UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ATUAÇÃO PSICOPEGAGÓGICA INSTITUCIONAL: UM OLHAR SOBRE O CURRÍCULO ESCOLAR DANUZA SANTOS DE OLIVEIRA ALVES Profᵃ. Orientadora Dra: Fabiane Muniz RIO DE JANEIRO 2015 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ATUAÇÃO PSICOPEGAGÓGICA INSTITUCIONAL: UM OLHAR SOBRE O CURRÍCULO ESCOLAR DANUZA SANTOS DE OLIVEIRA ALVES Monografia apresentada ao Instituto A Vez do Mestre como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em Psicopedagogia Institucional. Orientadora Profᵃ. Dra. Fabiane Muniz. RIO DE JANEIRO 2015 AGRADECIMENTOS A Deus, razão da minha vida, que com seus ensinamentos genuínos me instrui a ser forte e não desistir dos meus sonhos. À minha família, meu alicerce. Em especial ao meu esposo, à minha filha amada, às minhas mães e ao meu pai. Quando olho para cada um de vocês, tenho a certeza de que vale a pena lutar. 4 DEDICATÓRIA À minha querida mãe, meu exemplo de vida. Obrigada por me ensinar que educar é um ato de entrega e amor. EPÍGRAFE “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. ” (Paulo Freire) 6 RESUMO A presente monografia tem como objetivo apresentar um estudo sobre a atuação do psicopedagogo no contexto educacional e a importância do currículo escolar, acreditando-se que ele é um instrumento que norteia todo ambiente educativo e que, por isso, é indispensável para auxiliar a atuação desse profissional. Sabe-se que o currículo é um elemento fundamental no processo de escolarização, pois apresenta não apenas a forma da sociedade organizar o ensino, mas todas as práticas e vivências estabelecidas nesse ambiente. Desta maneira, por ser a Psicopedagogia uma área que tem seu objeto de estudo a aprendizagem, é indispensável traçar um paralelo desta ciência com o currículo, pois ele serve de base para uma compreensão global do processo do ensino e aprendizagem. Assim, o psicopedagogo tem um importante papel nesse processo no que concerne em auxiliar os demais profissionais da escola na adequação dos currículos escolares, visando respeitar o tempo e o ritmo de aprendizagem de cada educando. Logo, este estudo destacou que o êxito na intervenção psicopedagógica está na flexibilização do currículo, como proposta de mudanças nos conteúdos e práticas pedagógica para valorizar experiências de cada aluno e suas opiniões, propondo projetos contextualizados a sua realidade. Palavras-chave: psicopedagogia, currículo, aprendizagem. METODOLOGIA Para o entendimento sobre o que vem a ser currículo escolar e qual a sua relação com o papel do psicopedagogo na escola para uma aprendizagem crítica e significativa, este estudo buscou aprofundar a temática através de um levantamento e coleta de dados embasados em teóricos e especialistas no assunto. O tipo de pesquisa escolhida foi a bibliográfica e documental que segundo Marconi e Lakatos (2003) abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema em estudo, cuja finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que já foi escrito sobre o assunto Nesta pesquisa, portanto, foram consultadas obras de teóricos relativas ao assunto, tais como artigos de internet, documentos legais e livros que fundamentaram este trabalho e permitiram uma reflexão e análise a respeito do currículo e da atuação psicopedagógica. Os principais autores e teóricos utilizados foram: Bossa (2011), Sacristán (2009) e Sampaio (2011). Em conformidade com Gil (2008) o material elaborado teve a principal finalidade de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Com isso, a fundamentação teórica consubstanciou a pesquisa e permitiu que o objeto de estudo fosse não apenas entendido, mas refletido e analisado, buscando-se práticas psicopedagógicas relevantes para uma atuação adequada que possibilitassem a prevenção dos promovessem o sucesso dos educandos. problemas de aprendizagem e 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I - CURRÍCULO ESCOLAR EM FOCO 1.1 A trajetória do currículo escolar pela ótica das teorias curriculares 13 1.2 A importância de identificar os tipos de currículo para uma prática consciente 16 CAPÍTULO II - A PSICOPEDAGOGIA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A APRENDIZAGEM 2.1.A Psicopedagogia Institucional no contexto escolar 22 2.2. O trabalho psicopedagógico e a aprendizagem 24 2.2.1 Diagnóstico e Intervenção 25 2.3. Atuação psicopedagógica junto: 2.3.1 Ao aluno 27 2.3.2 À família 30 2.3.3 À escola 32 Capítulo III - O CAMINHO PARA O SUCESSO ESCOLAR: A FLEXIBILIZAÇÃO DO CURRÍCULO 3.1. O Psicopedagogo como agente mobilizador da flexibilização do currículo 38 CONCLUSÃO 42 BIBLIOGRAFIA 44 WEBGRAFIA 47 9 INTRODUÇÃO A psicopedagogia institucional estuda a aprendizagem humana observando como o indivíduo aprende e de que maneira ele se relaciona com o objeto do conhecimento buscando elucidar problemas de aprendizagem, além de prevenilos. Partindo desse entendimento o tema dessa pesquisa é “Atuação psicopegagógica institucional: um olhar sobre o currículo”, cujo propósito é aprofundar-se no entendimento de currículo para conhecer com propriedade se de fato dele contribuir para uma intervenção psicopedagógica efetiva. Para tanto, a pesquisa destacou os seguintes objetivos específicos: Apresentar os conceitos e as formas de organização do currículo escolar; estabelecer a relação entre a psicopedagogia, o currículo e o processo de ensino-aprendizagem; analisar o currículo escolar como um instrumento determinante no diagnóstico e na intervenção psicopedagógica e identificar se existem propostas curriculares que contribuam para o sucesso escolar. Neste sentido, o interesse em investigar sobre a relação entre o currículo escolar, a aprendizagem e a intervenção psicopedagógica surgiu com a constatação de que o currículo carrega em si todo o fazer educativo, seja ele redigido em normas e técnicas, seja na prática de sala de aula. Deste modo, este trabalho foi estruturado em três capítulos, seguido da conclusão. No primeiro capítulo intitulado “Currículo em foco” foi realizado um apanhado histórico sobre a etimologia da palavra currículo e as suas conceituações descritas por diferentes autores que contribuíram para compor uma ideia geral do que vem a ser esse instrumental no contexto escolar. Em seguida, percorreu-se o caminho histórico das teorias curriculares visto que, o mesmo, não é um elemento neutro, mas apresenta em sua composição um conjunto de pensamentos, comportamentos, ideologias e conflitos reflexos da história e sociedade. Buscou-se, ainda, destacar os tipos de currículos presentes em sala de aula. 10 No segundo capítulo chamado “Psicopedagogia, Currículo Escolar e Aprendizagem” faz referência ao surgimento da psicopedagogia enquanto ciência, refletindo o seu objeto de estudo, o papel deste profissional no ambiente educativo e o desenvolvimento de seu trabalho junto ao aluno, à família e à escola. O terceiro capítulo nomeado “O caminho para o sucesso escolar: a flexibilização do currículo” destaca o entendimento da LDB 9394/96 sobre o currículo escolar. Destaca-se ainda que a flexibilização do currículo é relevante para a prática psicopedagógica como meio de promover uma aprendizagem significativa que respeite as particularidades dos educandos. A conclusão deste estudo serviu para sintetizar a pesquisa aqui exposta, destacando o papel do psicopedagogo como indispensável à promoção da flexibilização curricular, sendo o caminho para democratizar o ensino e concretizar o êxito da aprendizagem escolar. Assim, pretende-se com esta pesquisa contribuir para os estudos sobre a psicopedagogia acreditando que o currículo é essencial para um diagnóstico e uma intervenção adequada, ressaltando-se que este estudo não tem a pretensão de esgotar todas as discussões a respeito dessa temática, servindo de colaboração e diálogo com os profissionais da educação. 11 CAPÍTULO I CURRÍCULO ESCOLAR EM FOCO A palavra currículo é muito familiar no âmbito escolar, aparecendo articulada a estruturação de todo o processo educativo. No entanto, a sua definição primeira não esteve relacionada a esse campo de estudo. A etimologia dessa palavra provém do latim scurrere (curriculum) que quer dizer corrida, o lugar onde se corre. Tal entendimento o considerava como um curso a ser seguido. (GOOLDSON, 2010) Com o passar do tempo esse termo passou a ser relacionado à educação, expressando o pensamento de diferentes teóricos e formas de conceber a sociedade e o ensino, apresentando-se como um instrumento fundamental para o processo de escolarização no mundo. (Ibid. 2010) Moreira (2007, p. 18) destaca ser o currículo: (...) as experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, em meio a relações sociais, e que contribuem para a construção das identidades de nossos/as estudantes. Currículo associa-se, assim, ao conjunto de esforços pedagógicos desenvolvidos com intenções educativas. Percebe-se com tal afirmação que o autor não se refere ao mesmo apenas como um conjunto de disciplinas ou grade escolar, haja vista restringiria o real sentido desse dispositivo, mas destaca que ele engloba todas as relações estabelecidas na escola para que a aprendizagem e o desenvolvimento aconteçam. Considera, ainda, ser um elemento cultural, por estar articulado com a vida e os interesses dos educandos e por possibilitar uma construção indentitária de cidadania. Sacristán (2009, p. 15), por sua vez, entende que: Quando definimos o currículo estamos descrevendo a concretização da própria escola e a forma particular de enfocálas num momento histórico e social determinado, para um nível ou modalidade de educação (...). 