A GESTÃO CENTRADA NOS RESULTADOS UM INSTRUMENTO DE TRABALHO, UM INSTRUMENTO DE DIÁLOGO. AS IDEIAS CHAVES DA GESTÃO CENTRADA NOS RESULTADOS.(GAR). “A gestão consiste em se organizar em função de um objetivo” Joan Magretta, What Management Is, 2002 Faz alguns anos Desenvolvimento e Paz adotou um novo método de planejamento e gestão – a gestão orientada pelos resultados - como ferramenta metodológica para concretizar sua escolha de trabalhar dentro do quadro do programa “approche programa”. Estas decisões estratégicas visavam assegurar uma qualidade melhor e um maior impacto ao nosso trabalho de solidariedade internacional e apoio financeiro aos nossos parceiros, reforçar e aprofundar nossos laços e nosso diálogo com estes parceiros e manifestar uma maior transparência e melhor prestação de contas (“imputabilidade”). O Serviço dos programas de desenvolvimento, principal responsável do programa de apoio financeiro aos nossos parceiros do Sul, utiliza desde já esta ferramenta. É Essencial que tenhamos uma compreensão comum deste método de planejamento e gestão. Queremos começar um diálogo com os parceiros sobre este método pare melhor esclarecer a base dos nossos laços de solidariedade e facilitar nossos intercâmbios. Neste documento, estamos apresentando nossa compreensão da gestão orientada pelos resultados e de que maneira nós a vamos utilizar para que sirva a melhorar a qualidade do nosso trabalho e diálogo com os nossos parceiros. Para que o GAR nos seja útil, temos que entender seu espírito, suas idéias chaves, seus principais mecanismos bem como seus limites. Sobretudo, temos que adaptá-lo à nossa leitura do mundo e as nossas necessidades. ROTEIRO DO DOCUMENTO 1) Origina, objetivo e cultura do GAR. 2) Perguntas difíceis mais cruciais. 3) O GAR e o programa de aproximação 4) Idéias chaves do GAR 5) Aprofundamento e refino da noção d resultados 6) Indicadores, como os escolher? 7) Benefícios do GAR na experiência do DP. 8) Dificuldades e desafios do GAR 9) O diálogo com os parceiros Anexo: o ciclo da programação. 1- ORIGINA, OBJETIVO E CULTURA DO GAR. ______________________________________ O GAR utilizado com flexibilidade, no espírito da solidariedade internacional que anima DP é uma ferramenta de trabalho poderosa e eficaz. Mas se nós não o animamos da missão própria da DP o GAR pode se transformar numa fonte de trágico desvio. Nosso convívio com o método e a nossa apropriação dele no quadro da nossa visão própria é utilizá-lo para melhorar a qualidade do nosso trabalho de solidariedade e diálogo com os nossos parceiros. O GAR instrumento de trabalho e de diálogo SPD – Développement et Paix Junho 2004. 1 O GAR nasceu no quadro do que se chamou o “nouveau management” (nova gestão), em voga no setor privado, nos anos 1950 e adotado um pouco cegamente pelo setor público (“O estado bem governado é gerido como uma empresa”) Neste ambiente o GAR acentua a produtividade, a excelência, os resultados, a eficaz, a delegação de poder e responsabilidades, a imputabilidade (prestação de contas) etc. Não é necessário rejeitar todos estes conceitos. Mas na sua primeira intenção eles estavam colocados ao serviço de uma cultura empresarial e neoliberal. O estado era visto como uma empresa privada, um fornecedor de serviços que subaluga suas tarefas, mas também sua imputabilidade política, os programas e os serviços devem cobrir suas despesas, os cidadãos transformam-se em clientes e os mais ricos tem acesso privilegiado aos melhores serviços etc. Fala-se a profusão de “reengenharia do estado”, de PPP (parceria setor público – setor privado) de “imputabilidade” (outsourcing) de contrato de imputabilidade. Esta visão esta cultura e este entendimento não são os de DP. No entanto, o GAR apresenta dois grandes benefícios: Ele orienta o planejamento sobre os resultados quer dizer para nós sobre o desenvolvimento, entendido como mudanças sociais no sentido amplo (econômicas, sociais, políticas, culturais) que