UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Departamento de Letras e Artes
Programa de Pós-Graduação em Literatura e Diversidade Cultural - PpgLDC
TURMA DE 2003
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1. Isabela Dantas de Oliveira
2. Juracy Dórea Falcão
3. Juscilândia Oliveira Alves Campos
4. Luiz Claudio Franco Fernandes
5. Manuela Barreto Santos
6. Manuela Sena de Jesus
7. Marysther Oliveira do Nascimento
8. Wesley Barbosa Correa
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Departamento de Letras e Artes
Programa de Pós-Graduação em Literatura e Diversidade Cultural - PpgLDC
ISABELA DANTAS DE OLIVEIRA
DO ARRUADO A CIDADE
O PERCURSO URBANO EM TOCAIA GRANDE
Mestranda: Isabella Dantas de Oliveira
Orientador: Prof. Doutor Aleilton Santana da Fonseca
Data da Defesa: 24/02/2005
Banca Examinadora:
Aleilton Santana da Fonseca (UEFS)
Aurélio Gonçalves de Lacerda (UFBA)
Benedito José Araújo Veiga (UEFS)
RESUMO:
Este projeto tem como objetivo analisar as representações de lugar e cidade, no romance
Tocaia Grande: a face obscura, de Jorge Amado, verificando a construção de seu universo
urbano a partir de matrizes rurais. Pelo movimento interno das obras grapiúnas e pelo
percurso urbano realizado por cada personagem, verificar-se-ão a experiência e a memória
como matéria de criação do romance. Nos estudos contemporâneos sobre a temática urbana,
discutem-se possibilidades de acesso ao fenômeno citadino sob as mais diversas formas de
abordagem. Nesse sentido, a literatura se configura numa forma muito especial de olhar e
discutir o imaginário urbano. Dessa forma, em Tocaia Grande podem-se buscar indicações
discursivas e imagens que falam de uma cidade em construção. Nessa direção, conforme os
estudos de Sandra Jathay Pesavento, é possível afirmar que sobre tal cidade, ou em tal cidade,
se exercita o olhar literário que sonha e reconstrói a materialidade da pedra sob a forma de um
texto. O escritor, como espectador privilegiado do social, exerce a sua sensibilidade para criar
uma cidade na ficção, traduzida em palavras e figurações imagéticas do espaço urbano e seus
atores. Conceitos de representações de lugar e cidade serão reexaminados, mais especialmente
as representações literárias construídas sobre o espaço citadino. Tal procedimento implica em
pensar a literatura como uma leitura específica do urbano, capaz de conferir sentidos e de
resgatar sensibilidades aos cenários, as suas ruas e formas arquitetônicas, aos seus
personagens e as sociabilidades que nesse espaço tem lugar. E isso justifica que se trabalhe
com a cidade-escrita construída através de trilhas discursivas nas obras de Jorge Amado.
Objetiva-se buscar os elementos formadores do processo de urbanização como mostrados pela
ótica literária, à partir do cenário cultural baiano/grapiúna apresentado no romance em estudo,
além de analisar o percurso dos elementos da urbanização, observando-os como elementos
integrantes do tecido cultural dentro da cidade, e, examinar a ação das personagens no
processo de construção do espaço urbano, os sentidos restabelecidos, o enredo e o espaço.
