ANAIS DO III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007 ‘QUALQUER’ E ‘ANY’: UMA ANÁLISE COMPARATIVA SEGUNDO VISÃO LEXICOGRÁFICA Ednei Nunes de OLIVEIRA (UEMS) Neste artigo, propomo-nos a uma análise de como os vocábulos ‘qualquer’ e ‘any’ são trabalhos e apresentados ao usuário por seis dicionários. Consideramos o significado que eles dão desses termos, as citações de sinônimos e se os exemplos sentenciais são representativos do uso. A reflexão sobre ‘qualquer’ é feita a partir dos dicionários monolíngües de Língua Portuguesa Aurélio: Novo dicionário da Língua Portuguesa e Michaelis: Moderno dicionário da Língua Portuguesa. Quanto ao vocábulo ‘any’, sua análise é feita a partir dos dicionários monolíngües de inglês Merriam Webster e Cambridge e dos dicionários bilíngües Oxford Escolar: para estudantes brasileiros de inglês e Inglês/Português Português/Inglês de Amadeus Marques e David Draper. Demonstramos, ainda, que a manipulação de um corpus lingüístico pode trazer informações ao usuário que não estão presentes em muitos dicionários. A análise foi pautada em fundamentos de alguns autores que desenvolveram pesquisas sobre a quantificação nas línguas naturais, entre eles Pires de Oliveira e Guimarães, e em princípios da lexicografia trabalhados por Biber, Krishnamurthy e Summers. Além de utilizar a intuição de falante nativo, utilizamos sentenças retiradas do banco de dados eletrônico do Português falado do VARSUL (Variação Lingüística Urbana no Sul do País) e escrito da Folha de São Paulo para compará-los com os dados apresentados pelos dicionários monolíngües em português. Contudo propusemo-nos apenas a uma descrição pré-teórica, tentando esclarecer as intuições do falante de Língua Portuguesa na utilização de tais quantificadores na língua materna e seu equivalente em inglês. INTRODUÇÃO A produção de um bom texto, coeso e coerente, não é a atividade mais fácil de realizar em qualquer língua materna, imagine, então, como não o é numa língua estrangeira. Quando um estudante de língua estrangeira quer utilizar um termo dessa língua adequadamente, seu primeiro impulso é recorrer a um bom dicionário bilíngüe. Contudo, antes que ele procure o significado e a função desse vocábulo na outra língua, é necessário que tenha bem claro algumas informações sobre essa palavra na própria língua para que facilite o entendimento da palavra na segunda língua. Da mesma forma que ele recorreria a um bom dicionário bilíngüe, o recomendável é que ele faça o mesmo em um dicionário monolíngüe, tanto de língua materna bem como da língua estrangeira em questão. Os dicionários são, comumente, classificados como monolíngües, bilíngües e de aprendizes. Segundo Krishnamurthy (1996), os dicionários monolíngües, geralmente, pressupõem algum conhecimento prévio do usuário. Com isso, normalmente, são mais indicados a falantes nativos ou aprendizes que estão em nível mais avançado do estudo dessa língua. Esse tipo de dicionário, freqüentemente, traz definições genéricas no tratamento das descrições. Isto dificulta o aprendiz a resolver problemas mais específicos de interpretação de alguns termos. Em relação aos dicionários bilíngües, o problema mais comum a todos eles é em relação ao espaço que dedicam às duas línguas tratadas, principalmente, se comparado ao espaço dedicado pelos dicionários monolíngües. Todavia, o problema da falta de espaço pode ser minimizado com o crescente avanço da tecnologia e a produção dos mesmos através da mídia digital. Uma outra tendência desse tipo de dicionário é em relação ao predomínio de ANAIS DO III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007 uma língua (L1) em relação à outra (L2). Quanto aos dicionários de aprendizes, eles ganharam o status de inovadores por serem considerados como produtos da habilidade de lexicógrafos altamente especializados. Na última década, alguns desses tipos de dicionários foram publicados e reeditados dizendo ser baseado em corpus. Contudo, atualmente, muitas das publicações de dicionários monolíngües e bilíngües também passaram a ser feitas sob essas mesmas alegações. Ainda que alguns dos dicionários sejam construídos a partir de consultas em corpus, o espaço que dedicam aos exemplos é sempre pequeno e a escolha dos exemplos depende sempre do julgamento e do interesse de cada um dos lexicógrafos. 1. A LINGÜÍSTICA DE CORPUS Segundo Leech (1997), o termo corpus passou a ser utilizado por lingüistas para designar um banco de dados autênticos de idioma que pode ser usado como uma base para pesquisa lingüística. Este corpo de dados consistia de amostras de textos escritos e discursos falados. Freqüentemente, é projetado para representar um idioma particular ou sua variedade. Nos últimos quarenta anos, o termo corpus foi muito aplicado a um volume de material de idioma que existe em forma eletrônica e que, por sua vez, pode ser processado através de computador para vários propósitos como pesquisa lingüística e idiomática. Como o poder e a capacidade dos computadores aumentaram, o corpus também aumentou dramaticamente em tamanho, variedade e facilidade de acesso. Ao mesmo tempo, uma gama crescente de softwares foi desenvolvida para processar e acessar a informação que o corpus contém. Um corpus computadorizado está se tornando um recurso universal para pesquisa de idioma numa escala inimaginável há quatro décadas. O ano de 1961 é considerado a data que marca o início das experiências em lingüística de corpus. Isso porque, nesta data, deu-se início o trabalho de criação do primeiro corpus eletrônico, que ficou conhecido como Corpus Brown (da Universidade Brown, Providence, RI onde o corpus foi compilado). O corpus consistia em um milhão de palavras, era composto de 500 amostras de texto, com cerca de 2.000 palavras cada. O Corpus Brown parece pequeno hoje em dia se comparado aos produtos de corpus do início do século XXI. De acordo com Leech (1997), o Corpus Nacional Britânico (BNC) completou 100 milhões de palavras em 1994, contendo 10 milhões de palavras de fala transcrita. O Bank of English é até maior com mais de 300 milhões de palavras. Porém, o valor de um corpus não pode ser medido levandose em conta apenas o seu tamanho. Também devem ser considerados fatores como a diversidade do corpus (a variedade de registros ou textos), o cuidado com que ele foi compilado (com respeito à codificação fiel de características ortográficas de um texto) e, por fim, em relação à anotação desse corpus, enriquecendo o mesmo como uma fonte de informação lingüística para desenvolvimento e futura pesquisa. Há pouco mais de uma década, estão sendo lançados no mercado diversos tipos de softwares com as mais diferentes funções. Existem tradutores com base em tecnologia de tradução mecânica que, embora ainda não consigam traduzir cem por cento dos textos que são solicitados, facilitam muito a vida de diversos usuários. Alguns dos tradutores mais simples utilizam um conjunto abrangente de normas lingüísticas e uma forma de inteligência artificial, capaz de analisar, traduzir o texto e produzir versões preliminares de tradução. Muitos deles contêm ferramentas de referência poderosas para a pesquisa de palavras e de flexões. Contudo, a tradução automática ainda é ininteligível para quem não tem uma relativa familiaridade com a língua para qual se deseja traduzir. Todavia, isso não invalida tal ação, ANAIS DO III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007 uma vez que os avanços tecnológicos e as pesquisas lingüísticas na área estão aumentando anualmente, semestralmente e até mesmo mensalmente, o percentual de sucesso na tradução. 