PORTUGUÊS - 1o ANO
MÓDULO 27
EXERCÍCIOS GERAIS —
PARTE 3
Como pode cair no enem
F
1
(ENEM)
A gentileza é algo difícil de ser ensinado e vai muito além da palavra educação. Ela é difícil
de ser encontrada, mas fácil de ser identificada, e acompanha pessoas generosas e desprendidas, que se interessam em contribuir para o bem do outro e da sociedade. É uma atitude
desobrigada, que se manifesta nas situações cotidianas e das maneiras mais prosaicas.
(SIMURRO, S. A. B. Ser gentil é ser saudável. Disponível em: http://www.abqv.org.br. Acesso em: 22 jun. 2006 [adaptado].)
No texto, menciona-se que a gentileza extrapola as regras de boa educação. A argumentação construída:
a) apresenta fatos que estabelecem entre si relações de causa e de consequência;
I
b) descreve condições para a ocorrência de atitudes educadas;
q
c) indica a finalidade pela qual a gentileza pode ser praticada;
I
n
d) enumera fatos sucessivos em uma relação temporal;
I
e) mostra oposição e acrescenta ideias.
d
I
q
a
b
c
d
e
Fixação
1) (UFPR) Leia a tira abaixo.
l
-
-
Sobre a argumentação de Calvin, considere as seguintes afirmativas:
I) Ao se dirigir à professora, Calvin faz uma simulação do discurso jurídico, tanto no vocabulário
quanto na organização dos argumentos.
II) A argumentação de Calvin está fundada na premissa de que a ignorância é uma condição
necessária para a felicidade.
III) Calvin questiona a eficiência da professora quando diz que sua aula é uma tentativa deliberada
de privá-lo da felicidade.
IV) Ao gritar “Ditadura!” no último quadrinho, Calvin protesta contra o desrespeito à Constituição,
que lhe garante o direito inalienável à felicidade.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.
Fixação
F
2) (ENEM)
Nós, brasileiros, estamos acostumados a ver juras de amor, feitas diante de Deus, serem
quebradas por traição, interesses financeiros e sexuais. Casais se separam como inimigos,
quando poderiam ser bons amigos, sem traumas. Bastante interessante a reportagem
sobre separação. Mas acho que os advogados consultados, por sua competência, estão
acostumados a tratar de grandes separações. Será que a maioria dos leitores da revista
tem obras de arte que precisam ser fotografadas antes da separação? Não seria mais útil
dar conselhos mais básicos? Não seria interessante mostrar que a separação amigável
não interfere no modo de partilha dos bens? Que, seja qual for o tipo de separação, ela
não vai prejudicar o direito à pensão dos filhos? Que acordo amigável deve ser assinado
com atenção, pois é bastante complicado mudar suas cláusulas? Acho que essas são
dicas que podem interessar ao leitor médio.
(Disponível em: http://revistaepoca.globo.com. Acesso em: 26 fev. 2012 [adaptado].)
O texto foi publicado em uma revista de grande circulação na seção de carta do leitor. Nele,
um dos leitores manifesta-se acerca de uma reportagem publicada na edição anterior.
3
Ao fazer sua argumentação, o autor do texto:
a
a) faz uma síntese do que foi abordado na reportagem;
b
b) discute problemas conjugais que conduzem à separação;
c
c) aborda a importância dos advogados em processos de separação;
d
d) oferece dicas para orientar as pessoas em processos de separação;
e) rebate o enfoque dado ao tema pela reportagem, lançando novas ideias.
Fixação
Sermão de Santo Antônio
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chamalhes sal da terra, porque quer que façam na terra, o que faz o sal. O efeito do sal e impedir a
corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como esta a nossa, havendo tantos nela
que tem ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque
o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os
pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar, e os
ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal
não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa
salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que eles dizem. Ou
é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra
se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não
é tudo isto verdade? Ainda mal.
(Vos estis sal terrae. São Mateus, vs. l3 Pregado em Sao Luiz do Maranhao, ano de 1654.)
3) Nesse fragmento, não há:
a) organização textual marcada por paralelismos sintáticos;
b) reflexão construída a partir de uma imagem metafórica;
c) intenção moralizante contra a depravação de costumes;
d) argumentação elogiosa aos evangelizadores.
Fixação
Texto para as próximas duas questões:
Herói na contemporaneidade
Quando eu era criança, passava todo o tempo
desenhando super-heróis.