queremos instaurar na sociedade.Ele nos força a nomear explicitamente sob forma de resultados esperados ou vislumbrados, as mudanças que a nossa ação pretende atingir e elaborar o plano estratégico em função da busca e realização destes resultados/mudanças sociais. Ele tem também as vantagens de qualquer método sistemático: rigor, profundidade, eficaz, vantagens, conseguidos ao preço de bastante esforço. Estas vantagens e benefícios são a nossa justificativa em adotar o GAR, todavia com duas observações: 2- Se a gente não adaptar o GAR à natureza específica do nosso trabalho, se não injetamos no seu vocabulário nossa visão, ai será o GAR que nos penetrará de sua cultura, e nos levará num desvio bem longe do nosso destino e objetivos próprios. Ou conseguimos domesticar o GAR ou ele nos escravizará. O GAR não é a nova técnica milagre do desenvolvimento.Por um lado, já trabalhávamos antes do GAR, e bem O GAR é fecundo co prolongamento e aperfeiçoamento do nosso acumulado e nossa identidade. Por outro lado o GAR é uma ferramenta e estas duas palavras tem sua importância: ele é uma ferramenta entre outras e é somente isso: uma ferramenta. PERGUNTAS DIFÍCEIS, MAS CRUCIAIS. O GAR não é uma simples técnica ou receita de programação Ele “informa” nosso trabalho quer dizer ele o estrutura. Por isso, as questões determinantes não são de ordem técnica, mas estratégica. Qual é nosso projeto, nossa finalidade? Qual é a nossa analise e leitura da realidade de hoje. Que mudanças ou resultados queremos produzir? Quem vai definir os resultados ou mudanças a atingir? Quais vão ser as nossas estratégias básicas para almejar os resultados planejados? Quem define estas estratégias? Como vamos saber que estamos na boa direção? Como saberemos que temos atingido os resultados procurados? Havemos de sempre ter presentes estas preocupações quando abordaremos as noções chaves do CAR e ainda mais quando o utilizaremos para organizar nosso trabalho. O GAR instrumento de trabalho e de diálogo SPD – Développement et Paix Junho 2004. 2 3- O GAR e O PROGRAMA DE APPROACH ___________________________________________ O GAR e o programa de aproximação completam-se e encontram-se nos esforços feitos por DP, já ha vários anos, para melhorar a qualidade e a eficácia do seu trabalho de solidariedade e desenvolvimento. O projeto de aproximação consistia em apoiar projetos mais ou menos justapostos, em função de vários critérios de seleção, através dos quais o utilizador tinha traduzido sua visão de desenvolvimento. Este programa insiste na integração dos esforços e ações numa ou mais estratégias de conjunto, no quadro de um planejamento global e coordenado a fim de realizar várias mudanças sociais consideradas como a maneira mais em acordo com a concretização da missão e visão de DP no contexto mundial atual. Da parte da DP o programa de aproximação não rejeita o apoio à projetos, mas estes devem estar ligados às estratégias de mudanças estruturais apontadas por DP num pais,ou numa região ou um determinado setor. Do lado dos parceiros, os projetos ou programas concretamente apoiados por DP têm que se inserir em ações ou movimentos globais (nacionais, regionais, continentais ou mundiais.) que tenham possibilidade de realizar de maneira eficaz as estratégias escolhidas pela DP. Neste quadro, as iniciativas de DP e as dos seus parceiros não serão utilizadas nem por DP, nem pelos parceiros a favor delas mesmas.Pelo contrário, elas se atraem feitas imã, sustentam-se uma a outra, entram em interação e trabalham em sinergia elas escolhem o sustento mutuo, porque elas tem a mesma análise e a mesma visão, porque elas partilham os mesmos objetivos e as mesmas estratégias. O programa de aproximação permite situar os projetos e programas dentro de uma rede integrada de alianças baseadas numa visão estratégica global e nas mudanças estruturais necessárias para induzir a participação das pessoas, das comunidades, como atores na sua própria