2. A UTILIZAÇÃO DO CORPUS NA PESQUISA LEXICAL Segundo Biber, quase todas as línguas têm muitas palavras que são consideradas sinônimas e os dicionários e enciclopédias caracterizam freqüentemente tais palavras como se tivessem um único significando. Todavia essa equivalência é muitas vezes enganosa, porque palavras consideradas sinônimas podem ser utilizadas com funções e sentidos muito diversificados. Tradicionalmente, algumas citações de exemplos de ocorrência de palavras sinônimas eram feitas pautadas na intuição das equipes de lexicógrafos. Com isso, muitas vezes, acabavam produzindo exemplos de sentenças que não atendiam aos seus propósitos. A busca dos significados das palavras e sua diversidade nas formas de ocorrência é o que norteia o trabalho do lexicógrafo e constitui-se a base de seu trabalho. Por isso Biber recomenda análises lexicográficas baseadas em corpus para descobrir tais diferenças sistemáticas nos padrões de uso das mesmas. Uma das vantagens da pesquisa baseada em corpus é que ele pode ser usado para mostrar todos os contextos nos quais uma palavra acontece. Destes contextos, é possível identificar os diferentes significados associados a uma palavra, permitindo a visualização e escolha de exemplos adequados de uma exaustiva lista de sentenças com diversas ocorrências e contextos. Muitos softwares que facilitam a investigação de assuntos lexicográficos estão disponíveis no mercado há alguns anos. Todos eles podem exibir ocorrências de uma determinada palavra com seu contexto. Essas exibições são conhecidas como “concordância” e, em uma exibição, cada ocorrência é apresentada em uma única linha, com a palavra no meio e contexto de cada lado. Estas exibições são chamadas de KWIC - Palavra Chave em Contexto. Em alguns casos, é recomendável ver mais que uma única linha do contexto porque, geralmente, uma concordância também pode exibir várias linhas. Segundo Krishnamurthy (1996), a pesquisa baseada em corpus também pode ser realizada por qualquer usuário que esteja interessado na realização de um trabalho aprofundado sobre o significado e utilizações de uma palavra sem a ajuda de um dicionário. Contudo, como as atividades lingüísticas utilizando o computador e, portanto, um corpus não são muito comuns, é de se esperar que, nessa prática, vários aprendizes tenham dificuldade para lidar com todo tipo de ocorrências dos termos que estejam pesquisando. Todavia, superadas as dificuldades de operacionalização de um bom concordanceador, o aprendiz poderá filtrar e selecionar as ocorrências que são mais freqüentes, evitando problemas comuns na maioria dos dicionários como falta de espaço dedicado às colocações de sinônimos e exemplos de uso da língua. Esse é o problema típico que dificulta que um aprendiz possa ter ao seu alcance um grande número de possibilidades de uso da língua. A utilização de um corpus deve ir além da confirmação da intuição lingüística do falante nativo ou do aprendiz. Deve-se buscar novos significados e formas de utilização de palavras já que a intuição de falante pode ser construída não apenas através do uso mas também do processo de investigação metalingüístico. Embora o acesso à maioria dos bancos de dados lingüísticos nem sempre seja possível sem o devido pagamento, alguns corpora podem ser adquiridos ou mesmo consultados gratuitamente através de serviços que são disponibilizados na Internet. Esse tipo de prática pode ajudar tanto a falantes nativos como a aprendizes de uma língua estrangeira. A consulta em um corpus pode trazer muito mais informações do que os melhores dicionários. É claro que o melhor aproveitamento dos dados de um corpus dependerá sempre da familiaridade e do domínio que um usuário possa ter com ANAIS DO III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007 um concordanceador. Contudo, é de se esperar que nem todos os aprendizes tenham habilidade para lidar com todo tipo de ocorrências dos termos que estejam pesquisando. 3. DEFINIÇÕES DE ‘QUALQUER’ POR DICIONÁRIOS MONOLÍNGÜES DE PORTUGUÊS Os dois dicionários monolíngües de Língua Portuguesa que foram analisados são: Aurélio e Michaelis. O primeiro é considerado um dos melhores dicionários de língua Portuguesa produzidos por brasileiros. O segundo é muito conhecido no Brasil em virtude das edições de dicionários bilíngües do Português para várias outras línguas e vice-versa. À primeira vista, comparando-se o volume de informações que ambos dão sobre ‘qualquer’, percebe-se que Michaelis traz mais dados do que Aurélio. A quantidade de exemplos sentenciais de utilização de ‘qualquer’ trazida por Michaelis é 75% maior. São citados doze exemplos por ele contra quatro pelo Aurélio. Observa-se que, na definição de ‘qualquer’, tanto Aurélio bem como Michaelis o definem de forma bastante parecida, quase que com a mesma palavra, Designa... x Designativo de... Um traço distintivo entre ambos é em relação à classificação morfológica de ‘qualquer’. Aurélio o classifica como pronome enquanto que Michaelis o classifica como adjetivo e como pronome indefinido. É possível que esta dupla classificação de ‘qualquer’ seja uma herança que Michaelis tenha carregado da experiência na produção de dicionários em inglês. ‘Any’, por exemplo, é classificado como pronome, como adjetivo e chega a ser classificado com a função de advérbio, como veremos nas seções que se seguem. Todavia, a classificação de ‘qualquer’ como pronome indefinido só acontece do final da entrada, no subitem 4 e sem destaque, e poderia passar desapercebido por um usuário desatento. Outro traço que distingue os dois dicionários é em relação a origem dos exemplos sentenciais utilizados por eles. Aurélio utiliza dois exemplos de origem desconhecida (provavelmente criados pela equipe de lexicógrafos) e cita duas sentenças de dois escritores famosos. Contudo a primeira destas citações é bastante longa para um dicionário (três versos de um poema), ocorrendo o vocábulo ‘qualquer’ apenas no final do terceiro verso. Seria mais produtivo (considerando o benefício que traria a um aprendiz) utilizar esse espaço para se dar mais exemplos de ocorrência da entrada do que um exemplo tão longo com apenas uma incidência do vocábulo em questão. Como já foi colocado, Michaelis apresenta um número bem maior de sinônimos e de exemplos de uso do termo. Todavia, assim como ocorre no Aurélio, a origem dos exemplos também não é mencionada. Feitas essas considerações iniciais sobre algumas características dos dois dicionários, passemos agora para a análise semântica de alguns dos sinônimos citados pelos dois. Vale questionar se ‘um, uma, algum, alguma, uns, umas, alguns, algumas’, citados como sinônimos por Michaelis, podem substituir o vocábulo ‘qualquer’ e o mesmo significado ser garantido. Vejamos: (1) a. Isso não é qualquer homem que faz. b. Isso não é um homem que faz. c. Isso não é algum homem que faz. (2) a. Como qualquer fruta. b. Como uma fruta. c. Como alguma fruta. (3) a. Amava mais sua casa que qualquer outro lugar. b. Amava mais sua casa que um outro lugar. ANAIS DO III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007 c. Amava mais sua casa que alguma outro lugar. (4) a. Atende-se a qualquer