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Campo Grande, MS. Quinta, 10 de Abril de 2008.
1. PLANOS DE TRABALHO DO PROJETO
1 -1. IDENTIFICAÇÃO DO ACADÊMICO
Acadêmico:
103295 - RICARDO SANDIM FERREIRA
Curso:
151 - AGRONOMIA
Semestre:
03 º
1 -2. IDENTIFICAÇÃO DO PLANO DE TRABALHO
Avaliação dos efeitos da aplicação de compostos orgânicos sobre a microbiota de um solo cultivado com
Título:
alface americana
Orientador:
Área do conhecimento(CNPq):
Palavra chave:
FRANCILINA ARAÚJO COSTA
50101048 - Microbiologia e Bioquímica do Solo
organoeste, microrganismos
1 -3. PLANO DE TRABALHO
- Justificativa:
Os microrganismos, mesmo representando uma pequena fração do total de matéria orgânica do solo, são
responsáveis pelos processos de mineralização, contendo uma quantidade considerável de nutrientes (N, P,
S, Zn e Cu) potencialmente disponíveis para as plantas. A população microbiana tem sido considerada um
indicador sensível das alterações no estoque de matéria orgânica decorrentes do uso da terra. Apesar de
sua importância, existe um número limitado de estudos sobre efeito da aplicação de resíduos orgânicos
sobre a sobre população microbiana e biomassa microbiana do solo, fatores estes que variam a depender
da quantidade e do tipo de composto orgânico adicionado ao solo.
- Objetivos:
Avaliar os efeitos do composto orgânico organoeste sobre a população e biomassa microbiana em solo
cultivado com alface americana.
- Fundamentação Teórica:
Os microrganismos do solo apresentam um papel fundamental na dinâmica de nutrientes em diferentes
ecossistemas, afetando as transformações de C, N e P (Diaz -Raviña et al., 1993). A deposição ao solo de
resíduos orgânicos, é um processo biológico, governado pelos microorganismos. Deste modo, a atividade
microbiana é diferenciada em função da quantidade e composição química da matéria orgânica adicionada
ao solo (Souto, 2002). Almeida, (1991), afirma que efeitos diferenciados sobre a biomassa microbiana têm
sido observados em função do tipo de resíduo adicionado ao solo. Quando um material rico em C -orgânico
é adicionado ao solo é utilizado pelos organismos como fonte de carbono e energia, ocorrendo um aumento
na atividade biológica com posterior liberação de CO2 (Passianoto et al., 2001). A atividade microbiana nos
solos é extremamente estimulada com a aplicação de compostos orgânicos, resultando em modificações
diretas das características químicas e físicas do solo (Reganold, 1998).
A população e atividade dos microorganismos do solo são influenciados pela disponibilidade de matéria
orgânica no solo e pela qualidade dos resíduos orgânicos adicionados. Fatores inerentes à matéria orgânica,
como a relação C/N, presença de lignina e granulometria, são fatores que interferem na composição
microbiana (Alexander, 1977). Foi demonstrado que o crescimento da microflora do solo é limitado quando
ocorre intenso cultivo e baixa disponibilidade ou baixa qualidade de matéria orgânica (Schulten e
Hempfling, 1992).
A ocorrência de alta atividade microbiana indica que a decomposição do material adicionado é rápida e os
nutrientes são mineralizados e disponibilizados para as plantas em menor tempo, o que muitas vezes é
uma característica buscada em um adubo orgânico. Souto et al., (2002), estudando a influência da
aplicação de diferentes estercos sobre a população microbiana do solo, observaram que a variação da
população de fungos foi maior nos tratamentos em que os estercos estavam dispostos a 10,0cm de
profundidade. Os mesmos autores observaram ainda que, embora a aplicação de estercos não tenha
promovido diferença estatística na incidência de UFC (unidade formadora de colônias) de bactérias.g -1, o
solo coletado no tratamento onde aplicou -se esterco ovino apresentou o maior número médio de UFC, e a
menor incidência ocorreu no tratamento com aplicação de esterco asinino. Segundo estes autores, por
apresentar relação C/N menor que os demais,o esterco ovino favorece o desenvolvimento desses
organismos no solo. Já o alto teor de fibras e alta relação C/N no esterco asinino inibem o desenvolvimento
de colônias.