Recorro ao historiador de mitologia Joseph
Campbell, que diferenciava as duas figuras públicas:
o herói (figura pública antiga) e a celebridade (a
figura pública moderna). Enquanto a celebridade se
populariza por viver para si mesma, o herói assim
se tornava por viver servindo sua comunidade. Todo
super-herói deve atravessar alguma via crucis. Gandhi,
líder pacifista indiano, disse que, quanto maior nosso
sacrifício, maior será nossa conquista. Como Hércules,
como Batman.
Toda história em quadrinhos traz em si alguma
coisa de industrial e marginal, ao mesmo tempo e
sob o mesmo aspecto. Os filmes de super-herói,
ainda que transpondo essa cultura para a grande e
famigerada indústria, realizam uma outra façanha, que
provavelmente sem eles não ocorreria: a formação
de novas mitologias reafirmando os mesmos ideais
heroicos da Antiguidade para o homem moderno. O
cineasta italiano Fellini afirmou uma vez que Stan
Lee, o criador da editora Marvel e de diversos heróis
populares, era o Homero dos quadrinhos.
Toda boa história de super-herói é uma história de
exclusão social. Homem-Aranha é um nerd, Hulk é um
monstro amaldiçoado, Demolidor é um deficiente, os
X-Men são indivíduos excepcionais, Batman é um órfão,
Super-Homem é um alienígena expatriado. São todos
símbolos da solidão, da sobrevivência e da abnegação
humanas.
Não se ama um herói pelos seus poderes, mas pela
sua dor. Nossos olhos podem até se voltar a eles por
suas habilidades fantásticas, mas é na humanidade que
eles crescem dentro do gosto popular. Os super-heróis
que não sofrem ou simplesmente trabalham para o
sistema vigente tendem a se tornar meio bobos, como
o Tocha-Humana ou o Capitão América.
Hulk e Homem-Aranha são seres que criticam a
inconsequência da ciência, com sua energia atômica e
suas experiências genéticas. Os X-Men nos advertem
para a educação inclusiva. Super-Homem é aquele que
mais se aproxima de Jesus Cristo, e por isso talvez seja
o mais popular de todos, em seu sacrifício solitário em
defesa dos seres humanos, mas também tem algo de
Aquiles, com seu calcanhar que é a kriptonita. Humano
e super-herói, como Gandhi.
Não houve nenhuma literatura que tenha me
marcado mais do que essas histórias em quadrinhos.
Eu raramente as leio hoje em dia, mas quando assisto
a bons filmes de super-heróis eu lembro que todos
temos um lado ingênuo e bom, que pode ser capaz de
suportar a dor da solidão por um princípio.
F
5
p
a
b
c
d
(Fernando Chuí. Adaptado de http://fernandochui.blogspot.com)
4) (UERJ) A argumentação se estrutura por meio de
diferentes mecanismos discursivos.
No quarto parágrafo, o mecanismo empregado consiste na apresentação de:
a) opinião apoiada em exemplos;
b) alegação partilhada por muitos;
c) construção caracterizada como dialética;
d) definição baseada em elementos válidos.
Fixação
5) (UERJ) O texto combina subjetividade e argumentação. Essa combinação é confirmada
pela presença de:
a) relato pessoal e defesa de ponto de vista;
b) referência clássica e citação do passado;
c) ênfase na atualidade e reflexão sobre o tema;
d) afirmação generalizante e comparação de ideias.
-
Proposto
Sobre a classe média
Não gosto de axé. Nem de pagode. Nem mesmo de
sertanejo universitário. Por isso não custa nada perguntar:
dá para tocar outra coisa?
Como qualquer brasileiro, me orgulho muito da nova
classe média e dos oito milhões de conter-râneos que
chegaram à sociedade de consumo nos últimos tempos.
Consumo para todos! Mas, veja bem, para todos, o que
inclui a velha classe média. É democrático o fato de voos
comerciais poderem ser pagos em 17 vezes. Mais gente
viajando, mais gente fazendo turismo, nem me incomodo
com os aeroportos superlotados. Mas, vem cá, dá para variar
o cardápio? Ou vou ser obrigado a comer barrinha de cereal
para o resto da vida? Alguém já perguntou se a velha classe
média gosta de barrinha de cereal? Eu não gosto. Dá pra sair
um sanduíche de queijo com suco de laranja?
Pela primeira vez na história deste país, a classe média
representa mais da metade da população. Foi preciso a
ascensão da classe C para que isso acontecesse. Políticas
de pleno emprego, aumento de salário, facilitação do crédito,
projetos sociais — tudo deve ser saudado, mas, por favor,
pensem no trauma que vem sofrendo a velha classe média.