hora. b. Atende-se a uma hora. c. Atende-se a alguma hora. A simples substituição do vocábulo ‘qualquer’ por ‘um’ possibilita uma equivalência de significado entre as sentenças (1a) e (1b)? De (1a) podemos depreender que existe uma ação que não pode ser realizada por todo homem. Ou seja, há apenas uma quantidade muito pequena de homens que poderiam desenvolver a ação designada por ‘isso’. Contudo, não fica evidente essa quantidade. Pode ser apenas ‘um homem’ bem como ‘vários homens’ que tenham essa competência. Todavia, de (1b), entende-se que uma ação não pode ser desenvolvida por ‘um homem’. Ou seja, a referida ação pode ser desenvolvida por ‘uma mulher’, por ‘uma criança’, por ‘um animal’ ou por qualquer outra coisa que seja diferente de ‘homem’. O fato de ser ‘homem’ é impedimento de se realizar ‘isso’. Portanto, a simples substituição de ‘qualquer’ por ‘um’ não é suficiente para se ter o mesmo significado na sentença (1a). E em relação a (1c), o mesmo significado é garantido? Diríamos que (1c) está mais para (1b) do que para (1a). Ou seja, novamente abre-se a possibilidade de interpretação de que determinada ação não poderá ser desenvolvida por nenhum homem. Portanto, ‘algum’ pode até ser interpretado como ‘um’ nos referidos exemplos, mas jamais poderia ter como sinônimo o vocábulo ‘qualquer’. Agora vamos analisar o significado dos vocábulos ‘qualquer’, ‘uma’ e ‘alguma’ nas sentenças (2a), (2b) e (2c). Em (2a), entende-se que há um falante que afirma comer todo tipo de fruta. Ou seja, não há fruta que ele não possa ou não goste de comer. Já em (2b), entendese que o falante dessa frase tem a propriedade de comer um tipo de fruta. Contudo não dá pra se afirmar, com certeza, se ele é capaz de comer mais que um tipo de fruta ou qual o tipo de fruta que ele come. O vocábulo ‘uma’ acaba restringindo a interpretação para a noção quantitativa de elementos, já que se trata de uma sentença simples e com poucas informações contextuais. Comparando (2b) com (2c), conclui-se que as duas sentenças não possuem o mesmo significado. Como já foi dito, ‘qualquer’ se refere a todo tipo de fruta. O falante pegará aleatoriamente uma fruta e a comerá, não importando o tipo ou tamanho de fruta que haja e deva ser pegada para se comer. Ele comerá toda e qualquer fruta. Contudo essa não é a melhor interpretação para (2c).. É possível entender (implicitamente) que o falante come fruta mas não come qualquer uma. É até possível entender que ele come mais que um tipo de fruta, mas jamais se poderá afirmar que ele come todo e qualquer tipo de fruta. Fazendo-se uma análise superficial das sentenças (3a), (3b) e (3c) é até possível se afirmar que as três sentenças possuem o mesmo significado. Mas essa possibilide não é ocasionada apenas pela presença do vocábulo ‘qualquer’. Isso se deve ao fato de termos nas três sentenças o vocábulo ‘outro’. Portanto, pode-se afirmar que a sinonímia que ocorre aqui não é devida aos vocábulos ‘qualquer’, ‘um’ e ‘alguma’ isoladamente, mas numa relação causada pelas expressões ‘qualquer outro’, ‘um outro’ e ‘alguma outra’. Agora, terminando a análise desses termos que foram dados como sinônimos de ‘qualquer’, temos os vocábulos ‘uma’ na sentença (4b) e ‘alguma’ na sentença (4c). A sentença (4a) pode ser interpretada como havendo, em todo e qualquer horário que alguém desejar ser atendido, sempre um horário para atendimento à disposição. Embora não esteja explícito na sentença, a impressão que se tem é que não há nem mesmo a necessidade de se agendar um horário para atendimento. Em relação à sentença (4b), a substituição de ‘qualquer’ por ‘uma’ resulta num significado totalmente diverso de (4a). O vocábulo ‘uma’ é facilmente interpretada como sendo um numeral (quantificador) que indica qual o horário ANAIS DO III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007 exato que são feitos os atendimentos. É claro que faltaria a informação se seria a ‘uma hora’ da manhã ou da tarde. O significado da sentença (4c), por sua vez, é mais aproximado da interpretação da sentença (4a). Contudo, é possível um falante/ouvinte entender que há apenas um horário de atendimento, faltando apenas defini-lo. Então, a expressão ‘alguma hora’ não seria exatamente ‘qualquer hora’. Aqui, como já foi dito, não haveria a necessidade de se marcar horário previamente, mas com ‘alguma hora’ não há a extensão de significado de ‘todo e qualquer horário. Embora Aurélio (1986) só apresente ‘algum’ como sinônimo de ‘qualquer’, há outras edições que trazem um número maior de sinônimos. Entre eles ‘cada’ e ‘todo’ com suas flexões. Michaelis não se limita à indicação dos sinônimos analisados nas sentenças (1b) a (4b) e (1c) a (4c). Ele ainda cita, no subitem 2, ‘todo’ ‘toda’ e ‘cada’; e no subitem 3, ‘este ou aquele’, ‘esta ou aquela’, ‘um ou outro’, ‘uma ou outra’, ‘indiscriminado’. Façamos uma rápida comparação entre ‘qualquer’ e os sinônimos apresentados por Michaelis no subitem 3, mas utilizando apenas uma das sentenças de seus exemplos como variável. Temos então: (5) a. Qualquer paixão me diverte. b. Esta ou aquela paixão me diverte. c. Uma ou outra paixão me diverte. d. Indiscriminada paixão me diverte. É importante observar que todos os sinônimos tiveram de ser flexionados para concordar com o vocábulo ‘paixão’. Contudo isso não traz prejuízo ao nosso exercício de comparação. Embora a sentença ‘qualquer paixão me diverte’ seja uma expressão incorporada ao Português Brasileiro de certas regiões do país, assim como ‘matar dois coelhos numa cajadada só’, as substituições de ‘qualquer’ em (5b), (5c) e (5d) aproximam-se mais de uma relação sinonímica do que nos exemplos utilizados pelo autor e analisados nas sentenças de (1a) a (4c). Nas quatro variações da expressão, é possível se entender que não há um tipo nem quantidade de paixão específica que diverte o falante. Pode ser qualquer uma, como mais que uma. Em relação ao subitem 4 de Michaelis, temos a afirmação de que quando ‘qualquer’ está posposto ao substantivo ele poderá ser interpretado como tendo sentido pejorativo. Contudo, na sentença (6) É um homem qualquer, exemplo dado pelo autor, a interpretação de sentido pejorativo não depende apenas do fato de se colocar ‘qualquer’ após um substantivo e sim da substituição do vocábulo ‘qualquer’ por outro que carregue essa carga negativa ou pejorativa. Caso contrário, essa interpretação dependeria totalmente do contexto comunicativo que envolvesse o falante e o ouvinte. Após reflexões sobre os sinônimos e alguns exemplos de uso do quantificador ‘qualquer’, apresentados nos dois dicionários analisados, cabe questionar se todos eles são suficientes para que um aprendiz possa ter uma idéia geral das possibilidades mais freqüentes de ocorrência do vocábulo em contextos diversos. Na seqüência, também serão feitas análises comparativas sobre como dois dicionários monolíngües de inglês tratam o vocábulo ‘any’. 