historia de desenvolvimento, em solidariedade uns com os outros. O GAR aparece, então como o instrumento que tire o programa de aproximação do domínio dos sonhos e das pias intenções para colocá-lo na realidade da ação organizada, eficaz e mensurável, quer dizer realmente avaliável e avaliada. IDEIAS CHAVES DO GAR. _______________________________ O quadro a seguir presente as idéias chaves do GAR tais quais adaptadas por DP para suas necessidades. IDEIAS CHAVES Resultados um resultado é uma mudança produzido nas nossas condições de vida,ou nas condições de vida da sociedade. Realidades novas que melhoram a nossa sorte e a das nossas irmãs e irmãos humanos. COMENTÀRIOS Em que, esta noção de resultado distingue o GAR de métodos anteriores? Estas colocam o acento nas atividades realizadas, nas energias gastas e nos esforços utilizados na ação. O GAR coloca o acento nos resultados, quer dizer nos produtos da nossa ação e nossos esforços e seu impacto. Entre uma agencia de financiamento e os responsáveis de um programa/projeto, existe um entendimento (implícito ou explicito) pelo qual o grupo compromete-se a realizar o que a agencia apóia financeiramente.No GAR, este acordo será sobre os resultados e a contribuição necessária das duas partes para alcançá-los. No momento do planejamento, trata-se de resultados esperados.(procurados, desejados).; no momento da avaliação e do relatório trata-se de resultados atingidos ou realizados. O GAR instrumento de trabalho e de diálogo SPD – Développement et Paix Junho 2004. 3 O GAR coloca o acento sobre os resultados esperados, mas a evolução das sociedades, às vezes é imprevisível. E existe, às vezes, tanto resultado inesperado quanto de esperados. As vezes nossa ação produz resultados que nós não queríamos ou que não esperamos, podem ser positivos ou negativos. Precisa prestar atenção a eles. É necessário acompanhar estes dois tipos de resultados. Indicadores de produção (rendimento) Um indicador é um meio de medir, olhando do ponto de vista da qualidade, quantidade, e oportunidade os resultados realmente atingidos na ação,comparando com os resultados esperados na hora do planejamento. 1) Os indicadores são estados de fato, ou situações novas que indicam que um resultado ou mudança esperada aconteceu. Exemplo: * Resultado esperado: os canadenses e as canadenses entendem melhor a interdependia dos povos e a integram conscientemente no seu modo de viver (solidariedade expressa em termos concretos) * Indicador qualitativo: as pessoas fazem gestos e ações de solidariedade que não faziam antes (e podemos mostrar que isto é o resultado da nossa ação; ver mais adiante imputabilidade e desempenho (performance) * Indicador quantitativo: a coleta de dinheiro aumentou de 10%; 10.000 pessoas a mais assinaram a petição. Estes indicadores são formulados como fatos acontecidos. 2. É necessário identificar os indicadores desde o início, quando começa um projeto ou um programa, em mesmo tempo que se está definindo os resultados que eles vão ter que medir. Para isto deve se descrever o estado atual que serve de ponto de partida, Deve-se também identificar as fontes de informação a respeito dos indicadores. Quem nos dirá, e como, se os indicadores foram realizados? Daí a importância, entre outras coisas dos relatórios dos nossos parceiros, das visitas no terreno bem preparadas e orientadas sobre os resultados e indicadores. 3. O recolhimento da informação a respeito dos indicadores acontece de maneira mais ou menos continua ele será sintetizado regularmente, e não somente no fim do programa. O que exige um sistema de coleta dos dados. 