2
Cresci aprendendo que profissão para valer era engenheiro,
médico ou advogado. Se o sujeito não tivesse aptidão para
uma dessas três categorias, tentava um concurso para o Banco
do Brasil ou para a Caixa Econômica. Agora, todos gritam no
meu ouvido: empreendedorismo! O certo seria ter aberto um
salão de beleza, um serviço de comida pronta, uma padaria...
Tarde demais! Ensinaram-me a fechar o mês sem contas a
pagar. Agora, o governo me alicia: Crédito! Crédito! Crédito!
E eu não quero comprar uma TV de plasma, nem um segundo
telefone celular, nem quero passar férias em Porto Seguro. Na
verdade, estou pensando em vender o meu freezer, o meu forno
de micro-ondas e a minha secretária eletrônica. Tornei-me um
estranho no ninho. Sou da velha classe média.
1
A nova classe média virou objeto de pesquisa de tudo aqui
no Brasil. Tem marca de eletrônicos que produz aparelhos
especialmente para os novos consumidores. A tal marca
descobriu que o consumidor da classe C ama música em
alto volume. O lazer se concentra nos churrascos de fim
de semana, onde ocorre a confraternização. O aparelho de
som é o elo entre os familiares e os amigos. Nasceu assim
o primeiro minisystem para a classe C, cuja caixa de som
tem potência três vezes superior à de um aparelho de som
comum. Tá puxado.
3
Sejam bem-vindos ao paraíso dos que ganham entre
R$1.200,00 e R$5.174,00 por ano. Mas tem que ter lugar para
todo o mundo. Eu quero de volta o meu filme legendado na TV
e torço pela possibilidade de passar um intervalo comercial
inteirinho sem assistir a um anúncio do Supermarket. Onde foi
parar a televisão da velha classe média? Sempre fui noveleiro,
nunca tive vergonha disso. 4Assisti às novelas de lvany Ribeiro
em versão original. Mas não aguento mais tramas ambientadas
na comunidade, sambão na trilha sonora, mocinha cozinheira
e galã jogador de futebol. Eu quero de volta a minha novela
de Gilberto Braga!
(Artur Xexéo. Baú do Xexéo, Coluna da Revista O Globo, 15 de abril de 2012. Acesso
em: http://www.oglobo,globocomlculturalxexeo/postsl 2012/0411 3/sobre-classemedia-440203.asp)
1) (CEFET) Realizando-se uma leitura atenta da crônica de Artur
Xexéo, conclui-se que a ironia foi uma estratégia muito explorada
na sua argumentação. O trecho que mais evidencia esse tom
irônico nas palavras do cronista é:
a) “A nova classe média virou objeto de pesquisa de tudo aqui
no Brasil.” (ref. 1)
b) “Cresci aprendendo que profissão para valer era engenheiro,
médico ou advogado.” (ref. 2)
c) ”Sejam bem-vindos ao paraíso dos que ganham entre
R$1.200,00 e R$5.174,00 por ano.” (ref. 3)
d) “Assisti às novelas de lvany Ribeiro em versão original.” (ref. 4)
Proposto
Juventude e participação
Inicialmente, gostaria de destacar que toda avaliação
é feita a partir de uma comparação. Neste caso, essa
comparação poderia ser feita em duas direções. Uma
delas em relação a outras faixas etárias e a outra em
relação à juventude de épocas passadas. Em relação
à primeira dimensão, me parece que o comportamento
político da juventude não seja diferente do de outras faixas
etárias. 1Os que avaliam como baixa a participação política
da juventude atual não podem afirmar que seja diferente
da participação política das outras faixas. 10Existem
parcelas da população passivas (e entre elas há jovens
e também adultos), assim como existem parcelas da
população com alta taxa de participação política, e entre
elas podemos igualmente identificar jovens e adultos.
Logo, uma comparação entre faixas etárias não nos leva
a concluir que seja baixa a participação política da juventude.
Agora, em relação à outra dimensão, a comparação entre
juventudes de épocas diferentes, podemos constatar
diferenças que aparentemente levem algumas pessoas a
afirmações do tipo “a juventude atual não está com nada”,
“antigamente os jovens tinham maior consciência e atuação
a política”. E aqui, novamente, 11devemos analisar a questão
por partes. Jovens alienados e passivos sempre existiram
ao lado de jovens conscientizados e ativos politicamente.
