A Compaixão de Jesus* Estudos bíblicos sobre a prática da compaixão no ministério de Jesus. Autor: Lissânder Dias Revista Mãos Dadas Caixa Postal 88 36.570-000 Viçosa MG [email protected] *Baseado no livro The Seach for Compassion. Há vagas! Para ler: Mateus 9.35-38 Para refletir: As vagas estão abertas. Há emprego sobrando para trabalhadores compassivos. O que falta mesmo é interesse e envolvimento. O curriculum vitae desse tipo de trabalhador deve ter apenas uma exigência preenchida: seguir o exemplo de Jesus. Jesus é o modelo máximo para quem quer levar a sério a prática da compaixão. O versículo 35 nos dá um resumo de como foi o ministério de Jesus. - Jesus ia ao encontro do povo; - Ensinava e anunciava o Evangelho; - Curava os doentes. O ministério de Jesus era completo e integral. Ele se aproximava, ensinava e curava. Via as necessidades de cada pessoa. Só quem conhece alguém, pode identificar quais suas necessidades. Jesus fez isso. Quando olhou para a multidão, não viu um amontoado de gente pobre, inconveniente e suja. Ele viu pessoas desamparadas, como “ovelhas sem pastor”. É de trabalhadores assim que a sociedade, a igreja e a humanidade precisam. E eles estão em extinção. Precisamos pedir ao Senhor para que enviem esses trabalhadores. Talvez sejamos a resposta destas orações. Para responder: 1. Trace o perfil de como deve ser um “trabalhador compassivo”. 2. Por que os “trabalhadores compassivos” são poucos? 3. Quais as necessidades mais comuns das “ovelhas sem pastor” de hoje em dia? 4. O que Jesus quis nos ensinar quando orientou que peçamos ao Pai que mande mais trabalhadores? 5. Compare seu ministério com o ministério de Jesus. O que você precisa melhorar? Discipulado compassivo Para ler: Mateus 20.29-34 Para refletir: “O que quer que eu faça?” Jesus fez esta pergunta em duas situações diferentes: uma foi para a mãe dos filhos de Zebedeu (2028); a outra, para dois cegos (29-34). Na primeira situação, a resposta foi esdrúxula: que Jesus desse destaque e autoridade aos seus filhos. Na segunda, a necessidade dos cegos não era motivada pelo orgulho, mas simplesmente pelo desejo de ver a vida. A mãe pediu que Jesus compartilhasse do seu poder com seus filhos. Os cegos pediram apenas um pouco de sua compaixão (embora algumas traduções usem “pena” aqui também, a melhor tradução para splanchnizonai é “compaixão”). Com a cura dos cegos, Jesus ensinou, na prática, aos seus discípulos que o serviço cristão não é baseado no poder, mas sim na compaixão. Na compaixão, o serviço cristão deve resultar de um coração ferido pelo sofrimento dos outros. Isso é algo que contrariava frontalmente as intenções de Tiago e João, filhos de Zebedeu. Os ex-cegos tornaram-se discípulos de Jesus após seu ato de compaixão. Eis um modelo de discipulado compassivo. Para responder: 1. O que falta nos modelos de discipulados praticados atualmente? 2. Analise e discuta a frase “Compaixão significa imersão total na condição de vida do ser humano”. Como ensinar este princípio aos outros? 3. Como ser líder, sem perder a noção de compaixão? 4. Procure exemplos positivos e negativos de lideranças cristãs contemporâneas. 