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JURACY DÓREA FALCÃO
CARTAS DE EURICO ALVES:
FRAGMENTOS DA CENA MODERNISTA NA BAHIA
Mestrando: Juracy Dórea Falcao
Orientador: Roberval Alves Pereira
Data da Defesa: 29/03/2005
Banca Examinadora:
Maria Eugenia Boaventura (UNICAMP)
Roberval Alves Pereira (UEFS)
Cid Seixas Fraga Filho (UFBA)
RESUMO:
Pretende-se estudar, neste trabalho, a correspondência ativa do escritor e poeta feirense Eurico
Alves e, em particular, um conjunto de cartas encontrados em seu acervo pessoal. Trata-se de
relevante material documental (cartas, bilhetes etc.) que permanece inédito, não sistematizado
e, atualmente, sob a guarda dos herdeiros. Reconhece-se que a correspondência entre
escritores (ou, em sentido mais amplo, de escritores) tem despertado a curiosidade dos
estudiosos, especialmente pela possibilidade de melhor compreender as circunstâncias em que
muitas obras, e até certos movimentos literários, se desenvolveram. No caso de Eurico Alves,
percebe-se que a figuração epistolar pontua vários momentos da sua vida artística e cultural,
ora como gênero formal na correspondência particular, ora como estratégia discursiva, como
ponto-de-vista ou perspectiva retórica em ensaios, artigos, poemas etc. Esta constatação é, a
rigor, o eixo norteador deste trabalho, que, num primeiro momento, deverá estabelecer os
conceitos e os vários endereços da estrutura epistolar, situando o âmbito, a natureza e as
repercussões da correspondência entre escritores do Modernismo Brasileiro. Neste particular,
serão discutidos a incidência e os efeitos expressivos da perspectiva epistolar na produção
poética de um modo geral e, em especial, na produção de Eurico Alves (a exemplo do
conhecido diálogo poético com Bandeira e os poemas-cartas). Num segundo momento, serão
analisadas as "cartas de intervenção", no contexto do Modernismo Nordestino (Ensaísmo/
Regionalismo), ou seja, dentro das facetas de um Modernismo fundamentalmente
“empenhado”. Aqui, serão estudadas a correspondência que remete a construção de Fidalgos
e vaqueiros (obra que dialoga explicitamente com Casa-grande & senzala), as “Cartas da
Serra” e a carta que pede a Câmara de Vereadores a criação do Museu do Vaqueiro, em Feira
de Santana. Finalmente, buscar-se-á entender o diálogo entre as cartas e o itinerário poético de
Eurico Alves, tendo como premissas seus vínculos com o ambiente cultural da Bahia, no final
dos anos 20 do século passado (leia-se grupo da revista Arco & Flexa), e o seu progressivo
enraizamento telúrico, a partir da fase em que passa a viver no interior do Estado. Como
operadores teóricos, o trabalho recorrerá a autores que investigam os aspectos conceituais do
gênero epistolar, a exemplo de Flora Süssekind, Célia Marques Telles, Walnice Galvão e
Marcos Antonio de Moraes; no que se refere ao Modernismo, terá como suporte os estudos de
Afrânio Coutinho, Gilberto Mendonça Teles, Alfredo Bosi, Neroaldo Pontes de Azevedo,
Durval Muniz de Albuquerque Jr., Ívia Alves e Rita Olivieri-Godet.
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JUSCILÂNDIA OLIVEIRA ALVES CAMPOS
DISSEMINAÇÕES DO DESEJO
O EROTISMO EM JOAO CABRAL DE MELO NETO
Mestranda: Juscilândia Oliveira Alves Campos
Orientador: Rubens Edson Alves Pereira (UEFS)
Data da Defesa: 15/07/2005
Banca Examinadora:
Rubens Edson Alves Pereira (UEFS)
Antônio Brasileiro Borges (UEFS)
Ruy Espinheira (UFBA)
RESUMO:
Joao Cabral de Melo Neto, apesar de ser conhecido como o poeta da objetividade, da palavra
cortante, do pensamento compacto, também acentua, em sua obra poética, um lirismo erótico
mediante um enlace entre a figura da mulher e os corpos do mundo. Coberta ou despida, a
mulher é envolvida por uma atmosfera tacitamente sensorial, atmosfera da qual vazam
vibrações de desejos e seduções. Essa consubstanciação do universo feminino aos corpos do
mundo denuncia uma imprevista constelação de erotismo da mulher que atinge uma
disseminação cósmica. Em contrapartida, a própria natureza se erotiza, disseminando
vibrações do desejo por toda parte, envolvendo o fogo, a terra, a água e o ar, além de outros
elementos naturais e culturais. Assim, o olhar do poeta busca incessantemente o erótico da
figura feminina nas formas e forças que nos envolvem. A energia e o corpo da mulher vibram
em consonância com diferentes elementos do mundo, e o desejo erótico cria um jogo entre a
interioridade e a exterioridade do corpo. Muitas vezes, o poeta estabelece uma tensão entre o
dentro e o fora, tensão esta que, quase sempre, sugere o movimento do ato sexual. Assim, a
mulher atrai não só pela sua força e fertilidade terrestres, pelos seus movimentos líquidos e
pela sua carne e nervos de fogo, como também pelos espaços “de dentro”, pelos seus vazios
receptivos, a maneira, por exemplo, de uma casa vazia. Outra face do erotismo na poesia de
Joao Cabral se descortina sob o fio do olhar do poeta diante das diferenças entre o Sertão e
Sevilha: enquanto esta é acolhedora e feminina, aquele é representado por elementos que o
caracterizam como rústico e masculino. Considerando tais pontos de referência, este estudo
tem como objetivo discutir a dimensão erótica da poética cabralina, sua incidência, suas
particularidades.