12 Nessa perspectiva, o conceito do mesmo é modificado na medida em que atende a uma intenção educativa da sociedade, o que indica que ele é modificado pelas urgências sociais e pela necessidade de cada instituição de ensino. O autor destaca ainda que: O currículo é uma práxis antes de um objeto estático emanado de um modelo coerente de pensar a educação ou as aprendizagens necessárias das crianças e dos jovens, que tampouco se esgota na parte explícita do projeto de socialização cultural nas escolas. (Ibid, p. 15) É notório, portanto, que ele contribui não apenas para estruturar a organização dos conteúdos e o planejamento pedagógico, mas sobretudo para estabelecer uma relação direta entre os conhecimentos dos educadores, os saberes socialmente estabelecidos e a cultura escolar, tornando a sua prática significativa para as aprendizagens dos educandos. Coll (2007) considera-o como um projeto social e cultural que orienta as ações educativas, delimitando os propósitos e as adequações necessárias para estabelecer a aprendizagem. Para isso, destaca quatro dimensões a serem observadas: informações sobre o que ensinar, quando ensinar, como ensinar e sobre que, como e quando avaliar. Isto posto, estabelece uma conexão necessária entre a teoria e a prática, de maneira que o educador consegue monitorar e acompanhar como o aluno se desenvolve, quais os elementos dificultadores desse processo, quais as adaptações curriculares a serem realizadas e de que maneira a sua metodologia está auxiliando o seu aluno. Sendo assim, olhar a organização curricular é perceber a missão da escola, a trajetória escolar dos educandos, a atuação dos profissionais ali presentes, o diálogo estabelecido com a família e comunidade, assim com o contexto sociocultural emergente e a maneira como isso afeta direta e indiretamente a educação. Por isso, Gooldson (2010) referencia, que o projeto educativo seja pensado como uma construção social, formulado numa variedade de áreas e níveis que permitam concebê-lo e entendê-lo na sua perspectiva histórica social, de 13 reprodução e legitimação das relações de poder, ao mesmo tempo em que trabalha um paralelo com a prática em sala de aula. Neste sentido, este trabalho procura aprofundar-se no entendimento do currículo como uma construção social, refletindo de que maneira ele pode auxiliar o profissional psicopedagogo para estabelecer um ensino de qualidade, prevenindo ou tratando os problemas de aprendizagem. 1.1 A trajetória do currículo pela ótica das teorias curriculares A trajetória do currículo traz consigo uma série de visões do propósito educativo, assim como também carrega as influências culturais e políticas da sociedade, compondo-o a partir de objetivos e propósitos consolidados historicamente. No século XVI tal dispositivo surge atrelado à escola, por volta de 1509 na College of Montaign em Paris, onde se inaugura o sistema de classes de alunos, transformando a escolarização em uma atividade de massa, caracterizando a formação de estudantes de acordo com a faixa etária e o nível dos conhecimentos exigidos dos alunos. (GOOLDSON, 2010) Nesse momento, ele já aparece como um documento norteador dos conteúdos escolares com foco na organização dos saberes e nas sequências didáticas, em estágios e níveis. A partir da Revolução Industrial no século XVIII passou a ser usado como instrumento técnico e normativo, no qual a classe burguesa que estava se estabelecendo no poder, para manter sua hegemonia, utiliza-o a serviço do poder estatal. (Ibid, 2010) O currículo passa, então, a ser associado às disciplinas ou matérias escolares, composta por um conjunto de conteúdos necessários a formação de crianças e jovens que precisavam ser ajustados ao sistema fabril. Para Silva (2007, p. 12): O modelo institucional dessa concepção de currículo é a fábrica. Sua inspiração teórica é a da administração científica de Taylor. No modelo de currículo de Bobbitt, os estudantes devem ser processados como um produto fabril. 14 Surge, então, uma estrutura curricular pautada na teoria tradicional, prevendo como objetivos da instituição educacional aqueles ancorados no modelo industrial. Bobbit transpôs os princípios da administração científica para a escola. Ainda segundo o estudioso era necessário a divisão de tarefas e especialização de funções na escola para que o estudante estivesse preparado para atuar com o máximo de eficiência no trabalho. Para ele o professor tinha a função de supervisor do ensino no sentido de determinar métodos adequados e indicar qualidades (KLIEBARD, 2011). O objetivo primordial da elaboração curricular tradicional segundo Bobbit era padronizar as pessoas para formar habilidades, atitudes, hábitos, estimativas e formas de conhecimento necessárias ao padrão social almejado (Ibid, 2011). Assim, esse documento tomou uma dimensão burocrática e hegemônica determinando aquilo que a criança precisava aprender para se adequar ao mundo do trabalho, definindo o lugar que ela ocuparia na sociedade. A herança da pedagogia tradicional permanece enraizada na estrutura curricular das escolas, muitas vezes de maneira velada. Essa teoria instaura um processo de segregação social, pois apenas os que detém o poder é que ditam as regras do que ensinar e como ensinar, fazendo dele um elemento neutro e inquestionável. Entretanto, a partir das décadas de 1960 e 1970 o currículo passou a ser questionado com o advento das Teorias Críticas que apontaram para um caminho comum: um questionamento ao modelo tradicional que havia concentrado os seus esforços na elaboração de planos pautados na defesa do status quo existente. (MAGALHÃES, 2009) Essa concepção rompe com a transmissão de conteúdos para propor uma análise sobre o que se ensina e trazer para as discussões as problemáticas sociais e as experiências dos educandos. Um dos representantes desse pensamento é o professor americano Michael Apple, sua contribuição teórica relaciona a educação com a dinâmica e história da sociedade. Em sua visão o autor concebe: (...) o currículo como um processo complexo e contínuo de planejamento ambiental. Assim, o currículo não é pensado como uma “coisa”, como um programa ou curso de estudos. Ele é 15 considerado como um ambiente simbólico, material e humano que é constantemente reconstruído. Este processo de planejamento envolve não apenas o técnico, mas o estético, o ético e o político, se quisermos que ele responda plenamente tanto ao nível pessoal quanto ao social (APPLE, 2000, p.210). O currículo deixa de ser apenas técnico para ter um sentido maior, relacionado não apenas aos conhecimentos a serem transmitidos, mas ao seu caráter social, cultural e econômico. Para Apple os saberes escolares não podem ser apenas repassados como visto pelo tradicionalismo, mas todo conhecimento deve ser problematizado pelo educador levando-o a questionamentos como: os conhecimentos ensinados na escola pertencem a que grupos sociais? Por que estes conhecimentos? Qual a relação entre cultura e poder? e quem se beneficia dessa relação? (GANDIN, 2011) Saviani (2010) acrescenta que nessa perspectiva rejeita-se a padronização, propondo-se a construção do currículo em sala de aula, em que o professor exercerá seu papel em busca da compreensão crítica da realidade. Neste sentido, o mesmo assume a função de emancipação social, uma vez que está engajado numa prática mediadora, consciente e questionadora dos saberes instituídos, possibilitando que ele seja socialmente elaborado em sala, onde o aluno tem autonomia no pensar e no fazer educativo. Por fim surge ainda a teoria pós-crítica, oriunda dos Estados Unidos da América, iniciando uma discussão a respeito de um movimento de luta social em defesa dos grupos sociais e minorias exigindo-se a igualdade de direitos, fenômeno este que passou a ser conhecido como multiculturalismo. (SILVA, 2004) Tal vertente assinala que o desenvolvimento curricular é um mecanismo afirmação das classes, para alcançar o reconhecimento das diferenças culturais e o lutar contra todo tipo de discriminação e violência simbólica. Percebe-se, que a temática curricular em cada teoria apresenta uma maneira de pensar sobre a escola, sua organização, as relações estabelecidas entre os atores sociais que ali transitam e as questões de ideologia e poder. É importante destacar que refletir sobre tais teorias é fundamental ao trabalho do psicopedagogo para perceber a identidade de cada instituição e a 16 maneira como ela desenvolve suas práticas em direção à aprendizagem dos alunos. Atentar para isso, permite formar um entendimento global da mesma a fim de desenvolver um trabalho de intervenção efetivo. 1.2 A importância de identificar os tipos de currículo para uma prática consciente Percebe-se que o entendimento do currículo escolar abrange vários entendimentos por parte dos autores, e que se somando delineiam a sua definição e a forma como é composto. Um dos pontos chaves para compreender o funcionamento de determinada instituição, sua função social, as normas que a regem, os conteúdos escolares trabalhados em sala, a prática escolar, entre outros aspectos se dá pelo entendimento desse documento. Sascritán (2009, p.16) sinaliza que: (...) a importância da análise do currículo, tanto de seus conteúdos como de suas formas, é básica para entender a missão da instituição escolar em seus diferentes níveis e modalidades. As funções que o currículo cumpre como expressão do projeto de cultura e socialização são realizadas através de seus conteúdos, de seu formato e das práticas que cria em torno de si. Tudo isso se produz ao mesmo tempo: conteúdos (culturais, intelectuais e formativos), códigos pedagógicos e ações práticas através das quais se expressam e modelam conteúdos e formas. Ele, portanto, engloba um conjunto de ações articuladas entre si para a estruturar os projetos pedagógicos e sua realização prática em sala de aula, elementos determinantes na formação dos educandos para a construção da sua autonomia. É preciso notar que existem três tipos de currículos no contexto escolar, o currículo escrito, prescrito ou formal, o currículo real ou em ação e o currículo oculto. Libâneo e Oliveira (2010, p. 363) caracterizam o currículo formal como sendo “aquele estabelecido pelos sistemas de ensino, expresso em diretrizes curriculares, nos objetivos e nos conteúdos das áreas ou disciplinas de estudo”. 