4. ANÁLISE DE ‘ANY’ EM DICIONÁRIOS MONOLÍNGÜES EM INGLÊS ANAIS DO III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007 Antes da comparação entre os dois dicionários, cabe dizer que não serão feitas as mesmas análises, no que diz respito à reflexão semântica, feita na seção anterior. Evitaremos a repetição de informações já apresentadas, mas utilizaremos alguns dados levantados e algumas afirmações feitas, sobre o vocábulo ‘qualquer’, para fazermos algumas comparações sobre o tratamento dado ao vocábulo ‘any’ pelos dois dicionários de Língua Inglesa. Procuraremos verificar questões de apresentação gráfica, divisão e distribuição espacial entre as duas línguas, privilégio dado a uma língua em oposição a outra e como cada um desses dicionários trata e apresenta o vocábulo ‘any’ especificamente. Os dicionários analisados foram o Merriam Webster para nativos e o Cambridge para aprendizes. A princípio, refletindo sobre o objetivo com que cada dicionário foi concebido, esperase que Merriam não traga muitas informações e exemplos pautados mais na intuição da equipe de lexicógrafos, por não ser concebido com base em corpus e destinar-se a falantes nativos, enquanto que de Cambridge espera-se um maior número de exemplos possíveis que possam auxiliar um aprendiz da Língua Inglesa. Visualmente, essa expectativa não é quebrada porque, comparando-se o volume de informações que ambos dão sobre ‘any’, o dicionário para aprendizes traz cerca de 80% a mais de dados sobre o vocábulo. Merriam exibe apenas uma entrada para ‘any’ enquanto que Cambridge apresenta três entradas para a mesma palavra. Em ambos, as entradas têm informações sobre pronúncia e no Cambridge ela aparece nas três entradas. Comparando-os com os dois dicionários monolíngües analisados anteriormente, observa-se que informações sobre pronúncia não foram dadas em nenhum deles. Acredita-se que isso deva ter ocorrido por eles não terem sido feitos para aprendizes do português, contudo, se isso fosse uma regra ou padrão a ser seguido, Merriam também não traria esse tipo de informação. A distribuição das informações sobre ‘any’ em três entradas, no Cambridge, foi feita para que em cada uma delas sejam apresentadas diferentes informações sobre os sinônimos, as classificações, os usos e as funções do vocábulo em diferentes situações. Em sua única entrada, Merriam omite a função de adjetivo que ‘any’ pode desempenhar e apenas o classifica como pronome e determinante (elemento que modifica outro elemento determinado e com ele forma um vocábulo). Essa classificação de ‘any’ como um determinante, certamente, deve ser em virtude do processo de formação de outras palavras com ‘any’, por exemplo, ‘any + more = anymore’, ‘any + one = anyone, etc. Cambridge classifica ‘any’, respectivamente em cada entrada, como exercendo as funções de adjetivo, pronome e advérbio. Em relação ao dicionários de português, a função de advérbio não foi indicada como uma função possível de ser desempenhada pelo vocábulo ‘qualquer’. Contudo observase que nas sentenças que Cambridge dá como exemplo, a função de advérbio é cumprida, em português, por construções que podem ser chamadas de locuções ou expressões como ‘para/por qualquer extensão’ e ‘em qualquer grau’. Dessa forma, também seria possível a função de advérbio em português com essas construções. Os exemplos sentenciais de uso de ‘any’ dados por Merriam são de apenas seis. Em metade deles ‘any’ poderia ser utilizado em interrogações e negações com o valor de ‘alguns’ ou ‘nenhum’ e, na outra metade, em afirmações com o valor de ‘qualquer’ ou ‘quaisquer’. Cambridge dá dezesseis exemplos sentenciais de uso de ‘any’ na primeira entrada, cinco exemplos na segunda e três na terceira. Essa citação decrescente de exemplos nas entradas pode levar um aprendiz a concluir intuitivamente que isso se deve ao fato de que, proporcionalmente, os usos de ‘any’ com as funções de adjetivo, pronome e advérbio também seriam decrescidos respectivamente. Merriam cita como sinônimos de ‘any’ apenas ‘some’ (em negativas e afirmativas) e Cambridge além de ‘some’ cita ‘every’, ‘all’ e ‘either’. Nele, ANAIS DO III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007 ‘any’ é apresentado com o sentido de ‘um ou outro’, ‘este/esta/isto ou outro’, ‘todo(a)’ (no sentido genérico), ‘alguns’, ‘nenhum’, ‘tudo’, ‘qualquer pessoa’, ‘qualquer coisa’, ‘qualquer parte’, ‘qualquer quantidade’, ‘qualquer número’, ‘em qualquer extensão’, ‘em qualquer grau’, entre outros. Enquanto que Merriam limita-se a dar definições sobre ‘any’ de forma objetiva e direta, Cambridge faz, em cada entrada, explicações sobre uso e função do vocábulo de forma detalhada como se fosse descrição transcrita de uma gramática ou enciclopédia. Ele chega a dar detalhes sobre a etimologia das pronúncias, dos usos, das significações e das funções que o vocábulo adquiriu no tempo e no espaço. Portanto é indiscutível que haja um detalhamento e tratamento mais apurado de ‘any’ e que a quantidade de dados apresentadas no Cambridge é bem superior ao Merriam. Todavia vale questionar se essa superioridade influencia no alcance dos objetivos a que cada um se propõe e se a existência dessa grande diferença é justamente em virtude desse objetivo pelo qual cada um foi concebido. Na seqüência, esse mesmo tipo de análise comparativa sobre como os dois dicionários monolíngües de inglês tratam o vocábulo ‘any’ será repetida com dois dicionários bilíngües (português-inglês e inglês-português). 1. ANÁLISE DE ‘ANY’ EM DICIONÁRIOS BILÍNGÜES Diferentemente dos quatro dicionários analisados anteriormente, estes dois são dicionários bilíngües de bolso. O Oxford é considerado por seus editores como um dos poucos a ter como base de análise o Corpus Nacional Britânico (BNC) e também, em sua introdução, como um dicionário bilíngüe que tem por objetivo auxiliar estudantes brasileiros de inglês. Já Marques & Draper não têm a preocupação de definir quais seriam, especificamente, o público alvo e os objetivos específicos de seu dicionário. As línguas trabalhadas por ambos são o Português e o Inglês. Os dois dicionários trazem informações sobre seu conteúdo, organização, noções de gramática e a forma como o usuário pode manuseá-los. Essas informações são trazidas pelo Oxford nas páginas iniciais, entre a parte final da Língua Portuguesa e a parte inicial da Língua Inglesa e em alguns apêndices. Já Marques & Draper trazem essas informações no início e no fim do dicionário. Oxford dedica 35 páginas a essa parte complementar enquanto que Marques & Draper dedicam apenas 18 páginas. Explicações detalhadas sobre a chave de pronúncia são dadas nas páginas iniciais de Marques & Draper enquanto que no Oxford ela deve ser observada em exemplos apresentados no rodapé das páginas que tratam do Inglês. Todavia não há detalhamento nem instruções de como o estudante deve proceder diante disso. Embora o aprendiz seja informado da existência desses simbolos fonéticos na contra-capa, terá que aprender a utilizar esses símbolos por conta própria através de testes. Oxford informa ao usuário, também na contra-capa, sobre a quantidade aproximada dos vocábulos, das expressões e das traduções que traz. Esses dados não são apresentados por Marques & Draper. Do total de 653 páginas dedicadas às entradas nas duas línguas, Oxford dedica 284 páginas para o português-inglês e 369 para o inglês-português. Isto corresponde a 43% para a primeira e 57% para a segunda. Considerando que é muito difícil se conseguir uma divisão igualitária entre duas línguas, esse dicionário consegue trabalhar as duas línguas com uma pequena diferença no espaço dedicado a ambas. Já Marques & Draper não demonstram esse mesmo equilíbrio de distribuição. De suas 535 páginas, dedica 387 ao inglês-português e 148 ao português-inglês, o que corresponde a 72% ao inglês e 28% ao português. Pode-se dizer que a divisão