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LUIZ CLAUDIO FRANCO FERNANDES
SOMBRAS DA CAVERNA:
GLOBALIZAÇÃO E IDENTIDADE EM A CAVERNA
(José Saramago)
Mestrando: Luiz Claudio Franco Fernandes
Orientador: Prof. Dr. Jorge de Sousa Araujo
Data da Defesa: 28/02/2005
Banca Examinadora:
Verbena Rocha (UNEB)
Jorge de Sousa Araujo (UEFS)
Claudio Novaes (UEFS)
RESUMO:
Propõe-se a analisar, neste trabalho à partir de uma perspectiva antropológico-cultural, o
romance A caverna (2000), do escritor português José Saramago. A globalização é um tema
recorrente na obra de Saramago. Ele já havia tratado do assunto, de forma indireta, em A
jangada de pedra (1986), Ensaio sobre a cegueira (1995) e Todos os nomes (1997). A
caverna se enquadraria no chamado realismo documental, do qual o autor procurou se afastar
de suas obras de maior relevo, nas quais foi dado um grande valor a imaginação e a fantasia.
A caverna é, portanto, uma crítica direta e enfática ao processo de globalização, cujas
consequências recaem, sobretudo, no que há de mais sagrado no ser humano, que é a sua
identidade, não só do ponto de vista da cultura, mas também e, sobretudo, do ponto de vista
do indivíduo, de sua liberdade de pensamento. O trabalho divide-se em três partes. A primeira
é uma análise teórica da globalização e das questões identitárias dela decorrentes. A segunda é
a análise do romance propriamente dito, sob o enfoque das teorias da globalização. A terceira
e última parte faz um paralelo entre A caverna, de Saramago, e A República, de Platão, com o
objetivo de ressaltar a atualidade do Mito da Caverna em tempos de globalização. A
fundamentação teórica deste trabalho está baseada nas teorias da globalização e da identidade
cultural na pós-modernidade, principalmente na esteira dos estudos desenvolvidos por Néstor
Canclini, Beatriz Sarlo, Marc Augé, Renato Ortiz e Stuart Hall.
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MANUELA BARRETO SANTOS
A NARRATIVA DE FRANCISCO J. C. DANTAS E SUAS INTERFACES
Mestranda: Manuela Barreto Santos
Orientador: Prof. Dr. Francisco Ferreira de Lima
Data da Defesa: 30/08/2005
Banca Examinadora:
Francisco Ferreira de Lima (UEFS)
Ligia Telles (UFBA)
Claudio Novaes (UEFS)
RESUMO:
Esta pesquisa visa ao estudo da narrativa de Francisco J. C. Dantas à partir da análise dos
romances Coivara da Memória e Os desvalidos. O trabalho se constitui em vasculhar o
universo discursivo do escritor, tendo em vista as relações autor/narrador, narrativa/realidade.