4. A avaliação e os relatórios tratam diretamente dos indicadores e indiretamente dos resultados, de fato se os indicadores são realizados, pode-se razoavelmente,deduzir que os resultados sonhados foram atingidos. Daí a expressão “indicadores de rendimento”. Note: o relatório comporte mais que os indicadores e resultados esperados; ele trata também dos resultados inesperados, as novidades aprendidas (o saber adquirido) as performances e as perspectivas de futuro. Cadeia causalidade de Este conceito é central no espírito de quem concebeu o GAR, mas ele não tem lugar na visão e concepção de DP. Utilizar o GAR em gestão de programa no espírito de quem o concebeu e da maioria dos seus promotores e formadores consiste essencialmente á determinar a cadeia de causalidade que leva de uma ação (um O GAR instrumento de trabalho e de diálogo SPD – Développement et Paix Junho 2004. 4 programa)a seus resultados esperados (produtos ,impacto social). Este entendimento vem de uma concepção mecanicista, reducionista, mágica da transformação das sociedades, da ação social, do desenvolvimento dos povos, as vezes esta visão do desenvolvimento fica inconsciente nos partidários do método na sua pureza e rigidez. Mas para nós o desenvolvimento não é um encadeamento de causa a efeito.Ele é uma dinâmica, um campo de forças, onde se confrontam forças não só diversas e múltiplas, mas as vezes antagônicas. O desenvolvimento é o resultado do jogo de muitas interseções cujas várias escapam do nosso controle. Nossa ação consiste, na realidade a reforçar ações ou atores sociais que trabalham pela dignidade humana, a justiça social, os direitos humanos, a paz, a liberdade, a democracia! GESTÃO RISCOS É a experiência e não a ideologia que ensina (saber adquirido) quais são as alavancas da ação (forças, atores sociais etc.) capazes de influir de maneira eficaz no percurso do desenvolvimento. DOS Uma visão dinâmica do desenvolvimento reforça a noção e a prática da gestão de riscos. Os resultados não estão garantidos, porque não existe uma cadeia de causalidade linear na evolução das sociedades. Existe riscos (possibilidades) que os resultados esperados não aconteçam. Estes riscos são, na realidade condições naturais desfavoráveis ou ações de outros atores sociais que tentam influenciar o andamento dos acontecimentos para que eles caminhem numa outra direção. IMPUTABILIDADE (prestação de contas responsabilidade) A gestão de riscos consiste em ver/pré-ver seja as situações que tem mais chance de fazer descarrilar os programas, seja as ações de dois ou três atores que vão tentar produzir resultados bastante diferentes ou até desfavoráveis daqueles que nós queremos. Não basta identificar estes riscos, é preciso também detalhar as estratégias previstas para prevenilos.Há de monitorar estes componentes do programa, bem como qualquer outro, depois avaliá-los e integrá-los ao relatório. Se necessário, devemos alertar nossos parceiros, convidando-os a levar estes elementos em conta. 1. Somos imputáveis (devedores, responsáveis de realizar, prestar contas sobre) resultados que nos comprometemos a atingir. Cada grupo ou pessoa tem que identificar diante de quem eles são responsáveis ou imputáveis. 2. Para sermos responsáveis, temos, entre outras coisas definir (nos engajar a realizar) resultados realistas e sobre os quais temos controle e influencia importante. 3) Coloca-se a questão da apropriação ou da reivindicação dos resultados, não podemos nos apropriar dos resultados dos outros.Mas somente dos resultados que provêm da nossa ação própria. Em relação aos nossos parceiros, nossos resultados são as mudanças acontecendo na organização ou ação deles, graças à nossa ação direta sobre eles.Mas podemos, também reivindicar uma parte dos seus resultados de desenvolvimento, como também uma importante contribuição nos resultados oriundos da ação das coalizões, alianças, consórcios etc, nos quais temos uma real participação. PERFORMANCE 4) Os relatórios vão falar dos resultados e dos seus indicadores. A performance diz respeito à eficaz e eficiência dos programas e ações de DP. A eficaz designe: O grau de realização dos resultados. O grau de influencia que nos pertence na sua realização (legitimidade da reivindicação de resultados) A capacidade provada de gerir os riscos. Estamos falando da performance dos programas ou da organização na realização de seus programas. O GAR não é um método de avaliação das O GAR instrumento de trabalho e de diálogo SPD – Développement et Paix Junho 2004. 