17 Esse modelo orienta todas as propostas pedagógicas, a partir de diretrizes e documentos legais formulados pelos sistemas de ensino como meio de encaminhar a educação escolar. Goodson (2010) discorre que: O currículo escrito não passa de um testemunho visível, público e sujeito a mudanças, uma lógica que se escolhe para, mediante sua retórica, legitimar uma escolarização. Como tal, o currículo escrito promulga e justifica determinadas intenções básicas de escolarização, à medida que vão sendo operacionalizadas em estruturas e instituições (...). Em síntese, o currículo escrito nos proporciona um testemunho, uma fonte documental, um mapa do terreno sujeito a modificações; constitui também um dos melhores roteiros oficiais para a estrutura institucionalizada da escolarização. No Brasil ele se configura em um conjunto de documentos e normas produzidos nas instâncias nacionais, estaduais e municipais como o objetivo de dar uma base comum a educação nacional, atendendo a necessidades específicas de quem o elabora. Como exemplo dessa tipologia tem-se: a LDB 9394/96, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), os Referenciais Curriculares, as Políticas Nacionais, o Plano Nacional de Educação (PNE), as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCNS), etc. O currículo real, por sua vez, vai se referir a todas as ações concretizadas em sala de aula. Libâneo e Oliveira (2010, p. 363) afirmam: (^) O currículo real é aquele que, de fato, acontece na sala de aula, em decorrência de um projeto pedagógico e dos planos de ensino. É tanto o que sai das ideias e da prática dos professores, da percepção e do uso que eles fazem do currículo formal, como o que fica na percepção dos alunos. Essa matriz curricular se refere a realização prática do fazer educativo, não apenas o planejamento escolar do educador, mas a sua realização em sala, os imprevistos, as dificuldades e questionamentos dos alunos, as diferentes metodologias de ensino, entre outros. Oliveira (2008) ressalta que: 18 O fazer cotidiano aparece, portanto, como um espaço privilegiado de produção curricular para além do previsto nas propostas oficiais e, sobretudo, como importante espaço para formação (...) Cada forma nova de ensinar, cada conteúdo trabalhado, cada experiência particular só podem ser entendidos junto ao conjunto de circunstâncias que os torna possível, o que envolve a história de vida dos sujeitos em interação, sua formação e a realidade local específica, com as experiências e saberes anteriores de todos, dentre outros elementos da vida cotidiana. Constata-se com clareza que as experiências didáticas têm como ponto de partida os documentos legais, porém não se resumem neles, visto que a concretização da prática abarca um conjunto de intencionalidades, interações e vivências extremamente relevantes para o processo de desenvolvimento e aprendizagem. A última tipologia considera tudo o que está subtendido na prática pedagógica e nas relações interativas no contexto escolar. Nesse sentido, a instituição escolar transmite através do currículo oculto um conjunto de normas e valores de maneira implícita. São eles: a) não lida somente com o conhecimento, porque os hábitos são ensinados de forma subliminar, por intermédio dos modos de organização das escolas que criam rotinas, disciplina nos alunos que aprendem, entre recompensas e punições, o que é valorado positivamente. b) as salas de aula tornam possível a constante vigilância de comportamentos, ou seja, o disciplinamento caracterizado pelo respeito a rotina, horários, horas de trabalho e lazer. O cotidiano ensina os alunos a manter a ordem e ter clareza sobre o que o professor espera de cada um; c) o espaço escolar é caracterizado pela ambivalência. Nele são propostas tarefas nas quais nem sempre existe correspondência entre ‘desejos pessoais’ e ‘objetivos institucionais’. Ou seja, há agrados e desagrados na realização das tarefas por parte do aluno, mas este aprende que não pode optar por sempre fazer o que deseja. Forjam-se, assim, estilos de comportamentos úteis no contexto da posterior inserção da criança na vida adulta, notadamente, para o ingresso no mercado de trabalho; d) o sistema de avaliação da escola cria categorias de alunos. Tal sistema não está associado somente a provas, notas, testes, aprovações e diplomas. (JACKSON apud MAGALHÃES, 2009, p. 160-161) 19 Assim, todas as atitudes que povoam as interações sociais na escola tais como: a escolha dos conteúdos, o modo de ensinar, a concepção de aluno, a ordenação da sala de aula em fileiras alinhadas ou em círculo, as relações de poder ou de inclusão social se camuflam nas práticas vividas. Moreira (2007) vem destacar que o currículo oculto produz consequências que muitas vezes quem a pratica não percebe, mas que oprimi os estudantes nas questões referentes a classe social, gênero, raça, sexualidade. Como não poderia deixar de ser, tudo que está velado no contexto educacional tem uma finalidade seja para reforçar os padrões de uma teoria de currículo não crítica, moldando um sujeito para o mercado de trabalho e manter a hegemonia capitalista. Seja para uma proposta de currículo crítica que concebe o educando na sua realidade social, com um educador mediador que trabalha de maneira interdisciplinar os conteúdos para fazer sentido ao aluno o que está aprendendo, conseguindo relacionar o que aprende a realidade social que o cerca. É importante destacar que não se considera aqui um currículo em detrimento do outro, uma vez que as tipologias coexistem entre si compondo o currículo como um todo. Neste sentido, compreender a tipologia curricular é fundamental para a prática psicopedagógica, uma vez que ao entendê-la este profissional estará mapeando tudo o que ocorre na escola. Assim, ele estará atentando para o que diz as leis e normas que regem a educação, assim como de que maneira o ensino e a aprendizagem estão ocorrendo em sala de aula, além de perceber as questões camufladas que podem evitar ou reforçar ações de exclusão social e que geram entraves na aprendizagem dos educandos. 20 CAPÍTULO II A PSICOPEDAGOGIA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A APRENDIZAGEM A psicopedagogia é uma área do conhecimento que nasceu da necessidade de compreender os problemas de aprendizagem e de buscar soluções para essas questões, refletindo sobre o desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor dos indivíduos. (FAGALI e VALE, 2011) Na sua composição como área de estudo a mesma trouxe conhecimentos de diferentes disciplinas como a Sociologia, Filosofia, Medicina, Pedagogia, Psicologia, entre outras. Ela alia diversas concepções para estudar a aprendizagem humana fazendo uma junção entre a teoria e a prática, caminhando para melhor compreender esse processo. (BOSSA, 2011) A psicopedagogia tem sua origem no século XIX, na Europa, em um momento histórico em que a escolaridade se torna ponto de sustentação do ideário liberal, que buscava a formação de indivíduos especializados para atender ao mercado de trabalho, creditando àqueles que dominassem o saber científico o sucesso e a comprovação de sua capacidade intelectual. Este modelo teoricamente garantiria a igualdade de oportunidades para a aquisição do conhecimento e do desenvolvimento, confirmando a crença de que as diferenças individuais seriam as causas do fracasso escolar. (Ibid, 2011) Mery (apud BOSSA, 2011) destaca que esse século foi marcado por estudos que buscavam compreender as pessoas com deficiências e uma série de problemas de aprendizagem. Destaca-se como pioneiros, os trabalhos de Itard com o caso da reeducação da criança, Pestalozzi com o centro de educação e trabalho para crianças pobres e Seguin que utilizou o método fisiológico de educação para estimular os sentidos e os músculos das crianças com deficiência mental. A autora ainda destaca o trabalho de Maria Montessori que criou um método de aprendizagem destinado inicialmente a crianças com retardo, mas 21 que posteriormente foi estendido a todas as crianças, estimulando os órgãos dos sentidos, método utilizado até hoje nas escolas. Na segunda metade do século XX surgem os primeiros centros médicos para reeducação de delinquentes infantis, o termo Psicopedagogia aparece na França com George Mauco que funda, em 1946, o centro médicopsicopedagógico, com a intenção de buscar respostas aos problemas de comportamento e de aprendizagem. (Ibid, 2011) Mauco teria explicado que o termo “psicopedagógico” foi uma nomenclatura para esse centro em substituição à expressão “médicopedagógico”, pois os pais se sentiam melhor ao encaminhar suas crianças para consultas psicopedagógicas, do que médicas. (MASINI apud RAMOS, 2007) Com uma visão organicista, a ação terapêutica desses centros acreditava que: A prática da reeducação consistia em identificar e tratar dificuldades de aprendizagem, a partir de ações de medição, de classificação de desvios e de elaboração de planos de trabalho. A base do conhecimento utilizado provinha fundamentalmente da Psicologia, da Psicanálise e da Pedagogia e o tipo de enfoque predominante era o médico-pedagógico. (Ibid, p.02) As ciências modernas, portanto, passaram a estudar as habilidades e capacidades humanas, a fim de fazer da diferença algo comprovado cientificamente em testes. Esta visão, portanto, compreende o corpo humano no paradoxo de eficiência e deficiência. E para buscar um tratamento adequado enfatizava a reeducação dos indivíduos na escola e sociedade tentando eliminar toda e qualquer dificuldade pela ótica médica. Este enfoque médico-pedagógico perdurou por muitos anos na história da Psicopedagogia o que ratificou o fracasso escolar. (BOSSA, 2011) Na década de 70 estudiosos passaram a perceber que as dificuldades de aprendizagem não estavam relacionadas apenas a fatores orgânicos, mas também a aspectos internos da personalidade, assim como externos a escola: família e comunidade. 