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EFEITOS DO MÉTODO PILATES NOS DISTÚRBIOS DO SONO:
ESTUDO DE CASO
Pollyanna Pires Ferreira da Silva
CEAFI PÓS-GRADUAÇÃO
[email protected]
Adroaldo José Casa Junior
Mestre em Ciências da Saúde
RESUMO
Efeitos do Método Pilates nos Distúrbios do Sono: Estudo de Caso
Introdução: O sono é algo relacionado à sobrevivência da espécie. A qualidade de vida de
uma pessoa depende, portanto, de um período de sono saudável, em virtude dos inerentes
problemas físicos e psicológicos. Exercícios físicos praticados de forma regular promovem
benefícios ao sistema cardiovascular, respiratório, endócrino e muscular, reduzindo a
depressão e a ansiedade, e melhorando a qualidade e eficiência do sono. Objetivo:
Descrever os efeitos do Mat Pilates nos distúrbios do sono de duas mulheres sedentários.
Métodos: Trata-se de um estudo experimental, quantitativo e descritivo, realizado com
duas mulheres, sedentárias, com idade de 37 e 40 anos e diagnóstico clínico de distúrbio
do sono. Estas foram submetidas ao Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (IQSP),
utilizado para avaliar a qualidade do sono, antes e após a aplicação de um programa de
Pilates no solo (Mat Pilates). Resultados: Em ambos os casos avaliados, houve
diminuição do tempo para iniciar o sono e aumento da permanência dormindo, redução
das agitações durante a noite, dos roncos e da apnéia, bem como do número de
medicamentos para dormir. Além disso, houve mais disposição no dia seguinte com maior
rendimento no trabalho. Conclusão: O Mat Pilates mostrou-se uma importante ferramenta
para a melhora da qualidade e eficiência do sono dos indivíduos envolvidos na pesquisa,
atenuando os diversos problemas físicos e psicológicos causados por tais distúrbios.
Palavras-chave: Distúrbios do sono, Sedentarismo, Exercícios Físicos, Mat Pilates.
ABSTRACT
Effects of the Pilates Method on Sleep Disturbances: A Case Study
Introduction: Sleep is essential to the survival of the species. Therefore, a person’s quality
of life depends on a healthy amount of sleep due to the physical and psychological
problems associated with the lack thereof. Regular physical exercise has proven to be
beneficial to the cardiovascular, respiratory, endocrine and muscular systems, to reduce
depression and anxiety and improve the quality and efficiency of sleep. Objective:
Describe the effects of Mat Pilates on the sleep disturbances of two sedentary women.
Methods: Experimental, quantitative and descriptive study of two sedentary women, aged
37 and 40, who have been clinically diagnosed with sleep disturbances. The women were
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subjected to the Pittsburg Sleep Quality Index (PSQI) used to evaluate the quality of sleep
before and after the application of the Mat Pilates program. Results: In both of the cases
studied, there was a reduction in the amount of time it took to fall asleep, an increase in
the amount of time the subjects stayed asleep, reduction in nocturnal agitations, apnea,
and the amount of sleep medications. In addition, there was an improved sense of wellbeing the next day with greater productivity at work. Conclusion: For the subjects
involved in this study, Mat Pilates has been shown to be an important tool to improve the
quality and efficiency of sleep and to reduce the physical and psychological problems
caused by sleep disturbances.
Key Words: Sleep disturbances, Sedentariness, Physical Exercise, Mat Pilates
INTRODUÇÃO
O sono é algo relacionado à sobrevivência da espécie, um estado natural inerente a
vida dos organismos (MADALENA, 1979). É uma necessidade fisiológica do ser humano,
que tem como funções biológicas a restauração e a conservação da energia do organismo,
permitindo uma estabilização física e emocional (RENTE, PIMENTEL, 2004).
No período de sono o organismo humano entra em repouso habitual e periódico. As
características desse estado são: suspensão provisória da consciência, relaxamento dos
sentidos e dos músculos, diminuição do ritmo circulatório e respiratório e presença de
atividade onírica (STORES, 2001).
