Departamento de Matemática - IME - USP Álgebra I para Computação - MAT138 GABARITO DA PRIMEIRA PROVA Questão 1 No desenvolvimento de 2x2 − 1 20 8 x determine: a) O termo central; b) O coeficiente do termo em x20 e o termo simétrico desse. Solução: Pelo teorema do binômio, 1 2x − 8 x 2 20 i 20 X 1 20 2 20−i = (2x ) . i x8 i=0 (a): Observamos que o termo central se dá quando i = 10 na fórmula acima, portanto 10 10 10 20 · 19 · . . . · 11 2 2 1 20 2 20−10 Termo central = (2x ) = = 19 · 17 · 13 · 11 · 4 . 8 6 10 x 10! x x6 (b): Sendo o expoente de x no somatório igual a 2(20 − i) − 8i, segue-se que queremos encontrar i tal que 2(20 − i) − 8i = 10, cuja solução é i = 2. Daí, o coeficiente do termo em x20 é 20! 18 20 2 = 190 · 218 . 220−2 = 2 2!18! Quanto ao termo simétrico, vemos que ele ocorre em i = 18: 18 18 1 1 20 2 2 2 2 Termo simétrico = (2x ) = 190 · (2x ) , 8 18 x x8 20 20 = = 190. onde usamos que 18 2 Questão 2 Mostre que para todo inteiro n ≥ 1 tem-se 8|32n + 7. Solução: Provaremos por indução em n. Para n = 1 teremos que 32 + 7 = 16 que é divisível por 8. Suponhamos que existe k ∈ N, k ≥ 1, tal que 8|(32k + 7). Tomando n = k + 1 teremos que 32(k+1) + 7 = 32 · 32k + 7 = 32k + 7 + 8 · 32k , como 8|8 · 32k e, por hipótese de indução, 8|(32k + 7), resulta que 8|(32(k+1) + 7). Assim, pela primeira forma do princípio de indução, teremos que 32n + 7 para todo n ≥ 1. Questão 3 a) Seja N um número natural. Prove que a divisão de N 2 por 4 nunca deixa resto 3. b) Prove que nenhum inteiro da sequência 11, 111, 1111, . . . , é um quadrado perfeito. 1 Solução: a): Sendo N um inteiro, teremos pelo algorítmo da divisão que N tem uma das seguintes formas: 4k, 4k + 1, 4k + 2 ou 4k + 3. Disto, N N N N = 4k ⇒ N 2 = 4 · (4k 2 ), = 4k + 1 ⇒ N 2 = 4(4k 2 + 2k) + 1, = 4k + 2 ⇒ N 2 = 4(4k 2 + 4k + 1), = 4k + 3 ⇒ N 2 = 4(4k 2 + 6k + 2) + 1, donde vemos que N 2 deixa resto 0 ou 1 na divisão por 4. b): Sendo n ≥ 2 a quantidade de 10 s em 111 . . . 1 provaremos, por indução em n, que o número 111 . . . 1 é da forma 4k + 3, para então usarmos o ítem a). Se n = 2 então 11 = 4 · 2 + 3. Suponhamos que para algum inteiro k ≥ 2, 111 . . . 1} = 4q + 3. | {z k 10 s Para n = k + 1, 111 . . . 1} = |111 {z . . . 10} +1 = 111 . . . 1} ·10 + 1 = (4q + 3) · 10 + 1 = 4 · (10 · q + 7) + 3. | {z | {z k+1 10 s k 10 s k 10 s Segue-se, pela primeira forma do princípio de indução, que 111 . . . 1} = 4q + 3 para todo inteiro n ≥ 2, | {z n 10 s implicando pelo ítem a) que 111 . . . 1} não pode ser um quadrado perfeito se n ≥ 2. | {z n 10 s Questão 4 Verdadeiro ou Falso? Se a afirmação for verdadeira, prove-a, caso contrário dê um contra-exemplo. a) O conjunto dos números inteiros ímpares é um ideal em Z. b) Se a e b são inteiros não nulos tais que 7 = ar + bs para alguns r, s ∈ Z então 7 = mdc(a, b). Solução: a): Lembramos que um conjunto J ⊂ Z é um ideal de Z se as seguintes duas condições forem satisfeitas: (i) a, b ∈ J ⇒ a + b ∈ J, (ii) α ∈ J, a ∈ Z ⇒ αa ∈ J. Assim, vemos que o conjunto dos números ímpares não pode ser um ideal visto que a soma de dois números ímpares é um número par, falhando a condição (i) da definição acima. b): Falso, pois tomando por exemplo a = 8, b = 1, r = 1, s = −1 teremos que 7 = 8 − 1 6= mdc(8, 1) = 1. 2 Questão 5 Sejam a e b inteiros relativamente primos. Seja c um inteiro não nulo. a) Se d = mdc(ac, b) prove que mdc(a, d) = 1. b) Prove que mdc(c, b) = d. Solução: a): Se d = mdc(a, d) então d |a e d |d. OBS: d |b, pois como d = mdc(ac, b) segue-se que d|b, donde d |d ⇒ d = d · k, para algum k ∈ Z d|b ⇒ b = d · q, para algum q ∈ Z o ⇒ b = d · k · q ⇒ d |b. Daí, d |a e d |b implicando que d | mdc(a, b), como mdc(a, b) = 1 teremos que d |1 resultando que d = 1. b): ˜ e d|d. ˜ Seja d˜ = mdc(c, b) e d = mdc(ac, b), mostraremos que d|d Observamos que ˜ e d|b ˜ ⇒ d|ac ˜ e d|b ˜ ⇒ d|d. ˜ d˜ = mdc(c, b) ⇒ d|c ˜ temos que Quanto à d|d, d = mdc(ac, b) ⇒ d|ac e d|b, como pelo ítem a) mdc(a, d) = 1, resulta que d|c. Mas, ˜ d|b e d|c ⇒ d| mdc(c, b) ⇒ d|d. ˜ Para ver que d = d, d|d˜ ⇒ d˜ = d · k para algum k ∈ Z o ˜ ˜ ˜ ˜ ⇒ d = d˜ · q para algum q ∈ Z ⇒ d = d · k · q ⇒ k · q = 1 ⇒ k, q = ±1 ⇒ d = ±d, d|d ˜ como d e d˜ são ambos positivos, segue-se que d = d. 3