22 Esta segunda roupagem da psicopedagogia aparece na Argentina a qual foi a primeira a oferecer o curso superior nessa área do conhecimento, com duração de cinco anos, passando por uma série de transformações. (CASTRO e ANTONIO, 2011) No que diz respeito a esse período, inicia-se uma nova abordagem sobre a criança com dificuldades de aprendizagem; e um plano de intervenção, antes focado apenas no orgânico, passa a ser ampliado, de onde o sujeito é observado em sua totalidade, mediante atividades espontâneas e do brincar. (SAMPAIO, 2011) Foi esta psicopedagogia que influenciou o Brasil. Uma vez que pela construção histórica da instituição escolar, o país estava passando por um grande problema do fracasso e evasão escolar. (RAMOS, 2007) Em razão do insucesso do sistema educacional brasileiro a psicopedagogia surge como uma área que pode auxiliar os educandos a reestabelecer o processo de aprendizado. Atualmente este é o trabalho psicopedagógico, observar de maneira global o aluno em todas as dimensões, a escola e a família, acompanhando o fenômeno da aprendizagem para perceber e zelar para que a mesma flua sem obstáculos e quando instalado um sintoma ou dificuldade restabelecê-lo por meio de uma ação criteriosa. 2.1 A Psicopedagogia Institucional no contexto escolar A psicopedagogia escolar atua no sentido de entender o sujeito e sua relação com o conhecimento para evitar possíveis entraves. Logo, Castro e Antonio (2011, p.11) destacam: Apesar de ter um caráter preventivo na instituição escolar, a prática psicopedagógica também apresenta uma configuração clínica. O psicopedagogo pesquisa as condições para que se produza a aprendizagem do conteúdo escolar, identificando os obstáculos e os elementos facilitadores. O trabalho psicopedagógico, portanto, não é realizado ao acaso ou partindo de suposições fictícias, ao contrário, este assume também caráter 23 clínico, uma vez que se ocupa de um estudo sobre o sujeito concreto, com necessidades reais de aprendizagem em relação ao objeto do conhecimento. Para isso, a Psicopedagogia Institucional estuda os mecanismos inconscientes de uma organização, identificando sua rigidez, bloqueios e possibilidades de aprender e atuar no sentido de buscar estratégias e formas de interferências, para ampliar as possibilidades de aprender, lidando com as mudanças e transformações de condutas. (FAGALI, 2001). Com o intuito de contribuir na prevenção dos problemas de aprendizagem, o papel fundamental do psicopedagogo é: (...) assessorar a escola, alertando-a para o papel que lhe compete, seja reestruturando a atuação da própria instituição junto a alunos e professores, seja ainda redimensionando o processo de aquisição e incorporação do conhecimento dentro do espaço escolar, seja encaminhando alunos para outros profissionais. ” (BOSSA, 2011, p. 105) Nesse contexto, visa um estudo teórico e prático, no interior da escola possibilitando uma visão e uma ação interdisciplinar, holística, sistêmica que permitam que o ser humano seja visto de maneira global, como alguém que pensa, sente, faz e compartilha, e que possibilite que a aprendizagem não fique restrita a um ato de simples acumulação de informações já pensadas e concluídas em tempos passados (BARBOSA, 2001). O projeto de lei PCL Nº 31 de 2010 organizado pela deputada Raquel Teixeira, no seu artigo 4º destaca as seguintes atribuições desse profissional: I - intervenção psicopedagógica, visando à solução dos problemas de aprendizagem, tendo por enfoque o indivíduo ou a instituição de ensino público ou privado ou outras instituições onde haja a sistematização do processo de aprendizagem na forma da lei; II – realização de diagnóstico e intervenção psicopedagógica, mediante a utilização de instrumentos e técnicas próprios de Psicopedagogia; III - utilização de métodos, técnicas e instrumentos psicopedagógicos que tenham por finalidade a pesquisa, a prevenção, a avaliação e a intervenção relacionadas com a aprendizagem; IV - consultoria e assessoria psicopedagógicas, objetivando a identificação, a compreensão e a análise dos problemas no processo de aprendizagem; 24 V - apoio psicopedagógico aos trabalhos realizados nos espaços institucionais; VI - supervisão de profissionais em trabalhos teóricos e práticos de Psicopedagogia. Em vista disso, a intervenção na escola não é uma tarefa simples, visto que vislumbra um conjunto de ações. Para isso, o currículo escolar é um instrumento de auxílio, pois permite entender a sistemática daquela instituição e a maneira com que a mesma pensa e age no seu cotidiano escolar. Portanto, quando a escola trabalha em uma perspectiva tradicional, as relações dentro da escola são verticais, existe o sujeito que detém o poder e o que não o detém. A relação com o aprender é unilateral, só há um saber a ser trabalhado, o hegemônico; não há críticas, não há autonomia do pensar e do fazer, apenas mera reprodução de atividades. Por outro lado, quando a escola apresenta o currículo crítico, esta dialoga com a família e com a sociedade, existe uma relação de horizontalidade nas relações. É possível escutar o aluno e a família na tentativa de auxiliá-lo na aprendizagem, consegue-se perceber através das avaliações diagnósticas e qualitativas que existem metodologias que não estão atendendo as necessidades dos mesmos. Assim, cada currículo apresentado por uma instituição escolar fornece um leque de informações que vão ser usadas pelo psicopedagogo durante o diagnóstico daquela instituição lhe fornecendo pistas de como o aprender é construído em determinado local. A partir disso, é possível traçar uma proposta terapêutica que vá atender diretamente os professores, alunos, equipe pedagógica, família, entre outros. Sendo assim, para cada situação e para cada currículo vai existir uma proposta de intervenção que busque prevenir ou solucionar um dado obstáculo na educação. 2.2 O trabalho psicopedagógico e a aprendizagem Bossa (2011) diz que para compreender a aprendizagem humana exige-se uma postura profissional investigativa que trate os sintomas inviabilizadores da 25 aprendizagem humana rastreando toda a fala dos sujeitos envolvidos no processo educativo, assim como aquilo que está extrínseco a ele. Por isso, a psicopedagogia não atua baseada em regras pré-estabelecidas para solucionar os problemas de aprendizagem, mas na análise minuciosa como afirmam Fagali e Vale (2011, p.13): A proposta psicopedagógica parte do autoconhecimento e do desenvolvimento emocional do educando, passa pelo conhecimento do mundo, das relações interpessoais, integrando-as ao cognitivo na situação de aprendizagem diretamente ligada a aquisição dos conteúdos. Assim, o contexto de vida do educando é um amplo terreno a ser compreendido, pois este lhe fornecerá todas as pistas para se realizar tanto o entendimento da origem do problema quanto a solução para o mesmo. Bossa (2011, p. 167) ressalta que o trabalho psicopedagógico possui duas etapas: diagnóstico e intervenção. Além de apresentar alguns elementos indispensáveis a ação terapêutica que vão sendo estabelecidos a medida em que o profissional tece o seu trabalho, são eles: tempo, lugar, frequência, duração, material de trabalho e estabelecimento das atividades, nessa modalidade de tratamento tem como objetivo, sempre, solucionar os problemas de aprendizagem, motivo do encaminhamento. 2.2.1 Diagnóstico e Intervenção O diagnóstico é um processo usado para identificar problemas de aprendizagem, a fim de coletar dados que possam trazer esclarecimentos sobre o paciente e seus sintomas, uma vez que se trata do não aprender, do aprender com dificuldade ou lentamente, do não manifestar o que aprendeu, comprometendo a forma de aprender do sujeito e dos desvios que estão ocorrendo nesse percurso. (CASTRO e ANTONIO, 2011, p. 11) Coll et. al. (2007, p. 279) reitera que o diagnóstico psicopedagógico é: um processo compartilhado de coleta e análise de informações relevantes acerca dos vários elementos que intervêm no processo de ensino e aprendizagem, visando identificar as 26 necessidades educativas de determinados alunos ou alunas que apresentem dificuldades em seu desenvolvimento pessoal ou desajustes com respeito ao currículo escolar por causas diversas, e a fundamentar as decisões a respeito da proposta curricular e do tipo de suportes necessários para avançar no desenvolvimento das várias capacidades e para o desenvolvimento da instituição. Configura-se como um diálogo aberto com o aluno buscando não apenas aquilo que é superficial a sua fala, mas também a questões inconscientes, possíveis bloqueios que nem mesmo ele, o professor ou a família conseguem perceber, tais respostas servem como elementos norteadores para que o psicopedagogo institucional investigue de forma global a realidade educacional do educando. Olhar e analisar estas questões não se centram em pensar o sujeito como possuidor de uma patologia, o que muitas vezes pode ocorrer, mas primeiramente o que se anseia é detectar o fator que leva ao insucesso do aprendiz. (BOSSA, 2011) Faz-se relevante salientar que a relação entre o profissional e o paciente seja embasada na empatia, confiança, respeito e engajamento. Afinal a segurança nas relações cria condições para que todo o trabalho ocorra de modo satisfatório. O diagnóstico é composto de diferentes momentos: anamnese somente com os pais, de compreensão das relações familiares em seção com toda família, de avaliação da produção pedagógica e de vínculos com objetos de aprendizagem escolar e funcionamento de estruturas cognitivas, desempenho em testes de inteligência e visomotores, análises de aspectos emocionais por meio de testes projetivos, sessões de brincar e criar. (WEISS, 2001) Com isso, o processo de pesquisa sobre sujeito, não se restringe ao aluno, mas em buscar pistas na escola, na família e no próprio sujeito. Essa forma de trabalho auxilia a intervenção, pois de acordo com Fernández (2001a, p. 33): (...) convoca todos a refletirem sobre sua atividade, a reconhecerem-se como autores, a desfrutarem o que têm para dar. Alguém que ajuda o sujeito a descobrir o que pensa, embora permaneça muito sepultado, no fundo de cada aluno e de cada professor. Alguém que permite a cada habitante da escola sentir a alegria de aprender para além das exigências de currículos e notas. 