Em função das exigências da vida moderna, problemas relacionados ao sono
ocorrem devido ao excesso de trabalho, alimentação inadequada, vivência de emoções
negativas e doenças nervosas, comprometendo assim a saúde de uma pessoa. Inúmeras
pessoas têm passado por perturbações ou transtornos relacionados ao sono, como
Transtornos Primários do Sono (decorrentes de anormalidades endógenas nos mecanismos
de geração ou nos horários de sono/vigília e agravados por fatores de condicionamento);
Transtorno do Sono relacionado a Transtorno Mental (transtorno de humor ou de
ansiedade); Transtorno do Sono devido a uma condição médica geral e Transtorno do Sono
induzido por substâncias (geralmente psicoativas) (DSM-IV-TR, 2002).
A qualidade de vida de uma pessoa depende, portanto, de um período de sono
saudável, em virtude dos possíveis problemas que podem ocorrer. Um sono considerado
normal é aquele que proporciona ao indivíduo uma sensação de bem-estar ou descanso
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físico e mental, com recuperação de energias, possibilitando-lhe ter condições adequadas e
suficientes para execução das tarefas do dia a dia (RENTE, PIMENTEL, 2004).
A privação do sono tem como efeitos a diminuição do desempenho psicomotor,
lapsos de atenção, dificuldades de concentração, redução da memória para acontecimentos
recentes, mau humor, sensação de fadiga, irritabilidade e até estados confusionais (PAIVA,
2008).
A população busca cada vez mais formas de viver melhor. A “qualidade de vida”,
“bem estar”, “vida saudável”, são conceitos vigente nos dias atuais. Uma forma de
combater o estresse, transtornos psicológicos e problemas de saúde em geral têm sido nos
tempos atuais, a procura e o uso de serviços que recomendam e proporcionam melhoras e
manutenção da saúde. Exercícios físicos praticados de forma regular promovem benefícios
ao sistema cardiovascular, respiratório, endócrino e muscular, redução da depressão e
ansiedade, e melhoria da qualidade e eficiência do sono (ANTUNES, ANDERSEN,
MELLO, 2008).
Uma das recomendações para a melhoria do sono pode ser o Método Pilates, que
por meio de seus princípios e filosofia, promove sensações de tranqüilidade, bem-estar e
consciência corporal, sendo considerado um treinamento físico e mental (APARÍCIO,
PÉREZ, 2005).
Baseando-se em princípios da cultura oriental, como as noções de concentração,
equilíbrio, percepção, controle corporal e flexibilidade, e da cultura ocidental, com sua
ênfase relativa à força e ao tônus muscular, o Pilates caracteriza-se como uma tentativa de
controle consciente e equilibrado dos músculos envolvidos nos movimentos8. Joseph
Pilates definiu seu trabalho como perfeito equilíbrio entre o corpo, mente e espírito,
garantindo assim boa saúde e desenvolvimento natural (PILATES, MILLER, 1945).
A técnica de Pilates se divide em exercícios realizados no solo e em aparelhos.
Todos eles favorecem o trabalho dos músculos estabilizadores, enquanto eliminam a tensão
excessiva dos músculos e as compensações, envolvendo uma larga variedade de
movimentos (MCMILLAN, PROTEAU, LÉBE, 1998).
Os exercícios de solo próprios do Pilates (Mat Pilates) servem de base e
complemento para os exercícios em aparelhos, buscando principalmente o fortalecimento
da musculatura abdominal e treino do padrão respiratório. Os exercícios seguem uma
ordem pré-estabelecida, sendo que cada um deve ser tratado de acordo com a sua
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individualidade, ou seja, os exercícios são executados de acordo com suas necessidades,
habilidades e limitações (CAMARÃO, 2004).
Atualmente, percebe-se uma expansão de adeptos do Pilates por todo mundo, além
de um crescimento de livros e textos publicados sobre o método. No entanto, há uma nítida
carência de evidências científicas sobre as proposições do Pilates. A opção por Estudo de
caso deve-se ao fato de que tal modalidade, quando inserida em um contexto maior de
pesquisa, serve para enriquecer o conhecimento científico da área, visto que permite, a
partir de um olhar subjetivo, abrir diferentes possibilidades partindo do mesmo objeto de
estudo.
O objetivo geral do estudo consistiu em descrever os resultados do Mat Pilates nos
distúrbios do sono de duas mulheres sedentárias.
MÉTODOS
Este estudo de caso teve caráter experimental, quantitativo e descritivo, e foi
realizado com 2 voluntários do sexo feminino, com idade de 37 e 40 anos e diagnóstico
clínico de distúrbio do sono.