que Oxford faz entre as duas línguas favoreceria bem mais ao falante do português que estivesse interessado em estudar a Língua Inglesa do que a divisão feita por Marques & Draper. O número reduzido de entradas em português dificultaria um estudante iniciante de ANAIS DO III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007 inglês na tradução de textos do português para o inglês.Todavia, não se pode esperar que um estudante iniciante, de qualquer língua, possa fazer uma excelente tradução de um texto com algumas páginas mesmo que utilize o melhor dicionário. Na realização desta tarefa o uso da linguagem deve ser considerado dentro de um sistema que depende de contextos situacionais e contextos culturais. Além disso a tradução não deve estar apoiada apenas no reconhecimento de padrões lexicais mas também em estudos com base na Análise do Discurso e na Teoria Sistêmico-Funcional. Marques & Draper utilizam negrito nas variações que ocorrem com um determinado vocábulo dentro de cada entrada e o símbolo (•) sempre que dão um exemplo de uso de um vocábulo em uma sentença ou expressão. Oxford, além da utilização do negrito com a mesma função que o dicionário anterior, também utiliza a côr azul para destacar as entradas principais e algumas palavras variantes. As notas são apresentadas em preto com fundo azul. Também utiliza, além dos marcadores de parágrafos dentro das entradas, os símbolos (♥), (∗) e (◊). Contudo, tanto em Marques & Draper como em Oxford não há nenhuma orientação sobre a função de tais símbolos dentro do dicionário. Isto deverá ser aprendido pelo uso e observação do estudante. Ambos dão, após a citação da palavra principal em cada entrada, a sua transcrição fonética seguida de sua classificação morfosintática. Na seqüência, passam a citar sinônimos em português e exemplos representativos da língua. Marques & Draper incluem na entrada de ‘any’ os vocábulos ‘anybody’, ‘anyhow’, ‘anyone’, ‘anything’, ‘anyway’ e ‘anywhere’. Os sinônimos que estes vocábulos trazem incluem a palavra ‘qualquer’ mas, na verdade, considerando as construções formadas com ‘qualquer’, o que acaba acontecendo é a formação de locuções. Estas não chegaram a ser consideradas pelos quatro dicionários monolíngües analisados anteriormente. Colocou-se, há pouco, que Merriam classifica ‘any’ como determinante por formar essas variantes. Oxford não inclui ‘anybody’, ‘anyhow’, ‘anyone’, ‘anything’ e ‘anyway’ na entrada de ‘any’. Ele cria uma entrada específica para cada um desses vocábulos, dando a cada um o mesmo tratamento que dá a ‘any’ colocando-os no mesmo grau. Poder-se-ia dizer que aqui Oxford considerou as construções ‘qualquer pessoa’, ‘qualquer um’, ‘qualquer coisa’, ‘qualquer forma’ como locuções e não como simples pronomes ou adjetivos. A mesma consideração é feita por ele quando abre entradas próprias para ‘anymore’, ‘anyplace’ e ‘anywhere’. Contudo não é possível dizer que, por não ter criado uma entrada específica para cada uma dessas construções, Marques & Draper não tenham feito a mesma consideração que Oxford. Quanto à classificação morfossintática de ‘any’, tanto Oxford como Marques & Draper o classificam como adjetivo e pronome. Oxford separa as duas classificações por uma vírgula e Marques & Draper coloca entre ambas o conectivo ‘e’. A princípio, estas formas diferentes de colocação não causariam problemas de entendimento a um aprendiz por se tratar apenas de uma opção estilística, pois isto ocorre com outros vocábulos que recebem duas classificações morfossintáticas. Após a classificação morfossintática, Marques & Draper dão os sinônimos de ‘any’, sendo que ‘qualquer’ e seu gênero plural aparece como a terceira opção de uso em inglês, antecedido por ‘algum’ e ‘nenhum’ e suas variações de gênero e número. Oxford dá a mensagem Ver nota em SOME. Esta nota é uma explicação comparativa sobre a utilização de ‘any’ e ‘some’. Na introdução deste dicionário é comunicada a inclusão dessas notas gramaticais e, embora pareça um excesso de informação para estudantes desavisados, esse tipo de nota pode auxiliar o aprendiz que esteja interessado em informações detalhadas sobre vocábulos que tenham formas ou funções parecidas. Na própria entrada de ‘any’, há uma outra nota que compara o uso de ‘any’ e ‘some’ em orações condicionais. ANAIS DO III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007 Marques & Draper dão alguns sinônimos de ‘any’ que podem ser utilizados em diferentes tipos de sentenças, distinguindo em orações afirmativas e negativas. Oxford dá informações sobre sua utilização fazendo distinção em construções interrogativas, afirmativas, negativas e condicionais. E estas informações estão mais claras e detalhadas aqui. Marques & Draper dão em torno de 25% das informações e exemplos dados por Oxford. Ele dá apenas duas sentenças como exemplos de uso de ‘any’, enquanto que Oxford cita quinze sentenças como exemplo de uso. A mesma superioridade na quantidade dos exemplos e riqueza no detalhamento demonstrado na comparação entre os dois dicionários monolíngües de inglês, analisados anteriormente, é repetida aqui. E, justamente, foram superiores nisso, em ambas as análises, os dois dicionários, Oxford e Cambridge, que são destinados a aprendizes. Um traço de semelhança entre ‘any’ e ‘qualquer’ é em relação à regra de uso dada por algumas gramáticas. Os dois pronomes não podem ser utilizados em sentenças afirmativas, interrogativas e negativas aleatoriamente. Na língua inglesa há regras que determinam as situações em que cada um dos vocábulos pode ser utilizado. We use ‘some’ and ‘any’, not a/am, with uncountable and plural nouns. They mean ‘a limited number or quantity’. We use ‘some’ in affirmative (+) sentences. We use ‘any’ in negative (-) sentences, and in most questions. Gramar, p.162 Regras distintivas de significado e utilização de ‘qualquer’, ‘nenhum(a)’ e ‘algum(a)’ não são feitas pelos dicionários monolíngües analisados. Até mesmo em definições dadas em gramáticas de língua portuguesa, como por exemplo: pronomes indefinidos são pronomes que se referem à 3ª pessoa gramatical (pessoa de quem se fala), quando considerado de modo vago e indeterminado. Ex.: Acredita em tudo que lhe dizem certas pessoas. Amaral et al, p.119. Observa-se que não é feita a distinção entre uso em sentenças afirmativas, negativas e interrogativas. Um estudante de português como segunda língua poderia encontrar dificuldades para escolher entre ‘qualquer’, ‘algum(a)’ e ‘nenhum(a) em sentenças afirmativas e negativas como: (7) Qualquer dia eu apareço em sua casa. (afirmativa (+)) (8) Algum dia eu apareço em sua casa. (afirmativa (+)) (9) ? Nenhum dia eu apareço em sua casa. (negativa (-)) É possível afirmar que as sentenças 7 e 8 possuem o mesmo sentido. Contudo não poderíamos afirmar com a mesma certeza se a sentença 9 seria pronunciada ou escrita por um falante nativo do português. Sem regras que distingam a utilização desses pronomes torna-se difícil para um aprendiz do português fazer a escolha adequada entre os mesmos. Essa mesma dificuldade seria encontrada em sentenças interrogativas como: (10) Você tem algum dinheiro? (11) ? Você tem nenhum dinheiro? (12) Você tem qualquer dinheiro? A intuição de falante nos permite afirmar que apenas a sentença 11 soaria estranhamente aos ouvidos de um falante nativo. A sentença 10 seria a mais aceitável das três quando o interesse de quem faz a pergunta é saber se o ouvinte possui recursos financeiros, independente do montante ou do lugar onde ele possa estar. Embora as sentenças 10 e 12 possam parecer sinônimas, é possível atribuir significados diferentes entre ambas. Enquanto que a primeira poderia pedir informações sobre a posse de um valor indeterminado a segunda poderia pedir informações sobre a posse de diferentes tipos de moeda corrente de países distintos. ANAIS DO III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007 Na seção seguinte, será feita uma análise baseada num corpus do vocábulo ‘qualquer’ para demonstrar como esse tipo de análise pode ajudar na pesquisa lexical. 