27 Quando o profissional da educação não se limita ao fracasso do aluno, ele consegue perceber as capacidades e habilidades das crianças que muitas vezes estão ocultadas ou ofuscadas pela impossibilidade de um certo aprender. Logo, a Psicopedagogia Institucional trabalha na perspectiva da prevenção das dificuldades de aprendizagem. Preocupando-se em “adotar uma postura mais totalizante, visando propor novas alternativas de ação voltadas para a melhoria da prática pedagógica nas escolas” (BOSSA, 2011, p. 49) Essas alternativas são ações que o psicopedagogo constrói a partir do diagnóstico para restabelecer através da intervenção o processo de ensino aprendizagem que outrora possuía dificuldades. Para Fernández (2001a) a intervenção deve se focar nas seguintes instâncias: no sujeito aprendente que sustenta cada aluno; no sujeito ensinante que habita e nutre cada aluno; na relação particular do professor com seu grupo e com seus alunos; na modalidade de aprendizagem do professor e, em consequência, à sua modalidade de ensino; no ao grupo de pares real e imaginário a que pertence o professor e no sistema educativo como um todo. É importante destacar que a intervenção é um prolongamento do diagnóstico, com isso, é um trabalho complexo, que parte da subjetividade de cada situação educacional e do sujeito, traçando soluções com vistas a reestabelecer o aprendizado. 2.3. Atuação psicopedagógica junto: 2.3.1. Ao aluno O fracasso escolar de um estudante configura-se pela baixa de seu rendimento escolar, este não necessariamente possui uma disfunção orgânica, isto é, um problema de saúde que o impeça de aprender, muitas vezes fatores externos à criança podem servir de entraves no seu desenvolvimento. Ferreira (2014) vem dizer que o problema do fracasso escolar não possui uma única causa, este é produto do fracasso das relações sociais que se expressam nas realidades desumanas vividas no cotidiano, no qual a distância formada pela teoria e prática desafia a inteligência. 28 Para compreender a questão do fracasso escolar é necessário fazer a distinção entre problemas de aprendizagem e dificuldades ou transtornos de aprendizagem, uma vez que um diagnóstico errado pode desencadear inúmeros prejuízos ao sujeito. Tavares (2002) então adverte que um rótulo de dificuldade de aprendizagem reflete o despreparo de muitos profissionais em lidar com situações como estas, um diagnóstico falho pode gerar um longo período de tratamento cuja necessidade seria questionável. Problemas de aprendizagem como são todos os obstáculos no processo de aprendizagem oriundos não só de problemas cognitivos e/ou emocionais, mas também de situações geradas pela variável escola e ambientes educacionais. Nesse enfoque, os problemas de aprendizagem podem se apresentar em razão de um currículo inadequado, um rótulo negativo dado pelo professor ao aluno, pressões sociais, problemas familiares, depressão, falta de estímulos ambientais, etc. De outro modo, as dificuldades e transtornos de aprendizagem são segundo Taya (2003) “uma disfunção neuropsicológica – problemas que impedem o funcionamento integrado do cérebro em desenvolvimento”. (TAYA apud SAMPAIO, 2011, p. 90) Entre os transtornos de aprendizagem Sampaio (2011) destaca: • Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDHA) sintomas de desatenção, agitação, hiperatividade e impulsividade presentes desde cedo na vida da pessoa. • Dislexia - distúrbio no processamento da leitura que afeta a escrita, sendo normalmente detectada a partir da alfabetização, período em que a criança inicia o processo de leitura; • Discalculia – transtorno que acarreta dificuldades em Matemática, apresentando dificuldades em solução de problemas verbais, nas habilidades de contagem, nas habilidades computacionais e na compreensão de números; • Disgrafia – grafia inadequada das letras, devido dificuldades em recordar a grafia da letra, escrevendo de maneira inteligível; 29 • Disortografia - distúrbio da escrita, causando confusão entre as letras, sílabas e trocas ortográficas. Para trabalhar tanto com problemas quanto com dificuldades de aprendizagem é necessário primeiramente um diagnóstico adequado por parte dos profissionais que acompanham a criança. Posteriormente o professor necessita do auxílio do psicopedagogo para orientar o planejamento escolar considerando as necessidades individuais dos alunos, com metodologias que trabalhem tanto as necessidades afetivas quanto cognitivas. Para isso, muitos autores vêm discutindo o fracasso escolar com o intuito de repensar o modelo médico em que o aluno é um organismo com disfunção, para entender que o problema será solucionado quando todos professores, equipe pedagógica, pais e alunos dialogarem para buscar solucioná-lo. Sob esse prisma, a psicopedagogia institucional enquanto ciência atua prioritariamente na perspectiva preventiva, buscando refletir sobre o processo de aquisição dos conhecimentos, entendendo que ele não ocorre de maneira estática e igual em todos os sujeitos, mas que a aprendizagem se dá por meio de uma relação dinâmica entre os sujeitos e deles com o mundo. Prevenir os problemas de aprendizagem ou dificuldades de aprendizagem é desenvolver a prática pedagógica compreendendo que a mesma se renova a cada objeto. De acordo com Tanaka (2013) cada pessoa apresenta um modo particular e singular de entrar em contato com o conhecimento. Isso significa que cada sujeito, desde o nascimento, tem uma modalidade de aprendizagem, que oferece uma maneira própria de aproximar-se do objeto de conhecimento, formando um saber que lhe é peculiar. Ao entender que os alunos aprendem de maneiras diferentes, o psicopedagogo sabe que o pedagógico precisa ser ressignificado e reformulado constantemente, trazendo metodológicas que estimulem seus alunos a aprender e a serem autores de seus pensamentos e de suas histórias, fazê-los saber que seus anseios e necessidades são valorizados em sala, e que suas dificuldades podem ser trabalhadas de maneira natural sem constrangimentos ou exigências. Deste modo, o caráter preventivo traz consigo a prática reflexiva do papel de cada um no processo de aprendizagem, tanto do educador, quanto da equipe 30 pedagógica, dos familiares e dos próprios alunos, todos devem trabalhar em conjunto buscando o diálogo e a troca de experiências a fim de que os entraves sejam superados, evitando-se o fracasso escolar. 2.3.2 À família A família é a primeira instituição social e educativa a qual a criança estabelece suas primeiras interações e inicia seu processo de aprendizagem explorando o mundo que a rodeia, conhecendo saberes, valores, práticas culturais próprias de seu contexto social. Sampaio (2011, p.69) diz: É no âmbito familiar que o sujeito inicia suas primeiras aprendizagens. Aprender a sugar no seio da mãe, a rolar no berço, a levantar a cabecinha, o tronco, a sentar, a comer de colherinha, a engatinhar, a dizer as primeiras palavras, a andar, a cantar, a dançar. Todas essas conquistas são presenciadas primeiramente pela família que passa a dar-lhe estímulos, almejando que a criança conquistes cada vez mais novas habilidades. Esses estímulos são essenciais a formação da criança, pois a medida que o ser humano interage com seus familiares, desenvolve suas estruturas cognitivas e afetivas. Dessen e Polonia (2007) consideram a família como a primeira mediadora entre o homem e a cultura, constituindo-se a unidade dinâmica das relações de cunho afetivo, social e cognitivo que estão imersas nas condições materiais, históricas e culturais de um dado grupo social. Ela é a matriz da aprendizagem humana, com significados e práticas culturais próprias que geram modelos de relação interpessoal e de construção individual e coletiva. Neste aspecto, a família é fundamental na formação de uma aprendizagem saudável para criança, proporcionando o pensar e a autonomia da mesma. Quando essa relação não se estabelece de forma harmoniosa, pode desencadear problemas tanto na maneira de se relacionar da criança quanto de aprender. 