5 pessoas. Fala-se de performance provada com a ajuda de “indicadores de performance.” (que se devem distinguir dos indicadores de rendimento). Trata-se de atividades e esforços desenvolvidas para influir no andamento das decisões, na escolha dos alvos e estratégias, nos fatores determinantes para a produção dos resultados. Trata-se de atividades aptas a demonstrar nossa performance. A performance diz também respeito à eficiência o que na linguagem empresarial quer dizer a “relação custo/benefício”, a relação “qualidade/custos”. No nosso caso, somos capazes de produzir bons resultados,com esforços, prazos, orçamento razoáveis? Temos também de ficar conscientes que no âmbito do desenvolvimento. Uma mudança em profundidade anda de braços dados com o tamanho do tempo. A eficiência situa-se nos níveis dos resultados multiplicadores e dos resultados de gestão (ver o nº secção 5) Por outro lado, para nós o alvo do desenvolvimento são as pessoas e comunidades que apoiamos nos seus esforços de tornar-se os atores autônomos da sua história. As noções de eficaz e eficiência são neste caso, instrumentos a utilizar com prudência e inteligência. Neste contexto de performance a noção de excelência toma toda a sua força.Vários sociólogos e psicólogos, nas instituições mostraram que se a procura da perfeição e da qualidade parece inata e positiva no ser humano, a busca da performance e excelência á todo custo, engendrou efeitos nocivos, perversos tanto para a organização quanto par os que ali trabalham. Entre os defeitos da excelência ou da performance, encontra-se sua incapacidade de deixar espaço aos fracassos aparentes, e deles tirar lições; o perigo de querer satisfazer os financiadores mais do que servir ao povo pobre; o risco de adotar programas facilmente visíveis, vistosos, em vez de enfrentar os difíceis desafios do desenvolvimento (justiça, equidade, direitos humanos, preservação do meio ambiente,democratização.) etc. A excelência e a performance deixam pouco espaço aos riscos enfrentados deliberadamente, em vista de produzir o novo e o diferente, aos riscos de iniciativas e experiências novas e às lições que delas se pode tirar. GESTÃO Pode parecer redundante precisar que o GAR (gestão por resultados) nos leva à gestão. Mas, às vezes, o obvio nos escapa. Para alguns o GAR é um método de planejamento ou de programação, outros o reduzem à uma técnica de produção de relatórios. Mas o GAR é: Um caminho de aproximação Uma disciplina De planejamento e De gestão. Trata-se de pensar, organizar, e gerir uma organização, suas ações e seus programas, seu pessoal e suas rendas em função da realização das mudanças sociais definidos como sendo resultados a atingir. O GAR não suplante a visão e a missão do organismo, ele oferece ferramentas para realizá-las de maneira mais eficaz, ele as traduz em resultados concretos a serem perseguidos, dentro de um prazo definido, que pode ser desdobrado em várias etapas, na sua execução. Gestão é muito mais que supervisão ou controle, ela consiste em se organizar em função de um projeto de vida (to organize purposefully) O GAR instrumento de trabalho e de diálogo SPD – Développement et Paix Junho 2004. 6 5 - APROFUNDAMENTO E REFINO (REFINAMENTO) DA NOÇÃO DE RESULTADO _________________________________________________________ Já definimos o que é um resultado: uma mudança na realidade. Existe diversas “categorias” de resultado conforme o tipo de realidade que queremos mudar e vários níveis segundo a profundidade ou a amplitude das mudanças procuradas e o tempo necessário para conseguí-las. 1.1. As três categorias de resultados. ______________________________ 5.1.1 Os resultados de desenvolvimento (R-D): mudanças para melhor nas condições de vida, a qualidade do meio ambiente, a situação econômica, o exercício do poder, a consciência e o saber do povo (no sul e no Canadá) etc. 5.1.2 Os resultados de fortalecimento organizacional (RP) mudanças (no sentido de consolidação, reforço, melhoria) nos programas, nas estratégias de ação, os caminhos, o desenvolvimento do nosso membrship, da coleta de dinheiro, das atividades de sensibilização do público etc. Nossos programas tornam-se prenhes de futuro, são mais capazes de produzir resultados de desenvolvimento. Trata-se do reforço das capacidades de ação da organização ou do grupo. 