uma lâmpada de cátodo-ôco (hollow-cathode) do elemento de interesse, emiti-se um feixe de luz no comprimento de onda do elemento, em meio a uma nuvem de átomos, que irão absorver esse comprimento de onda específico. Através da razão entre a luz que chegou ao detector óptico e a luz que saiu da fonte emissora, obtém-se a transmitância. E por meio de relações entre as absorbâncias de padrões analíticos e as 26 concentrações destes, traçam-se curvas de calibração que servem de padrão para a determinação das concentrações dos elementos-traço presentes nas amostras (VOGEL, ). Na espectrofotômetria de absorção atômica para cada elemento a ser analisado variam as condições de operação do equipamento. Sendo assim, estimou-se o Limite de Detecção da Técnica Analítica (LDT) para cada elemento químico estudado, através de cálculos a partir da sensibilidade do aparelho e dos valores dos brancos analisados para controle (tabela 07). Tabela 07. Limites de Detecção da Técnica (LTD) para cada elemento-traço analisado. LDT Cd Co Cr Cu Pb Zn Mn Fe Hg (ppm) (ppm) (ppm) (ppm) (ppm) (ppm) (ppm) (ppm) (ppb) g.mL-1 g.mL-1 g.mL-1 g.mL-1 g.mL-1 g.mL-1 g.mL-1 g.mL-1 g.L-1 0,186 0,123 0,188 0,230 0,183 0,129 0,431 0,699 0,030 Este é apenas um dos ramos da espectrofotometria, pois existe ainda a espectrofotometria por emissão atômica e por fluorescência. Mas, pela facilidade e rapidez com a qual se produz dados precisos por esta técnica, à torna uma das mais populares para estudos de determinação de elementos-traço. 4.2.3.3. CONTROLE DE QUALIDADE Para controle de qualidade do processo analítico, as amostras foram analisadas em duplicatas e acompanhadas de um branco controle, com o qual pode-se subtrair as contaminações do ambiente de trabalho e dos reagentes utilizados nas extrações químicas. Também foram utilizadas amostras certificadas (IAEA 356 - Hg e DC 73307 – Mn) em cada batelada analítica, para termos certeza do grau analítico dos resultados obtidos (tabela 08). Além destas formas de controle, a participação em programas de exercícios de intercalibração entre grupos de diferentes países também foi utilizada, dando-se continuidade ao Programa de Exercícios de Intercomparação laboratorial com o laboratório do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Pois, desde junho de 2000, o Laboratório de Biogeoquímica Ambiental participa do Programa Interlaboratorial com o Instituto Nacional de Securidad e Higiene en el Trabajo do Ministério de Trabajo y Securidad Social do Governo da Cantabria, Espanha. 27 Tabela 08. Concentração de Hg (g.g.1) e Mn (g.Kg.1) em amostras de Referência Certificada de sedimento. AMOSTRA VALOR DE REFERÊNCIA REFERÊNCIA Média D.P. Intervalo 7,62 0,88 6,74 - 7,98 620,1 8,0 600,5 - 640,3 IAEA. 356 – Hg DC 73307 – Mn VALOR DO LAB. DE BIOGEOQUÍMICA (UNIR) Média D.P. 7,12 0,71 Intervalo Recuperação Média (%) 6,32 - 7,58 95 600,32 – 620,2 97 (n= 15) 610,59 0,71 (n= 10) 4.2.4. MÉTODOS ESTATÍSTICOS Após a obtenção dos dados estes foram separados por Matrizes de Dados, considerando-se variáveis físico-químicas (oxigênio dissolvido (O2), % de saturação (O2), pH, condutividade elétrica, temperatura (água e ar) para o ambiente lótico; e variáveis geoquímicas dos sólidos em suspensão (S.S.) (Cd, Co, Cu, Cr, Pb, Fe, Mn, Zn e Hg). Para os cálculos estatísticos e geoestatísticos foram utilizados os programas: STATISTIC, versão 6.0 (StatSoft Inc., 2001); e SUFER, versão 8.0 (Golden Software Inc., 2002). 4.2.4.1. ÁNALISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS Em estudos ambientais com muitas amostras e variáveis, sejam elas físicas, químicas ou biológicas, uma das formas de avaliar o conjunto de dados gerados é a análise estatística multivariada. As análises multivariadas ou multidimensionais se baseiam na redução da dimensionalidade e na detecção de padrões (gradientes e tendências) em grandes conjuntos de dados (BERNARDI, 2001). Entre os métodos de estatística multivariada, a análise das componentes principais (PCA) vem sendo utilizada com bastante relevância por vários pesquisadores da área ambiental (RATHA & SAHU, 1993; BERG et al., 1995; GRUNSKY & SMEE, 1999; YAMASOE et a.l, 2000; KÜCHLER et al., 2000; HWANG et al., 2001; WENCHUAN et al., 2001; BERNARDI et al., 2001) para ordenação e redução do número de variáveis, e para fornecer uma visão estatisticamente privilegiada dos principais padrões de variação do conjunto de dados. 28 A análise das componentes principais inicia-se com o cálculo dos autovalores e correspondentes autovetores de uma matriz de variâncias e co-variâncias ou de correlações entre variáveis e tal procedimento é conhecido como modo “R”. O primeiro autovalor a ser determinado correspondera à maior porcentagem da variabilidade total existente no conjunto de dados, o segundo pela maior variação possível restante, e assim por diante até que toda a variação do conjunto tenha sido explicada (LANDIM, 2000). Os autovetores correspondem às componentes principais e é o resultado do carregamento das variáveis originais em cada um deles. Tais carregamentos podem ser considerados como uma medida da relativa importância de cada variável em relação às componentes principais e os respectivos sinais, se positivos ou negativos, indicam relações diretamente e inversamente proporcionais (BICUDO & BICUDO, 2004). A matriz de carregamentos de cada variável nas componentes principais ao ser multiplicado pela matriz original de dados fornecera a matriz de contagens (escores) de cada caso em relação às componentes principais. Esses valores podem ser dispostos num diagrama de dispersão, em que os eixos são as duas componentes mais importantes, e mostrar o relacionamento entre os casos condicionados pelas variáveis medidas (LANDIM, 2000). A análise das componentes principais é, portanto, uma técnica de transformação de variáveis. Se cada variável medida pode ser considerada como um eixo de variabilidade, estando usualmente correlacionada com outras variáveis, esta análise transforma os dados de tal modo a descrever a mesma variabilidade total existente, com o mesmo número de eixos originais, porém não mais correlacionados entre si. Graficamente pode ser descrita como a rotação de pontos existentes num espaço multidimensional originando eixos, ou componentes principais, que dispostos num espaço a duas dimensões representem variabilidade suficiente que possa indicar algum padrão a ser interpretado (KÜCHLER et al., 2000). Desse modo a determinação das componentes principais permite, com freqüência, diminui o número de variáveis a serem estudadas em função de sua importância relativa, isto é, pode-se desprezar as componentes de menor variação relativa (BERNARDI et al., 2001). A análise de componentes principais (PCA) é deduzida conforme Landim (2000), como uma equação matemática onde: se A for uma matriz simétrica de variâncias e covariâncias, de dimensões p x p, com termos aij, de onde os autovalores e os autovetores serão extraídos, Vi o iésimo autovetor, cujos termos são vij, e i o iésimo autovalor, tal relação pode ser expressa por: (A - i I) Vi = 0, onde I é a matriz de identidade. 29 Alternativamente a relação acima pode ser escrita por: AVi = Vi i , ou, [A][V] = [V] [], onde: [V] é uma matriz, p x p, de todos os autovetores e [] é uma matriz, p x p, com os autovalores i na diagonal principal. Multiplicando ambos os lados da equação pela transposta de V, V. [A] = [V] [] [V] A soma dos autovalores é igual à soma dos termos da diagonal em [A], ou seja, a soma das variâncias: ∑ λi = ∑aii , e por definição 1 p. Resolvendo a equação acima para , as raízes determinantes serão os autovalores. Encontrados os autovalores, substituindo-os nas equações simultâneas e resolvendo-as, obtém-se para cada autovetor correspondente, ou seja, os componentes principais. Pode-se definir a variância total existente em um conjunto de dados multivariados pela soma das variâncias de cada uma das variáveis. Numa matriz de variâncias e covariâncias, essas variâncias individuais constituem os elementos da diagonal principal. Basta somá-los, portanto, encontrando o traço da matriz para se obter a variabilidade total e, em seguida, a contribuição de cada variável. A soma dos autovalores de uma matriz, igual ao traço dessa matriz, representa também a variabilidade total da mesma e a contribuição de cada autovalor em termos de variabilidade é determinada. Ao primeiro corresponderá a maior variabilidade possível existente, ao segundo a maior variabilidade restante, e assim por diante. Em termos geométricos, o primeiro autovalor representa o eixo principal de maior comprimento; o segundo autovalor, um segundo vetor em comprimento, situado em posição ortogonal em relação ao primeiro, e assim sucessivamente. Os elementos de cada um dos autovetores encontrados são simplesmente coeficientes de equações lineares que transformam os dados originais em contagens (escores) indicativas do respectivo carregamento sobre os eixos correspondentes. Desse modo, utilizando-se da multiplicação da matriz de dados originais pela de autovetores, obtém-se uma matriz de dados transformados que representam projeções dos pontos, num espaço multidimensional, sobre os diversos componentes principais. [SR] = [X] [V], onde [X] = matriz de dados originais, [n x m] [V] = matriz quadrada [m x m] contendo os autovetores [SR] = matriz [n x m] das contagens sobre as componentes principais. 30 4.2.4.2. ANÁLISE GEOESTATÍSTICA Uma das mudanças mais significativas no estudo dos fenômenos relacionados com a quantificação de recursos naturais, ocorrida no último século XX, prende-se a utilização de modelos geomatemáticos, para estimar uma população com base em uma amostragem (DRUCK et al., 2004). Esta abordagem, baseada na quantificação da contigüidade espacial da variável em estudo, é realizada no pressuposto de existir fenômenos ambientais na área em análise, que originam distribuições das variáveis, cujos valores estão de alguma forma dependentes das posições espaciais ocupadas (GUERRA, 1988). A notação de dependência espacial foi observada primeiramente por Daniel G. Krige nos seus estudos em minas de ouro da África do Sul em meados dos anos 50, concluindo que as concentrações de ouro só eram explicáveis, se as distâncias entre as observações fossem utilizadas. Baseado nestas conclusões empíricas, Matheron em 1963 desenvolveu a teoria das variáveis regionalizadas (VR), que concilia este aspecto estruturado com uma característica aleatória, tradutora da variação irregular resultante da múltipla variedade de fatores. É deste duplo aspecto, aparentemente contraditório, que se permite considerar o valor Z(xi) de uma VR Z(x), no ponto xi, como uma realização particular da variável aleatória Z(xi) (BERNARDI, 2001). A geoestatística consiste na aplicação da teoria das variáveis regionalizadas (VR) para efetuar estimativas dentro de um contexto regido por um fenômeno natural com distribuição no espaço e, desse modo, supõe que os valores das variáveis são correlacionados no espaço (LANDIM, 1998). Devido a essa característica, a geoestatística tem sido utilizada por vários autores (ZHANG & SELINUS, 1997; INÁCIO et al., 1998; ARGENTO et al., 2003; XU & TAO, 2004; NOGUEIRA et al., 2004; KLEIJNEN & BEERS, 2005) principalmente para avaliar a dependência espacial das variáveis, efetuando estimativas e interpolações de variáveis em locais não amostrados. Portanto, a geoestatística se preocupa com o comportamento das variáveis regionalizadas e fundamentalmente pode se basear nos seguintes pressupostos: Ergodicidade: a esperança referente à média de todas as possíveis realizações da variável é igual à média de uma única realização dentro de certo domínio; Estacionariedade: na região em que se pretende fazer estimativas, o fenômeno é descrito como homogêneo dentro desse espaço; Hipótese Intrínseca: as diferenças entre valores apresentam fraco incremento, isto é, as diferenças são localmente estacionárias. 