31 Com isso, o trabalho psicopedagógico não pode deixar de escutar e investigar a família durante o processo de diagnóstico e intervenção, pois é na família que a base educativa, relacional e afetiva se estabelece. Bossa (2011) destaca que este trabalho não é uma tarefa fácil para a escola, uma vez que muitos pais ao saberem das dificuldades de seus filhos se indispõem com a escola e ameaçam tirá-los da mesma, em outras situações não aceitam as dificuldades de seus filhos, ou quando o admitem apresentam resistência no tratamento. Esses elementos são dificultadores do processo de prevenção de problemas de aprendizagem, entretanto, o auxílio e assessoramento do psicopedagogo na instituição escolar estabelece um vínculo colaborativo com a família, buscando no tratamento, informações inerentes a estrutura familiar e a interação de seus membros. É importante destacar que em alguns casos o trabalho psicopedagógico vai encaminhar esta família a outros profissionais, daí o caráter de trabalho multidisciplinar para auxiliar tanto a criança quanto a família com relações aos sintomas apresentados, buscando saná-los para que a aprendizagem se restabeleça. (SAMPAIO, 2011) Com relação ao contexto escolar o psicopedagogo institucional desenvolve seu trabalho promovendo espaços de diálogos entre os pais e a equipe escolar, buscando fortalecer o vínculo e o trabalho colaborativo, incentivando os pais ao acompanhamento das atividades escolares e a trazerem suas dúvidas e dificuldades aos professores e equipe pedagógica Para isso, o psicopedagogo organiza reuniões entre os pais e a escola para ver os anseios deles, e conhecer sua realidade social, além de saber sobre fazer pedagógico do professor e suas dificuldades, e para que a equipe escolar interaja com todos buscando auxiliar neste processo de interação e diálogo. Tais encontros estabelecem uma relação de confiança em que todos sabem que estão buscando uma evolução positiva daqueles alunos, sem rotular os que apresentam um comportamento inadequado ou uma média abaixo do esperado, buscando a melhoria do aprendizado do aluno. Como bem ressalta Freitas (2014) a reunião de pais é um importante espaço para a melhoria da realidade escolar do aluno, onde é possível conhecê- 32 lo, sem fazer juízo de valor ou atribuir rótulos ao seu rendimento. Neste sentido, o psicopedagogo, a escola e a família estabelecem parcerias buscando harmonizar a escola e torná-la um centro de soluções para vida escolar dos alunos. Estes espaços de convivência e troca são fundamentais, pois permitem acompanhar o aprendizado da criança e do jovem, conhecer suas reais dificuldades e propor um trabalho conjunto para impedir o fracasso escolar e promover um ensino e aprendizagem de êxito e qualidade. 2.3.3 À escola A escola é um ambiente propulsor do conhecimento que tem como papel fundamental a formação do ser humano. Na perspectiva crítica do currículo ela está engajada na construção de um sujeito que pensa e questiona a sua realidade, promovendo um posicionamento sobre as questões sociais. Essa visão não se identifica com a pedagogia tradicional, que vê o aluno como um ser receptivo, em que os conhecimentos são depositados. Ao contrário, o concebe como uma pessoa concreta, histórica, entendendo que a ação educativa possibilita a relação do aluno com o objeto de estudo (SAVIANI, 2010). A perspectiva crítica reconhece a escola como um espaço que visa garantir a aprendizagem de conhecimentos, valores e competências ao educando. Como se ratifica na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) 9394/96, artigo 32º, incisos I e III. I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, escrita e do cálculo. III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição do conhecimento e habilidades e a formação de atitudes e valores. (BRASIL, 1996, p.12) Quando essa aprendizagem não se estabelece, a escola tem que ter ciência da sua responsabilidade enquanto instituição que se preocupa com o aluno, observando o que ele está sinalizando com o não aprender e auxiliá-lo. Sampaio (2011, p.33) destaca que: 33 Os problemas de aprendizagem se manifestam de diferentes formas dentro da escola, e sintomas divergentes se apresentam para revelar que algo não vai bem. Cada criança é única na sua forma de aprender, bem como de não aprender Como cada aluno apresenta uma maneira de aprender, muitas vezes a instituição não consegue perceber de imediato o que está impedindo a sua aprendizagem. Portanto, a presença do psicopedagogo se faz relevante, visto que contribui com uma visão diferente, ampliando o campo de observação em relação àquele aluno e aos contextos diferentes (aula, recreio, família, etc.), para que possa ver as relações e interações estabelecidas entre as pessoas (professor, colega, pais, irmãos, etc.). (BASSEDAS, 2009) Quando a prática pedagógica prioriza um currículo onde o foco é a transmissão dos conhecimentos e a reprodução de métodos, o ensino se torna distante das necessidades educacionais dos alunos, dando lugar a um cenário em que: Muitas crianças adquirem conhecimentos desarticulados nas escolas, ou seja, informações decoradas, sem conexão com sua vida, difundidas por professores que não fazem uma ponte do assunto com o cotidiano dos alunos, para que possam fazer uma associação. Nas escolas públicas, isto é ainda mais grave, onde as crianças com várias repetências chegam a ter suspeita de retardo mental e, quando chegam ao consultório psicopedagógico, são diagnosticadas como crianças intelectualmente normais, mas com alguma defasagem em seu nível cognitivo, possivelmente acarretado por falta de estímulo no ambiente em que convive, seja familiar ou escolar. (SAMPAIO, 2011, p. 64-65) Assim, um problema de aprendizagem pode ter origem na própria escola, então, antes de rotular o aluno como incapaz de aprender é necessário que a instituição esteja aberta para compreendê-lo, e buscar mecanismos para auxiliálo. Com isso, a finalidade da assessoria do psicopedagogo consiste em ajudar a promover mudanças, tanto com intervenções pertinentes aos problemas que a escola apresenta (individuais, de grupo ou metodológico), como também em 34 relação a melhoria de condições, recursos e ensino, realizando tarefas preventivas que levem a diminuição de entraves educacionais. (BASSEDAS, 2009) Compreender o funcionamento da instituição é de suma importância, uma vez que fornece subsídios sobre as ações dos profissionais e possibilita a promoção de mudanças sobre a prática educativa. É notório destacar, o papel da atuação psicopedagógica junto ao educador auxiliando-o a pensar a sua prática escolar por meio de diferentes níveis, como descreve Bossa (2011, p.105): A Reconstrução de seus próprios modelos de aprendizagem, de modo que, ao se perceberem também como “aprendizes”, revejam seus modelos ensinantes; 2. A identificação das diferentes etapas do desenvolvimento evolutivo do aluno e a compreensão de sua relação com a aprendizagem; 3. O diagnóstico do que é possível ser melhorado no próprio ambiente escolar e do que presa ser encaminhado para profissionais fora da escola; 4. A percepção de como se processou a evolução dos conhecimentos na história da humanidade, para compreender melhor o processo de construção de conhecimentos dos alunos; 5. 6. A compreensão da competência técnica e do compromisso político presente em todas as dimensões do sujeito. Como o educador está engajado no desenvolvimento pleno de cada pessoa a LDB 9394/96, Art. 13º, incisos III e IV, ressalta como sua incumbência: I- participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II- elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III- zelar pela aprendizagem dos alunos; IV- estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V- ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI- colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade. (BRASIL, 1996, p. 06-07) Portanto, cabe ao educador a preocupação com a aprendizagem do aluno, pois este vai estar em contato direto com o mesmo mediando a aprendizagem. Faz-se necessário uma avaliação contínua tanto de sua prática, quanto do que o 35 aluno aprendeu, esta via de mão dupla deve ser constantemente analisada, para que, em caso de dificuldades, busquem-se metodologias diferentes para concretizar a aprendizagem. De acordo com a Indicação CEE nº. 5 (CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO, 1998, p. 2): O conhecimento é o resultado de um complexo processo de modificação, de reorganização e de construção realizado pelo aluno, a partir de propostas e intervenções pedagógicas adequadas. Nesse sentido, a recuperação, para ser eficiente, deve estar inserida no trabalho pedagógico, realizado no dia-adia escolar. Deve fazer parte da seqüência didática do planejamento de todos os professores. O compromisso da Escola não é somente com o ensino, mas principalmente com a aprendizagem. O trabalho só termina quando todos os recursos forem usados para que todos os alunos aprendam. A recuperação deve ser entendida como uma das partes de todo o processo de ensino–aprendizagem de uma escola que respeite a diversidade de características e de necessidades de todos os alunos Neste espaço, o professor é aquele que busca o desenvolvimento da autonomia do aluno. Para Brasil & Silveres (2012, p.03): A capacidade de abertura do professor no processo pedagógico lhe confere um perfil estimulador do desenvolvimento autônomo dos estudantes. Este profissional provavelmente se comporta de maneira indagadora (...) Ele funciona como testemunho de um cidadão que por ser inquieto, descobre o oculto e se empenha para descortiná-lo no fazer educativo. Com a orientação do psicopedagogo o professor consegue perceber que os diálogos e socializações em sala de aula e fora dela, e também auxilia na elaboração e troca de conhecimentos. Portanto, entender o ensino como uma troca em que ora o educador contribui com suas experiências e conhecimentos, ora o aluno contribui; é fundamental para que a construção do conhecimento seja contínua e permanente, pois a medida que o indivíduo intervém sobre o objeto de estudo, consegue se fazer sujeito pensante e atuante na sociedade, por meio da autonomia e autoria de pensamento. 