A
escolha
da
amostra
foi
proposital
e
intencional,
que
é
definida
metodologicamente, como aquela de escolha deliberada de sujeitos, oposta à amostragem
estatística, preocupada com a representatividade de uma amostra em relação à população
total (TURATO, 2003).
Os critérios de inclusão foram: mulheres (35-40 anos); com diagnóstico clínico de
distúrbio do sono (comprovado pelo índice de qualidade do sono empregado); sedentárias
(ausência de prática regular de atividade física há mais de 3 meses); que responderam
negativamente aos itens do Physical Activity Readiness Questionnaire (PAR-Q) e que
concordaram com todos os procedimentos do estudo assinando o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE). Foram critérios de exclusão: indivíduos que apresentavam
algum fator limitante que pudesse interferir nos resultados do estudo; e presença de
ocorrências que exigiam maiores cuidados durante a execução dos exercícios, tais como:
distúrbios cardiopulmonares, hormonais e osteomioarticulares; lesões em fase aguda,
refluxo, labirintite, luxações e período gestacional.
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Primeiramente, a pesquisa, baseada na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde, foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana e Animal da PUC Goiás, e
em seguida uma carta de autorização para a coleta de dados foi enviada à instituição onde a
pesquisa foi realizada. Após a autorização da mesma, foram utilizados os seguintes
instrumentos para a coleta de dados: PAR-Q; ficha de armazenamento e coleta de dados
(FCAD) e o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (IQSP), utilizado para avaliar a
qualidade de sono, o qual foi utilizado antes e após a aplicação do programa de Mat
Pilates.
O PAR-Q vem sendo utilizado como padrão mínimo de avaliação da prontidão
para a atividade física, pois pode identificar, por alguma resposta positiva, os indivíduos
que necessitam de avaliação médica prévia (CARVALHO, 1996).
Na FCAD constavam dados referentes à identificação, a presença de algum
diagnóstico
clínico
específico,
distúrbios
hormonais,
cardiopulmonares
e/ou
osteomioarticulares recentes e a prática de atividade física regular.
O IQSP é utilizado para quantificar a qualidade do sono. Este índice avalia 7
componentes:
- Componente 1: Qualidade subjetiva do sono.
- Componente 2: Latência do sono.
- Componente 3: Duração do sono.
- Componente 4: Eficiência habitual do sono.
- Componente 5: Distúrbios do sono.
- Componente 6: Uso de medicamentos para dormir.
- Componente 7: Disfunção durante o sono.
Cada componente é avaliado e recebe uma pontuação de 0 a 3, onde 0 significa
sono muito bom, e 3 sono muito ruim.
A soma da pontuação de cada componente resulta numa escala que varia de 0 a 21
pontos, e escores maiores do que cinco implicam em qualidade do sono ruim
(ALMONDES, ARAÚJO, 2003).
De acordo com um estudo realizado para a tradução, adaptação cultural e validação
de instrumentos de avaliação do sono, o IQSP é um instrumento válido e confiável para a
avaliação da qualidade do sono, sendo equivalentes as suas versões originais, quando
aplicados a indivíduos que falam o português do Brasil (BERTOLAZI, BARRETO, 2008).
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O desenvolvimento desta pesquisa se deu nas dependências da Clínica de
Fisioterapia Mendonça, situada em Anápolis, Goiás. A coleta de dados consistiu em 10
sessões, aplicadas em 5 semanas distribuídas num intervalo de duas vezes por semana, com
duração de 60 minutos cada sessão. Os dias e horários foram escolhidos de acordo com a
disponibilidade do sujeito escolhido e da pesquisadora.
As sessões consistiram na aplicação de um Programa de Mat Pilates, ou seja, o uso
do Método Pilates no solo sem a utilização de aparelhos, apenas com o uso de acessórios
como faixa elástica, flex ring, rolos e bastões.
O programa de exercícios foi montado pelos pesquisadores de acordo com as
características dos indivíduos envolvidos na pesquisa (iniciantes e sedentários) e sofreram
modificações semanais segundo os critérios de evolução dos exercícios: Amplitude de
movimento (ADM), base de suporte; alavanca; gravidade e resistência.
O Método foi aplicado pela própria pesquisadora treinada e sob a supervisão de um
instrutor com formação em Pilates (Dr. Adriano Jabur Bittar).
