1
Uma linha pode desalojar o espaço, ela não nos
leva de um ponto a outro, apenas encanta um limiar. A
força magra de tecer um intervalo errante pelas
cavidade até a borda nua pelos sulcos, um ponto que não
é ocasião de superfície, mas a fração invertebrada e o
recuo da manta plena à prontidão silenciosa de escolhos.
* ... cavidades – (1) Espaço cuja orla não é ocasião de
superfície, mas fração invertebrada, recuo da manta
plena à prontidão silenciosa de escolhos.
2
A agulha é o vértice de uma superfície emborcada
no vazio, instrumento de espiralar concêntrico a um
ritmo de feixes cujo traço carece de união. Cada linha
carece do horizonte, murmura a fina ondulação de
abismos móveis. O espaço parece provar da própria
incompletude, arrisca-se na desaparição de uma lâmina
vazia.
* (2) Vértice emborcada no vazio, espiral concêntrica a
um ritmo de feixes cujo traço carece de união. Cada
linha candeia um horizonte, farpa ondulação de lamina
vazia. (Arado de candeia ao horizonte, farpa ondulação
de lâmina vazia).
3
O silencio mineral se deixa tomar em campos
arados pelo tempo, o horizonte reduzido a uma porção de
mortes apagadas. Não há história que recubra a
escuridão ferrosa cuja incompletude nos envolve como a
uma primeira voz.
Silencio dos campos arados pelo tempo
No fôlego das paginas em branco
* (3) A palavra de um relevo branco, silenciosa como o
fôlego soado a meia alma, despenha a luz de páginas
vazias.
Orvalho de arado pelo tempo candeia o horizonte, farpa
ondulação de laminas cuja solidão sem bordas
>>A agulha faz verter da linha um sustenido de
horizonte, emborca no vazio uma espiral de muros
incompletos.
>>Como se pudéssemos pensar na agulha e linha como
um único corpo cuja única alteração consistisse uma
mudança de ritmo, uma alteração de fluxo respiratório; a
inspiração retida e a expiração extenuante.
>>A agulha não interrompe a linha, apenas absorve um
repouso sem parada e se transforma neste anel
hospitaleiro em que a linha testemunha horizontes
deslizados.
4
Uma linha colhida na simples impressão de dois
vazios rangidos, partindo o oco da visão em fibras
tortuosas que flutuam entre dois inacabados que não se
deixam despregar – abandonados na aparência de
brancura saturada,... neste horizonte surdo em que nos
sustentamos de nervura.
* (4) Colhida na simples lentidão de dois vazios
rangidos, um horizonte surdo em que nos sustentamos
de nervura.
>>A linha é sempre este limiar sonoro de dois vazios
rangidos, dois vazios inacabados a que a linha repõe
continuamente bordas de infinito... vazios que se opõem
cerzindo o corpo neutro a ranger da vontade de existir.
>>A linha é um corpo sem existência que não pode ser
subtraído da malha à que convergem forças vivas.
5
Alcança o esgotamento que a resguarda e a linha
resguardada é o corte, o sulco daquilo que não pertence
a nada. Festa da paisagem retida no clarão da finitude.
6
Como se uma linha após a outra pudesse
amalgamar o infinito, respirando rente ao horizonte
ficasse presa ao ar e na aspiração do céu deixasse vir
paisagens retorcidas em espelhos brancos.
cuja inclinação deságua pela noite.
7
O INICIO DE CERZIR SUPREENDENTEMENTE SE
DESFAZ NUMA LINHA DE REPOUSO AUSENTE, APENAS
PENDOR E SUSPENSÃO, TRANSPARENCIA VIOLADA DE
UM COMEÇO SEM IMAGENS, APENAS SOLIDOS
LANÇADOS À JORNADA DE CERZIR PRA SEMPRE, SEM
CONTUDO RECOLHER O HORIZONTE DAS PÁGINAS
VAZIAS, APENAS VESTES CUJA SUPERFICIE MIGRA
RASTEJANTE EM HARPAS DE ALGODÃO.
Sob a transparência do cerzir com harpa ao vento,
inspiração retida, expiração extenuante
Elevação que sobrepõe à claridade
Palavras de um relevo branco.
Silenciosa como o fôlego
soado a meia alma,
despenha a luz de páginas vazias.
*
>>A agulha não faz em relação à linha contração de
ponto, ela prolonga um arco de estações, nutre a
gestação do tédio, encena a distensão das rotulas
molhadas semelhante ao fio de água dos moinhos.
*
>>A linha não nos leva de um ponto a outro, não arma o
quadrante em que a paisagem se dispõe, faz tecer um
intervalo cuja orla invertebrada se enche de água
branca.
*
>>Prontidão silenciosa de escolhos brotando em meio a
matéria vertebral.
*
>>Arado que candeia o horizonte.
*
>>Murmura a fina ondulação de abismos moveis sob a
lâmina vazia.
*
>>Colhida entre dois vazios rangidos a nervura encaixa
a dispersão dos feixes.
*
>>A linha seria este elemento puramente exterior cuja
existência depende da abstração, estria no oco da visão
que a tudo reduz a uma constelação de corpos sitiados.
*
>>A linha é sempre este limiar sonoro de dois vazios
rangidos, dois vazios inacabados a que a linha repõe
continuamente bordas de infinito... vazios que se opõem
cerzindo o corpo neutro a ranger da vontade de existir.
*
>>A linha é um corpo sem existência que não pode ser
subtraído da malha à que convergem forças vivas.
*
>>A agulha faz verter da linha um sustenido de
horizonte, emborca no vazio uma espiral de muros
incompletos.
*
>>Como se pudéssemos pensar na agulha e linha como
um único corpo cuja única alteração consistisse uma
mudança de ritmo, uma alteração de fluxo respiratório;
a inspiração retida e a expiração extenuante.
*
>>A agulha não interrompe a linha, apenas absorve um
repouso sem parada e se transforma neste anel
hospitaleiro em que a linha testemunha horizontes
deslizados.
*
>>A agulha não faz em relação à linha contração de
ponto, ela prolonga um arco de estações, nutre a
gestação do tédio, encena a distensão das rotulas
molhadas semelhante ao fio de água dos moinhos.
Respirando rente ao horizonte
ficaste presa ao ar.
Sob a transparência do cerzir com harpa ao vento,
inspiração retida, expiração extenuante.
Elevação que sobrepõe à claridade
palavras de um relevo branco.
Silenciosa como o fôlego
soado a meia alma,
despenha a luz de páginas vazias.
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Uma linha pode desalojar o espaço, ela não nos leva