9
Deve-se reconhecer que 5a proporção entre essas
duas categorias muda com o tempo, 12tem épocas em que
a proporção de jovens ativos se amplia e em outras épocas
diminui. Mas esse aumento ou diminuição é uma expressão
da sociedade como um todo e não de uma determinada faixa
etária. Se numa época a parcela de jovens cresce e se torna
mais intensa, 6é porque esse mesmo fenômeno se manifesta na
) sociedade como um todo. 2O comportamento juvenil expressa
as tendências gerais da sociedade como um todo.
3
A grande diferença está nos meios de que dispõem
os jovens para desenvolver sua consciência crítica 7ou
para manifestar sua postura política. Aí, sim, registramos
mudanças radicais em relação a outras épocas.
4
Atualmente, os jovens têm acesso aos meios de
comunicação que permitem ampliar a velocidade e a
abrangência da transmissão de ideias, o que oferece
facilidades nunca antes disponíveis para a expressão política
da juventude.
A minha resposta pode parecer otimista 8e tenho plena
consciência de que ela é. Os jovens da atualidade não
são diferentes dos jovens de outras épocas, aceitam ou
rechaçam valores, assumem ou não atitudes políticas com
a mesma postura dos jovens do passado, a diferença não
está no grau e sim na forma. 13Não muda o caminho, muda
a forma de caminhar.
(Luís de la Mora. Adaptado de www.cipo.org.br)
2) (UERJ) A argumentação do autor se pauta pela cautela,
combatendo principalmente os discursos que fazem generalizações apressadas.
A frase do texto que melhor comprova essa afirmativa está
indicada em:
a) “Os que avaliam como baixa a participação política da juventude atual não podem afirmar que seja diferente da participação
política das outras faixas.” (ref. 1)
b) “O comportamento juvenil expressa as tendências gerais da
sociedade como um todo.” (ref. 2)
c) “A grande diferença está nos meios de que dispõem os jovens
para desenvolver sua consciência crítica ou para manifestar
sua postura política.” (ref. 3)
d) “Atualmente, os jovens têm acesso aos meios de comunicação que permitem ampliar a velocidade e a abrangência da
transmissão de ideias, o que oferece facilidades nunca antes
disponíveis para a expressão política da juventude.” (ref. 4)
Proposto
Meses depois fui para o seminário de S. José. Se eu pudesse contar as lágrimas que
chorei na véspera e na manhã, somaria mais que todas as vertidas desde Adão e Eva. Há
nisto alguma exageração; mas é bom ser enfático, uma ou outra vez, para compensar este
escrúpulo de exatidão que me aflige.
(Machado de Assis, Dom Casmurro.)
3) (FUVEST) Considerando-se o contexto desse romance de Machado de Assis, pode-se afirmar
corretamente que, no trecho apresentado, ao comentar o próprio estilo, o narrador procura:
a) afiançar a credibilidade do ponto de vista que lhe interessa sustentar;
b) provocar o leitor, ao declará-lo incapaz de compreender o enredo do livro;
c) demonstrar que os assuntos do livro são mero pretexto para a prática da metalinguagem;
d) revelar sua adesão aos padrões literários estabelecidos pelo Romantismo;
e) conferir autoridade à narrativa, ao basear sua argumentação na História Sagrada.
Proposto
4) (UFSM) Leia o seguinte fragmento, extraído do Sermão de Santo Antônio, de Pe. Vieira.
(...) o pão é comer de todos os dias, que sempre e continuamente se come: isto é o que
padecem os pequenos. São o pão cotidiano dos grandes; e assim como o pão se come
com tudo, assim com tudo e em tudo são comidos os miseráveis pequenos, não tendo, nem
fazendo ofício em que os não carreguem, em que os não multem, em que os não defraudem,
em que os não comam, traguem e devorem (...)
No trecho, observa-se que Vieira:
I) constrói a argumentação por meio da analogia, o que constitui um traço característico da
prosa vieiriana;
II) finaliza com uma gradação crescente a fim de dar ênfase à voracidade da exploração sofrida
pelos pequenos;
III) afirma, ao estabelecer uma comparação entre os humildes e o pão, alimento de consumo
diário, que a exploração dos pequenos é aceitável porque cotidiana.