31 As técnicas geoestatísticas podem ser utilizadas para descrever e modelizar padrões espaciais (variografia), para predizer valores em locais não amostrados (interpolação), para obter a incerteza associada a um valor estimado em locais não amostrados (variância de krigagem) e para aperfeiçoar malhas de amostragem (ANDRIOTTI, 2003). Dessa forma, o estudo da distribuição espacial proporcionado pela geoestatística, permite visualizar o comportamento da variável na região através de mapas de isolinhas ou de superfície. Os modelos que objetivam gerar superfícies a partir de procedimentos de interpolação, de forma geral, representam a variável em estudo como uma combinação da variabilidade em larga e pequena escala (DRUCK et al., 2004). Para tanto, existem três tipos de abordagens: Modelos determinísticos de efeitos locais: cada ponto da superfície é estimado apenas a partir da interpolação das amostras mais próximas, utilizando funções como inverso do quadrado da distância. A suposição implícita é que predominam efeitos puramente locais. Modelos determinísticos de efeitos globais: a suposição implícita nesta classe de interpoladores é que, para a caracterização do fenômeno em estudo, predomina a variação em larga escala, e que a variabilidade local não é relevante. Modelos estatísticos de efeitos locais e globais (krigagem): cada ponto da superfície é estimado a partir da interpolação das amostras mais próximas, utilizando um estimador estatístico. Esses procedimentos requerem que a variabilidade local e global seja modelada através de modelos variográficos. Existindo diversos tipos de krigagem: simples, ordinária, universal, indicadora, probabilística, etc. No presente trabalho, iremos dar ênfase ao uso da técnica de krigagem ordinária pontual, ou seja, um caso particular do modelo de efeitos locais e globais em que p=1 e k=0, aonde k representa a ordem da função fj e β1 igual à média local. A ênfase nesse procedimento se deve ao fato que, este interpolador pondera os vizinhos do ponto a ser estimado, obedecendo aos critérios de não tendenciosidade e mínima variância dos erros. Tendo em vista a sua grande importância na modelagem de fenômenos naturais e a sua robustez a certos graus de não-estacionaridade e assimetria de distribuição como tem evidenciado alguns (KLEIJNEN & BEERS, 2005). A krigagem compreende, portanto, um conjunto de técnicas de estimação e predição de superfícies baseada na modelagem da estrutura de correlação espacial. Segundo Landim, (1998) a hipótese implícita no procedimento de krigagem é que o processo estudado seja estacionário de 2ª ordem, ou seja, para qualquer deslocamento h, os dois primeiros 32 momentos da diferença [x(i) - x(i+h)] devem ser independentes da localização de “x” por função apenas de "h": Exi xi h mh , estacionariedade de primeira ordem. Exi xi h mh 2 h , estacionariedade de segunda ordem. Onde: m (h h ) representa a tendência e (h) representa a semivariância. Neste caso a média é constante em todas as posições do campo amostral e a covariância só depende da distância entre as amostras. Os passos num estudo empregando técnicas de krigagem incluem: Análise exploratória dos dados; Análise estrutural (modelagem da estrutura de correlação espacial); Interpolação estatística da superfície. 4.2.4.2.1. ANÁLISE EXPLORATÓRIA DOS DADOS As técnicas de análise descritiva ou exploratória dos dados são essenciais ao desenvolvimento das etapas da modelagem estatística espacial, para visualizar as propriedades estatísticas e matemáticas dos dados, identificando a presença de valores extremos e à ausência de estacionariedade das variáveis. Parâmetros de fundamental importância para a tomada de decisões sobre os procedimentos a serem realizados (ANDRIOTTI, 2003). Os parâmetros estatísticos que descrevem um conjunto de dados podem ser divididos em três classes: (a) de tendência central, (b) de dispersão e (c) de assimetria e curtose. Neste sentido, as medidas estatísticas usualmente calculadas são: média, mediana, desvio padrão, valor máximo e mínimo, amplitude total, amplitude interquartílica, variância, coeficiente de variação, coeficiente de assimetria, coeficiente de curtose, quartil inferior, quartil superior e testes paramétricos e não-paramétricos de normalidade (LANDIM, 2000). 4.2.4.2.2. ANALISE ESTRUTURAL A análise estrutura dos dados é denominada de variografia, que é uma ferramenta básica de suporte às técnicas de Krigagem, pois permite representar quantitativamente a variação de um fenômeno regionalizado no espaço. Define-se variograma 2 ˆ (h) como a variância do erro que se comete ao estimar um teor desconhecido em (x + h) pela ajuda de um ponto dado em (x), através das diferenças quadráticas médias. Entretanto, para a Krigagem 33 utiliza-se o semivariograma ˆ (h) que é a metade do valor do variograma (ANDRIOTTI, 2003). O semivariograma pode ser calculado experimentalmente, considerando o esquema de amostragem em duas dimensões mostrado na Figura 09, onde z(x) denota o valor de uma posição cujos componentes são (x1, y1), e z(x+h) o valor da amostra numa posição cujos componentes são (x2, y2), sendo h um vetor de distância (módulo e direção) que separa os pontos (LANDIM, 2000). . Z(x1 + h) 2 h 1 Z(x1) 1 2 . Figura 09. Esquema de cálculos experimentais de uma amostragem em duas dimensões. A determinação experimental do semivariograma, para cada valor de h, considera todos os pares de amostras z(x) e z(x+h), separadas pelo vetor distância h, a partir da equação: ˆ (h) 1 N (h) [ z( xi ) z( xi h)]2 2 N (h) i 1 Onde: ˆ (h) - é o semivariograma; N(h) - número de pares da variável considerada em uma determinada direção; z ( xi ), z ( xi h) - são as variáveis em dois pontos distintos, separados por uma distância preestabelecida e constante em uma direção (h); 1 - é a metade da média das diferenças quadráticas e que representa a distância 2 perpendicular dos dois pontos em relação à linha de 45º do diagrama da dispersão espacial; H - é o intervalo de distância preestabelecida. As hipóteses de estacionariedade e média constante levam a postular um comportamento idealizado para o semivariograma experimental. Espera-se que observações mais próximas geograficamente tenham um comportamento mais semelhante entre si do que aquelas separadas por maiores distâncias. Assim, o valor absoluto da diferença entre duas amostras z(x) e z(x+h) deve crescer à medida que aumenta a distância entre elas, até um valor na qual os efeitos locais não teriam mais influência (DRUCK et al., 2004). 34 Os variogramas experimentais podem ser elaborados para diferentes direções, podendo detectar anisotropias existente na área em estudo. Essas anisotropias causam variações nas direções do variograma, podendo ser: Anisotropia geométrica: quando a variabilidade (alcance) é diferente de uma direção para outra, porém mantendo o mesmo patamar. Anisotropia zonal: neste tipo de anisotropia, tanto o alcance como o patamar variam conforme uma determinada direção. O gráfico do semivariograma experimental ˆ (h) é formado por uma série de parâmetros, conforme ilustra a Figura 10, sobre os quais se objetiva ajustar uma função teórica. É importante que o modelo ajustado represente a tendência de ˆ (h) em relação à h. Deste modo, as estimativas obtidas a partir da krigagem serão mais exatas e, portanto mais confiáveis (LANDIM, 1998). Figura 10: Esquema básico de um Semi-variograma. Os parâmetros de um semi-variograma são: Alcance (a): distância dentro da qual as amostras apresentam-se correlacionadas espacialmente. Patamar (C): é o valor do semivariograma correspondente a seu alcance (a). Deste ponto em diante, considera-se que não existe mais dependência espacial entre as amostras, porque a variância da diferença entre pares de amostras (Var [Z(x) - Z(x+h)]) torna-se aproximadamente constante. Efeito Pepita (C0): idealmente, γ(h) (0)=0. Entretanto, na prática, à medida que h tende para zero, γ(h) se aproxima de um valor positivo chamado Efeito Pepita (C0), que revela a descontinuidade do semivariograma para distâncias menores do que a menor 35 distância entre as amostras. Parte desta descontinuidade pode ser também devida a erros de medição, sendo impossível quantificar se a maior contribuição provém dos erros de medição ou da variabilidade de pequena escala não captada pela amostragem. Contribuição (C1): é a diferença entre o patamar (C) e o Efeito Pepita (Co). Anisotropia: quando os semivariogramas se mostram diferentes para diferentes direções de linhas de amostragem; Os modelos teóricos mais utilizados são divididos em dois tipos: modelos com patamar e modelos sem patamar. Modelos do primeiro tipo atingem o patamar (C) assintoticamente, onde o alcance (a) é arbitrariamente definido como a distância correspondente a 95% do patamar. Os modelos com patamar mais utilizados são: modelo esférico, modelo exponencial e modelo gaussiano. Modelos do segundo tipo não atingem o patamar, e apresentam um aumento constante da variabilidade, à medida que a distância é incrementada. Tais modelos são utilizados para modelar fenômenos que possuem capacidade infinita de dispersão. Neste caso a hipótese intrínseca é a única aceitável. Entre os modelos que não atingem o patamar, o modelo linear ou potencial é o mais utilizado (LANDIM, 2000). No presente trabalho foi utilizado o seguinte modelo teórico: Modelo esférico (Matheron) É o modelo mais utilizado nas variáveis estudadas em geociências. Apresenta um crescimento rápido na origem, onde tem um comportamento linear. 3 h h C.1,5 0,5. , seh a Sua expressão geral é: ( x) a a C , seh a Onde: (C) é o patamar e (a) representa a amplitude variográfica. Quando do ajuste deste modelo, aplica-se usualmente a regra de que a tangente na origem atinge o patamar à distância de 2/3 da amplitude (a). 5.2.4.2.3. Krigagem Ordinária Pontual O termo krigagem foi cunhado pela escola francesa de geoestatística em homenagem a Daniel G. Krige, um engenheiro de minas auríferas sul-africano, que foi o pioneiro na aplicação de técnicas geoestatísticas em avaliações mineiras. Inicialmente, o método de krigagem foi desenvolvido para solucionar problemas de mapeamentos geológicos, mas seu uso expandiu-se com sucesso no mapeamento de solos 36 (XU & TAO, 2004; NOGUEIRA et al., 2004; INÁCIO et al., 1998), mapeamento hidrológico (ZHANG & SELINUS, 1997; ARGENTO et al., 2003), mapeamento atmosférico (MACEDO et al., 2003) e outros campos correlatos. A krigagem usa informações a partir do semivariograma para encontrar os pesos ótimos a serem associados às amostras com valores conhecidos que irão estimar pontos desconhecidos. Nessa situação o método fornece, além dos valores estimados, o erro associado a tal estimação, o que o distingue dos demais algoritmos. Dentre os métodos de interpolação comumente empregados, o método geoestatístico da krigagem pode ser considerado como o melhor estimador linear sem viés ("BLUE - Best Linear Unbiased Estimator"), para interpolação do atributo medido em posições não-amostradas, cuja meta é a minimização da variância da estimativa e com erro residual médio igual a zero (LANDIM, 2000). Descreve-se abaixo de modo reduzido, a metodologia de estimativa por krigagem ordinária pontual, com descrições mais detalhadas desta técnica nas seguintes referências bibliográficas (GUERRA, 1988; LANDIM, 1998; ANDRIOTTI, 2003; DRUCK et al., 2004). A krigagem ordinária pontual é uma técnica geoestatística que permite estimar o valor desconhecido u 0 associado a uma determinada área ou volume, a partir de um conjunto de n dados ui , i 1, n disponíveis. O estimador é uma função da variável aleatória * , e é obtido como média ponderada dos dados disponíveis: n u0 wi ui i 1 Onde, wi são os ponderadores a serem obtidos, possuindo a variância de estimativa minimizada, de modo que os estimadores não sejam enviesados e representam os pesos de cada amostra utilizada no cálculo da estimativa de * u 0 . Os ponderadores wi são obtidos pela resolução de um sistema de equações lineares ou sistema de krigagem, conforme exposto por Landim, (1998): n wi u j ui u j u0 i 1 n para j 1,, n w 1 i i 1 37 Onde, u j ui é a variância entre os pares de amostras extraídas da função previamente ajustada aos semivariogramas experimentais; u j u 0 é a variância entre cada amostra e o ponto estimado, também expressa da mesma função ; é o multiplicador de Lagrange. Em notação matricial, o sistema de krigagem ordinária pode ser expresso como: K . λ = k λ = K-1 . k, com: Onde: K e k são matrizes das covariâncias; Cαβ, com α e β = 1,..., n(u), é a covariância entre as posições das amostras α e β; Cαu, com α = 1,..., n(u), é a covariância medida entre a posição da amostra α e a posição u, na qual se quer inferir um valor para o atributo e; λ é o vetor dos pesos. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. Parâmetros físico-químicos Nas tabelas 09 e 10 são apresentados alguns valores estatísticos univariados referentes aos parâmetros físico-químicos do rio Madeira nas duas épocas sazonais. Como parâmetros médios são apresentados à média aritmética, a mediana e a média geométrica; como parâmetros de dispersão são apresentados o desvio padrão e o coeficiente de variação; são apresentados ainda os valores mínimos, máximos e a amplitude total. Os valores estatísticos médios das variáveis físico-químicas da água dos pontos amostrados no rio Madeira apresentaram pequenas variações, demonstrando que não existem valores discrepantes afastados da média, fato este evidenciado melhor pelos desvios padrões e coeficientes de variação baixos. Observa-se uma pequena variação nas temperaturas médias do ar e da água entre os dois períodos, com uma diferença de 2,83ºC no ar e de 1,48 ºC na água. Os resultados obtidos no rio Madeira são semelhantes aos de Bonotto & Silveira (2003), média de 30º C, em seu trabalho no Alto rio Madeira em agosto de 1996. Em relação aos afluentes, estes tiveram seus valores de temperatura em torno da média apresentada pelo rio Madeira, expressando-se no período de cheia uma maior diferença entre o rio Madeira e os afluentes. 38 Tabela 09. Estatística descritiva das variáveis físico-químicas do rio Madeira e valores encontrados nos afluentes do rio Madeira no período de vazante (novembro - 2003). Rio Madeira Temp. Ar Temp. H2O Cond. Elétrica N= Mínimo Máximo Amplitude Total Mediana Média geométrica Média Aritmética Desvio Padrão Coeficiente de Variação Rio Jaci-Paraná Rio Mutum – Paraná Rio Abunã Rio Mamoré Rio Beni 33 25,7 38,5 12,8 30,6 31,08 31,21 2,91 9,32% 33 28,6 32 3,4 29,5 29,50 29,51 0,60 2,02% 31,0 26,4 31,0 30,6 30,5 30,2 28,4 29,7 30,5 29,3 33 87,4 99,6 12,2 96 95,63 95,65 1,87 1,95% Afluentes 22,8 10,8 19,0 184,4 83,4 pH O2 Dissolvido Saturação 33 6,68 7,8 1,12 7,16 7,23 7,23 0,29 3,98% 33 6,32 7,8 1,48 6,94 6,96 6,97 0,32 4,56% 33 90,5 100 9,5 96,4 96,07 96,11 2,72 2,83% 6,82 6,77 4,75 7,52 7,47 7,0 6,54 7,5 6,33 6,74 99,0 78,8 97,3 88,7 90,6 Tabela 10. Estatística descritiva das variáveis físico-químicas do rio Madeira e valores encontrados nos afluentes do rio Madeira no período de cheia (fevereiro - 2004). Rio Madeira Temp. Ar Temp. H2O Cond. Elétrica N= Mínimo Máximo Amplitude Total Mediana Média geométrica Média Aritmética Desvio Padrão Coeficiente de Variação Rio Jaci – Paraná Rio Mutum – Paraná Rio Abunã Rio Mamoré Rio Beni 36 25,6 33 7,4 28,15 28,33 28,38 1,83 6,44% 24,9 29,3 25,2 24,6 25,7 36 36 22,2 64,4 28,4 75,6 6,2 11,2 28,2 72 28,01 71,79 28,03 71,83 1,01 2,37 3,59% 3,30% Afluentes 25,9 14,4 25,8 8,4 26,0 10,9 28,4 69,1 27,5 85,3 pH O2 Dissolvido Saturação 36 6,04 6,68 0,64 6,5 6,47 6,47 0,11 1,76% 36 4,62 7,12 2,5 4,79 5,08 5,11 0,58 11,33% 36 59,8 100 40,2 62,15 65,74 66,16 8,14 12,30% 5,91 5,61 5,1 5,9 6,35 3,98 4,58 4,03 3,5 5,08 49,3 56,5 50,1 45,5 64,8 A condutividade elétrica dos pontos amostrados no rio Madeira nos dois períodos sazonais não variou significativamente em torno das médias 95,65+1,87µS/cm (vazante) e 71,83+2,37µS/cm (cheia). Observando-se no período de vazante uma maior condutividade elétrica, que possivelmente está relacionada a uma maior dissolução de espécies iônicas dissolvidas e baixa quantidade de sais dissolvidos. Além do menor volume d’água, que 39 influencia na concentração destes elementos na calha do rio, pois na época de cheia ocorre uma maior diluição com o aumento do nível fluviométrico d’água. Em relação aos seus formadores, não houve variação significativa de condutividade no rio Beni. Porém, no rio Mamoré houve uma significativa mudança, onde este apresentou uma condutividade elétrica maior (184,4µS/cm) que a encontrada nos rios Madeira e Beni (83,4µS/cm) na vazante. E na cheia este rio apresentou uma condutividade elétrica menor (69,1µS/cm) que a encontrada nos rios Madeira e Beni (85,3µS/cm). Esta variação sazonal possivelmente esta relacionada a uma maior dissolução de matéria orgânica dissolvida proveniente da Bacia do rio Guaporé e a uma maior concentração de espécies inorgânicas dissolvidas e partículas em suspensão, menores que 10m provenientes do rio Yata, como mostra os estudos de Guyot et al., (1999). Além da maior concentração de elementos-traço como Fe e Mn adsorvidos a estas partículas que possuem numerosos sítios de adsorção. Já os afluentes do rio Madeira apresentaram condutividades elétricas mais baixas que este nos dois períodos amostrados, estando relacionadas às características hidrogeoquímicas dessas sub-bacias. Pois, os rios Madeira, Beni (águas brancas) e Mamoré (águas claras) drenam rios sobre regiões de formação geológica terciária, ricas em espécies iônicas, enquanto os rios Abunã, Mutum-Paraná e Jaci-Paraná (águas pretas) são formados principalmente sobre formações quaternárias pobres em espécies iônicas. As menores condutividades elétricas foram encontradas no rio Mutum-Paraná (10,8µS/cm e 8,4 µS/cm), que estão relacionadas a menor quantidade de partículas e de matéria orgânica dissolvida na água deste rio. O resultado de condutividade elétrica encontrado no rio Jaci-Paraná na vazante (22,8 µS/cm), é maior que os resultados encontrados por Santos et al., (1986), 14 + 3,041µS/cm, em novembro de 1985. O que pode estar relacionado ao aumento do desmatamento nas áreas de drenagem deste rio. Em relação aos valores de pH na água, pode-se observar que os valores médios apresentados pelo rio Madeira na vazante e cheia (7,23 e 6,47, respectivamente), não diferem muito dos valores encontrados nos rios que o formam: Mamoré (7,52 e 5,9, respectivamente) e Beni (7,47 e 6,35, respectivamente). Estando os valores de pH do rio Madeira mais relacionado com os valores encontrados no rio Beni. Com a inclusão no estado de Rondônia, o rio Madeira recebe influência da qualidade da água dos rios Abunã (4,75 e 5,1), MutumParaná (6,77 e 5,61) e Jaci-Paraná (6,82 e 5,91), observando-se uma pequena queda no pH do rio Madeira, principalmente na confluência com estes afluentes. Os resultados do rio Madeira condizem com os valores de Bonotto & Silveira (2003) que encontraram uma média de 6,54 40 no pH desta região. Em relação ao resultado de pH no rio Jaci-Paraná (6,82), observou-se uma grande diferença quanto ao pH de 5,0 encontrado por Santos et al., (1986). As quantidades de O2 dissolvido e saturação de O2 no rio Madeira apresentaram uma variação média entre os períodos de vazante (6,97+0,32 mg/L e 96,11+2,72%) e cheia (5,11+0,58 mg/L e 66,16+8,14%). Se expressando nesses parâmetros a influência do aumento na dinâmica energética do rio na cheia e o aumento na quantidade de matéria orgânica alóctone que é inserida nesse período, levando a desoxigenação do corpo d’água com o gasto do O2 dissolvido da água na oxidação de matéria orgânica. No período de vazante os rios Mamoré e Beni apresentaram quantidade de O2 dissolvido e saturações semelhantes. Porém, na cheia estes apresentaram valores bem divergentes, pois o rio Mamoré neste período recebe grande quantidade de matéria orgânica em processo de oxidação proveniente da Bacia do rio Guaporé (seu formador). Estando os valores de O2 dissolvido e saturação do rio Madeira mais relacionados com os valores do rio Beni. Já os afluentes do rio Madeira apresentaram concentrações de O2 dissolvido e saturação menos divergentes nos dois períodos, com uma maior diferença no período de cheia devido ao aporte de matéria orgânica alóctone que modifica as características hidrogeoquímicas dessas sub-bacias. 5.1.1. Análise das componentes principais dos parâmetros físico-químicos da água. Previamente às análises estatísticas, as variáveis de cada matriz de dados foram transformadas através do artifício matemático “Log n”, e em seguida foram padronizadas adotando-se a média como zero (0) e desvio padrão igual a um (1). Este artifício matemático, que não interfere na relação entre os dados, foi necessário, pois as matrizes de dados apresentam variáveis com valores em escalas diferentes. No estudo das variáveis físico-químicas da água, ordenaram-se as matrizes de dados para os dois períodos sazonais utilizando-se as variáveis: O2 dissolvido, % de O2 dissolvido (saturação), pH, condutividade elétrica e temperatura da H2O e do ar (apêndices 01 e 02). Porém, os dados dos afluentes não foram utilizados na PCA, pois não foi possível detectar pela técnica de AAS alguns elementos–traço nesses pontos, sendo padronizadas as PCA sem estes pontos amostrais. Na tabela 11 apresentam-se os autovalores e a porcentagem de variância explicada obtida para as 6 componentes principais, bem como os valores acumulados. Sendo utilizado um nível de corte de 1 para se considerar significativos os auto-valores da variabilidade explicada, observa-se que nos dois períodos amostrados apenas as 3 primeiras componentes 41 tem os seus auto-valores acima de 1. Desta forma, no período de vazante as 3 primeiras componentes são responsáveis por 78,44 % de variância total explicada e no período de cheia por 74,38 % de variância total explicada. Tabela 11. Autovalores e a variância explicada das 6 componentes obtidas dos parâmetros físico-químicos nos períodos de vazante (novembro de 2003) e cheia (fevereiro de 2004). Componentes 1 2 3 4 5 6 Autovalores “Eigenvalues” Vazante Cheia 2,60 2,24 1,08 1,14 1,02 1,09 0,75 0,92 0,44 0,61 0,11 0,01 % total da variância Vazante Cheia 43,42 % 37,28 % 17,98 % 19,00 % 17,04 % 18,09 % 12,42 % 15,32 % 7,35 % 10,19 % 1,79 % 0,11 % Autovalor Acumulado Vazante Cheia 2,60 2,24 3,68 3,38 4,71 4,46 5,45 5,38 5,89 5,99 6,00 6,00 % total da variância acumulada Vazante Cheia 43,42 % 37,28 % 61,40 % 56,29 % 78,44 % 74,38 % 90,86 % 89,70 % 98,21 % 99,89 % 100 % 100 % Através da figura 11 pode-se verificar a mudança no declive da curva de autovalores entre a 3ª e 4ª componente, demonstrando que as 3 primeiras componentes apresentam auto-valores acima do nível de corte 1, justificando-se por isso uma maior ênfase a estas 3 componentes principais. Cheia Vazante 2.5 3.0 43.42% 2.0 Auto-valores Auto-valores 2.5 37.28% 2.0 1.5 17.98% 17.04% 1.0 12.42% 19.00% 18.09% 15.32% 1.0 10.19% 0.5 7.35% 0.5 1.5 1.79% 0.11% 0.0 0.0 1 2 3 4 Componentes 5 6 1 2 3 4 Componentes 5 6 Figura 11. Gráficos dos autovalores referentes as 6 componentes nos dois períodos sazonais. No período de vazante a primeira componente contribuiu com 43,42% da variância total explicada, com as cargas mais elevadas para o O2 dissolvido, % de O2 dissolvido (saturação), temperatura do ar e pH; a segunda componente contribuiu com 17,98%, com a carga mais alta para a temperatura da água; e a terceira componente contribuiu com 17,04%, com a carga mais alta para a condutividade elétrica e temperatura do ar (tabela 12). No período de cheia a variância total explicada foi menor que no período de vazante, tendo a primeira componente contribuído com 37,28%, com as cargas mais altas para o O2 dissolvido, % de O2 dissolvido (saturação) e temperatura do ar; a segunda componente contribuiu com 19,00%, com as cargas mais altas para a condutividade elétrica e o pH; e a terceira 42 componente contribuiu com 18,09%, com a carga mais alta para a temperatura da água (tabela 12). Tabela 12. Contribuição de cada variável (loadings) para as 3 principais componentes e a porcentagem de variância explicada de cada componente nos períodos de vazante e cheia. Carga das Componentes (Component loadings) Vazante Cheia 1 2 3 1 2 3 TAR – Temperatura do Ar 0,591 0,240 0,591 0,516 0,375 -0,449 TH2O – Temperatura da Água 0,484 0,670 -0,284 0,064 -0,113 -0,912 COND – Condutividade Elétrica 0,540 -0,031 -0,748 -0,131 -0,884 -0,105 pH - Potencial Hidrogeniônico 0,499 0,479 0,157 0,371 -0,441 0,015 OD – O2 Dissolvido -0,889 0,315 -0,082 0,948 -0,081 