36 CAPÍTULO III O CAMINHO PARA O SUCESSO ESCOLAR: A FLEXIBILIZAÇÃO DO CURRÍCULO A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) 9694/96 foi formulada para estruturar um novo momento pelo qual a educação estava passando, a necessidade de garantir o acesso ao ensino público a todos de maneira igualitária e qualitativa. A publicação da LDB 9694/96 representa um grande avanço para as políticas educacionais, visto que assegura a obrigatoriedade do ensino a todo cidadão brasileiro, além de estabelecer no seu artigo 26º que o currículo escolar da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio tenham uma base nacional comum, isto é, exige que todos os alunos tenham acesso a um conjunto mínimo de saberes necessários a sua formação, assim como uma parte diversificada que se compõe de conteúdos complementares de acordo com a realidade local e regional, a economia, a cultura e a sociedade. (BRASIL, 2013) Esta lei sugere a flexibilização dos currículos, quando afirma que as instituições incorporem conteúdos e disciplinas, na medida em que o público escolar necessitar, levando-se em conta o seu contexto local. Esse documento oficial prevê em seu artigo 3º inciso I, II e X que o trabalho pedagógico seja ministrado com base na: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; (...) X - valorização da experiência extra-escolar. (BRASIL, 1996, p. 01-02) Estes princípios ratificam a importância dos alunos terem diferentes condições para que aprender e permanecer na escola, além de enfatizar que o educador deve valorizar as experiências pessoais e sociais de cada um e utilizálas em sala para que a aprendizagem seja significativa. 37 As orientações atuais para a educação trazem como cerne de discussões a retomada do direito à formação do indivíduo por meio da reorganização da proposta escolar. Para que isso seja possível é preciso repensar o tempo e espaço, nesse sentido o artigo 23º da LDB 9394/96 assegura: A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. (Ibid, p.09) Com isso, tanto a organização do ambiente educacional pode ser modificada, quanto as adaptações curriculares, levando-se em conta a faixa etária, habilidades, competências, e necessidades diversas dos alunos que vão auxiliar o planejamento escolar do professor. Segundo Sacristán (2009) as reformas curriculares nos sistemas educativos obedecem à lógica de que através delas se realiza uma melhor adequação entre as propostas didáticas e as finalidades da instituição escolar, ou a de que com elas se pode dar uma resposta mais adequada à melhora das oportunidades dos alunos e dos grupos sociais. Para Perrenoud (2004) o processo em ciclos escolar, possibilita uma maior maleabilidade desse processo educativo, que respeita o tempo de aprendizagem do aluno, e trabalha com didáticas de ensino adequadas a necessidade de determinado grupo com objetivos específicos de modo a individualizar os percursos de formação. Arroyo (2007) afirma que não bastam modificações apenas estruturais no currículo é necessário guiar-se na sua sistematização pela lógica dos educandos como sujeitos do direito à formação plena, respeitada a especificidade de cada tempo de vida. Assim, as diversidades culturais e as necessidades individuais de cada aluno devem ser observadas pelos profissionais da educação a fim de que o ensino-aprendizagem seja o mais condizente possível com a realidade dos educandos. 38 3.1. O Psicopedagogo como agente mobilizador da flexibilização do currículo Para Lopes (2008) a adequação do programa curricular gera autonomia em planejar os objetivos, métodos de ensino, estratégias de avaliação, temporalidade e organização em função das particularidades de cada contexto escolar, flexionando a rigidez tradicional para as mudanças necessárias ao êxito da aprendizagem de todos os educandos. Leite (2000) entende que essa reorientação se deve ao fato da população escolar estar passando por grandes transformações a partir do movimento em favor da garantia do direito a escola a todo cidadão brasileiro. Essa prerrogativa possibilitou junto com a mobilidade geográfica das populações a existência das diversidades culturais em sala de aula. Com isso, há uma mudança nos paradigmas, rompendo com a escola voltada para a cultura única e a seleção, e caminhando para a inclusão e diversidade cultural e social, assumindo a escola o compromisso de medidas curriculares que promovam o sucesso escolar. Tais arranjos trazem não apenas mudanças com relação aos conteúdos, mas também sobre a autonomia da escola, sendo ela capaz de fazer da gestão escolar um diálogo entre a equipe pedagógica e a sociedade. Cunha (2013) assevera que o que o objetivo da gestão flexível dos currículos é a participação de gestores, supervisores, coordenados, orientadores, psicopedagogos, professores e é claro a família. Para isso, o autor indica os seguintes passos: identificar o saber que o aluno já possui, estimular e privilegiar a comunicação, avaliar os recursos disponíveis; propor atividades de acordo com o aluno e estabelecer atividades inclusivas para serem realizadas também por toda a turma. Para que isso se concretize Leite (2000, p.25) assinala: A atividade de gestão do currículo, por parte dos professores, só faz sentido se for orientada pela ideia de adequar às diversas realidades o que é definido de modo universal. Não se trata de mudar apenas para ser diferente, mas, sim, de configurar projetos curriculares adequados para os alunos de uma determinada comunidade educativa e, por isso, funcionais. Neste sentido, as adaptações (adequações) do currículo nacional não 39 deverão ser uma situação de exceção, mas sim uma “normalidade” intrínseca ao próprio currículo. O psicopedagogo, portanto, trabalhará junto a escola fazendo adequações do currículo proposto pelos sistemas educacionais e trazendo para a realidade escolar um planejamento adequado a cada sala de aula e a cada aluno. Fagali e Vale (2011, p. 140) elencam as seguintes atribuições do psicopedagogo na escola. Observa-se que elas estão relacionadas diretamente com a gestão e construção do currículo escolar: Instrumentalização de professores, coordenadores, orientadores e diretores sobre práticas e reflexões diante de novas formas de aprender, reprogramação curricular, implantação de programas e sistemas avaliativos, oficinas para vivências de novas formas de aprender, análise de conteúdo e reconstrução conceitual, releitura, resinificando sistemas de recuperação e reintegração do aluno no processo, entre outros. Para que isso seja possível a ordenação curricular busca transpor o ensino tradicional centrado na transmissão de conhecimentos pré-estabelecidos como única forma de saber e propõe o ensino como algo a ser construído em sala de aula de maneira dialógica, trazendo as vivências e experiências dos alunos como elementos indispensáveis para uma aprendizagem significativa. Para isso, um dos caminhos que o psicopedagogo pode utilizar para auxiliar na construção desse currículo com a equipe escolar é a ideia de projeto. Leite (2000) afirma que desenvolver o a proposta didática na lógica de projetos é uma forma de pensar a educação e o trabalho para transformar e melhorar a realidade, estabelecendo relações entre os diversos atores e interesses, e entre os diversos saberes. Implica uma reflexão sobre a educação numa dimensão social e a escola com um mandato que não se esgota na instrução, mas que se amplia à formação geradora de uma real educação. Hernández (2008) destaca, ainda, que o trabalho com projetos estabelece conexões com a realidade social, vinculando a escola com as preocupações dos alunos, deixando de lado conteúdos prontos e exercícios de memorização, para favorecer a aprendizagem crítica. A proposta de flexibilização do currículo, portanto, trabalha com o currículo formal estruturado pelas autoridades educacionais, mas não limita a ele, propõe mudanças no seu planejamento escolar trazendo para o currículo real questões 40 de necessidade de seu público de sala de aula, com metodologias diversificadas. Para isso, o autor afirma que os projetos favorecem a formação de um aluno protagonista da sua aprendizagem, que dialoga com o educador e junto com ele constrói o saber, levanta hipóteses, problematiza os fenômenos e transforma a sua realidade, construindo sua própria história. Nesse aspecto, essa concepção parte da conceituação de procedimento de trabalho que diz respeito ao processo de dar forma a uma ideia que está no horizonte, mas que admitem modificações, está em diálogo permanente com o contexto, com as circunstâncias e com os indivíduos que, de uma maneira ou outra, vão contribuir para esse processo. (Ibid, 2008) O trabalho com projeto faz do aluno um ser autônomo capaz de tomar suas próprias decisões, pensar sobre o que interessa a ele aprender, questionar quando não compreende, sugerir conteúdos que são de sua realidade e que precisam ser problematizados. Essa forma de pensar a educação e modificá-la, configura-se em um processo que Fernández (2001b) conceitua como “autoria de pensamento”. Segundo a autora aprender supõe reconhecer-se como criatura-criadora-autora, uma vez que a inteligência não se constrói no vazio: ela se nutre da experiência de prazer pela autoria. Por sua vez, nas próprias experiências de aprendizagem, reconhecendo que é capaz de transformar a realidade e a si mesmo. A autora destaca ser relevante ao educador se perguntar como fazer para que, na aprendizagem escolar, o educando também desenvolva sua capacidade e se reconheça inteligente em todos âmbitos. Nesse caminho, o psicopedagogo abre espaço para a autoria do pensar e para o desejo de aprender. (Ibid, 2001b) Nesse sentido, o trabalho com projeto possibilita a autoria do pensamento e ambos podem ser usados pelo psicopedagogo institucional como uma das tantas possibilidades para ajudar a prevenir os problemas de aprendizagem. Por meio do diálogo e da troca de ideias e experiências em sala de aula, existirá maior probabilidade de todos buscarem juntos respostas para as dificuldades que surgem no percurso pedagógico, seja ele em relação a quem aprende, seja em relação a quem ensina, seja a aspectos que são externos e que possam promover entraves. 