6. UMA ANÁLISE DE ‘QUALQUER’ BASEADA EM CORPUS Nesta seção, apresentaremos dados sobre os usos mais freqüentes do vocábulo ‘qualquer’ e breves comentários sobre essas ocorrências. O objetivo dessa pesquisa é exemplificar de maneira simples como a manipulação de um corpus pode trazer diversas informações não previstas em alguns dicionários. As pesquisas foram realizadas em um banco de dados da Folha de São Paulo que é formado por um arquivo de texto (.txt) que totaliza 33.422.474 palavras. O programa que foi utilizado na criação das concordâncias para a análise foi o WordSmith (software de manipulação de banco de dados lingüístico com valor comercial). Todavia se um usuário não tiver acesso ao WordSmith em virtude do custo (e da versão demo ser muito limitada não possibilitando o processamento adequado de um corpus) pode utilizar outros softwares que são gratuitos, embora alguns deles não tenham a possibilidade de processar, por completo, um corpus do tamanho do analisado neste trabalho. Diante do exposto, apresentamos os seguintes dados: Tabela 1. Corpus, consultas e ocorrências. Corpus Palavras consultadas Folha de São Paulo 33.422.474 Varsul 1.879.046 Total 35.301.520 Fonte: Corpus Varsul e Folha Ocorrências 12.161 628 12.789 Da análise, depreende-se que a ocorrência de ‘qualquer’ tanto no corpus escrito como no corpus oral é idêntica, 0,03%. Esse equilíbrio da ocorrência de ‘qualquer’ em textos orais e escritos revela a necessidade de atenção de um aprendiz de língua estrangeira sobre suas possibilidades de uso. Depois de termos criado a “concordância” de ‘qualquer’ nos dois corpus e verificado sua freqüência, passamos a observar que palavras ocorrem com maior freqüência junto com ‘qualquer’. Os dados levantados são os seguintes: Tabela 2. Ocorrências e freqüência de ‘qualquer + outra palavra’. Corpus Folha Ocorrência Freqüênci a Qualquer outro(a) 690 Qualquer forma 509 Qualquer um(a) 494 Qualquer tipo 405 Qualquer coisa 365 Qualquer pessoa 277 Qualquer problema 97 Fonte: Corpus Varsul e Folha Corpus Varsul Ocorrência Qualquer coisa Qualquer um(a) Qualquer lugar Qualquer pessoa Qualquer outro(a) Qualquer jeito Qualquer hora Freqüênci a 142 66 41 26 20 17 11 Tabela 3. Ocorrências e freqüência de ‘outra palavra + qualquer + outra palavra’. Corpus Folha Ocorrência Corpus Varsul Freqüênci Ocorrência a Freqüênci a ANAIS DO III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007 De qualquer forma 358 A qualquer momento 222 Em qualquer lugar 154 De qualquer modo 152 De qualquer maneira 149 Em qualquer outro(a) 93 A qualquer preço 92 De qualquer outro(a) 86 Como qualquer outro(a) 77 A qualquer hora 76 De qualquer jeito 68 Em qualquer parte 58 Fonte: Corpus Varsul e Folha Em qualquer lugar De qualquer jeito Ou qualquer coisa Por qualquer coisa De qualquer maneira A qualquer hora Como qualquer outra Pra qualquer coisa Como qualquer um 26 17 16 7 6 6 5 5 4 Tabela 4. Ocorrências e freqüência de ‘qualquer + duas palavras’ Corpus Folha Ocorrência Freqüênci a Qualquer tipo de 394 Qualquer que seja 112 Qualquer parte do 77 Qualquer pessoa que 74 Qualquer lugar do 74 Qualquer um que 71 Qualquer um do(s) 71 Qualquer coisa que 66 Qualquer tentativa de 55 Qualquer possibilidade de 52 Qualquer forma de 52 Fonte: Corpus Varsul e Folha Corpus Varsul Ocorrência Qualquer coisa que Qualquer coisa assim Qualquer um(a) que Qualquer tipo de Qualquer coisa pra Qualquer lugar que Qualquer outra coisa Qualquer lugar do Qualquer pessoa que Qualquer coisinha que Freqüênci a 19 16 10 8 6 6 6 5 5 4 É interessante observar que das combinações ou expressões citadas como exemplos de uso pelos dicionários monolíngües de português analisados apenas quatro delas aparecem como as mais freqüentes. Se os editores desses dicionários tivessem buscado exemplos em corpus poderiam ter citado outros exemplos de maior freqüência. Outro detalhe observado é que a combinação ou expressão que tem o maior número de ocorrências no corpus de textos orais é justamente aquela que nenhum desses dicionários trouxe em seus exemplos. ‘Qualquer coisa’ ocorre 142 vezes na oralidade e 365 vezes em textos escritos. Portanto, deveria ter sido um exemplo privilegiado pelos dicionários no momento de definir ‘qualquer’ ou citar exemplos de uso. Observamos que, dependendo dos contextos onde a expressão ‘qualquer coisa’ apareceu, não se tratava mais de uma construção onde havia quantificador + nome. ‘Qualquer coisa’ geralmente se referiu a várias informações que já faziam parte do contexto discursivo. Através da análise de alguns aspectos da sentença: (13) Os liberais andam assustados demais para propor qualquer coisa, (extraída do corpus da Folha) foi possível perceber que a sentença se referia a um grupo de políticos que estavam em um processo de negociação. E, à determinada altura das negociações, alguém expressa a idéia de que ‘os liberais’ não se encontram em condições de realizar propostas que pudessem ser discutidas e negociadas. ANAIS DO III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007 Portanto, a expressão ‘qualquer coisa’ funciona como uma anáfora referindo-se a um contexto ou a informações que são do conhecimento do falante e de ouvintes. O que fizemos no parágrafo anterior foi a análise superficial de uma sentença. Mas uma observação mais detalhada dessa sentença poderia levar um aprendiz a outras conclusões sobre o sentido da expressão ‘qualquer coisa’. Todavia, o que deve ser destacado por um estudante, no estudo lexical com base em corpus, são as ocorrências mais freqüentes, não havendo a necessidade de realizar análises detalhadas de um grande número de exemplos dessas ocorrências. CONCLUSÃO Após a análise e comparação entre os dicionários, constatou-se a diversidade na quantidade de sinônimos e exemplos e no detalhamento de conceitos e definições. Percebeuse que, na comparação entre os dois dicionários monolíngües de inglês e entre os dois dicionários bilíngües (inglês-português e português-inglês), o volume de informações sobre a utilização de ‘qualquer’ e ‘any’ foi bem maior nos dicionários destinados a aprendizes. Esses dicionários diferem-se justamente porque não são concebidos apenas como recurso de consulta para eventuais dúvidas sobre o significado de um ou outro termo. Não seria erro afirmar que alguns deles chegam a ter a proposta ousada de substituição relativa de uma gramática. Embora, todo instrumento de estudo tenha seu valor próprio e, não querendo substituir uma gramática normativa que traz um grande número de regras de uso da língua, dependendo do nível e interesse do aprendiz ele poderá buscar informações sobre a utilização de certas palavras apenas nesses dicionários. Portanto, qualquer dicionário que se proponha a