0,150 SATUR. – % de O2 Dissolvido (saturação) -0,832 43,42 0,492 17,98 -0,049 17,04 0,956 37,28 -0,065 19,00 0,135 18,09 % Variância explicada Na vazante a primeira componente é explicada pela maior relação entre as variáveis O2 dissolvido na água e % de O2 dissolvido (saturação), e em menor relação com correlação negativa com a temperatura do ar e pH. A maior carga atribuída a essas variáveis, se deve à ocorrência de um gradiente de variação na temperatura e no O2, relacionado com as diferentes velocidades observadas entre as margens e centro do rio. Além de o período amostrado representar a época de fim de vazante, que se caracteriza pela elevada carga de matéria orgânica oxidada durante os períodos de seca e vazante, resultando em um menor equilíbrio na dissolução de várias espécies iônicas nos diferentes pontos, que se relacionam diretamente com os valores de pH e condutividade elétrica. Devido aos fatores mencionados a primeira componente foi denominada “componente de vazante”. A segunda componente está relacionada à temperatura superficial da água, que é influenciada diretamente pelo clima regional. Sendo o período de vazante uma das épocas de temperatura mais elevada na região e de maior amplitude de variação térmica. Influenciando assim na dinâmica de difusão dos gases para á água, a exemplo do O2. Desta forma esta componente foi determinada como sendo a “componente climática”. A terceira componente se relaciona com a condutividade elétrica e em menor relação com correlação negativa com a temperatura do ar. A carga elevada para a condutividade elétrica nesta componente, possivelmente está relacionada com a dissolução de ácidos carbônicos, fúvicos, húmicos e carbonatos resultantes da oxidação de 43 matéria orgânica, que influenciam na ciclagem e transporte de nutrientes no sistema hídrico. Desta forma esta componente foi denominada “componente de ciclagem”. Observa-se na figura 12A que, apesar de não haver uma boa relação entre a temperatura da água e do ar no carregamento das componentes, estas se encontram próximas com a ordenação em 3D das cargas nas 3 componentes, onde os parâmetros TAR, TH2O, pH e COND. se mostram relacionados inversamente com o grupo afastado do OD. e SATUR.. Através da análise gráfica dos escores (figura 12B) (referência dos códigos numéricos no apêndice 01) observa-se que os pontos do rio Madeira exibem diferentes relações entre as componentes, sugestionando uma maior variabilidade no comportamento dos parâmetros físico-químicos nos diferentes pontos analisados. Outro fato importante é o agrupamento dos pontos do rio Madeira em conjunto com o rio Beni, demonstrando que no período de vazante existe uma maior relação entre esses rios conforme as variáveis físicoquímicos estudadas. Este padrão possivelmente se deve a maior relação entre a quantidade de espécies iônicas dissolvidas nesses rios, que acabam por influenciar similarmente os parâmetros físico-químicos estudados. Já o rio Mamoré, que apresenta composição iônica dissolvida diferente, conforme os estudos de Mortatti (1986), reflete em uma alta condutividade elétrica, o que faz com que este sempre se apresente fora do agrupamento formado. Nota-se também o afastamento de alguns pontos do rio Madeira, que podem ter tido suas características físico-químicas modificadas possivelmente por fatores como: pontos 1, 2, e 3 se localizam perto da cachoeira de Santo Antônio, o que faz aumentar as concentrações de O2 dissolvido; pontos 24, 27, 28 e 29 se localizam próximo a afluentes ou logo após a influência destes. E a maior separação é observada para o ponto 15, que apresenta a maior temperatura da água, condutividade e pH entre os pontos do rio Madeira. 44 Cargas Vazante Escores Vazante TAR 29 28 30 519 15 32 221 RB 13 14 91 2623 221627 3 24 126584 3317 18 7 20 3 11 10 12 pH TH2O S AT OD COND A B Escores 1 3 0 -1 29 13 28 14 30 6 32 25 12 5 931 1 8 4 2119 112 20 1726RB 107 33 22 16 27 23 B RM 18 24 -2 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 Componente 1: 43.42% 3 5 1 0 -1 -2 -3 B RM -4 -5 -4 6 29 RB 21 19 28 3224 30 14 22 25 23 2618 16 27 13931 12 876 33 17 11 105 4 20 3 15 2 1 2 Componente 3: 17.04% 3 2 Escores Escores 3 15 Componente 3: 17.04% Componente 2: 17.98% 4 -3 -4 RM -3 -2 -1 0 1 2 3 4 Componente 1: 43.42% 5 2 1 -1 B 15 -2 -3 RM -4 -5 -3 6 18 0 29 1921 2532 28 30 14 2226 2316 9 27717 13 3112 33 10 20 11 48 5 36 2 1 RB 24 -2 -1 0 1 2 Componente 2: 17.98% 3 4 Figura 12. Projeção espacial de ordenação das cargas das variáveis físico-químicas (A) e a distribuição espacial dos escores nas 3 componentes principais (B) (novembro de 2003). Na cheia a primeira componente também é explicada pela maior relação entre as variáveis O2 dissolvido na água e % de O2 dissolvido (saturação), e em menor relação apenas com a temperatura do ar. Pois, no pulso de cheia o rio Madeira apresenta um grande volume d’água proveniente dos rios e igarapés afluentes. Estes inserem espécies iônicas dissolvidas e matéria orgânica alóctone em decomposição, mas que será oxidada em maior quantidade nos períodos de seca e vazante. Fazendo com que o O2 dissolvido na água diminua na cheia. Logo, o rio Madeira se apresenta mais influenciável pelos afluentes neste período, resultando em uma menor variabilidade para estes parâmetros nos diferentes pontos. Por isso, a primeira componente foi denominada “componente de cheia”. A segunda componente esta relacionada à condutividade elétrica e ao pH. Como exposto para a primeira componente neste período ocorre o aumento do volume d’água, o que acarreta no aumento do transporte de elementos maiores como Ca, Mg e K, possivelmente aumentando a precipitação de carbonatos, fosfatos e de outros minerais, que consomem os H+ resultantes da oxidação de matéria orgânica durante a vazante. O que faz com que o pH se torne levemente ácido e a condutividade 45 diminua na cheia. Por isso, esta componente foi determinada como “componente de ciclagem”. A terceira componente se relaciona mais com a temperatura da água, demonstrando que está influência menos nos outros parâmetros durante a cheia do que nos períodos de seca e vazante. Por isso, esta componente foi denominada “componente climática”. Cheia Cargas Cheia Escores 20 OD S AT TAR pH COND 26 369 711 1 3 12 10 14 45813 15 18 28 17 21 16 22 23 24 26 19 29 25 27 33 31 30 35 34 32 RB RM TH2O B Escores B 9 3 2 1 0 -1 36 RM 2012 7 15 8 28 1045 19 11 23 1826 35 1314 21 2229 24 17 16 25 34 1 23 2730 31 3332 6 -2 -3 RB -4 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 Componente 1: 37.28% Componente 3: 18.09% Componente 2: 19.00% 4 B Escores 7 6 20 5 4 3 2 1 23 RB 1 11 13 17 18 21 16 12 24 74514 6 22 36 10 RM 28 27 25 26 23 29 0 31 19 33 30 9 32 815 34 35 -1 -2 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 Componente 1: 37.28% Escores Componente 3: 18.09% A 7 6 5 4 3 2 1 0 -1 -2 -4 B 20 RB -3 312 11 1318 17 21 16 1410 4 5 6 712 2226 272524 2923 31 19 28 33 30 8 15 32 34 35 RM 36 -2 -1 0 1 2 Componente 2: 19.00% 9 3 4 Figura 13. Projeção espacial de ordenação das cargas das variáveis físico-químicas (A) e a distribuição espacial dos escores nas 3 componentes principais (B) (fevereiro de 2004). Observa-se na figura 13A que, na cheia os parâmetros físico-químicos apresentamse mais relacionados e formando um grupo com poucos pontos afastados, onde os parâmetros TAR, TH2O, pH e COND. encontram-se mais próximos das concentrações de OD. e SATUR. Nos gráficos de escores (figura 12B) (referência dos códigos numéricos no apêndice 02), os pontos do rio Madeira se apresentam mais relacionados do que na vazante, sugerindo uma menor variabilidade no comportamento dos parâmetros físico-químicos nos diferentes pontos analisados. Porém, na cheia o rio Beni se apresenta fora do agrupamento dos pontos do rio Madeira, demonstrando que nesta época o rio Madeira possivelmente exibe uma maior relação com os rios afluentes que formam as áreas inundáveis nas margens deste. Logo, os rios Madeira, Mamoré e Beni apresentam uma variabilidade distinta para os parâmetros 46 físico-químicos na cheia, principalmente o O2 dissolvido e a condutividade elétrica que os separam em grupos diferentes através da ordenação dos escores na 1 e 2 componentes. Onde o rio Mamoré se relaciona com a 1 componentes, ou seja, apresenta menor quantidade de O2 dissolvido e menor condutividade elétrica. E os rio Madeira e Beni se relacionam com a 2 componente, ou seja, apresentam maiores condutividades elétricas. Nota-se também o afastamento de alguns pontos do rio Madeira, que podem ter tido suas características físicoquímicas modificadas possivelmente por fatores como: pontos 1, 2, e 3 se localizam perto da cachoeira de Santo Antônio e ponto 6 perto da cachoeira de Teotônio, o que faz aumentar as concentrações de O2 dissolvido na água; pontos 9 e 36 se localizam próximos a afluentes ou logo após a influência destes. No caso do ponto 36 ou P12 MD (margem direita), este fica na confluência com o Igarapé Araras que possui uma baixa condutividade elétrica de 7,01µS/cm (dado não publicado). 5.2. Sólidos em Suspensão Nas tabelas 13 e 14 são apresentados os valores estatísticos univariados das variáveis geoquímicas do rio Madeira nas duas épocas sazonais. Como parâmetros médios são apresentados à média aritmética, a mediana e a média geométrica; como parâmetros de dispersão são apresentados o desvio padrão e o coeficiente de variação; são apresentados ainda os valores mínimos, máximos e a amplitude total observada. Os valores estatísticos médios das variáveis geoquímicas dos pontos amostrados no rio Madeira apresentaram variações de médias a altas, demonstrando que existem valores afastados da média regional, evidenciando desvios padrões e coeficientes de variação médios e altos para a maioria dos elementos, principalmente na época de vazante (ex. Hg, Zn, Mn e Fe). Em termos médios o período de vazante apresenta maiores concentrações de Co, Cu, Hg e Mn adsorvidos as partículas em suspensão. Já o perído de cheia apresenta maiores concentrações de Cr, Pb, Zn e Fe. Os resultados obtidos no trascecto do P1 (apêndice 01), região entre as cachoeiras de Teotônio e Santo Antônio, mostram-se abaixo dos valores encontrados por Bonotto & Silveira (2003) no mesmo trecho, para Fe (75776 g.g-1), Zn (723 g.g-1), Pb (712 g.g-1), Cu (593 g.g-1) e Mn (1217 g.g-1). Esta divergência de valores esta relacionada ao método análitico empregado pelos autores para extração total dos elementos-traços presentes nas partículas. Demonstrando que na componente cristalina das partículas sedimentares existem altas concentrações de elementos-traço não biodisponíveis. 47 Neste estudo os valores médios de Hg adsorvidos às sólidos em suspensão no rio Madeira estão acima dos valores encontrados por Maurice-Bourgoin et al. (2000), em seu estudo sobre o transporte de Hg proveniente das regiões do rio Beni (2-8 g.Kg-1), e no rio Madeira (10,0 g.Kg-1). Em relação ao trabalho de Ayres et al. (2004), observa-se que no Alto rio Madeira (dados do estudo) as concentrações de Hg são mais baixas do que as encontradas no Baixo rio Madeira, com valores entre 68 e 251 g.Kg-1 (1997) e 9,6 a 122,1 g.Kg-1(2002). Sendo esses valores altos relacionados ao possivel enriquecimento das concentrações de Hg nos sólidos em suspensão na região do Baixo rio Madeira, devido aos solos regionais e ao aumento da erosão provocada pela expansão da agricultura. Os resultados referentes à carga de sólidos em suspensão no Alto rio Madeira, corroboram os estudos realizados por SIOLI (1967), MARTINELLI et al. (1989), MORTATTI et al. (1989), FILIZOLA (1999), GUYOT et al. (1999). Mostrando-se a origem da carga sólida transportada no rio Madeira pela drenagem de rios provenientes da região Andina, principalmente por influência do rio Beni (415,68 e 552,33 mg.L-1) que possui uma carga sólida suspensa 11 vezes superior a do rio Mamoré no período de vazante (30,63 e 367,6 mg.L-1). No período de cheia há um aumento na ordem de 10 vezes na carga sólida em suspensão do rio Mamoré, que recebe uma grande influência do rio Yata que drena regiões de formação terciária do cráton andino. Já os afluentes do Alto rio Madeira tem uma pequena contribuição no fluxo sedimentar, devido a pouca quantidade de sólidos em suspensão na ordem de 10 até 100 vezes menos partículas que o rio Madeira. Atuando, em conjunto com os processos de erosão marginal no canal do rio Madeira, para o enriquecimento de elementostraço no talvegue desse rio. Em relação aos formadores do rio Madeira, o rio Beni apresentou no período de vazante maiores concentrações dos elementos-traço: Co, Cu, Pb e Hg. Já no período de cheia este apresenta maiores concentrações para todos os elementos, exceto o Mn. Logo, o rio Mamoré se sobressai com os maiores valores de Cr, Fe, Zn (vazante) e Mn (dois períodos). 