5.1.3. Resultados de gestão (RG) mudanças (no sentido reforço, consolidação, melhoria) nas capacidades institucionais (das pessoas, estruturas, funcionamento etc) e na gestão das finanças em vista de produzir melhores resultados de desenvolvimento e melhores resultados multiplicadores. Às vezes é difícil distinguir entre um resultado multiplicador e um resultado de gestão. Os resultados de desenvolvimento dizem respeito à realidade social que queremos mudar. Os resultados multiplicadores e de gestão concernem nossa própria organização que pretendemos melhorar e fortalecer. Como agencia de financiamento e de apoio às parceiros do Sul, DP considera com justa razão que os resultados multiplicadores e de gestão dos nossos parceiros são resultados de desenvolvimento da DP quando estas mudanças acontecem como fruto de um real diálogo entre DP e seus parceiros. 5.2. Os três níveis de resultados. Segundo o GAR, na compreensão dos níveis de resultados há dois aspectos: a natureza dos resultados, e o espaço de tempo durante o qual eles se manifestam. 5.2.1. Os “extrants” são as conseqüências imediatas, visíveis, tangíveis, das atividades do projeto/programa. Trata-se de curto prazo: de um a dois anos. 5.2.2. Os efeitos a respeito da realização concreta dos objetivos ao médio prazo do projeto/programa. No espírito da cadeia de causalidade os efeitos são o produto cumulativo dos extrants. Eles se manifestam no médio prazo: de três a cinco anos 5.2.3. Os impactos são efeitos mais amplos, mais profundos, com um prazo maior dos projetos/programas. Eles concernem a realização do ou dos objetivos do programa integrado. Eles são o produto cumulativo dos efeitos. São resultados de longo prazo: de cinco a dez anos. Para DP, o desenvolvimento não prove de determinismo mecanicista. O encadeamento dos “extrants, efeitos, impactos” não é automático. E para nós a escala do tempo acompanha a profundidade das mudanças que queremos induzir, ela se calcula, as vezes em decênios mais do que em anos DP tem uma visão de longo prazo alicerçada pela esperança, pela “paciência histórica” pela convicção que um projeto de sociedade alternativa é possível. O longo prazo é a marca registrada de DP, um valor agregado de DP. Este longo prazo não significa que reportamos sempre a mais tarde a realização dos nossos objetivos; ele manifesta a profundidade e a amplidão das mudanças almejadas e é postulado pela durabilidade (o enraizamento, a O GAR instrumento de trabalho e de diálogo SPD – Développement et Paix Junho 2004. 7 permanência) buscada destas mudanças. Mas exatamente por isso estas mudanças de longo prazo (impactos) têm que ser traduzidas em mudanças a curto e médio prazo (extrants) e efeitos que são etapas concretas para o alcance dos nossos objetivos. 6 – OS INDICADORES _______________________ O indicador e um dado objetivo ou subjetivo que pode ser verificado, nomeado de antemão (no momento do planejamento) que permite de verificar nossas ações e nossas estratégias produzem os resultados esperados ou caminha nesta direção. Existem indicadores qualitativos e indicadores quantitativos * Os indicadores qualitativos “exprimem as percepções os julgamentos as opiniões ou atitudes. Eles comportam as mudanças de sensibilidade, satisfação influência, conscientização, compreensão, da percepção da utilidade ou do pertence, de estabilidade, de crescimento, de utilização