A busca pela melhoria da qualidade do solo e a necessidade de reduzir custos têm contribuído para
aumentar o uso de resíduos orgânicos e outros tipos de adubos orgânicos na produção agrícola (Seiter e
Horwath, 2004). Isso ocorre em razão de os resíduos orgânicos serem fontes de carbono, e a matéria
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orgânica ser responsável por grande parte das cargas existentes nos solos brasileiros, pelo aumento da
atividade microbiana, melhoria na retenção de água e no controle da temperatura do solo. A prática de se
adicionar adubos orgânicos ao solo é, portanto, uma forma de manter ou melhorar sua qualidade,
aumentando o teor de matéria orgânica do solo e adicionando nutrientes ao solo, o que pode resultar em
uma economia de fertilizantes minerais. A adição de fertilizantes minerais, por sua vez, afeta a qualidade
da matéria orgânica do solo e a dinâmica dos nutrientes de plantas. Em solos com deficiência de leve a
alta, os fertilizantes minerais promovem o aumento da biomassa vegetal e da quantidade de resíduos de
culturas que retorna ao solo (Allison, 1973). Entretanto, aplicações excessivas de fertilizantes podem
provocar efeitos negativos na qualidade do solo, por afetar a atividade microbiana e promover a rápida
mineralização da matéria orgânica original do solo, principalmente nos casos em que os restos de cultura
são retirados das áreas de plantio (Mccarty e Meisinger, 1997). Desta forma, este trabalho tem por
objetivo avaliar o efeito da aplicação da adubação orgânica sobre a população microbiana de um solo
cultivado com alface.
- Metodologia:
O presente trabalho será instalado na base de pesquisa da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB),
Instituto São Vicente, pertencente ao município de Campo Grande, estado de Mato Grosso do Sul, situado a
530 m de altitude, 20 º 27’S e 54 º 37’ W, cujo clima apresenta temperatura média anula de 23,5 ºC, com
média das mínimas de 19 ºC e das máximas de 30 ºC; umidade relativa de 68 % e precipitação
pluviométrica de 1400 mm anuais.
O delineamento experimental será em blocos casualizados com quatro repetições, sendo os tratamentos
constituídos por cinco doses de composto orgânico (0,0; 20,0; 40,0; 60,0 e 80,0 t ha-1) e o
convencionalmente adotado (esterco bovino curtido + adubo químico), totalizando seis tratamentos.
Com trinta dias de antecedência será efetuada amostragem de solo para análises químicas e
microbiológicas do solo. De acordo com os resultados, a área será previamente corrigida com calcário
dolomítico, elevando a saturação por bases para 70 % (RIBEIRO et al., 1999).
O experimento será conduzido em canteiros, com parcelas padronizadas de 2,10 x 1,10 m, contendo
quatro linhas de plantas de alface espaçadas de 0,35 x 0,35 metros, totalizando vinte e oito plantas por
parcela. Como área útil serão consideradas apenas as cinco plantas centrais das duas linhas do centro de
cada canteiro, totalizando 10 plantas úteis. As adubações orgânica e fosfata serão feitas a lanço, duas
semanas antes do transplantio. Por sua vez, as adubações químicas, nitrogenada e potássica, serão
realizadas dois dias antes do transplantio. Serão utilizados Super Simples, Cloreto de Potássio e Uréia como
fontes de fósforo, potássio, e nitrogênio.
Serão utilizadas mudas do cultivar Rafaela, produzidas em bandejas de poliestireno expandido ( “isopor") de
200 células, contendo substratos à base de 60 kg de terra de barranco peneirada, 60 kg de esterco de
curral curtido, 40 litros de palha de arroz carbonizada e 800 g de adubo químico 04-14-08 e, mantidas em
ripado coberto com sombrite (50 %) até o ponto de transplantio com 4 a 5 folhas ou 30 dias após a
semeadura. Após a operação de transplantio, as mudas serão irrigadas por aspersão, diariamente até a
colheita de acordo com o estádio de desenvolvimento da cultura e condições climáticas.
Juntamente com a irrigação, serão realizadas adubações de cobertura com 40 kg ha-1 de N e 85 kg ha -1
de K2O, após o pegamento das mudas, parcelados em quatro adubações (a cada 7 dias), utilizando -se
como fontes Uréia e Cloreto de Potássio. Os tratos culturais serão efetuados de acordo com as
recomendações para a cultura.
Na instalação e durante o experimento serão recolhidas 5 amostras compostas do solo de cada tratamento
para análises microbiológicas e análises químicas e físicas do solo. Para isto serão coletadas sub-amostras
de solo em mini -trincheiras com o auxílio de pá, conforme procedimento descrito pela Comissão de
Fertilidade do Solo – RS/SC (1995), colocadas em sacos plásticos, identificadas e armazenadas em caixas
de isopor contendo gelo, para manter a temperatura baixa, até a chegada no laboratório onde serão
colocadas a 4oC até a realização das análises microbiológicas. Serão feitas no total 4 coletas de amostras
de solo: antes do plantio, após 15 dias do plantio, após 30 dias e na colheita.
1- Avaliação dos microrganismos do solo
A avaliação da população de microrganismos será realizada pela técnica da contagem em placas de Petri.