As sessões apresentavam sutis diferenças entre si, levando-se em conta as
condições das pacientes no momento de cada sessão, e o aumento da dificuldade respeitou
as características e habilidades individuais.
Cada sessão era iniciada com 5 minutos de aquecimento, em eram realizados
alongamentos leves e organização do padrão respiratório.
Em seguida eram realizadas as séries para os estabilizadores, com duração de 15
minutos, seguindo o desenvolvimento neuropsicomotor, conceitos de pelve e coluna
neutra, dissociação de cinturas e estabilização de tronco: básculas de quadril e cervical,
dead bug e arcos do fêmur, dissociação de cintura pélvica (borboleta), abdominal reto e
oblíquo (cair para os lados), side kick, ponte simples e com organização de cintura
escapular.
A partir daí, dava-se início ao desenvolvimento, com duração de 30 minutos. Este
momento era realizado baseado nos conceitos de estabilização dinâmica com organização
de cintura escapular, articulação da coluna em todos os planos e eixos, descarga de peso
em membros superiores e inferiores, integração de movimento e reeducação funcional
(pré-spine stretch, flexão lateral da coluna, torção da coluna, extensão da coluna sentado,
imprint da coluna, roll up, roll over, single leg stretch, double leg stretch, single leg circle,
criss cross, single straight leg stretch, double straight leg stretch, hundred, mermaid, pré-
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swan, organização da cintura escapular em prono, swimming, gato arrepiado, rolling like a
ball, open leg rocker).
Para a finalização eram reservados 10 minutos, em que se aplicavam os exercícios
de alongamento e relaxamento, dentre eles relaxando a cadeia cruzada, Maomé e
rolamento da coluna em pé, totalizando 60 minutos para cada sessão (BITTAR, 2010).
Foi realizada uma análise descritiva e numérica dos valores encontrados no
questionário Índice de qualidade de sono de Pittsburgh e os resultados foram apresentados
textualmente e por meio de tabela confeccionada no Microsoft Office Word 2007.
DESCRIÇÃO DOS CASOS
CASO 1
Paciente M.F.P., sexo feminino, solteira, 40 anos de idade, professora, sedentária e
com histórico de Hipertireoidismo (controlado por medicamentos), apresentando recente
diagnóstico clínico de transtorno primário do sono. Ressalta-se que o instrumento de coleta
utilizado na presente pesquisa confirmou a existência da ocorrência citada. Relatou que os
sintomas do distúrbio do sono ocorriam há aproximadamente 5 anos e que se submeteu à
avaliação médica após diversas tentativas frustradas com medicamentos, administrados
com freqüência, por conta própria.
Sua queixa principal foi dificuldade para iniciar o sono, bem como para manter-se
dormindo durante a noite. Descreveu, ainda que, o distúrbio do sono era agravado por
preocupações e ansiedade.
De acordo com relatos de sua irmã, a paciente apresentava inquietações durante a
noite, com algumas contrações em membros inferiores, além de roncos.
A paciente costumava dormir muito tarde e levantar cedo, o que totalizava, com
todas suas dificuldades, por volta de 5 horas de sono por noite. No dia seguinte,
apresentava-se muito cansada, sonolenta e desanimada para a realização das suas
atividades habituais, o que a levava a apresentar uma má qualidade de vida.
CASO 2
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Paciente E.S, sexo feminino, casada, 37 anos de idade, secretária, sedentária, foi
diagnosticada, recentemente, com transtorno primário do sono. Apresentava os sintomas há
mais ou menos 3 anos e antes do diagnóstico clínico e orientações médicas, administrava
medicamentos por conta própria.
Sua queixa principal foi dificuldade para iniciar o sono, acordando várias vezes
durante a noite, agravada por ansiedade e preocupações.
De acordo com seu marido, durante a noite, apresentava roncos muito fortes,
acompanhados de episódios de apnéia, além de demonstrar grande inquietação.
Apresentava por volta de 5 horas de sono por noite, e durante o dia demonstrava
muito cansaço, sono e desânimo, sendo prejudicada em seu trabalho e demais atividades
diárias, o que a levou a se sentir deprimida por um bom tempo.