do saber, do grau de abertura da qualidade da participação, da natureza do dialogo, do sentimento do bem estar, etc”. * Os indicadores quantitativos “têm um valor numérico: os números de pessoas e mulheres o postes de direções, o percentual de rapazes e meninas que freqüenta a escola, o nível de renda por ano dos homens e das mulheres, etc”. Um indicador pode ser qualitativo e quantitativo ao mesmo tempo (por exemplo, o fato de fazer uma lei e regimentos na área dos direitos humanos e quantitativo; o conteúdo e a eficácia da lei e qualitativo). Deve então ser avaliado nesses dois planos. Existe uma margem de liberdade na designação dos indicadores conforme o aspecto que queremos sublinhar. Três indicadores por grande resultados bastam largademente. Pelo menos uma tem quer ser qualitativo. Já que “qualificar” não vem de um espírito contábil ou de uma visão simplista. Não se pode medir todos os resultados. Só medimos os principais. Os indicadores têm que ser escolhidos em função de sua eficaz e da nossa capacidade de verificá-los, eles tem que estar ao nosso alcance, bem próximos da gente. Como se escolhe um indicador? COMO ESCOLHER OS INDICADORES? 1- Identificar com precisão o resultado que se quer medir. 2- Verificar se atualmente dentro do programa existem vários indicadores para medir este resultado. Em caso afirmativo ir logo às seis perguntas seguintes. Se não faça uma tempestade de idéias para encontroar possíveis indicadores que permitem mensurar este resultado. 3- Para cada indicador responda as perguntas seguintes. 3.1- O indicador mede realmente este resultado? 3.1.2- Este indicador pode indicar quando, mais ou menos, a mudança aconteceu? 3.1.3- Este indicador vai nos dar informações que vão nos permitir tomar decisões? 3.1.4- Existem fontes de informações confiáveis e accessíveis para este indicador? 3.1.5- Temos a possibilidade de pagar por este indicador e as fontes de informações pertinentes? 3.1.6- Este indicador vai permitir de transmitir facilmente e sem grande contestação o estado do resultado? 4- Respondendo sim a estas perguntas, vocês podem usar o indicador; vocês confirmam as fontes de informação. Quanto é possível, vocês recolhem as informações de maneira regular. Vocês reservam um tempo para redigir pedaços de relatório. 5- Tendo respondido não a uma das perguntas vocês rejeitam este indicador. 7 – BENEFÍCIOS DO GAR NA EXPERIÊNCIA DA DP _____________________________________________ O GAR instrumento de trabalho e de diálogo SPD – Développement et Paix Junho 2004. 8 DP adotou o GAR não por pressões exteriores, mais porque queríamos nosso trabalho e nossa ação. E o GAR nos pareceu um bom instrumento para isso a condição de adaptá-lo às nossas necessidades, à nossa maneira de ver o mundo e utilizá-lo de maneira inteligente. Apos vários anos de uso e de aprendizado nos perguntamos quais eram estas vantagens. 7.1- O GAR nos permite (nos obriga) nomear com mais precisão os resultados (mudanças sociais, projeto de saciedade) que queremos conquistar. 7.2- O GAR nos permite conhecer melhor o nosso próprio trabalho e de nos centrar sobre o essencial; vemos as pessoas mudarem. Falamos menos de atividades e mais de transformação social. 7.3- O GAR exige e promove a analise. Ele nos leva a termos uma visão de conjunto. 7.4- O GAR nos conduze a procurar alavancas de poder e de ação para operar as mudanças desejadas. 7.5- O GAR nos oferece um melhor instrumento de comunicação e de sensibilização. 7.6- O GAR nos da possibilidade de dialogar com os nossos parceiros suprindo o essencial. Estes percebem que nos interessamos ao seu trabalho é que damos importância a suas realizações. Por sua vez eles entendem melhor o DP. Tudo isto nos aproxima e fortalece nossa relação. 7.7- O GAR nos leva a nos dar indicadores para medir o progresso em direção dos resultados, ele permite de modificar nossas estratégia e programas, se necessário. Ele nos oferece a possibilidade de sermos mais estratégicos nas nossas escolhas e de progredir no programa por aproximação. 