Para isso, será preparada três diluições decimais em série, partindo de 10g de solo úmido colocado em
frascos contendo 95ml de solução salina esterilizada com três repetições. De cada suspensão será colocada
0,1 ml por placa, sobre a qual espalhar -se-a aproximadamente 30ml de meio de cultura à 48oC. As placas
de Petri serão incubadas em estufas a 35oC, no escuro. A contagem das colônias será realizada 3 dias após
a incubação para bactérias totais e 4 dias para fungos e actinomicetos. Para a determinação da população
bactérias totais será utilizado meio de cultura M -R2A (Fries, 1995). Para os actinomicetos será utilizado o
meio de cultura Amido-Caseína Agar (Kuster e Williams, 1964), sendo acrescido 2ml de Nistatina e 18g de
agar (Merck) L -1 de meio e para fungos será utilizado o meio de cultura Martin`s –Bengala Agar (Martin,
1950), adicionando -se 3,3ml de Rosa Bengala (1%), 30mg de Estreptomicina e 18g de agar L -1 de meio de
cultura.
2 - Avaliação da biomassa microbiana
Os teores de carbono da biomassa microbiana serão determinados pelo método da fumigação-extração,
proposto por Vance et al. (1987). Para determinação da atividade microbiana, será utilizado o método da
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respirometria (evolução de CO2), com a umidade das amostras de solo ajustadas para 80% de sua
capacidade de campo. O quociente metabólico, definido pela relação entre a respiração e o C da biomassa
microbiana, será determinado, conforme Anderson e Domsch (1990), pela equação: mg C -CO2 g solo
fresco -1 h-1/ mg biomassa -C g solo-1.
Os resultados obtidos serão avaliados estatisticamente por meio da análise de variância utilizando o teste
F, seguindo o modelo de blocos ao acaso em esquema fatorial. As médias oriundas dos tipos de solo serão
comparadas pelo teste de tukey a 5% de probabilidade. Já para comparação de médias das diluições, será
usada análise de regressão polinomial (regressão linear e quadrática), optando-se pela regressão
significativa, caso isso ocorra em ambas, será utilizada a regressão com maior coeficiente de ajuste (R2).
- Referências Bibliográficas:
ALEXANDER, M. Introduction to soil microbiology. 2.ed. New York: John Wiley & Sons,. 467 p. 1977
ALLISON, F. E. Soil organic matter and its role in crop production. Amsterdam: Elsevier, 1973.
DÍAZ-RAVIÑA, M.; ACEA, M. J. e CARBALLAS, T. Microbial biomass and its contribution to nutrient
concentrations in forest soils. Soil Biol. Biochem., v. 25, p. 25-31, 1993.
McCARTY, G. W.; MEISINGER, J. J. Effects of N fertilizer treatment on biologically active N pools in soil
under plow and no tillage. Soil and Fertility of Soils, New York, v. 24, n. 4, p. 406-412, May 1997.
PASSIANOTO, C. C.; CASTILHOS, D. D.; CASTILHOS, R. M. V.; LIMA, A. C. R. de; RODRIGUES, C. L.
Atividade e biomassa microbiana no solo com aplicação de dois diferentes lodos de curtume. Revista
Brasileira de Agrociência, v. 7, n. 2, p. 125 -130, 2001.
REGANOLD, J. P. Comparison of soil properties as influenced by organic and conventional farming systems.
Am. J. Alt. Agr., v. 3, p. 144 -155, 1998.
SCHULTEN, H.; HEMPFLING, R. Influence of agricultural soil management on humus composition and
dynamics: classical and modern analytical techniques. Plant and Soil, v. 142p. 259 -271, 1992.
SEITER, S.; HORWATH, W. R. Strategies for managing soil organic matter to supply plant nutients. In:
MAGDOFF, F.; WEIL, R. R. (Ed.). Soil organic matter in sustainable agriculture. London, p. 269 -293. 2004.
SOUTO, P. C.; SOUTO, J. S.; SANTOS, R. V.; SANTOS D. R.; BAKKE, O. A.; MIRANDA, J. R. P.; SOUTO, L.
S. Influência da aplicação de diferentes estercos na população de fungos, bactérias e nematóides em solo
degradado no semi -árido paraibano. In: V simpósio nacional sobre recuperação de áreas degradadas: água
e biodiversidade. Anais... p. 261-263, Belo Horizonte/MG, 2002.
ANDERSON, T. H.; DOMSCH, K. H. Application of eco -phisiological quotiens (qCO2 and qD) on microbial
biomasses from soils of different croping histories. Soil Biology and Biochemistry, Oxford, v. 22, p. 251255, 1990.
VANCE, E. D.; BROOKES, P. C.; JENKINSON, D. S. An extraction method for measuring soil microbial
biomass C. Soil Biology and Biochemistry, Oxford, v. 19, p. 703 -707, 1987.
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