RESULTADOS
CASO 1
Na avaliação inicial, apresentou grande dificuldade para iniciar o sono (em torno de
60 minutos) e manter-se dormindo durante a noite, devido a inquietações e roncos, sendo
agravado por preocupações e ansiedade. Dormia em torno de 5 horas por noite, sendo
necessário administrar com freqüência medicamentos por conta própria. No dia seguinte,
apresentava muito cansaço, sonolência e desânimo para realização das atividades habituais,
bem como uma má qualidade de vida.
De acordo com o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh, aplicado
inicialmente, apresentou a seguinte pontuação:
- Componente 1: 3
- Componente 2: 3
- Componente 3: 2
- Componente 4: 3
- Componente 5: 2
- Componente 6: 2
- Componente 7: 3
A soma da pontuação de cada componente resultou em um escore de 18 pontos,
classificando sua qualidade de sono como muito ruim.
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Após o término das 10 sessões, foi realizada uma reavaliação pela mesma
pesquisadora, comparando-se assim os parâmetros antes e após a aplicação do Mat Pilates.
Na reavaliação, houve redução do tempo que levava para iniciar o sono (menos de
30 minutos), e um aumento do tempo em que se manteve dormindo, apresentando por volta
de 7 horas de sono por noite.
De acordo com relatos do acompanhante houve redução das inquietações e dos
roncos durante a noite, quase por total.
Além disso, não houve necessidade de administração de medicamentos, pois a
paciente relatou que se encontrava menos preocupada e ansiosa, respirando e dormindo
melhor. No dia seguinte estava mais disposta e animada, apresentando menos cansaço e
sonolência para a realização das atividades habituais, proporcionando a ela uma melhor
qualidade de vida.
De acordo com o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh, aplicado no final da
pesquisa, foi apresentado a seguinte pontuação:
- Componente 1: 1
- Componente 2: 1
- Componente 3: 1
- Componente 4: 2
- Componente 5: 1
- Componente 6: 0
- Componente 7: 1
A soma da pontuação de cada componente resultou em um escore de 7 pontos. O
que nos leva a uma conclusão que mesmo não atingindo o escore de 5 pontos o que
classificaria como uma qualidade de sono boa, houve uma grande melhora na pontuação e
conseqüentemente, no padrão de sono da paciente.
CASO 2
Na avaliação inicial, apresentou grande dificuldade para iniciar o sono (mais de 1
hora) e para manter-se dormindo durante a noite. De acordo com relatos do acompanhante
apresentava muita inquietação e roncos fortes, acompanhados de episódios de apnéia
durante o sono. Tais distúrbios eram agravados por preocupações e ansiedade.
Dormia, no total, 5 horas por noite, sendo necessário administrar com freqüência
medicamentos por conta própria.
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No dia seguinte, apresentava muito cansaço, sonolência e desânimo para realização
das
atividades
diárias,
além
de
prejuízos
em
seu
trabalho.
Isso a deixava deprimida e com uma má qualidade de vida.
Na avaliação inicial pelo Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh, apresentou a
seguinte pontuação:
- Componente 1: 3
- Componente 2: 3
- Componente 3: 3
- Componente 4: 3
- Componente 5: 2
- Componente 6: 3
- Componente 7: 3
A soma da pontuação de cada componente resultou em um escore de 20 pontos,
classificando sua qualidade de sono como muito ruim.
Na reavaliação, houve redução do tempo que levava para iniciar o sono (menos de
30 minutos), e um aumento do tempo em que se manteve dormindo durante a noite,
apresentando por volta de 7 horas de sono por noite.
De acordo com relatos do acompanhante houve uma melhora significativa da
qualidade do sono da paciente com redução das inquietações e dos roncos, bem com
ausência de apnéia durante a noite, além de redução na administração de medicamentos.
A paciente relatou que se encontrava menos preocupada e ansiosa, dormindo
melhor e apresentando um melhor padrão respiratório.
No dia seguinte estava com mais disposição e ânimo para a realização das
atividades habituais, apresentando menos cansaço e sonolência, além de uma melhor
qualidade de vida.
De acordo com o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh, aplicado no final da
pesquisa, apresentou a seguinte pontuação:
- Componente 1: 1
- Componente 2: 2
- Componente 3: 1
- Componente 4: 2
- Componente 5: 1
- Componente 6: 0
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- Componente 7: 1
A soma da pontuação de cada componente resultou em um escore de 8 pontos. O
que nos leva a uma conclusão que mesmo não atingindo o escore de 5 pontos o que
classificaria como uma qualidade de sono boa,como no caso 1 também houve uma grande
melhora na pontuação e conseqüentemente, no padrão de sono da paciente.