Há um intercruzamento entre esses quatro elementos da narrativa que torna a sua escrita
perscrutável; primeiramente, Francisco Dantas é um narrador de si mesmo, pois nasceu em
Riachão do Dantas, no engenho de seu avô, no meio dos canaviais, dos sertanejos, das sinhás
e dos livros, teve acesso a universidade aos 30 anos de idade, tornou-se escritor publicamente
conhecido aos 50, foi professor da Universidade Federal de Sergipe, de literatura brasileira e
literatura portuguesa. Deste percurso surge uma história no limiar entre o autobiográfico e o
ficcional, não querendo ser uma coisa, nem outra, e sim um prosear inventivo; em segundo
lugar, ele é um continuador de narrativas, uma entre as peças contemporâneas do outro (o
sertão, o nordeste) no mosaico da literatura brasileira, ao lado de José Lins do Rego,
Graciliano Ramos e Guimaraes Rosa. Partindo do pressuposto de que narração, do latim
narratione, significa tornar conhecido, há uma preocupação, neste trabalho, em verificar em
que níveis se dá essa "narração franciscana" e como esse "tornar conhecido" possibilita certos
questionamentos sobre a relação autor-narrador que, em sua obra, adquire uma espécie de
simbiose e separação, ressaltando o movimento espontâneo do devir da literatura em prosa. A
fundamentação teórica deste estudo está baseada na teoria da narrativa em Emil Staiger,
Wayne C. Booth, Jonathan Culler, Mieke Bal, Wallace Martin, Bakthin, Todorov, Northrop
Frye e em textos que abordam a questão do autor, de Michel Foucault, Roland Barthes,
Antoine Compagnon, Terry Eagleton. Outros textos de Francisco J. C. Dantas serão
investigados, ficcionais e dissertativos, e serao realizadas entrevistas com o mesmo numa
tentativa de desvelar e desmistificar a figura do autor (e, quem sabe, do narrador).
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MANUELA SENA DE JESUS
LABIRINTOS DO DESEJO:
Eros, phatos e Thanatos em contos de Rubem Fonseca
Mestranda: Manuela Sena de Jesus
Orientadora: Profa. Dra. Rosana Maria Ribeiro Patrício
Data da Defesa: 28/02/2005
Banca Examinadora:
Eliana Mara (UFBA)
Rosana Ribeiro Patrício (UEFS)
Jorge Araújo (UEFS)
RESUMO:
Este trabalho analisa, através de um estudo comparativo, os livros de contos Lúcia McCartney
(1967) e Histórias de amor (1997), ambos escritos por Rubem Fonseca. Percebendo a
diferença de 30 anos que existe entre uma obra e outra, procurar-se-á apontar características
comuns aos dois livros, bem como discutir de que maneira as imagens de Eros, Phatos e
Thanatos se mostram introjetadas nos perfis das personagens em foco, sobretudo em seus
relacionamentos sociais e amorosos. A fundamentação teórica deste trabalho está baseada em
textos sobre o conto como os de Alfredo Bosi, Antonio Hohlfeldt e Sonia Brayner; em autores
que contextualizam e discutem os relacionamentos humanos, com enfoque na dimensão
erótica e amorosa, como é o caso de Denis de Rougemount, George Bataille, e Aldo
Carotenuto, bem como em autores que estudaram a obra de Rubem Fonseca, a exemplo de
Deonísio da Silva, Vera Foullain e Alexandre Faria.