41 Com isso, além de prevenir possíveis entraves aquisição do conhecimento, o profissional conduz os trabalhos educativos de acordo com as necessidades dos alunos, usando diferentes metodologias para atender aos problemas e dificuldades de aprendizagem presentes em sala de aula, tornando o currículo dinâmico, flexível e comprometido com as peculiaridades de seu alunado, respeitando o ritmo e tempo de cada sujeito. 42 CONCLUSÃO Este trabalho buscou compreender o currículo escolar como instrumento relevante para uma intervenção psicopedagógica efetiva sobre a aprendizagem. Sabe-se, portanto, que a psicopedagogia institucional objetiva a compreensão global da aprendizagem do aluno considerando não apenas as dificuldades ou distúrbios que ele possa apresentar, mas entender como essa aprendizagem ocorre na escola, como se dão as relações interpessoais, como o aluno e grupos de alunos interagem com o objeto de conhecimento, quais os currículos presentes nesse ambiente, como é o planejamento escolar, etc. Todas essas informações estão presentes no currículo escolar de cada instituição, uma vez que ele engloba tanto os conteúdos escolares quanto as vivências educacionais. Logo, cada escola tem a sua construção de currículo, o que faz com que o trabalho do psicopedagogo seja construído ao longo de sua análise, pesquisa e diagnóstico, por meio de uma abordagem clínica de escuta dos sujeitos que se relacionam com a aprendizagem e da percepção e análise do ambiente. Por isso, a utilização do currículo escolar é relevante na psicopedagogia institucional, pois auxilia a reflexão sobre o processo de aquisição dos conhecimentos objetivando prevenir possíveis entraves no desenvolvimento e aprendizagem dos alunos, evitando-se o fracasso escolar. Pensar em prevenir os problemas de aprendizagem é estabelecer, por meio do trabalho do psicopedagogo, espaços de diálogos entre a instituição o aluno e a família. Esses canais vão permitir que todos possam atuar democraticamente para a melhoria da aprendizagem e do êxito escolar. Assim sendo, esta pesquisa foi importante para vislumbrar que o ensino atualmente caminha para uma proposta de ensino que busca a flexibilização do currículo escolar para promover a autonomia e o pensamento crítico dos sujeitos, além de valorizar as experiências e as culturas de todos os alunos. Nessa perspectiva, a escola como um todo não concebe mais a educação de maneira uniforme, com um planejamento fechado, traçando os mesmos objetivos, competências, conteúdos e vivências a todos os alunos. 43 A gestão flexível do currículo não prioriza apenas o saber sistematizado pela cultura hegemônica, mas agrega a cultura de cada aluno, o que evita a fragmentação do currículo, pois prima por um currículo diversificado que considera tanto os saberes socialmente selecionados, como as culturas e saberes de outros grupos sociais. Além disso, pensa o tempo e espaços escolares adequando o planejamento a demanda de cada grupo e às individualidades de cada sujeito, sabendo que cada um tem um tempo e ritmo para aprender, e que é necessário trabalhar com metodologias diferentes para contemplar suas habilidades e competências. Destarte, o trabalho do psicopedagogo é primordial neste panorama de flexibilização, pois auxilia a escola a concretizar as adequações necessárias para que as aprendizagens dos alunos sejam significativas, evitando que as propostas aqui relatadas não estejam apenas nos planejamentos e projetos escolares, mas se concretize na prática e dia-a-dia de sala de aula. 44 BIBLIOGRAFIA BÁSICA APPLE, Michael W, BEANE, James A. (Orgs.). Escolas Democráticas. São Paulo: Cortez. Editora, 2000. BARBOSA, L. M. S. A psicopedagogia no âmbito da instituição escolar. Curitiba: Editora Expoente, 2001. BASSEDAS, Eulàlia. Intervenção educativa e diagnóstico psicopedagógico. Trad. Beatriz Affonso Neves. Porto Alegre: Artes Médicas, 2009. BOSSA, Nádia Aparecida. A Psicopedagogia no Brasil: Contribuições a partir da prática. Rio de Janeiro: Wak Editora. 2011. COLL, Cesar. Psicologia e Currículo: Uma aproximação psicopedagógica à elaboração do currículo escolar. São Paulo, Editora Ática, 2007. CUNHA, Eugênio. Práticas pedagógicas para a inclusão e diversidade. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2013. FAGALI, Eloisa Quadros. Múltiplas faces do aprender: novos paradigmas da pós-modernidade. São Paulo: Unidas, 2001. ______, VALE, Zélia D. R. do. Psicopedagogia institucional aplicada: A aprendizagem escolar em dinâmica e construção na sala de aula. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. FERNÁNDEZ, Alicia. Os idiomas do aprendente. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001a. ______. O Saber em Jogo. Porto Alegre. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001b. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2003. p. 47 45 GANDIN, L. A. Michael Apple: a educação sob a ótica da análise relacional. In: REGO, Teresa Cristina. (Org.) Currículo e Política Educacional. Petrópolis, 2011, revista, p. 23-49. GIL, Antônio C. Métodos e técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Editora Atlas, 2008. SACRISTÁN, J. G. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Trad. Ernani F. da F. Rosa. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. GOODSON, Ivo F. Currículo: teoria e história. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. HERNANDÉZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Trad. Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artmed, 2008. LIBÂNEO, José C.; OLIVEIRA, João F. de. Educação Escolar: políticas, estruturas e organização. São Paulo: Cortez, 2010. MAGALHÃES, Rita de Cassia B. P. Currículo e práticas inclusivas na escola: tecendo fios de uma trama inconclusa. In: MARTINS, L. de A. R. (org.). Práticas inclusivas no sistema de ensino e em outros contextos. Natal, RN: Editora UFRN, 2009. MARCONI, Marina de A, LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 2003. OLIVEIRA, Inês B. Criação curricular, autoformação e formação continuada no cotidiano escolar. In: FERRAÇO, Carlos E. Cotidiano escolar, formação de professores (as) e currículo. São Paulo: Cortez, 2008. PERRENOUD, P. Os ciclos de aprendizagem: um caminho para combater o fracasso escolar. Porto Alegre: Artmed, 2004. SAMPAIO, Simaia. Dificuldades de aprendizagem: a psicopedagogia na relação sujeito, família e escola. Rio de Janeiro. Wak Ed., 2011. 46 SAVIANI, Nereide. Saber escolar, currículo e didática: problemas da unidade conteúdo/ método no processo pedagógico. Campinas, SP: Autores Associados, 2010. SILVA, T. Repensando ideologia e currículo. In: MOREIRA, A. F.T. Currículo, Cultura e Sociedade. São Paulo: Cortez, 2007. ______. Documentos de Identidade: Uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. WEISS, Maria Lucia Lemme. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. 47 WEBGRAFIA ARROYO, Miguel G. Educandos e Educadores: Seus direitos e o currículo. In: MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa (org.). Indagações sobre currículo: currículo, conhecimento e cultura. Brasília: Ministério da Educação Básica, 2007. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag2.pdf >. Acesso em: 15/04/15 BRASIL, Aurenildes, SILVERES, Luiz. O perfil do professor que estimula a autonomia no processo de aprendizagem. Educação Física em Revista INSS: 1983-6643. Vol. 6 nº 2 mai/jun/ago – 2012. Disponível em: < http://portalrevistas.ucb.br/index.php/efr/article/viewFile/3207/2109>. Acesso em: 23/04/2015. BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 20/05/15. CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO (SP). Indicação CEE nº. 5, de 15 de abril de 1998. Conceitua recuperação. Indicações, São Paulo. Disponível em: <http://www.ceesp.sp.gov.br/indicacoes/in_05_98.htm>. Acesso em: 07/05/2015. DESSEN, Maria Auxiliadora, POLONIA, Ana A. da Costa. Família e a Escola como contextos de desenvolvimento humano. Paidéia, 2007, 17(36), 21-32. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/paideia/v17n36/v17n36a03.pdf>. Acessado em: 15/05/2015. FERREIRA, Fabrício Alves. Fracasso e Evasão Escolar. Disponível em:< http://educador.brasilescola.com/orientacao-escolar/fracasso-evasaoescolar.htm>. 2014. Acesso em: 08/04/2015. FREITAS, Eduardo de. Função da reunião dos pais. Disponível em: <Ahttp://educador.brasilescola.com/orientacao-escolar/a-funcao-reuniao ais.htm>. 2014. Acesso em: 09/04/2015. KLIBEARD, Herbert M. Burocracia e Teoria de Currículo. Revista: Currículo sem fronteiras, v.11, n.2, p. 5-22, Jul. Dez. 2011. Disponível em: < 48 http://www.curriculosemfronteiras.org/vol11iss2articles/kliebard-burocracia.pdf>. Acessado em 03/03/2015. LEITE, CARLINDA. A flexibilização curricular na construção de uma escola mais democrática e mais inclusiva. Território educativo. Nº 7, Maio de 2000, p. 20-26. Disponível em: <http://sigarra.up.pt/fpceup/pt/publs_pesquisa.show _publ_file?pct_gdoc_id=7820>. Acesso em: 22/05/15. LOPES, Esther. Flexibilização Curricular: um caminho para o atendimento de aluno com deficiência, nas classes comuns da Educação Básica. Londrina 2008. Disponível em:< http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/artigo_e sther_lopes.pdf >. Acessado m: 21/05/2015 PROJETO DE LEI DA CÂMARA. PCL Nº 31 de 2010. Disponível em: <http://www.senado.leg.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=96399>. Acessado em: 22/05/15. RAMOS, Géssica Priscila. Psicopedagogia: aparando arestas pela história. VIDYA, v. 27, n. 1, p. 9-20, jan./jun, 2007 - Santa Maria, 2009. Disponível em: <http://www.periodicos.unifra.br/index.php/VIDYA/article/view/346>. Acesso em: 13/05/15. TANAKA, Luciene Martins. A Psicopedagogia e as Modalidades de Aprendizagem. Disponível em: <http://www.jornaldacidadeonline.com.br/leitura_artigo.aspx?art=5945>. Acesso em: 25/03/2015.