trazer informações detalhadas sobre determinadas palavras e em grande quantidade sempre poderá ser julgado com superior àqueles que não o fazem, mesmo que não sejam destinados a aprendizes. Foi possível perceber que ‘qualquer’, confirmando a classificação feita pela maioria das gramáticas do português, foi classificado como pronome e adjetivo. Todavia, ‘any’ foi considerado como advérbio pelo Merriam contrariando uma expectativa inicial do pesquisador. A partir do que foi colocado na seção 6, essa consideração se faz não ao vocábulo ‘any’ isoladamente e que, em português, teríamos a mesma correspondência e o surgimento de locuções adverbiais com ‘qualquer’. É o caso da ocorrência da expressão ‘a qualquer momento’ que teve a segunda maior freqüência no corpus da folha e pode ser classificada como locução adverbial de tempo. Embora tenhamos usado a denominação de quantificadores para referir a ‘any’ e a ‘qualquer’, fundamentados na Semântica Formal, não tivemos a preocupação de estabelecer um limite ou uma distinção na forma de classificação, mesmo porque não foi nosso intuito discutir a visão taxionômica de ambas, mas apenas analisar como alguns dicionários trabalham, definem e apresentam esses vocábulos. Percebe-se que nos dicionários bilíngües a utilização de ‘any’ é feita privilegiando a distinção de uso e significado do vocábulo em construções interrogativas, afirmativas, negativas e condicionais. A utilização de ‘any’ em todos esses tipos de sentenças não é possível. Isto leva o falante a recorrer ao vocábulo ‘some’ no lugar de ‘any’ para alcançar o significado exato que deseja dar a uma determinada sentença e que também possua uma construção aceitável. Da mesma forma, embora alguns dicionários monolíngües de português apresentem diversos vocábulos como sinônimos de ‘qualquer’, essa equivalência de significado nem sempre acaba sendo válida pra todo tipo de construção. Portanto, a substituição de ‘qualquer’ por ‘um’, ‘algum’, ‘outro’, ‘nenhum’, etc. não pode ser feita indiscriminadamente e deve-se levar em conta o sentido que se pretende dar a uma sentença. ANAIS DO III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007 Os dois dicionários monolíngües de Língua Portuguesa analisados não levaram em consideração que o vocábulo ‘qualquer’ pode formar expressões ou locuções com as palavras ‘coisa’, ‘um’, ‘outro(a)’, ‘forma’, ‘pessoa’, etc. Seria recomendável que fosse dado o mesmo tratamento que os dicionários bilíngües e monolíngües de inglês dão aos vocábulos ‘anybody’, ‘anyhow’, ‘anyone’, ‘anything’, ‘anyway’ e ‘anywhere’. E embora os dados levantados no corpus sejam poucos, se considerarmos o grande número de corpora e informações que estão disponíveis no mercado tanto a lexicógrafos como a estudantes, a rápida análise que foi feita da expressão ‘qualquer coisa’ evidencia que a construção de diversos dicionários pode ser melhorada se forem levados em conta corpora representativos para a análise, a explicação e a exemplificação de uso de vários verbetes da língua. Nossa preocupação, na elaboração desse artigo, não se limitou à realização de análises das diversas ocorrências de ‘qualquer’ e ‘any’ nos dicionários em oposição às ocorrências do termo em diferentes contextos. Demonstramos também que, embora os dicionários estejam preocupados em dar definições precisas de termos e citar o maior número possível de exemplos de uso para facilitar a vida do usuário, nem sempre todos os exemplos que eles utilizam são suficientes para auxiliar um aprendiz da língua nativa ou estrangeira a perceber a maioria dos usos mais freqüentes. Portanto, em virtude do espaço dedicado aos sinônimos e exemplos de uso da língua ser muito pequeno, impossibilitando a amostra do maior número de possibilidades de uso da língua, recomendamos a pesquisa lingüística em corpus como uma rotina em busca de dados autênticos para auxiliar o usuário nessa tarefa. Por fim, quando se vai escolher um dicionário, bilíngüe, monolíngüe ou de aprendiz, o usuário deve levar em consideração algumas características: Primeiro, deve-se observar que tipo de dicionário o usuário precisa, pois, há dicionários que tratam a língua de forma genérica, trazendo definições e exemplos de diversas áreas do conhecimento, bem como dicionários específicos que tratam de termos que dizem respeito a uma especialidade técnica ou área do conhecimento. Segundo, deve-se levar em conta se os dicionários são produzidos por autores que compõem uma equipe bem formada de lexicógrafos e se há indicação da fonte dos dados. Terceiro, deve ser observado o critério de inclusão e exclusão de determinadas entradas, dos sinônimos e dos exemplos de uso da língua. Se estas ações são feitas de forma empírica (com base em corpus) ou não. Contudo, nem sempre informações que revelem essas características poderão estar à disposição daquele que vai adquirir um dicionário, pois, dos dicionários analisados, apenas a metade trazia indicação de referências bibliográficas e da base de dados utilizada na pesquisa lexicográfica. REFERÊNCIAS BIBER, Douglas. Corpus linguistics: investigating language structure and use. Cambridge, CAMBRIDGE UNIVERSITY PRESS, 1998. Cambridge Advanced Learner's Dictionary FERREIRA, Aurélio B. de H. Novo dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro : Ed. Nova Fronteira, 1986. GUIMARÃES, Márcio G. Sobre o comportamento semântico de "qualquer". In. Letras, n.44, p.59-66. Editora da UFPR. Curitiba, 1995. KRISHNAMURTHY R. 1996. The data is the dictionary: Corpus at the cutting edge of Lexicography. Papers in computational lexicography. Complex ‘96, Research Institute for Linguistics, Hungarian Academy of Sciences, Budapest, 117-144. ANAIS DO III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007 MARQUES, A. & DRAPER, D. Inglês/Português Português/Inglês. São Paulo : Ática, 1997, p.20. Merriam-Webster's Collegiate® Dictionary, Eleventh Edition MICHAELIS. Moderno dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo : Companhia Melhoramentos, 1998. OLIVEIRA, Roberta P. de. Semântica Formal: uma breve introdução. Campinas, SP : Mercado de Letras, 2001. OXFORD Escolar: para estudantes brasileiros de inglês. New York : Oxford University Press, 2002, p. 313. SUMMERS, Della. Computer lexicography – the importance of representativeness in relation to frequency. In: Using Corpora for language Research. Edited by J. Thomas and M. Short, Longman, England. Anexos Anexo 1 qualquer. [De qual + a 3ª pess. sing. do pres. ind. do v. querer.] Pron. 1. Designa coisa, lugar ou indivíduo indeterminado: Veio duma cidade q u a l q u e r; "Sua vida não foi boa nem má: / foi como a dos homens comuns, / a dos que não fizeram nenhum destino: aceitaram q u a l q u e r..." (Cecília Meireles, Obra Poética, p.390). 2. Algum (2). 3. Pessoa indeterminada: fazer o que ele fez não é para qualquer; "Qualquer os fará [os versos] mais belos, / Ninguém tão d’alma os faria." (Almeida Garrett, Folhas Caídas, p.170). [Pl.: quaisquer.] (Aurélio, p.1424) Anexo 2 Qualquer adj (qual + quer) 1 Designativo de pessoa, objeto, lugar ou tempo indeterminado; um, uma, algum, alguma, uns , umas, alguns, algumas: Isso não é qualquer homem que faz. Como qualquer fruta. Amava mais sua casa que qualquer outro lugar. Atende-se a qualquer hora. 2 Todo, toda, cada: Qualquer ginasiano sabe disso. 