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MARYSTHER OLIVEIRA DO NASCIMENTO
AS VOZES DA LOUCURA EM QUINCAS BORBA E O ALIENISTA
Mestranda: Marysther Oliveira do Nascimento
Orientador: Prof. Dr. Francisco Ferreira de Lima
Co-orientador: Prof. Dr. José Carlos Barreto de Santana
Debatedor: Juraci Dórea Falcão
Data da Defesa: __/__/__
Banca Examinadora:
Francisco Ferreira de Lima (UEFS)
Elvya Shirley (UEFS)
José Rodrigues de Paiva (UFPE)
RESUMO:
Segundo Nicolau Sevcenko, no seu a Literatura como Missão “A palavra organizada em
discurso incorpora em si (...) toda sorte de hierarquias e enquadramentos de valor intrínsecos
as estruturas sociais de que emanam.” (1985, p. 19-20). Assim, num simples gesto de leitura,
entrecruzam-se histórias e sociedades diferentes, em distintos momentos de sua evolução. O
diálogo que se estabelece coloca em contato distinto experiências sociais e individuais,
antigas e contemporâneas, tudo através do suporte material em que se constitui o texto do
livro, e o repertório do leitor. Nessa perspectiva dialógica o presente trabalho busca observar
as relações estabelecidas entre a sociedade brasileira (final do século XIX) e a literatura do
período representada por Machado de Assis no romance Quincas Borba e no conto O
alienista. No primeiro momento traçaremos um panorama do contexto histórico, social e
ideológico do século XIX, através das suas principais questões: a formação da identidade
nacional como responsabilidade dos escritores, artistas, cientistas e literatos; os atores
políticos, a inserção compulsória do país na modernidade através das teorias deterministas,
positivistas, evolucionistas e liberais; o estabelecimento da República e as novas relações de
poder. Na análise dos textos, observaremos os fundamentos do movimento Realista, as formas
de poder representadas nos diálogos, as influências estrangeiras presentes e a figura do autor.
Neste caso específico, a pessoa de Machado de Assis proporciona novas dimensões de valor
em relação aos textos devido ao seu posicionamento crítico constante em relação a literatura e
a sociedade instituída. Com base nas análises, definiremos, à partir da origem dos discursos
estabelecidos nos textos, como Machado de Assis visualizava a loucura e a ordem. A partir
dessa visualização estabeleceremos paralelos com os estudos de Michel Foucault sobre a
ordem do discurso, principalmente o da loucura; e as noções de interpretação política do texto
expostos por Fredric Jameson.
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WESLEY BARBOSA CORREA
SOB A ÉGIDE DO ESPANTO:
Uma leitura da poética de Ferreira Gullar
Mestrando: Wesley Barbosa Correia
Orientador: Rosana Maria Ribeiro Patrício (UEFS)
Data da Defesa: 25/02/2005
Banca Examinadora:
Marília Librandi Rocha (UESB)
Rosana Maria Ribeiro Patrício (UEFS)
Jorge Araújo (UEFS)
RESUMO:
Este trabalho visa analisar a obra de Ferreira Gullar a partir de três enfoques. O primeiro
fomenta discussões sobre a cidade e sobre as suas representações na poética contemporânea.
A cidade é, em especial, uma das mais correntes representações da poesia moderna. O que
não se trata apenas de simples referência espacial mas, antes, trata-se da composição do
imaginário urbano segundo o olhar do poeta que se apropria de elementos constitutivos do
espaço urbano: o homem, o lugar e as dinâmicas sociais. Em tese, a urbes tem sido a partir da
Segunda metade do século XIX, objeto das artes em geral. Ela, com seu ritmo frenético, com
sua diversidade cultural e política mobiliza a criação de novas linguagens e de novos traços
estéticos. No segundo momento, o estudo estará centrado no discurso político que, com efeito,
caracterizou a poesia de Ferreira Gullar. A partir de 1963, quando João Goulart assume de
fato, a presidência da República, o país é envolto num clima de reformas e a poesia de Gullar
ganha um tom político e reivindicatório. Os conflitos sociais estarão, desde então, presentes
em quase todos os poemas que, por sua vez, servirão como instrumento de denúncia e de
mobilização popular abordando, dentre outros temas, a inclusão social, a democracia e a
reforma agrária. No último enfoque busca-se discutir o fenômeno da criação poética seguindo
por um estudo temporal e rítmico do poema. Também a linguagem servirá, neste momento,
como objeto de estudo já que o experimento linguístico radicaliza-se com impasse, não como
afirmação eufórica e a luta com as palavras ressoa o timbre moderno da impossibilidade de
expressão. Tal linguagem é caracterizada, dentre outros aspectos, pela presença do
metapoema, pelo olhar que incide sobre as palavras e sua relação com o universo.
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mestrado 2003