DISCUSSÃO
Uma grande parte da população mundial é acometida por problemas relacionados
ao sono, piorando a qualidade de vida, aumentando o risco de acidentes e diminuindo a
produtividade no trabalho, entre outras conseqüências (BUCKWORTH, DISHMAN,
2002).
O exercício tornou-se uma unanimidade na promoção da saúde e melhora da
qualidade de vida, diminuindo os riscos de desenvolvimento de doenças crônicas e atuando
como fator chave para aumentar a longevidade (KRUEGER, OBÁL, FANG, 1999). Em
contra partida, a perturbação do sono resulta em significativos danos à saúde e ao bemestar, representando nos casos mais graves risco de morte (EBERHART, HU,
FORESMAN, 2000). Em vista da suas conseqüências e incidência, os distúrbios do sono
são considerados um problema de saúde pública (LEGER, 2000).
De acordo com a American Sleep Disorders Association (1991), a efetividade do
exercício físico sobre o sono foi demonstrada e aceita como uma intervenção nãofarmacológica para a melhoria do sono. Apesar disso, poucos profissionais da área de
saúde têm recomendado e prescrito o exercício físico com este intuito.
Alguns estudos relatam que a melhora do padrão do sono por meio de exercícios
físicos é explicada com base em três hipóteses:
• A primeira, conhecida como termorregulatória, aponta para o aumento da temperatura
corporal, como conseqüência do exercício físico, facilitando o disparo do início do
sono, graças à ativação dos mecanismos de dissipação do calor e da indução do sono,
processos estes controlados pelo hipotálamo. Teoria a qual se explica a grande melhora,
em ambos os casos estudados, para iniciar o sono.
• A segunda hipótese, conhecida como conservação de energia, é baseada na redução da
taxa metabólica que é observada durante os períodos de sono. De acordo com ela, o
aumento do gasto energético promovido pelo exercício durante a vigília aumenta a
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necessidade de sono a fim de alcançar um balanço energético positivo, restabelecendo
uma condição adequada para um novo ciclo de vigília (DRIVER, TAYLOR, 2000).
• A terceira hipótese, restauradora ou compensatória (restauração corporal), da mesma
forma que a anterior, relata que a alta atividade catabólica durante a vigília reduz as
reservas energéticas, aumentando a necessidade de sono, favorecendo a atividade
anabólica (HOBSON, 1968).
Tanto a teoria da conservação de energia como a restauração corporal apóiam-se
nos mecanismos homeostáticos reguladores do sono (DAVIS, FRANK, HELLER, 1999),
visto que ambas as teorias afirmam que a duração total do episódio de sono, assim como a
quantidade de sono aumentam em função do aumento do gasto energético (DRIVER,
TAYLOR, 2000). Isto foi comprovado no estudo pela grande melhora na qualidade do
sono e pelo maior número de horas dormidas.
O´Connor e Youngstedt (1995) comprovaram que o sono de pessoas ativas é
melhor que o de pessoas inativas, com a hipótese de que um sono melhorado proporciona
menos cansaço durante o dia seguinte e mais disposição para a prática de atividades físicas
e habituais. Vuori et al. (1988) afirmam que o exercício físico melhora o sono da
população em geral, principalmente de indivíduos sedentários. O que explica a melhora do
padrão de sono nos casos estudados, onde ambos eram sedentários, bem como o ganho de
mais ânimo e disposição para a realização das atividades no dia seguinte.
De acordo com um estudo epidemiológico realizado em São Paulo, cerca de 27,1%
e 28,9% de pessoas fisicamente ativas e 72,9% e 71,1% entre os sedentários, se queixavam
de insônia e sonolência excessiva, respectivamente (MELLO, FERNANDEZ, TUFIK,
2000). Desta forma, concluiu-se que o exercício físico é favorável ao sono e,
consequentemente, para a boa qualidade de vida e recuperação física e mental do ser
humano.
Quanto às variáveis relacionadas ao exercício físico, a intensidade e a duração são
extremamente importantes, pois quando a sobrecarga imposta pelo exercício é
demasiadamente alta, ocorre uma influência negativa direta sobre a qualidade do sono
(MARTINS, MELLO, TUFIK, 2001).