5. Que tipo de líder sua comunidade precisa? O Milagre da Desobediência Para ler: Marcos 1.40-45 Para refletir: Os dois foram “desobedientes”. Jesus não obedeceu a lei que proibia qualquer pessoa de se aproximar de um leproso (Lv. 13.46). O leproso, por sua vez, não obedeceu a ordem de Jesus para não contar aos outros quem o havia curado (v. 44). Mas por trás de uma lei, havia uma dor. E na frente da dor, havia um ato de compaixão. Jesus estendeu a mão ao leproso que clamara pela cura. “Cheio de compaixão”, Jesus o tocou e o curou. A compaixão não é uma emoção superficial. Jesus foi atingido no mais íntimo do seu ser diante da situação lamentável do leproso e desejou profundamente que aquele homem, ignorado pela sociedade e solitário, fosse purificado. A compaixão é um ministério que requer toque, aproximação, relacionamento. Após curá-lo, Jesus ordenou ao ex-leproso que não contasse a ninguém e que cumprisse os sacrifícios de purificação, porque desejava que o homem fosse reintegrado totalmente à sociedade. Naquele momento, a alegria do ex-leproso era tanta que ele não se conteve. Queria olhar para as pessoas e afirmar com um grande sorriso no rosto: “Jesus me curou!”. E foi o que ele fez. Para responder: 1. Quais são os “leprosos sociais” dos tempos atuais? Como temos agido para com eles? 2. Procure e cite outras passagens bíblicas que mostram a compaixão envolvendo o toque. O que essas histórias nos ensinam? 3. Que “leis e regras” você precisa “quebrar” para exercer a compaixão ensinada por Jesus? 4. A preocupação de Jesus em reinserir o ex-leproso à sociedade mostra que a verdadeira compaixão é integral e completa. Quais os erros mais comuns que os cristãos têm cometido na prática da compaixão? 5. O leproso começou a falar de Jesus porque, antes, ele fora atingido por seu ato de compaixão. O que isto nos ensina sobre a natureza da evangelização? A Compaixão, a Fé e a Oração Para ler Marcos 9.14-29 Para refletir Aquele pai era um desgraçado: leva consigo o sofrimento de um filho infeliz e perturbado; e o desespero causado pela falta de fé em Deus. Os discípulos foram incompetentes em ajudá-lo. Jesus, então, foi chamado. Ao ver a situação, o Mestre ficou impaciente com o fracasso dos discípulos. Jesus se deparou com um homem que achava que não tinha fé, porque não havia conseguido ajudar seu filho a se libertar do mal. Mas de quem realmente era a culpa? Seria de uma única pessoa? Para Jesus não era o pai o culpado; era toda a geração que não tinha fé. O pai conta sua história para Jesus e, no final, clama: “Mas se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos”. O poder de Jesus era maior do que aquele homem imaginava. E diante da resposta do Mestre (“tudo é possível àquele que crê”), finalmente o pai se rende ao poder de Jesus (v.24). Mesmo sem fé, o homem orou/clamou a Jesus por compaixão. Mesmo com fé, os discípulos não praticaram o elemento essencial de quem tem compaixão: a oração. Jesus respondeu à oração do pai desesperado: curou seu filho, expulsando o demônio que o aprisionava e recobrou-lhe a fé em Deus. A compaixão por si mesma não é suficiente. Ela precisa vir acompanhada de fé, oração e relacionamento com Deus. Para responder 1. Qual a razão do fracasso dos discípulos? 2. Por que Jesus ficou tão impaciente com o fracasso deles? 3. Qual o papel da fé e da oração na prática da compaixão? 4. A compaixão, às vezes, exige um confronto espiritual. Você tem alguma experiência deste tipo para contar? 