Alexandre Borges, 11A nº1 3º Capitulo Entrou no pavilhão e subiu para o andar de cima, ainda a pensar no que raio tinha acontecido lá em baixo com as raparigas e, ainda, a contorcer o papel na mão. Quando estava dentro da sala de inglês, deparou-se com algo estranho. Toda a turma o olhava. - Olá Ed! – gritou a Catarina. - Bom Dia Edmund, entra. – Disse a professora. E todos continuavam a olhar para ele. Até a “stora” estava de olhar fixo nele. - Mas que raio se passa com esta gente toda?! Porque é que está toda a gente a olhar para mim? – Pensou Ed, a espumar de raiva, figurativamente. - E já agora, já que estás em pé, resolve este exercício. – Disse a professora ao entregar-lhe o manual para a mão. Ele chegou-se à frente, pegou no livro e leu o texto que lhe era dado. Após um minuto, olhou para o quadro e viu que o exercício era para completar as frases com as ideias principais do texto. Pegou na caneta e, quando ia começar a escrever, decidiu mudar de táctica. Largou a caneta, pegou no apagador e apagou todo o exercício. E, antes que a “stora” pudesse dizer fosse o que fosse, ele disse: - Problema resolvido, “stora”. - Edmundo, para hoje sim?! Já não basta teres chegado atrasado à aula? – Resmungou a “stora”. Ed acordou do sonho que tinha tido, ali mesmo, em pé, de frente para o quadro e com o livro e a caneta na mão. Olhou para o livro e pensou: eu já fiz isto em casa, que seca, e começou a fazer. Respirou fundo, quando acabou, tapou a caneta e virou-se para encarar a turma. Ainda tinha a mala nas costas e quando se virou, toda a gente ainda mantinha os olhos postos nele. - Ora, deixa ver. – Murmurou a “stora”. – Está correcto! Safaste-te desta, Edmundo. Senta-te. Ele, ainda mais carrancudo, sentou-se. O lugar dele situava-se no canto extremo esquerdo ao lado da Natasha, a sua melhor amiga. Mal se sentou, atirou a mala para cima da mesa, e, sem se conseguir conter, desabafou. - Mas que porcaria de dia! Só me faltava esta, agora, depois de ter passado por toda a escola e terem olhado para mim e começado a rir! Mas porque é que toda a gente olha para mim hoje? Está tudo maluco ou sou eu?! – Suspirou e tentou acalmar-se. - Pois Ed… pelos vistos ainda não reparaste que tens a parte de cima do pijama vestida por baixo do casaco. – Respondeu Natasha um pouco a medo. E, apesar de tudo, conseguiu manter a sua voz suave e calma como sempre. Não dera a entender que tinha achado a mínima piada à situação. Edmundo olhou para baixo e viu o seu pijama. O seu estúpido pijama que a avó lhe tinha dado no natal, aquele com a estúpida da rena com o chapéu de pai natal. Respirou fundo e apertou o casaco até cima. - Uma coisa de cada vez... – repetiu para si mesmo começando a tirar as coisas da mochila. Ao seu lado a sua melhor amiga sorria, aquele sorriso típico de melhor amiga. - Tem calma Ed, acontece aos melhores. – Disse-lhe. - Pois, espero que sim. – Respondeu Ed. - Passa-se algo, não é? – Perguntou ela, com cuidado. Ed suspirou e sorriu para Natasha, enquanto a professora continuava como voz de fundo a rever a matéria para o teste. - Podemos falar depois? Não quero que percas a revisão para o teste. – Respondeu após uns segundos. -Sim, claro. É sério? Ele limitou-se a acenar com a cabeça. - Ok, não te preocupes. – Respondeu ela. A aula continuou e aqueles 90 min. parecerem infindáveis. O que, por um lado, até era bom, visto que a seguir tinha o teste de matemática. Mal a aula acabou, Ed saiu disparado da sala com vontade nula de falar com alguém. Desceu as escadas do pavilhão e ao sair deu de cara com o grupinho de raparigas que tinha visto à entrada da escola. A de olhos azuis e cabelo moreno voltou os olhos para Ed e, por uns segundos, pareceu desapontada. Logo se seguida, quase que instantaneamente, desviou o olhar e meteu-se no meio das outras raparigas. Algumas ainda levantaram a cabeça e puseram os olhos fixos nele e outras ainda soltaram pequenas gargalhadas. Ed estava a chegar ao seu extremo e, pensando para o bem da comunidade, decidiu ir directamente para a sala onde ia ter o teste. -O dia não pode ficar pior que isto, mas é que não pode mesmo! Pensou. Chegando à porta da sala, Ed reparou que ainda ninguém da sua turma lá estava. Olhou para dentro da sala e viu que a “stora” de matemática já lá estava. Bateu à porta e perguntou se podia entrar. A “stora” olhou por cima dos seus óculos, quadrados, e acenou afirmativamente. Ed sentou-se o mais longe possível e retirou a folha de teste, a caneta, esquadro, régua, máquina calculadora, compasso, lápis e borracha. Deixou-se afundar na cadeira, respirou fundo e meteu as mãos nos bolsos. Surpreendeu-se ao sentir, ainda, o papel no bolso. Aquele papel, aquela carta. Agarrou-a como se fosse a única âncora existente naquele mundo. - Tenho que fazer tudo com calma, e uma coisa de cada vez. Uma coisa de cada vez. – Pensou Ed. Tocou e toda a turma entrou na sala ao molho. - Sentem-se e calem-se que vou entregar os testes. A partir deste momento têm 90 minutos para fazer a prova e no final desse tempo vou recolher tudo. Boa sorte. – Disse a “stora” com a sua voz autoritária. Edmundo suspirou, endireitou-se na cadeira e pensou: - Agora o teste, depois o resto. E sempre uma coisa de cada vez. Fim do terceiro capítulo.