48 Tabela 13. Estatística descritiva das concentrações de sólidos em suspensão (mg.L-1) e elementos-traço (g.Kg-1) do rio Madeira e dos afluentes no período de vazante ( nov. 2003). S. S. Co Cu N= 33 33 33 Mínimo 237,63 6335,57 18576,85 Máximo 516,48 11055,63 26855,1 Amplitude Total 278,85 4720,06 8278,25 Mediana 318,7 9134,15 21541 Média geométrica 325,47 9008,31 21551,73 Média Aritmética 330,61 9080,18 21621,99 Desvio Padrão 61,86 1142,79 1805,01 Coeficiente de 18,71% 12,59% 8,35% Variação Rio Madeira Cr Pb 33 33 13440,25 2650,63 23667,82 14898,4 10227,57 12247,8 16275,51 10904,1 16934,29 10654,19 17189,88 10953,95 3077,14 2058,38 Hg 33 37,01 86,84 49,83 45,05 47,72 48,76 11,17 Zn 33 289,16 117528,11 117238,95 33924,3 27122,77 47369,66 37225,92 17,90% 18,79% 22,90% 78,59% Mn 33 209834,07 827173,84 617339,77 450199,55 440373,97 454193,01 114653,11 Fe 33 18490506,06 66655831,39 48165325,33 36464103,2 34454405,19 35304959,46 8074181,01 25,24% 22,87% Afluentes Rio JaciParaná Rio MutumParaná Rio Abunã Rio Mamoré Rio Beni Os 27,80 <LDT <LDT 43832,16 <LDT 84,44 247953,65 948841,99 41615459,84 11,93 <LDT <LDT 87015,19 <LDT 247,02 320876,99 584333,45 63411827,22 44,25 <LDT 5768,88 55296,19 <LDT 40,1 99320,1 1507572,8 49418647,55 30,63 <LDT 3185,53 37533,34 <LDT 5,67 117040,36 742359,4 42795354,88 415,68 9908,61 25210,02 21825,16 7715,84 37,38 104215,0 378732,76 36206662,17 afluentes amostrados apresentaram maiores concentrações, quando comparadas às concentrações médias do rio Madeira, dos seguintes elementos-traço: Cr, Hg, Mn e Fe no período de vazante, e Hg e Mn no período de cheia. As concentrações de elementos-traço no rio Mutum-Paraná se destacam como as mais altas dentre os afluentes. Este rio apresentou as maiores concentrações de Cr, Fe, Zn e Hg na vazante, e de Hg e Mn na cheia. Tendo as concentrações de Hg nos dois períodos ultrapassado o valor recomendado pela Organização Mundial de Saúde – WHO que é de 200 g.Kg-1. Estas altas concentrações podem estar relacionadas com o histórico de uso deste rio para o concerto de dragas e balsas utilizadas nas atividades do garimpo de ouro. As concentrações de sólidos em suspensão e elementos-traço nos pontos amostrados na Bacia de drenagem do Alto rio Madeira demonstram uma alta variabilidade nas características geoquímicas de comportamento desses elementos nos diferentes rios. Essa diferença está relacionada às características dessas sub-bacias. Pois, os rios Madeira, Beni (águas brancas) e Mamoré (águas claras) são formados ou recebem grande influência da formação terciária do cráton andino, que por ser mais recente sofre maiores intemperismos e conseqüentemente ocorre maior liberação de sedimentos. Já os rios Abunã, Mutum-Paraná e Jaci-Paraná (águas pretas) são formados principalmente no cráton de formação quaternária, que sofre menos intemperismo. Logo, esses rios apresentam características distintas quanto à disposição de minerais, nutrientes e outros tipos de espécies iônicas e elementos-traço. 49 Tabela 14. Estatística descritiva das concentrações dos sólidos em suspensão (mg.L-1) e elementos-traço (g.Kg-1) do rio Madeira e dos afluentes no período de cheia (fev. - 2004). N= Mínimo Máximo Amplitude Total Mediana Média geométrica Média Aritmética Desvio Padrão Coeficiente de Variação Rio Madeira S. S. Co Cu Cr Pb Hg Zn Mn Fe 36 36 36 36 36 36 36 36 36 326,25 6339,42 16151,48 11064,62 11161,25 30,41 51793,17 354616,57 28956683,15 995,63 11029,05 22019,91 40191,76 17525,12 83,93 121054,13 676030,65 41932745,14 669,38 4689,63 5868,43 29127,14 6363,87 53,52 69260,96 321414,08 12976061,99 514,38 8908,53 19340,77 16510,30 14641,94 45,16 89383,83 417022,16 35923350,24 510,22 8608,43 19508,61 17112,27 14314,87 44,09 87160,53 420450,29 35676835,06 523,48 8682,19 19555,61 17615,24 14399,33 44,94 88146,45 423423,54 35774637,98 128,50 1114,08 1360,12 24,55% 12,83% 6,96% 4948,97 1557,40 28,09% 9,51 12886,10 10,82% 21,17% 14,62% 55921,51 2660749,72 13,21% 7,44% Afluentes Rio JaciParaná Rio MutumParaná Rio Abunã Rio Mamoré Rio Beni 10,13 <LDT <LDT <LDT <LDT 8,13 <LDT <LDT <LDT <LDT 6,65 76215,28 432043,75 35914761,11 350,47 68268,84 821234,96 25921463,04 29,53 <LDT <LDT <LDT <LDT 51,71 167993,79 765733,24 30495375,45 367,6 4260,5 14097,09 14058,32 11352,74 19,98 53890,98 423237,67 18682066,46 552,33 7834,72 21991,27 16592,58 15655,58 32,0 93418,39 390854,74 27167073,35 5.2.1. Análise das componentes principais de elementos-traço nos sólidos em suspensão. Previamente às análises estatísticas, as variáveis de cada matriz de dados foram transformadas através do artifício matemático “Log n”, e em seguida foram padronizadas adotando-se a média como zero (0) e desvio padrão igual a um (1). Este artifício matemático, que não interfere na relação entre os dados, foi necessário, pois as matrizes de dados apresentam variáveis com valores em escalas diferentes. No estudo das variáveis geoquímicas dos sólidos em suspensão, ordenaram-se as matrizes de dados para os dois períodos sazonais utilizando-se as variáveis: sólidos em suspensão (SS), Co, Cu, Cr, Pb, Hg, Zn, Mn e Fe (apêndices 01 e 02). Porém, os dados dos afluentes não foram utilizados na PCA, pois não foi possível detectar pela técnica de AAS alguns elementos–traço nesses pontos, sendo padronizadas as PCA sem estes pontos. Na tabela 15 apresentam-se os autovalores e a porcentagem de variância explicada obtidos para as 9 componentes principais, bem como os valores acumulados. Observa-se que nos dois períodos amostrados apenas as 3 primeiras componentes tem os seus auto-valores acima de 1, com exceção da componente 3 do período de cheia. Desta forma, no período de 50 vazante as 3 primeiras componentes são responsáveis por 84,56 % de variância total explicada e no período de cheia por 75,59 % de variância total explicada. Tabela 15. Autovalores e a variância explicada das 9 componentes obtidas dos elementostraço nos períodos de vazante (novembro de 2003) e cheia (fevereiro de 2004). Componentes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Autovalores “Eigenvalues” Vazante Cheia 5,02 3,42 1,58 2,53 1,01 0,85 0,71 0,70 0,28 0,61 0,21 0,39 0,10 0,25 0,07 0,20 0,02 0,05 % total da variância Vazante Cheia 55,79 % 38,02 % 17,60 % 28,16 % 11,17 % 9,41 % 7,85 % 7,80 % 3,09 % 6,75 % 2,29 % 4,28 % 1,14 % 2,82 % 0,82 % 2,17 % 0,25 % 0,57 % Autovalor Acumulado Vazante Cheia 5,02 3,42 6,61 5,96 7,61 6,80 8,32 7,51 8,60 8,11 8,80 8,50 8,90 8,75 8,98 8,95 9,00 9,00 % total da variância acumulada Vazante Cheia 55,79 % 38,02 % 73,40 % 66,18 % 84,56 % 75,59 % 92,41 % 83,39 % 95,51 % 90,15 % 97,80 % 94,43 % 98,93 % 97,25 % 99,75 % 99,43 % 100 % 100 % Através da figura 14 pode-se verificar a mudança no declive da curva de autovalores entre a 3ª e 4ª componentes, demonstrando que as 3ª primeiras componentes apresentam autovalores acima do nível de corte 1, com exceção da componente 3 do período de cheia, justificando-se por isso uma maior ênfase a estas 3 componentes principais. Componentes Cheia 4.0 3.5 38.02% 3.0 Auto-valores Auto-valores Vazante 5.5 55.79% 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 17.60% 1.5 11.17% 1.0 7.85% 3.09%2.29% 0.5 1.14%0.82%0.25% 0.0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 28.16% 2.5 2.0 1.5 9.41% 1.0 0.5 0.0 1 2 3 7.80% 6.75% 4.28% 2.82%2.17% 0.57% 4 5 6 7 8 9 Componentes Figura 14. Gráficos dos autovalores referentes as 9 componentes nos dois períodos sazonais. No período de vazante a primeira componente contribuído com 55,79% da variância total explicada, com as cargas mais elevadas para os S.S., Cu, Co, Pb, Hg e Cr; a segunda componente contribuiu com 17,60%, com as cargas mais alta para Zn, Fe e Cr; e a terceira componente contribuiu com 11,17%, com as cargas mais alta para Mn e Zn (tabela 16). No período de cheia a variância explicada foi menor que na vazante, tendo a primeira componente contribuído com 38,02%, com as cargas mais altas para Cu, Co, Pb, Hg e Fe; a segunda componente contribuiu com 28,16%, com as cargas mais altas para os S.S., Mn e Cr; e a terceira componente contribuiu com 9,41%, com a carga mais alta para o Zn (tabela 16). 51 Tabela 16. Contribuição de cada variável (loadings) para as 3 principais componentes e a porcentagem de variância explicada de cada componente nos dois períodos amostrados. Carga das Componentes (Component loadings) Vazante 1 2 SS -0,925 -0,026 Co -0,973 -0,057 Cu -0,952 -0,073 Cr 0,688 -0,607 Pb -0,936 -0,069 Hg -0,884 -0,214 Zn 0,240 -0,713 Mn 0,332 0,289 Fe 0,119 0,752 % Variância explicada 55,79 17,60 3 -0,172 -0,096 -0,079 0,082 -0,063 0,037 -0,515 -0,817 -0,124 11,17 1 -0,010 -0,705 -0,810 -0,220 -0,697 -0,756 -0,560 -0,208 -0,899 38,02 Cheia 2 0,920 0,640 -0,399 -0,679 -0,373 0,183 0,019 0,696 -0,024 28,16 3 0,053 -0,136 0,046 0,173 -0,082 -0,391 0,735 0,286 -0,110 9,41 Compreender a relação elementos-traço – sólidos em suspensão parte do princípio de uma análise conceitual. Os sólidos em suspensão variam em origem, forma e tamanho, características condicionadas por fatores como: o regime pluviométrico, que influência diretamente no transporte e acréscimo de sedimentos; uso da terra, pois o desmatamento acelera o processo de erosão, além das atividades de mineração. Outro fator de grande relevância é a formação geológica da bacia em estudo, pois esta, junto com os demais fatores pode influenciar na dinâmica do rio e na concentração de elementos-traço nos sedimentos. Na vazante a primeira componente é explicada pela maior relação entre as variáveis: S.S., Cu, Co, Pb e Hg, e em menor relação com ordem inversa com o Cr. A maior carga atribuída a essas variáveis está relacionada com o fluxo natural de elementos-traço da bacia hidrográfica, sendo o transporte realizado através da adsorção desses elementos as partículas sedimentares em suspensão. Possivelmente, a maioria destas partículas são compostas pelos elementos K, Al e Si conforme indica Bonotto & Silveira (2003). Pois, no período de vazante estes autores encontraram uma relação de estabilidade no campo das kaolinitas (K2O-Al2O3-SiO2-H2O) para as fases minerais dos sedimentos em suspensão. Ainda, segundo Mortatti (1986) no período de vazante (novembro) o rio Madeira apresenta maiores concentrações de Si quando comparadas com os outros elementos maiores. Possivelmente, os minerais presentes nas partículas deste período são silicatos, micas, feldspatos e kaolinitas, provenientes principalmente do rio Beni. Possivelmente, o transporte dos elementos Cu, Co, Pb e Hg é realizado através da associação com partículas minerais de composição química diferente das partículas que transportam o elemento Cr. Devido a esses fatores a primeira componente foi denominada “componente primária de transporte”. 