5. Como devemos lidar com as pessoas que não têm fé em Deus (ateus, céticos, indiferentes, etc)? Os relatos da multiplicação de pães Para ler: Marcos 6.30-44; Mateus 14.13-21. Para refletir: Jesus e seus discípulos eram pessoas ocupadíssimas. Trabalham muito e precisavam de um descanso. Depois de um dia de muito trabalho, eles foram para o deserto a fim de relaxarem. Tudo aquilo era muito justo. O descanso é bíblico (Gn 2.2-3) e todos eles o mereciam. Mas nenhum ministério, por mais importante que seja, de qualquer natureza que seja, pode extinguir a chama da sensibilidade para com o outro. Esta sensibilidade significa sentir o sofrimento do outro e, às vezes, modificar nossa agenda de trabalho por causa disso. Ter essa sensibilidade é ter compaixão. Jesus queria descansar, mas olhou para a realidade e viu uma multidão faminta, “como ovelhas sem pastor”. A compaixão fez com que Jesus reordenasse as suas prioridades. Nesse caso, o foco imediato da compaixão de Jesus era a multidão. A compaixão inclui o ministério social e também o pastoral, o ministério para grandes grupos de pessoas, bem como para indivíduos. Cansados, os discípulos pediram a Jesus para dispensar a multidão. Eles achavam que já haviam feito o seu trabalho naquele dia. Foram burocráticos e, por isso, não se sentiram responsáveis em mudar a realidade que estava em frente de seus olhos. Por isso, a ordem do Mestre foi: “dêem-lhes vocês algo para comer (Mt 14.16). Jesus mostra a responsabilidade dos discípulos para com o povo. Se eles estavam famintos e cansados, o povo estava ainda mais. O milagre da multiplicação de comida aconteceu. Mas este acontecimento sobrenatural foi iniciado por um gesto compassivo que todo ser humano poder praticar, não é exclusividade divina. O milagre tampouco transferiu dos discípulos a obrigação de encarar a realidade nua e crua do mundo. Para responder: 1. Leia todas as versões do milagre da multiplicação dos pães e compare as diferenças e semelhanças (Mt 14.13-21; 15.29-39; Mc 6.30-44; 8.1-10; Lc 9.10-17; Jo 6.1-15): 2. O que podemos aprender com esse milagre sobre o caráter do nosso ministério? 3. É possível existir um ministério sem compaixão? Justifique. 4. A compaixão que Jesus sentiu o provocou a olhar para a realidade. O que conhecemos da realidade que nos rodeia? (recorte notícias de jornais e revistas e leia com o grupo). 5. Jesus, tanto “ensinou a multidão”, quanto curou quem precisava de cura (Lc 9.11) e saciou a fome física (Lc. 7.16). O que falta na nossa prática da compaixão para que ela seja mais completa e integral? O Deus Compassivo Para ler: Lucas 7:11-17 Para refletir: Através de sua compaixão, Jesus materializou a esperança daquelas pessoas. Ao se deparar com o sofrimento, ele não deu meia volta e muito menos desviou do cortejo fúnebre para continuar sua caminhada. Jesus parou, olhou, sentiu a dor da viúva. E, mesmo sem qualquer pedido de cura, o Senhor ressuscitou o garoto. As lágrimas daquela mulher falaram mais do que mil palavras. Esta passagem bíblica é única. Em nenhuma outra de Lucas-Atos, o evangelista utiliza o verbo “compadecer”. Essa passagem também é a primeira narrativa em que Lucas chama Jesus de “o Senhor”. Fica claro que existia desde o início da igreja, a tradição de que Jesus, o Senhor, também era compassivo. A compaixão, da maneira como foi utilizada aqui, não é simplesmente a atribuição de uma emoção forte e repleta de empatia demonstrada por Jesus. Ela traz consigo um significado teológico que descreve um aspecto de sua divindade. Compaixão, em outras palavras, é uma designação messiânica. O Profeta/Deus agiu. E enxugou as lágrimas mais dolorosas da viúva. Para responder: 1. Como a prática da compaixão pode fortalecer a esperança do povo de Deus? 2. Pesquise o significado teológico da palavra “Senhor”. Que relação o seu significado tem com a palavra “compaixão”. 3. Com esse milagre, Jesus restabeleceu uma família (já que o moço era filho único de uma viúva). Como essa história pode ajudar no aconselhamento de famílias? 4. Que lágrimas você tem derramado no dia-a-dia? Como Jesus pode enxugá-las?