Está(ão) correta(s):
a) apenas I
d) apenas II e III
b) apenas I e II
e) I, II e III
c) apenas III
Proposto
5) (MACKENZIE)
Acho que não pode haver discriminação racial e religiosa de espécie alguma. O direito
de um termina quando começa o do outro. Em todas as raças, todas as categorias, existe
sempre gente boa e gente má. No caso particular dessa música, não posso julgar, porque nem
conheço o Tiririca. Como posso saber se o que passou na cabeça dele era mesmo ofender
os negros? Eu, Carmen Mayrink Veiga, não tenho ideia. Mas o que posso dizer é que, se os
negros acharam que a música é uma ofensa, eles devem estar com toda a razão.
(Revista Veja)
De acordo com o texto:
a) a argumentação, desenvolvida por meio de clichês, subentende um distanciamento entre o
eu/enunciador e o ele/negros;
b) a argumentação revela um senso crítico e reflexivo, uma mente que sofre com os preconceitos e, principalmente, com a própria impotência diante deles;
c) a argumentação, partindo de visões inusitadas, mas abalizadas na realidade cotidiana, aponta
para a total solidariedade com os negros e oprimidos;
d) o discurso, altamente assumido pelo enunciador, a ponto de autocitar-se sem pejo, ataca
rebeldemente a hipocrisia social, que mascara os preconceitos;
e) impossível conceber, como desse mesmo enunciador, essa frase: Sempre trabalhei como
uma negra, publicada semanas antes pela mesma revista.
-
Proposto
O ensino na bruzundanga
Já vos falei na nobreza doutoral desse país; é lógico,
portanto, que vos fale do ensino que é ministrado nas
suas escolas, donde se origina essa nobreza. Há diversas
espécies de escolas mantidas pelo governo geral, pelos
governos provinciais e por particulares. Estas últimas são
chamadas livres e as outras oficiais, mas todas elas são
equiparadas entre si e os seus diplomas se equivalem. Os
meninos ou rapazes, que se destinam a elas, não têm medo
absolutamente das dificuldades que o curso de qualquer
delas possa apresentar. Do que eles têm medo, é dos
exames preliminares.
Passando assim pelo que nós chamamos preparatórios,
os futuros diretores da República dos Estados Unidos
da Bruzundanga acabam os cursos mais ignorantes e
presunçosos do que quando para lá entraram. São esses
tais que berram: “Sou formado! Está falando com um
homem formado!”.
Ou senão quando alguém lhes diz:
— “Fulano é inteligente, ilustrado...”, acode o
homenzinho logo:
— É formado?
— Não.
— Ahn!
Raciocina ele muito bem. Em tal terra, quem não
arranja um título como ele obteve o seu, deve ser muito
burro, naturalmente.
Apesar de não ser da Bruzundanga, eu me interesso
muito por ela, pois lá passei uma grande parte da minha
meninice e mocidade.
Meditei muito sobre os seus problemas e creio que
achei o remédio para esse mal que é o seu ensino. Vou
explicar-me sucintamente.
O Estado da Bruzundanga, de acordo com a sua carta
constitucional, declararia livre o exercício de qualquer
profissão, extinguindo todo e qualquer privilégio de
diploma.
Quem quisesse estudar medicina, frequentaria as
cadeiras necessárias à especialidade a que se destinasse,
evitando as disciplinas que julgasse inúteis. Aquele que
tivesse vocação para engenheiro de estrada de ferro, não
precisava estar perdendo tempo estudando hidráulica.
Cada qual organizaria o programa do seu curso, de acordo
com a especialidade da profissão liberal que quisesse
exercer, com toda a honestidade e sem as escoras de
privilégio ou diploma todo poderoso.
Semelhante forma de ensino, evitando o diploma e os
seus privilégios, extinguiria a nobreza doutoral; e daria
aos jovens da Bruzundanga mais honestidade no estudo,
mais segurança nas profissões que fossem exercer, com a
força que vem da concorrência entre os homens de valor
e inteligência nas carreiras que seguem.
(BARRETO, Lima. Os bruzundangas. SP, Ática, 1985. p. 49-51 - com adaptações.)
6) (UERJ) A argumentação desenvolvida pelo narrador
do texto, a respeito do modelo de ensino superior que era
adotado na Bruzundanga, conduz à suposição de que:
a) o governo obrigava os estudantes a prestar uma prova
final de avaliação do curso;
b) os estudantes tinham a oportunidade de escolher as
matérias que desejassem cursar;
c) a organização dos programas dos cursos superiores incluía
algumas disciplinas inúteis;
d) os currículos ofereciam os conhecimentos necessários
para a especialidade a que se destinavam.
Download

EXERCÍCIOS GERAIS — PARTE 3