52 A segunda componente é explicada pela maior relação com a variável Fe, e em menor relação com ordem inversa com Zn e Cr. A maior carga atribuída a estas variáveis possivelmente relaciona-se ao transporte natural dos óxidos e hidróxidos de Fe no canal principal e aos processos de erosão e lixiviação dos solos da margem dos rios, carreando íons metálicos e pequenas partículas para o talvegue do rio. Processo este que tem se intensificado recentemente pela atividade agropecuária às margens dos rios na área de estudo. Sendo que no estado de Rondônia predomina a classe dos latossolos, em torno de 58% do estado, correspondentes a classe dos Ferralsols pelo sistema FAO e Oxisols pelo sistema dos EUA. Desta forma as concentrações de Cr e Zn são inversamente proporcionais às concentrações de Fe. Demonstrando que o transporte desses elementos é realizado por outros tipos de partículas minerais e não adsorvidos aos óxidos e hidróxidos de Fe. Desta forma esta componente foi determinada como sendo a “componente secundária de transporte”. A terceira componente é explicada pela maior relação com a variável Mn, e em menor relação com Zn. A carga elevada destas variáveis possivelmente relaciona-se ao transporte natural dos óxidos e hidróxidos de Mn e do Zn no canal principal, e ao aumento das concentrações destes elementos inseridos na calha do rio Madeira por influência dos rios e igarapés afluentes que drenam regiões contendo maiores concentrações destes elementos. Pois, os afluentes do rio Madeira percorrem o interior do estado de Rondônia drenando solos bastante erodidos e lixiviados pela ação das atividades agropecuárias às margens destes. Além da possível re-mobilização destes elementos do sedimento de fundo por advento do início da cheia. Outro fator é a erosão dos solos marginais no rio Madeira que podem trazer partículas contendo altas ou baixas concentrações destes elementos. Desta forma esta componente foi denominada “componente regional”. Observa-se na figura 15A que, as variáveis geoquímicas se agrupam em 4 grupos distintos com a ordenação em 3D das cargas nas 3 componentes, onde o primeiro é formado pelas variáveis S.S., Co, Cu, Pb e Hg; o segundo pelo Fe; o terceiro pelo Mn; e o quarto pela proximidade de Zn e Cr. Mostrando que possivelmente estes elementos-traço sofrem diferentes processos geoquímicos na área de estudo e que são transportados preferencialmente por partículas minerais diferentes. Através da análise gráfica dos escores (figura 15B) (referência dos códigos numéricos no apêndice 01) observa-se que os pontos do rio Madeira exibem diferentes relações entre as componentes 2 e 3, sugestionando uma maior variabilidade no comportamento dos processos geoquímicos de transporte dos elementos relacionados a estas componentes nos diferentes pontos analisados. Novamente, os pontos do rio Madeira se 53 agrupam em conjunto com o rio Beni, ou seja, existe uma grande relação quanto às concentrações dos elementos-traço nos sólidos em suspensão desses rios. Enquanto, o rio Mamoré possui concentrações diferenciadas, apresentando maiores concentrações de Fe, Mn, Zn e Cr, e menores concentrações de S.S., Co, Cu, Pb e Hg quando comparadas com as concentrações do rio Madeira e Beni. Assim, o rio Mamoré se apresenta fora do agrupamento formado pelos rios Beni e Madeira. Ocorre também o afastamento de alguns pontos do rio Madeira formando três grupos, que podem ter tido suas características geoquímicas modificadas possivelmente por fatores como: I grupo - pontos 1, 4 e 7 se localizam em regiões aonde os solos apresentam concentrações baixas de Zn e Mn (GOMES et al., 2004) além de serem usados para atividades agropastoris, resultando no carreamentos destas partículas pobres em Zn e Mn para o rio Madeira; II grupo - pontos 2, 5, 8, 10, 11, 12, 14, 17, 32 e 33 se localizam no centro do rio Madeira, próximos a afluentes ou logo após a influência destes, o que faz com que estes pontos do rio Madeira possuam uma maior concentração dos elementos Zn e Cr. Visto que no período de vazante é observado a re-mobilização de elementos-traço presentes no sedimento de fundo conforme os dados de (GOMES et al., 2004). E o terceiro grupo é formado pelos demais pontos do rio Madeira (ex. 9, 16, 18 e 26) que apresentam maiores concentrações de Mn e menores de Fe. Vazante Cargas Fe Cr 4 1 23 7 28 27 17 30 22 19 13 3 29 31 20 21 5 32 24 33 15 RB 14 18 9625 2 26 10 11 8 12 16 Hg Pb Cu Co S.S. Mn Zn A 1 0 RM 11 RB 5 -1 17 14 82 3233 -2 1210 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Componente 1: 55.79% 3 23 -1 4 1 17 7 33 27 32 28 145 22 19 2 30 RB 13 24 310 20 12 21 29 8 31 15 6 911 25 18 26 -2 16 2 1 0 -3 -4 B Escores -2 0 RM 2 4 6 8 10 12 14 16 Componente 1: 55.79% Componente 3: 11.17% 174 18 28 26 29 16 31 13 27 930 619 3 20 21 25 22 23 2415 Escores Componente 3: 11.17% Componente 2: 17.60% 2 B RM B Escores -3 -4 Vazante Escores 3 23 2 7 1 0 10 12 3233 14 2 8 27 28 22 RM 19 30 24 203 13 15 21 6 3129 25 9 26 18 16 -2 B 5 RB 11 -1 -3 -3 4 1 17 -2 -1 0 1 Componente 2: 17.60% 2 Figura 15. Projeção espacial de ordenação das cargas das variáveis geoquímicas (A) e a distribuição espacial dos escores nas 3 componentes principais (B) (novembro de 2003). 54 No período de cheia a primeira componente é explicada pela maior relação ente Cu, Co, Pb, Hg e Fe. A maior carga atribuída a essas variáveis também está relacionada ao fluxo natural de elementos-traço na bacia hidrográfica. Porém, neste período o transporte desses elementos-traço possivelmente é realizado através da adsorção desses elementos há partículas sedimentares complexadas aos óxidos e hidróxidos de Fe. Pois, segundo Taillefert & Gaillard (2002) em áreas que recebem influência sazonal, os elementos Fe, Mn e Zn mobilizados durante a fase seca, fenômeno este facilitado pela maior oxigenação do material orgânico depositado no sedimento, são recolocados no meio hídrico com o inicio da cheia, muitas vezes em concentrações numa ordem de grandeza mais elevada do que durante a fase de cheia anterior. Esse fenômeno é descrito na Bacia de drenagem do rio Beni por MauriceBourgoin et al. (2000), onde estes afirmam haver a jusante do rio Beni uma área de armazenamento de Hg (das geleiras andinas e do garimpo) adsorvido a particulas sedimentares enriquecidas pelos solos regionais em óxiodos e hidróxidos de Fe. Durante a estação chuvosa, ocorre o transporte destas partículas para a planície amazônica através do rio Madeira, devido ao ingrime declive e pelo aumento na taxa de erosão dos solos marginais com as recentes práticas agricolas. Devido aos fatores mencionados a primeira componente foi denominada “componente primária de transporte”. A segunda componente é explicada pela maior relação entre as variáveis sólidos em suspensão, Co e Mn, e em menor relação com ordem inversa com o Cr. A maior carga atribuída a estas variáveis está relacionada ao transporte desses elementos-traços adsorvidos as partículas em suspensão. Logo, na vazante a carga de sólidos em suspensão (quantidade: mg.L-1) expressa a composição deste, ou seja, se relaciona com as concentrações de elementos-traço adsorvidos na 1 componente. Já na cheia, não mais se expressa à relação quantidade/composição, visto que não ocorre mais a relação quantidade/concentrações de elementos-traço adsorvidos. Possivelmente, neste período as partículas são compostas pelos elementos Ca, Mg, K, Al e Si. Pois, segundo Mortatti (1986) no período de cheia (fevereiro) o rio Madeira apresenta maiores concentrações de Ca, Mg, Al e K quando comparadas com os outros elementos maiores. Observando-se uma ordem inversa quanto as concentrações de Co e Mn contra Cr. Indicando uma maior relação entre o transporte das variáveis sólidos em suspensão, Co e óxidos e hidróxidos de Mn através de partículas minerais de composição diferente das partículas que transportam o elemento Cr. Desta forma esta componente foi determinada como sendo a “componente secundária de transporte”. A terceira componente se relaciona as concentrações de Zn, provenientes da inserção de matéria orgânica advinda das áreas de inundação marginais que se desenvolvem 55 durante esta época. Pois, nas várzeas do rio Madeira e dos afluentes ocorre altas produções primárias, sendo este elemento mobilizado no sedimento de fundo durante a fase seca e recolocado no meio hídrico com o advento da cheia. Aumentando as concentrações deste elemento inserido na calha do rio Madeira por influência dos rios e igarapés afluentes que drenam regiões contendo maiores concentrações destes elementos. Desta forma esta componente foi denominada “componente regional”. Cargas Cheia Escores Cheia 6 30 Zn Mn S.S. 12 34 35 RB 32 2036 19 10 8918 1433 15 13 731 16 15 24 114 32 2129 17252322 27 28 Cr Co Fe Cu Pb Hg RM 26 B B Escores 2 Escores 35 12 6 1 0 -1 -2 -3 20 RB 32 3034 810 15 19 7 5 189 14 33 2231 2 234 2411 321113 29 17 25 16 28 36 RM 27 26 0 1 2 3 4 5 6 7 B -4 -3 -2 -1Componente 1: 38.02% 8 9 10 Componente 3: 9.41% Escores 6 5 30 6 4 3 16 2 11 911327 2410 34 1 36 8 31 4 3181914 33 7 2 175152521 0 12 28RB 29 RM -1 20 23 26 32 -2 22 -3 35 -4 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Componente 1: 38.02% Componente 3: 9.41% Componente 2: 28.16% A 2 35 12 3220RB 1 0 22 23 -1 -2 -3 B -5 34 810 15 19 7 14 RM533 3618 9 2 314 13 1 21 32411 16 29 25 17 28 6 30 27 26 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 Componente 2: 28.16% 5 6 Figura 16. Projeção espacial de ordenação das cargas das variáveis geoquímicas e a distribuição espacial dos escores nas 3 componentes principais (fevereiro de 2004). Observa-se na figura 16A que, as variáveis geoquímicas se agrupam em 3 grupos distintos com a ordenação em 3D das cargas nas 3 componentes, onde o primeiro é formado pela maior proximidade das variáveis Co, Cu, Pb, Hg, Zn e Fe; o segundo pelos S.S. e Mn; e o terceiro pelo Cr. Mostrando que o elemento Cr é transportado ou sofre diferentes processos geoquímicos nos dois períodos amostrados, estando pouco relacionado aos outros elementos. Através da análise gráfica dos escores (figura 16B) (referência dos códigos numéricos no apêndice 02) observa-se que os pontos do rio Madeira exibem diferentes relações entre as 3 componentes, sugerindo comportamentos geoquímicos diferentes nos pontos analisados, que podem estar relacionados as diferentes influências exercidas pelas 56 várzeas. Novamente, os pontos do rio Madeira se agrupam em conjunto com o rio Beni, ou seja, existe uma grande relação quanto à composição mineral dos sólidos em suspensão desses rios. Enquanto, o rio Mamoré apresenta concentrações de elementos-traço diferenciadas, ou seja, se apresenta fora do agrupamento formado pelos rios Beni e Mamoré por ter menores concentrações de S.S., Co, Cu, Cr, Pb, Hg, Zn e Fe. Nota-se também o afastamento de alguns pontos do grupo formado pelo rio Madeira, que podem ter tido suas características geoquímicas modificadas possivelmente por fatores como: pontos 6 e 30 se localizam em regiões aonde os solos apresentam concentrações altas de Mn e Co (GOMES et al., 2004) além de serem usados para atividades agropastoris, resultando no aumento da taxa de erosão e carreando estas partículas ricas em Mn e Co para o rio Madeira. O mesmo padrão é observado para o ponto 12, mas para o aumento de Zn; pontos 35 (centro) e 36 (margem direita) se localizam próximo ao Igarapé Araras (margem direita). Este igarapé influencia para a diminuição das concentrações de Cu, Cr, Zn e Fe no ponto 36. Enquanto o ponto 35 apresenta maiores concentrações de Cr e Zn; pontos 26 e 27 se diferenciam pelas menores concentrações de Zn dentre os pontos do rio Madeira, e pelo ponto 26 apresentar menores concentrações de S.S., Co, Hg, Zn, Mn e Fe, e maiores de Cu, Cr e Pb quando comparadas as concentrações do ponto 27. 5.2.2. Análise geoestatística Na análise geoestatística foram utilizadas as variáveis sólidos em suspensão e concentrações de Hg, tendo em vista suas cargas nas explicações das componentes principais, e a importância desse elemento - Hg - no contexto de contaminação ambiental da região, devido aos impactos gerados pelos processos de garimpagem de ouro de aluvião que se desenvolve na calha do Alto rio Madeira desde meados dos anos 70. 5.2.2.1. Análise exploratória dos dados Na análise exploratória dos dados utilizaram-se medidas da estatística clássica, curvas e retas de probabilidade normal para melhor compreender o comportamento das variáveis sólidos em suspensão e concentrações de Hg nos dois períodos sazonais. Pela observação dos valores médios (tabela 17) nota-se que todas as variáveis, exceto as concentrações de Hg na vazante, apresentam o valor da mediana mais próximo da média aritmética do que da média geométrica, sugerindo uma distribuição com pouca assimetria. 