Com base nesse estudo, o Método Pilates pode ser uma ferramenta eficaz para os
distúrbios do sono, sendo considerado um treinamento físico e mental (APARÍCIO,
PÉREZ, 2005). Por meio de seus princípios e filosofias, promove sensações de
tranqüilidade, bem-estar e consciência corporal, além de trabalhar com exercícios onde a
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sobrecarga é aumentada até um nível ideal e gradativamente, sendo realizado com poucas
repetições, o que leva a uma melhor resposta na qualidade do sono (MARTINS, MELLO,
TUFIK, 2001).
Além disso, uma respiração otimizada mobiliza a coluna vertebral na região do
tórax, provocando a mobilização do sistema nervoso autônomo que, dentre tantas outras
atividades, é responsável pela digestão, reprodução, sono e relaxamento (ITO, 2009).
O Método Pilates otimiza a respiração e potencializa a capacidade respiratória. Em
todos os exercícios a respiração é enfatizada como instrumento para atingir qualidade na
execução dos movimentos. O contrário também acontece, pois movimentos adequados
com a região do tronco estimulam e ampliam a entrada e saída de ar dos pulmões
(BECKER, 2005).
A melhora da ansiedade ocorreu, possivelmente, pela mudança da capacidade
respiratória (principalmente a expiração), pois se o indivíduo ansioso é capaz de aprender a
expirar, pode-se, até certo ponto, modificar a sua condição energética diafragmática onde a
ansiedade está contida. O Pilates mobiliza a musculatura desta região e, na medida em que
a respiração é solicitada durante a execução dos exercícios, esta se torna um ato voluntário
e consciente. Esta condição de consciência auxilia a pessoa ansiosa a perceber a sua
respiração superficial e irregular (ROSSET, 2009).
O Pilates, pelos valores obtidos nas avaliações, foi bastante efetivo da melhora dos
roncos e do quadro de apnéia do sono, a qual se caracteriza por repetidas obstruções das
vias aéreas superiores resultando em episódios de pausas respiratórias, diminuição da
oxigenação sanguínea e fragmentação do sono. Uma das indicações para o tratamento
destes distúrbios é a prática de exercícios físicos (ITO, 2009). Esta melhora se deu pelo
trabalho respiratório exigido na prática dos exercícios, o que leva a uma grande melhora do
padrão respiratório.
Atualmente, existe pouca literatura específica sobre a área estudada, o que
dificultou a elaboração de uma discussão mais completa sobre o assunto.
CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos e identificados na comparação entre os dados da pré e
pós-avaliação, conclui-se que o programa de Mat Pilates aplicado, mostrou-se uma
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importante ferramenta para a melhora do padrão e da qualidade do sono dos indivíduos
envolvidos na pesquisa.
Ao final da pesquisa, observou-se redução do tempo para iniciar o sono, aumento
do tempo que permanecem dormindo, minimização da agitação durante o sono
(inquietações, roncos e apnéia) segundo relatos do acompanhante, bem como, redução do
uso de medicamentos. Em conseqüência desta grande melhora do padrão e da qualidade do
sono, houve melhor rendimento profissional e bem estar físico e emocional.
Tais resultados positivos são aplicáveis apenas nos casos estudados, mas podem dar
indícios da efetividade desta técnica em outros indivíduos com tais distúrbios. Sugere-se,
então, a realização de mais estudos experimentais sobre o Mat Pilates por um período de
tempo mais longo e com um número maior de pessoas com este diagnóstico.
REFERÊNCIAS
ALMONDES KM, ARAUJO JF. Padrão do ciclo sono-vigília e sua relação com a
ansiedade em estudantes universitários. Estudos de Psicologia, n.8, v.1, p. 37-43. 2003.
AMERICAN SLEEP DISORDERS ASSOCIATION. The international classification of
sleep disorders (diagnostic and coding manual). Kansas: DCSC, 1991.
ANTUNES HKM, ANDERSEN ML, TUFIK S, MELLO MT. Privação de sono e
exercício físico. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, n.14, v.1, p.51-6. 2008.
APARÍCIO E, PÉREZ J. O Autêntico Método Pilates®: A arte do controle: Tradução:
Magda Lopes. São Paulo: Planeta do Brasil. 2005.
BECKER, A. Respire Pilates, 2005. Disponível em: http://www.aliancabrasileirad
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Efeitos do método pilates nos distúrbios do sono: estudo de caso