7.8- O GAR nos obriga a enunciar mais claramente os riscos bem como os fatores de sucesso e assim nos dar a possibilidade de intervir neles. 7.9 – O GAR nos permite gerir nossos programas. Nos tornamos mais metódicos no acompanhamento e na avaliação. Além disto temos mais facilidade para identificar quais são os parceiros que trabalham de verdade, em prol da mudança social. O GAR também nos permite produzir novas ferramentas que melhoraram a qualidade de nosso trabalho. 7.10- O GAR nos obriga a praticar uma maior imputabilidade. 7.11- Uma vez o programa elaborado, temos uma excelente bússola para enfrentar a atualidade e as conjunturas, em freqüentes mudanças guardando a direção para o porto nosso objetivo. Temos um esquema interpretativo e integrador da atualidade. 7.12- O GAR da uma motivação maior para o trabalho. Vemos melhor o sentido do que estamos fazendo. 8- DIFICULDADES E DESAFIOS DO GAR _______________________________________ O GAR como qualquer método tem riscos e dificuldades. Ele pede energia tempo e dinheiro. Tem que consagrá-lhe esforços razoáveis e evitar que ele tira os esforços que devemos consagrar a realização dos programas. Ele pode nos levar à burocracia; à substituir a ação estratégica eficaz por documentos e papeis. Ele pode nos dar uma visão simplista do desenvolvimento e da ação. Pode nos levar a desrespeitar nossos parceiros exigindo deles coisas exageradas. O GAR instrumento de trabalho e de diálogo SPD – Développement et Paix Junho 2004. 9 9- O DIÁLOGO COM OS NOSSOS PARCEIROS _________________________________________ O dialogo a respeito do GAR com os nossos parceiros tem vários objetivos. O dialogo deve visar essencialmente o trabalho de transformação social que queremos realizar em comum acordo. Neste sentido o GAR centrado nas mudanças sociais que os nossos programas querem produzir, torna-se uma ferramenta preciosa de dialogo sobre o essencial da solidariedade. Já que utilizamos o GAR como instrumento de trabalho de base, desejamos assegurar junto a nossos parceiros que poderemos obter deles a informação necessária ao nosso trabalho, sem os sobrecarregar. E como a utilização do GAR nos ajuda a fortalecer o nosso trabalho, desejamos partilhar nossa experiência com os nossos parceiros convidando-los a adotar (adaptar) o GAR ou se inspirar dele. Devemos então descobrir de que maneira, nos será possível apoiá-los nesse esforço. Como o GAR é atualmente utilizado de tantas maneiras, desejamos clarificar com os nossos parceiros a nossa visão e a nossa maneira de utilizar o GAR. Procuramos um dialogo franco e aberto no qual cada um fica consciente das necessidades e das possibilidades do outro e as respeita. ANEXOS - O CICLO DA PROGRAMAÇÃO ____________________________________ O GAR faz parte de conjunto de instrumentos exigidos pelo ciclo dinâmico da programação, à título de exemplo, algumas destas ferramentas. FASE FERRAMENTAS 1- Planejamento: concepção ou Sistema ou processo de programação. elaboração do programa. A analise de conjuntura. Lições tiradas da avaliação da fase anterior. Documento do programa. 2- Realização Somos executores ou financiadores? Ações e ferramentas variam conforme o caso. A ferramenta de base e o documento de programa. O protocolo fixando as responsabilidades de cada parte. Planos ou projetos de operações setoriais ou geográficas e planos de ação individual. 3Acompanhamento e Quadro de rendimento. monitoramento Sistema de coleta de informação. Visita no terreno. Relatórios. 4Avaliação de percurso, A avaliação parece olhar o passado e de fato, trata-se de julgar as continua depois final. realizações passadas: Será que os programas produziram os frutos esperados? Mais seu objetivo profundo é olhar para o futuro. Tratase de tirar lições da experiência e de lançar a fase de planejamento. O GAR instrumento de trabalho e de diálogo SPD – Développement et Paix Junho 2004. 10