57 Outras estatísticas, que fornecem informações importantes quanto à forma das distribuições, são as medidas de assimetria e curtose, indicando que a distribuição dos sólidos em suspensão na vazante é negativamente assimétrica à esquerda, e na cheia positivamente assimétrica à direita. Já a distribuição das concentrações de Hg é positivamente assimétrica à direita nos dois períodos. Os coeficientes de curtose indicam que as curvas são mesocúrticas, ou seja, a curva normal de distribuição tem um grau moderado de achatamento. Tabela 17. Estatísticas descritivas dos sólidos em suspensão e concentrações de Hg. Vazante S.S. Hg 35 35 30,63 5,67 516,48 86,84 485,85 81,17 318,7 44,85 324,47 47,20 306,35 44,59 6421,83 173,26 80,14 13,16 24,70% 27,89% -0,86 0,24 4,99 3,85 N= Mínimo Máximo Amplitude Total Mediana Média Aritmética Média geométrica Variância Desvio Padrão Coeficiente de Variação Assimetria Curtose Cheia S.S. Hg 38 326,25 995,63 669,38 514,38 520,14 506,89 16287,76 127,62 24,54% 1,60 4,45 38 19,98 83,93 63,95 44,91 43,94 42,82 105,98 10,29 23,43% 1,24 5,55 Na figura 17 observa-se que as cargas de sólidos em suspensão apresentam uma distribuição de probabilidade mais próxima da normal que as concentrações de Hg, dado pelas retas de ajustamento de probabilidade normal. Assim sendo, as distribuições das variáveis em estudo podem ser consideradas aproximadamente com distribuição normal e simétricas. Podendo-se neste caso, analisar as variáveis em estudo aplicando-se a geoestatística. 30 1.4 10 1.4 1.2 1.0 20 0.8 0.6 0.4 10 0.2 0.0 -0.2 100 200 300 400 500 600 -0.4 Sólidos em Suspensão -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Probabilidade Normal para Hg (Vazante) Vazante Frequência 20 0 0 Probabilidade Normal para S. Suspensão (Vazante) Distribuição Cumulativa Empírica Vazante Distribuição Cumulativa Empírica Frequência 30 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Concentrações de Hg 1.2 1.2 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 0.0 -0.2 -0.4 -0.2 0.0 Distribuição Cumulativa Teórica 5 30 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.2 1.2 1.0 20 0.8 0.6 0.4 10 0.2 0.0 0 -0.2 300 400 500 600 700 800 900 1000 0.0 Sólidos em Suspensão 0.4 Probabilidade LogNormal para Hg (Cheia) Cheia 0.2 0.4 0.6 0.8 Distribuição Cumulativa Teórica 1.0 1.2 Distribuição Cumulativa Empírica 10 1.4 Frequência Frequência 15 Probabilidade Normal para S. Suspensão (Cheia) Cheia Distribuição Cumulativa Empírica 20 0.2 Distribuição Cumulativa Teórica 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Concentrações de Hg 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 0.0 -0.2 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 Distribuição Cumulativa Teórica Figura 17. Gráficos das curvas e retas de probabilidade normal dos sólidos em suspensão e concentrações de Hg. 58 5.2.2.2. Krigagem ordinária pontual dos sólidos em suspensão As análises variográficas dos sólidos em suspensão nos dois períodos sazonais foram realizadas através do programa Surfer 8.0, ajustando-se a modelos semi-variográficos anisotrópicos esféricos (figuras 18 e 19). Estes modelos explicam a dependência espacial das variáveis estudadas até a distância de 25.000 m (alcance), ou seja, existe uma dependência espacial entre os valores separados por distâncias iguais ao intervalo de amostragem (Y = 25 Km). Desta forma, a amostragem sistemática em malha utilizada no presente trabalho se adequou ao alcance obtido nos modelos, explicando que todos os pontos dessa malha podem ser usados para a interpolação de valores pela técnica de krigagem. Os patamares obtidos (10.000 e 16.000) indicam a variância segundo a qual a função se estabiliza no campo aleatório, mostrando que a variabilidade máxima entre os pares de valores do variograma correspondem ao grau de variância das variáveis estudadas (6.421,83 e 16.287,76). Deste ponto em diante, considera-se que não existe mais dependência espacial entre as amostras, porque a variância da diferença entre pares de amostras torna-se aleatória. A dispersão espacial dos sólidos em suspensão de forma anisotrópica indica que essa variável possui uma direção preferencial de variação. [S.S.] (Vazante) Direction: 21.0 Tolerance: 56.0 [S.S.] (Cheia) Direction: -2.0 Tolerance: 55.0 30000 35000 25000 30000 Semi-variância Semi-variância . 20000 15000 25000 20000 15000 10000 10000 C 5000 C 5000 a a 0 0 10000 20000 30000 40000 Distância (m) 50000 60000 Figura 18. Semi-variograma dos sólidos em suspensão–Vazante. Modelo anisotrópico esférico com modelo de função de covariância: co= 1400, c=10000, a= 25.000 m, mostrando pares de pontos das amostras com separação até 73.000 m 0 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 Distância (m) Figura 19. Semi-variograma dos sólidos em suspensão–Cheia. Modelo anisotrópico esférico com modelo de função de covariância: co= 200, c=16000, a= 25.000 m, mostrando pares de pontos das amostras com separação até 60.000 m Os efeitos pepitas (1.400 e 200), que revelam a descontinuidade do semivariograma para distâncias menores do que a menor distância entre as amostras foram baixos, visto as grandes variâncias e distâncias entre os pontos amostrados. Logo, estas pequenas 59 descontinuidades podem estar relacionadas à variabilidade em pequena escala não captada pela amostragem. Os mapas gerados pela técnica de Krigagem para os sólidos em suspensão (figuras 20 e 21), demonstraram bem a diferença quanto à quantidade de sólidos em suspensão nos rios Beni e Mamoré, onde a origem da carga sólida transportada pelo rio Madeira é proveniente da região Andina. Observa-se também a variação dos sólidos em suspensão ao longo do rio Madeira e entre as margens, principalmente nos pontos P1, P2 e P3. Estes pontos demonstram claramente as diferenças quanto a influência da erosão nos solos marginais, o que acarreta na variação das concentrações dos elementos-traço estudados, principalmente Zn como indica a 3 componente. Além de uma diminuição dos sólidos em suspensão nos pontos próximos ou após a confluência com os principais afluentes do rio Madeira. Figura 20. Mapa de isoteores dos sólidos em suspensão (mg.L-1) na vazante, a partir do algorítmo de Krigagem Ordinária Pontual. 60 Figura 21. Mapa de isoteores dos sólidos em suspensão (mg.L-1) na cheia, a partir do algorítmo de Krigagem Ordinária Pontual. Os desvios gerados no processo de interpolação a partir da krigagem ordinária pontual foram residuais baixos, entre 35 e 115 (mg.L-1) na vazante, e de 10 à 120 (mg.L-1) na cheia. Observa-se essa tendência devido ao distanciamento dos pontos amostrados, ou seja, o desvio nos pontos amostrados é igual à zero, e conforme aumenta à distância de interpolação, aumentam-se os residuais gerados. Desta forma pode-se considerar satisfatório o modelo semi-variográfico elaborado para explicar a dependência espacial da variável sólidos em suspensão. 61 5.2.2.3. Krigagem ordinária pontual das concentrações de Hg Para as concentrações de Hg os modelos ajustados também foram modelos anisotrópicos esféricos (figuras 22 e 23). Estes modelos também explicam a dependência espacial das variáveis estudadas até a distância de 25.000 m (alcance), ou seja, existe uma dependência espacial entre os valores separados por distâncias iguais ao intervalo de amostragem. Os patamares obtidos (C = 85 e 78) indicam a variância segundo a qual a função se estabiliza no campo aleatório. Deste ponto em diante, considera-se que não existe mais dependência espacial entre as amostras, porque a variância da diferença entre os pares de amostras torna-se aleatória. A dispersão espacial das concentrações de Hg de forma anisotrópica indica que essa variável possui uma direção preferencial de variação. E os efeitos pepitas (Co = 25 e 23), que revelam a descontinuidade do semi-variograma para distâncias menores do que a menor distância entre as amostras foram baixos. Logo, estas pequenas descontinuidades podem estar relacionadas à variabilidade em pequena escala não captada pela amostragem. [Hg] (Vazante) Direction: 8.0 Tolerance: 51.0 [Hg] (Cheia) Direction: -18.0 Tolerance: 71.0 300 250 250 200 200 Semi-variância Semi-variância 300 150 150 100 100 C 50 C 50 a a 0 0 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 Distância (m) Figura 22. Semi-variograma das concentrações de Hg – Vazante. Modelo anisotrópico esférico com modelo de função de covariância: co= 25, c=85, a= 25.000 m, mostrando pares de pontos das amostras com separação até 60.000 m. 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 Distância (m) Figura 23. Semi-variograma das concentrações de Hg – Cheia. Modelo anisotrópico esférico com modelo de função de covariância: co= 23, c=78, a= 25.000 m, mostrando pares de pontos das amostras com separação até 71.000 m. Os mapas de isoteores das concentrações de Hg, gerados pela técnica de Krigagem (figuras 24 e 25), demonstraram as médias regionais e a variação das concentrações de Hg no Alto rio Madeira. Observa-se um aumento médio nas concentrações de Hg ao longo deste e nas áreas dos pontos de confluência com os seus principais afluentes (P4 e A4 - rio Jaci 62 Paraná; P8 e A8 – rio Mutum-Paraná; P11 e A11 - Igarapé Araras). Que apesar de possuírem uma menor carga de sólidos em suspensão, possuem maiores concentrações de Hg, que podem estar relacionadas ao histórico de uso destes rios para a manutenção de balsas e dragas da mineração de ouro. Além da influência dos solos da floresta de planície em torno do rio Madeira, principalmente nas áreas de intensa atividade garimpeira, que possuem maiores concentrações de Hg, associados com a deposição do Hg atmosférico proveniente da queima de amálgama nas áreas de garimpo próximas, conforme afirmam Lacerda et al. (1987) e Malm et al. (1991). Figura 24. Mapa de isoteores das concentrações de Hg (g.Kg-1) na vazante, a partir do algorítmo de Krigagem Ordinária Pontual. 63 Figura 25. Mapa de isoteores das concentrações de Hg (g.Kg-1) na cheia, a partir do algorítmo de Krigagem Ordinária Pontual. Os desvios gerados no processo de interpolação a partir da krigagem ordinária pontual foram residuais baixos, entre 5 e 11ppb na vazante, e de 4,8 à 10ppb na cheia. Observa-se essa tendência devido ao grande distanciamento dos pontos amostrados (25 Km), ou seja, o desvio nos pontos amostrados é igual à zero, e conforme aumenta à distância de interpolação, aumentam-se os residuais gerados. Desta forma pode-se considerar satisfatório o modelo semi-variográfico elaborado para explicar a dependência espacial da variável Hg. 64 6. CONCLUSÕES O comportamento geoquímico específico que cada metal assume diante das condições ambientais é um grande desafio no sentido de se poder compreender o comportamento destes elementos nos compartimentos bióticos e abióticos. Por isso, neste estudo priorizou-se fazer uma caracterização das áreas amostrais em relação a concentrações de elementos-traço, no sentido de identificar as características geoquímicas dos locais amostrados. Levando-se em conta os critérios de avaliação assumidos na amostragem, juntamente com os resultados obtidos, o presente trabalho permite concluir que: A análise das variáveis físico-químicas da água demonstrou as peculiaridades nos parâmetros limnológicos que separam os rios Madeira e Beni (águas brancas), Mamoré (águas claras) e seus afluentes (águas pretas). Apresentando rios com águas levemente alcalinas (Mamoré, Beni e Madeira) e levemente ácidas (Mutum-Paraná, Jaci-Paraná e Abunã). Rios com baixa condutividade (Abunã, Mutum-Paraná e Jaci-Paraná) e com alta condutividade elétrica (Mamoré, Beni e Madeira). Além de apresentarem elevadas variações nas quantidades de O2 dissolvido na água. A análise das componentes principais das variáveis físico-químicas demonstrou as diferenças quanto à influência sazonal nos dois períodos amostrados. Observando-se a importância de alguns fatores como a influência de afloramentos ou cachoeiras, áreas de várzea inundadas, e principalmente dos afluentes para a alteração pontual e não-pontual das características limnológicas da água. Os elementos-traço considerados traçadores industriais e da vida moderna como Cd, Cr, Cu e Pb apresentaram concentrações relativamente baixas nos sólidos em suspensão. Relacionado às baixas concentrações naturais e a pequena contribuição antropogênica, tendo em vista o pequeno potencial poluidor da ainda modesta indústria regional. Em alguns pontos as concentrações estão abaixo do limite de detecção da técnica (<LDT), o que não descarta a presença destes em concentrações menores que g.Kg-1 (ppb). A análise das componentes principais das variáveis geoquímicas dos sólidos em suspensão demonstrou as diferentes influências sazonais nos dois períodos amostrados. Observou-se a importância de alguns fatores como a influência de solos marginais, atividades agropastoris de uso do solo, áreas de várzea inundadas, e dos afluentes para a alteração pontual e não-pontual das características geoquímicas de transporte dos elementos-traço. 