Monitoria 1 – Teoria Macroeconômica I Professor: Claudio M. Considera Tutor: Vítor Wilher (www.vitorwilher.com/monitoria) E-mail: [email protected] Atendimento Presencial: Quartas, 16h às 18h, Sala 21. Lista 01 – Como pensam os economistas - GABARITO Questão 1 – “A macroeconomia é o segmento da teoria econômica que estuda o comportamento da economia em seu conjunto ou da economia em termos agregados”. (Hermann, Notas de aula). A partir dessa definição livre, quais seriam os objetos de estudo da macroeconomia? Tendo o comportamento da economia como sua preocupação principal, os objetos de estudo da macroeconomia são as variáveis agregadas, tais como preço, nível de atividade, emprego, investimento etc. A teoria macroeconômica se ocupa de estudar e inferir o comportamento dessas variáveis no tempo, além de propor relações de causalidade entre uma e outra variável (ou entre uma e mais variáveis). Por exemplo, a Curva de Phillips, que busca relacionar o nível geral de preços ao crescimento econômico ou ao desemprego. Quanto maior o crescimento, mais pressão inflacionária terá sobre a economia. Questão 2 – “A explicação dos fatos econômicos define o que podemos chamar de dimensão positiva da macroeconomia. A capacidade de explicar o passado, por sua vez, lhe confere duas outras dimensões: a normativa e a preditiva”. (Hermann, Notas de aula). Defina mais precisamente o que seriam estas últimas. Além disso, pense nas limitações da teoria macroeconomia, a partir das três dimensões citadas. A dimensão normativa parte de um comportamento ideal para propor regras de condução da política econômica, isto é, a forma como o governo interveem na economia de mercado. A dimensão preditiva é a capacidade da teoria de gerar cenários prospectivos para o comportamento de uma variável específica. Dessa forma, é possível orientar as decisões futuras dos agentes econômicos. A teoria macroeconômica está limitada pelo próprio objeto de seu estudo: a agregação de decisões individuais. Ora, como todas essas decisões em conjunto estão sujeitas a incerteza, não é possível descrever com precisão o seu comportamento. Logo, a capacidade preditiva da teoria é limitada e deve ser vista/feita com cautela. Questão 3 – Se a macroeconomia é o estudo do comportamento agregado de uma economia, para que serve a microeconomia? As duas são disciplinas disjuntas, ou seja, não se interconectam? Pense a respeito. A microeconomia estuda como empresas e indivíduos fazem escolhas. A partir dos princípios de otimização e equilíbrio, a teoria microeconômica aborda as decisões dos agentes como pertencentes a um único indivíduo, uma firma ou uma indústria (grupo de empresas pertencente a um determinado setor). A moderna teoria macroeconômica possui fundamentação microeconômica. Isso significa que as decisões agregadas dos agentes estão baseadas em um agente representativo que toma suas decisões de consumo e produção baseado na maximização de uma função objetivo. Questões 4 – Os economistas pensam através de modelos. Como os modelos econômicos são formulados? Como as variáveis econômicas são classificadas dentro dos modelos? Procure estudar e dar exemplos a respeito de um modelo econômico prático. Em primeiro lugar, um modelo econômico é uma simplificação da realidade, servindo para elucidar/resolver determinado problema. Desse modo, a primeira motivação para construir um modelo é ter uma pergunta para responder. Ex: como o Banco Central calibra a taxa básica de juros (a Selic) ao longo do tempo? Com um problema econômico para resolver, a segunda parte é explorar as hipóteses simplificadoras por trás da decisão de aumentar/diminuir a taxa básica de juros. O Banco Central calibra a taxa de juros com quais objetivos em mente? Qual devem ser as variáveis econômicas que o Banco Central observa no momento de calibrar a taxa básica de juros, dado que ele não verifica todas as variáveis econômicas no momento de tomar uma decisão. Quais seriam os candidatos? Ex: desvio das expectativas de inflação em relação à meta, hiato do produto (diferença entre o PIB efetivo e o PIB potencial), taxa de câmbio, Ibovespa, commodities etc. A terceira parte é elaborar uma equação matemática que relacione a taxa de juros a essas variáveis. Feito o modelo matemático, é preciso estimar essa equação, com base nos dados coletados na realidade. Utilizam-se séries temporais e estima-se, com base em algum método, esse modelo, verificando a partir de testes estatísticos a adequação desse modelo. Dentro de um modelo do tipo y = ax + b nós temos quatro tipos de variáveis: Variáveis Endógenas: y – explicada pelo modelo formulado; Variáveis Exógenas: x – tomadas como dadas, sendo explicadas fora do modelo proposto; Parâmetros: a – a forma como a variável endógena se relaciona com a variável exógena; Constante: b CUIDADO: uma variável pode ser endógena em um determinado modelo (explicada por ele), mas exógena em outro. Observe, portanto, que a classificação em uma ou outra categoria depende do modelo que se está propondo. Ele não é endógena ou exógena de forma imutável. Isso depende do modelo. Além disso, você pode assumir hipóteses de comportamento. Ex: em uma função consumo do tipo C = b + aY, assumimos como hipótese de comportamento que os consumidores aumentam seus gastos de consumo quando a renda deles aumenta. Isso, claro, implica em uma noção de racionalidade econômica. Você sempre, ao formular um modelo, deve ter em mente alguma noção de racionalidade. Você não pode admitir a priori que os agentes são irracionais, isto é, que dado que auferem mais renda, doem esse dinheiro, por exemplo. Isso seria racional? Pense a respeito. Questão 5 – Um dos conceitos mais utilizados e controversos da teoria econômica é o conceito de equilíbrio. O que vem a ser equilíbrio? O que seria uma condição de equilíbrio em um modelo econômico? Dê exemplos do seu uso. “Em termos gerais, pode-se definir equilíbrio como uma situação em que os agentes econômicos envolvidos estão em acordo com os preceitos de sua racionalidade econômica e com as restrições existentes”. (Hermann, notas de aula). Se, por exemplo, um consumidor tem a sua disposição uma determinada restrição orçamentária e ele prefere bananas e maças, então tenderá a consumir uma quantidade ótima de bananas e maças até que isso satisfação a sua restrição de renda. Outro exemplo, mais macroeconômico, é que para o PIB estar em equilíbrio, a oferta agregada deve ser igual a demanda agregada. Questão 6 – Uma das grandes divergências entre economistas é se a política monetária deve ou não ser utilizada para promover o crescimento econômico. Para alguns, mais moeda gera apenas mais inflação, enquanto para outros, mais moeda pode incentivar mais consumo e mais investimento, gerando um maior crescimento econômico. Qual a sua opinião sobre isso? A resposta da questão é livre. O objetivo era elucidar que, apesar de existirem diferentes teorias econômicas para tratar a importância da política monetária para o crescimento econômico, a moderna teoria macroeconômica divide os efeitos da mesma em dois: No Curto Prazo => mais moeda gera maior demanda por bens e serviços, o consumo aumenta, gerando maior crescimento econômico. Os empresários também podem reagir a essa maior demanda, fazendo investimento, aumentando a demanda por máquinas e equipamentos. Um maior fluxo de investimento impacta no aumento do estoque de capital, logo tem efeitos expansivos sobre a Oferta Agregada. No Longo Prazo => mais moeda gera apenas mais inflação, dado que a expansão da oferta agregada está limitada pela disponibilidade de estoque de capital, pela quantidade e qualidade de mão de obra e pela tecnologia. A expansão da oferta monetária pode ser usada para moderar o ciclo econômico, visando suavizar recessões, mas a insistência em utilizar a política monetária como ferramenta de expansão econômica acaba por gerar apenas mais inflação, de acordo com a moderna teoria macroeconômica.