65 A geoestatística mostrou-se uma ferramenta robusta e adequada para a compreensão do comportamento da dispersão espacial dos sólidos em suspensão e concentrações de Hg no Alto rio Madeira; A análise espacial demonstrou a distribuição média regional das concentrações de sólidos em suspensão e Hg no rio Madeira. Desta forma, podemos inferir que os sólidos em suspensão carreados pelo rio Madeira tem origem nas formações rochosas terciárias andinas e recebem influência dos solos marginais ao longo deste. Já a análise espacial das concentrações de Hg, indica que os solos marginais e os afluentes próximos às áreas de maior atividade garimpeira são as possíveis fontes relacionadas ao aumento na inserção de Hg no Alto rio Madeira. Este estudo também vem revelar que mesmo com a significativa redução nos lançamentos de Hg proveniente das atividades de mineração de ouro na região, constata-se sua presença no meio aquático da Bacia de drenagem do Alto rio Madeira, principalmente nas áreas em torno dos principais afluentes que são utilizados para concerto de dragas nos períodos de vazante. Sobretudo, porque essa atividade vem recebendo contribuição da mineração de ouro provenientes do Peru e da Bolívia, bastante ampliada nos últimos 5 anos. Além disso, vem aumentando o aporte da erosão dos solos marginais e das práticas recentes da agricultura, tais como a queimada das florestas e a “corrida da soja” na região. Sem, portanto, ignorar as toneladas de Hg lançadas no passado e que podem estar adormecidas em depósitos difusos na calha do rio Madeira e afluentes. Assim as constantes dragagens dos sedimentos depositados no leito do Baixo rio Madeira para viabilização da “Hidrovia do Madeira” nos períodos de seca, e empreendimentos como o projeto hidroelétrico proposto para a na calha do rio Madeira, poderão, teoricamente, re-mobilizar o Hg sedimentado no leito e nas várzeas ao longo do rio Madeira. 66 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AYRES, G.A.; LACERDA, L.D.; BASTOS, W.R.; ALMEIDA, M.D., 2004. Mercury distribution in waters of Madeira River, Amazon, Brazil. In: Intern. Symp. Environ. Geochem. Tropical Countries, 4, Armação dos Buzios, Departamento de Geoquímica, UFF, Book of Abstracts, 1:411-412. ANDRIOTTI, J.L.S., 2003. Fundamentos de Estatística e Geoestatística. Editora Unisinos. São Leopoldo – RS. 165 pág. APHA, 1971. America Public Health Association. 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The attenuation of concentrations model: a new method for assessing mercury mobility in sediments. Química Nova. 27(1): 17-21. WENCHUAN, Q.; DICKMAN, M. & SUMIN, W., 2001. Multivariate analyses of heavy metal and nutrient concentrations in sediments of Taihu Lake, China. Hydrobiologia. 450: 83-89. 71 APÊNDICES 72 Apêndice 01. Banco de dados das variáveis físico-químicas da água e elementos-traço nos sólidos em suspensão do Alto rio Madeira no período de Vazante (novembro - 2003). Temperatura do ar e H2O em ºC; Condutividade elétrica em µS/cm-1; O2 dissolvido em mg.L-1; Saturação em %; Sólidos em Suspensão em mg.L-1; Elementos-traço em g.Kg-1 (ppb). Coordenadas Geográficas nos dois períodos em UTM – Projeção Universal Transversa de Mercator. Datum Horizontal – WGS 84. LONG. LAT. CODIGO PCA PONTOS TAR TH2O COND pH O.D. O.D. % [S.S.] [Cd] [Co] [Cu] [Cr] [Pb] [Hg] [Zn] [Mn] [Fe] 393205 392788 392328 379030 379572 380116 363843 362974 362941 347969 348444 348825 329364 329536 329789 309062 309577 310364 298478 298718 299157 288854 288699 288586 267987 268342 268377 243415 243705 244006 243500 243545 243820 232170 289045 239478 237614 347846 9026312 9026597 9026813 9014003 9014219 9014360 9003783 9003393 9002936 8984338 8984043 8983653 8988558 8988121 8987840 8965950 8965759 8965634 8959863 8959853 8959750 8939154 8938893 8938569 8938013 8937583 8937103 8945834 8945642 8945285 8919690 8919911 8920028 8928244 8937483 8847840 8850211 8981018 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 RM RB - P 1 ME P1C P 1 MD P2 ME P2 C P2 MD P3 ME P3 C P3 MD P4 ME P4 C P4 MD P5 ME P5 C P5 MD P6 ME P6 C P6 MD P7 ME P7 C P7 MD P8 ME P8 C P8 MD P9 ME P9 C P9 MD P10 ME P10 C P10 MD P11 ME P11 C P11 MD Rio Abunã Rio Mutum-Paraná Rio Mamoré Rio Beni Rio Jaci-Paraná 25,7 26,0 28,4 30,0 30,0 29,5 30,5 30,8 31,9 27,1 27,8 28,7 32,0 32,5 31,9 31,5 30,0 29,5 36,0 28,9 33,3 34,0 34,1 33,7 32,6 30,0 30,4 36,1 38,5 33,8 30,6 34,4 29,6 31,0 26,4 30,6 30,5 31,0 29,7 29,3 29,2 29,5 29,5 29,5 28,9 29,6 29,8 28,6 28,8 29,5 30,0 29,2 32,0 29,6 29,4 28,9 29,8 29,5 29,0 29,6 29,5 28,8 29,6 28,9 29,8 30,4 29,6 30,0 29,6 29,4 29,2 29,7 28,4 30,5 29,3 30,2 95,2 95,2 95,4 96,2 95,8 95,4 96,0 94,8 93,0 97,0 94,2 87,4 95,2 95,9 99,6 96,4 96,3 95,4 96,2 95,8 96,3 96,8 96,1 95,2 96,3 96,3 97,0 95,2 93,9 97,3 97,1 96,2 96,4 19,0 10,8 184,4 83,4 22,8 7,06 6,98 7,12 7,05 7,06 7,3 6,93 6,85 7,04 7,35 7,15 7,1 7,38 7,44 7,49 7,24 7,16 7,23 7,14 7,0 7,8 6,88 6,68 6,72 7,75 7,57 7,38 7,63 7,7 7,58 7,36 7,4 7,15 4,75 6,77 7,52 7,47 6,82 7,5 7,2 7,8 7,1 7,3 7,12 7,2 7,2 6,9 7,2 7,3 7,2 7,25 7,36 6,83 6,37 6,8 6,6 6,73 6,9 6,7 6,77 6,82 6,67 6,74 6,84 6,32 6,65 6,95 6,73 6,95 7,1 6,94 7,5 6,54 6,33 6,74 7,0 97,0 99,0 100,0 98,0 99,0 100,0 97,0 99,0 97,0 97,0 100,0 100,0 98,0 99,6 98,4 93,0 95,0 92,0 92,5 95,0 94,0 93,4 94,3 92,3 93,4 94,5 90,5 93,3 96,4 94,6 96,0 96,5 96,0 97,3 78,8 88,7 90,6 99,0 296,05 332,55 310,83 270,33 305,4 467,45 274,23 291,88 516,48 277,0 313,65 243,48 307,33 307,3 240,88 426,0 347,28 318,7 332,2 330,7 365,25 333,35 350,88 346,45 424,00 369,6 292,25 237,63 336,4 293,0 403,48 332,48 315,55 44,25 11,93 30,63 415,68 27,80 <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT 8665,32 8551,41 10129,21 8328,25 9480,1 11055,63 9248,81 9351,56 10714,82 9215,73 10583,56 8370,09 11051,21 8680,58 8498,14 9419,46 8028,0 9881,32 9134,15 9146,8 9951,03 9261,43 6335,57 10685,27 7270,8 7044,57 8618,97 8672,65 10701,22 8782,56 8760,6 8078,26 7948,7 <LDT <LDT <LDT 9908,61 <LDT 20021,16 21596,67 22556,81 21589,29 19361,4 21194,14 23296,45 26855,1 18576,85 20836,98 23723,73 22150,1 22777,71 20750,42 25707,39 20229,06 19311,53 22432,61 20927,56 21541,00 19584,66 21288,46 20070,67 21870,6 21725,95 22594,26 20702,46 23974,73 22959,51 22798,34 20152,45 20133,99 20233,63 5768,88 <LDT 3185,53 25210,02 <LDT 13561,81 22469,15 16822,63 16903,3 19976,06 13506,62 14705,97 21649,38 13440,25 23667,82 20465,82 19968,1 14293,81 20393,4 18310,76 13972,88 21205,6 14735,56 16275,51 14584,52 15961,14 16616,61 14450,31 16568,5 13998,85 14970,1 14605,86 15696,66 16270,75 14898,26 20189,95 21766,49 20363,65 55296,19 87015,19 37533,34 21825,16 43832,16 9351,3 12865,11 10125,73 9457,53 13833,46 9273,29 10904,07 11368,89 9477,59 14898,41 10891,23 12044,27 9277,92 11001,8 14130,27 10750,77 12242,82 11343,15 12507,16 9629,32 12735,13 11950,08 11023,25 12523,86 11044,49 10764,98 11224,71 10343,82 10815,93 10221,3 10581,11 10227,1 2650,63 <LDT <LDT <LDT 7715,84 <LDT 47,98 37,01 46,42 45,05 42,31 46,04 45,34 61,13 42,73 44,83 62,0 69,64 44,85 50,83 39,11 66,33 45,24 42,33 44,66 39,15 41,72 40,02 86,84 42,42 40,45 52,47 45,55 40,77 39,58 38,97 51,52 60,08 65,55 40,1 247,02 5,67 37,38 84,44 618,03 88646,59 19250,23 289,16 91906,5 32740,79 1722,33 90135,41 40243,82 97119,28 117528,11 87228,08 14980,59 86881,3 57977,03 38196,63 89053,51 16074,97 16945,92 28385,92 31248,25 18380,9 10618,15 36374,17 64786,88 33924,3 11971,59 9710,62 19655,86 17332,25 91801,54 115292,34 86177,74 99320,1 320876,99 117040,36 104215,0 247953,65 373051,05 412869,4 479669,94 354899,44 353505,83 482807,35 431258,39 480288,22 526026,95 450199,55 537236,77 506965,0 485993,19 378412,4 465764,03 827173,84 237750,09 675378,25 447175,98 467187,04 471813,86 429786,93 209834,07 438479,54 518423,02 651481,43 399596,5 425219,81 499223,76 463457,26 396000,05 345419,46 366020,8 1507572,8 584333,45 742359,4 378732,76 948841,99 33396852,49 25816191,75 38271704,62 36464103,2 32659505,4 35489969,78 39344156,16 26526812,49 36533599,16 21900379,58 39491300,21 18490506,06 35335870,86 26009436,84 42450773,24 37032738,62 31836499,63 38402487,43 36663349,86 34377521,42 37810954,3 35283874,38 37539124,07 35300480,06 35837803,92 40249752,48 36732844,31 40172731,58 41774969,28 37461786,04 66655831,39 27978794,52 25770957,09 49418647,55 63411827,22 42795354,88 36206662,17 41615459,84 73 Apêndice 02. Banco de dados das variáveis físico-químicas da água e elementos-traço nos sólidos em suspensão do Alto rio Madeira no período de Cheia (fevereiro - 2004). Temperatura do ar e H2O em ºC; Condutividade elétrica em µS/cm-1; O2 dissolvido em mg.L-1; Saturação em %; Sólidos em Suspensão em mg.L-1; Elementos-traço em g.Kg-1 (ppb). LONG. LAT. CÓDIGO PCA PONTOS TAR TH2O COND. pH O.D. O.D. % [S.S.] [Cd] [Co] [Cu] [Cr] [Pb] [Hg] [Zn] [Mn] [Fe] 392104 392684 393108 378396 378253 378315 356454 356924 357403 341260 341047 340760 320985 321689 322253 307461 307780 308353 300105 300486 300917 281081 280917 280830 255053 255048 254883 235370 235629 235798 248963 249311 249595 244969 245495 245873 223490 289064 347783 238947 235495 9026337 9026241 9026211 9007776 9007253 9006767 8998774 8998489 8997897 8984441 8983627 8983088 8980903 8980734 8980643 8964391 8964002 8963168 8948318 8948196 8948296 8942459 8941910 8941616 8944802 8944375 8943939 8936278 8935894 8935458 8910568 8910643 8910694 8892688 8892723 8892671 8916784 8937393 8980058 8845548 8847707 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 RM RB A1ME A1C A1MD A2ME A2C A2MD A3ME A3C A3MD A4ME A4C A4MD A5ME A5C A5MD A6ME A6C A6MD A7ME A7C A7MD A8ME A8C A8MD A9ME A9C A9MD A10ME A10C A10MD A11ME A11C A11MD A12ME A12C A12MD Rio Abunã Rio Mutum - Paraná Rio Jaci-Paraná Rio Mamoré Rio Beni 25,6 26,1 26,8 28,3 29,3 32,2 28,8 31,0 33,0 28,2 26,6 28,1 27,4 28,9 32,1 26,8 26,1 26,4 29,1 26,8 26,5 27,3 28,6 26,7 28,0 28,1 27,0 28,0 28,5 28,1 28,4 29,5 28,5 30,0 31,5 29,4 25,2 29,3 24,9 24,6 25,7 28,0 28,0 28,0 28,2 28,3 28,2 28,1 28,2 28,1 28,1 28,1 28,0 28,0 28,1 28,2 28,2 28,2 28,2 28,2 22,2 28,2 28,2 28,2 28,2 28,3 28,3 28,4 28,2 28,3 28,4 28,3 28,4 28,3 28,3 28,4 28,0 26,0 25,8 25,9 28,4 27,5 71,0 71,0 70,9 70,8 70,4 70,2 69,5 71,8 65,2 72,0 72,3 72,4 72,6 72,2 72,5 71,7 72,0 70,3 71,7 69,8 71,5 72,5 72,7 73,4 71,8 72,2 73,8 70,1 72,8 75,6 75,5 75,4 75,2 74,3 74,4 64,4 10,9 8,4 14,4 69,1 85,3 6,53 6,5 6,62 6,51 6,53 6,45 6,39 6,47 6,32 6,39 6,24 6,04 6,42 6,47 6,33 6,56 6,47 6,52 6,55 6,5 6,54 6,5 6,43 6,38 6,68 6,48 6,54 6,5 6,47 6,5 6,52 6,58 6,56 6,6 6,52 6,48 5,1 5,61 5,91 5,9 6,35 6,03 6,38 6,23 5,23 5,26 7,12 5,26 5,31 5,25 5,33 5,49 5,15 5,53 5,55 5,48 4,66 4,74 4,69 4,68 4,77 4,72 4,72 4,8 4,7 4,7 4,74 4,62 4,63 4,78 4,79 4,78 4,82 4,78 4,68 4,82 4,66 4,03 4,58 3,98 3,5 5,08 77,0 82,0 79,7 67,5 67,8 100,0 67,7 67,3 67,7 68,7 70,5 66,1 71,7 71,2 70,0 60,6 61,2 60,8 60,8 61,7 61,0 61,1 62,0 60,5 61,0 61,4 60,0 59,8 61,8 62,2 62,1 62,8 62,1 61,0 62,7 60,3 50,1 56,5 49,3 45,5 64,8 514,4 402,5 514,35 495,9 403,0 815,28 538,55 526,5 613,6 561,15 558,9 430,75 567,75 522,68 439,88 671,3 490,95 579,73 545,35 416,58 480,88 326,25 381,23 622,08 477,4 384,68 688,53 433,38 499,08 995,63 536,23 385,48 507,9 586,58 378,7 552,18 29,53 8,13 10,13 367,6 552,33 <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT <LDT 8929,47 9017,15 9433,37 9271,06 8387,07 11029,0 5 9884,77 18929,7 21534,43 18679,03 19048,65 19825,78 18661,64 22019,91 20846,9 19056,73 20152,2 19074,54 21913,25 18500,19 19376,7 20572,67 17859,02 20864,43 19138,98 18650,47 20391,59 19213,62 20804,75 21260,42 19092,97 19304,83 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