3 Este ou aquele, esta ou aquela, um ou outro, uma ou outra, indiscriminado: Qualquer paixão me diverte. Por um motivo qualquer. Um pretexto qualquer. 4 Posposto ao substantivo, com sentido pejorativo; reles, comum, sem qualidades: É um homem qualquer. Pron indef Alguém; esta ou aquela pessoa; pessoa indeterminada: Não tinha medo de qualquer. Quaisquer que desejem, encontrarão emprego. Usa-se também combinado com um e outro: Qualquer um pode procurá-lo. A qualquer outro, que não ele, eu não faria isso. Q. Que seja: seja qual for. (Michaelis, p. 1739) Anexo 3 “any /`eni/ ♥ adj, pron ∗ Ver nota em SOME •orações interrogativas 1 Do you have any cash? Você tem dinheiro? 2 um pouco (de): Do you know any French? Você sabe um pouco de francês? 3 algum: Are there any problems? Há algum problema? ∗ Neste sentido, o substantivo só vai para o plural em inglês. •orações negativas 1 He doesn’t have any friends. Ele não tem amigos. ◊ There isn’t any left. Não sobrou nenhum. ∗ Ver nota em NENHUM 2 [uso enfático]: We won’t do you harm. Nós não vamos lhe fazer mal algum. •orações condicionais 1 If had any relatives... Se eu tivesse parentes... 2 um pouco de: If he’s got any sense, he won’t go. Se ele tiver um mínimo de bom senso, não irá. 3 algum: If you see any mistakes, tell me. Se você vir algum erro, diga-me. ∗ Neste sentido, o substantivo só vai para o plural em inglês. Nas orações condicionais, pode-se empregar a palavra some em vez de any em muitos casos: if you need some help, tem me. Se precisar de ajuda, diga-me. •orações afirmativas 1 qualquer: just like any other boy como qualquer outro menino 2 Take any one you like. Pegue qualquer um que você quiser. 3 Todo: Give her any help she needs. Dê-lhe toda a ajuda de que precisar. ANAIS DO III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007 Adv [antes de adj comparativo] mais: She doesn’t work here any longer. Ela não trabalha mais aqui. ◊ I can’t walk any faster. Eu não consigo andar mais depressa.” Dicionário Oxford Escolar: para estudantes brasileiros de inglês. New York : Oxford University Press, 2002, p. 313. Anexo 4 an.y / ‘En1 / adj. e pron. 1. Algum, alguns, algumas. 2. (em neg.) nenhum(a), nenhuns, nenhumas. 3. (ger. afirm.) qualquer, quaisquer. • That’s easy. ~ child can do it. (isso é fácil. Qualquer criança pode fazê-lo.) • in ~ case: em todo o caso, seja como for. • ~ moment now = at ~ moment: a qualquer momento. • not ~more/not ~ longer: não mais. • Rio is not the capital ~more ( ~longer). (O Rio não é mais a capital.) any.bod.y / ‘En1,badi / pron. 1. Alguém. 2. (em neg.) ninguém. 3. Qualquer pessoa, qualquer um. an.y.how / ‘En1,haU / adv. 1. de qualquer forma. 2. Seja como for, em todo o caso (= in ~ case). an.y.one / ‘En1,wAn / pron. = anybody. an.y.thing / ‘En1,0in / pron. 1. Alguma coisa. 2. (em neg.) nada. 3. Qualquer coisa. • ~ but that: tudo menos isso. • ~ else?: mais alguma coisa? • ~ goes!: vale tudo! • ~ you like = ~ you say: o que você quiser. an.y.way / ‘En1,we / adv. = anyhow. an.y.where / ‘En1,hwEr / adv. 1.em/a algum lugar. 2. (em neg.) em /a nenhum lugar. 3. Em/a qualquer lugar. MARQUES, A. & DRAPER, D. Inglês/Português Português/Inglês. São Paulo : Ática, 1997, p.20. Anexo 5 Some ou any? Ambos são utilizados com substantivos incontáveis ou no plural e, embora muitas vezes não sejam traduzidos no português, não podem ser omitidos no inglês. Geralmente, some é utilizado nas orações afirmativas e any nas negativas e interrogativas: I’ve goty some money. Tenho (algum) dinheiro. ◊ Do you have any children? Você tem filhos? ◊ I don’t want any candy. Eui não quero doces. No entanto, some pode ser utilizado em orações interrogativas quando se espera uma resposta afirmativa, por exemplo, quando se pede ou se oferece algo: Would you like some coffee? Você quer café? ◊ Can I have some bread, please? Pode me trazer pão, por favor? Quando any é utilizado em orações afirmativas, significa “qualquer”: Any parent would have worried. Qualquer pai teria ficado preocupado. Ver também exemplos em ANY. Oxford, p.601 Anexo 6 MERRIAM WEBSTER: any 1 strong form /"eni/ weak form /@ni/ pronoun, determiner 1 SOME used in questions and negatives to mean 'some' Is there any of that lemon cake left? I haven't seen any of his films. I asked Andrew for some change but he hasn't got any. Related words See usage note at some. 2 NOT IMPORTANT WHICH one of or each of a particular kind of person or thing when it is not important which Can you pass me a spoon? Any will do. Any advice that you can give me would be greatly appreciated. Any of those shirts would be fine. Anexo 7 CAMBRIGDE Main Entry: 1any Pronunciation: |en*, -ni sometimes _*n- or, after t or d, *nFunction: adjective Etymology: Middle English any, eny, from Old English lnig (akin to Old Frisian *nig, Old High German einag, Old Norse einigr anyone, no one), from *n one + -ig -y * more at ONE 1: one indifferently out of more than two : one or some indiscriminately of whatever kind: a: one or another : this, that, or the other used as a function word especially in interrogative and conditional expressions to indicate one that is not a particular or definite individual of the given category but whichever one chance may select * did you experience any trouble * * if any defect appears * * ask any man you meet* ANAIS DO III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007 b: one, no matter what one : EVERY used as a function word especially in assertions and denials to indicate one that is selected without restriction or limitation of choice * any child would know that * * forbidden to enter any house * c: one or some of whatever kind or sort; especially : one or some however imperfect used as a function word to indicate one that is selected with indifference to quality *any plan is better than no plan * 2: one, some, or all indiscriminately of whatever quantity: a: one or more : not none used as a function word to indicate a positive but undetermined number or amount * I can't find any stamps * * have you any money * b: ALL used as a function word to indicate the maximum or whole of a number or quantity * give me any letters you find * * he needs any help he can get * c: a or some no matter how great or small used as a function word to indicate what is considered despite its quantity or extent *determined to win at any cost * * it is good of you to pay any attention to him * 3: a: great, unmeasured, or unlimited in amount, quantity, number, time, or extent : up to whatever measure may be needed or desired *the falls can produce any quantity of water power* *could have seen him any time last week* b: appreciably or at all large, prolonged, or extended in amount, quantity, time, or extent used with a preceding negative * could not endure it any length of time * * could not walk any distance without falling * Main Entry: 2any Pronunciation:* Function: pronoun Inflected Form: plural any Etymology: Middle English any, eny from Old English lnig, from lnig, Adjective 1: one or more indiscriminately from all those of a kind: a: any person or persons : ANYBODY * asked if there were any present who had remembered * * any of them could answer the question * b: any thing or things : any part, quantity, or number * promised not to lose any of the books * * a scene as effective as any in modern drama * * no money and no prospect of any * 2: now dialect England : one of two : EITHER Main Entry: 3any Pronunciation:* Function: adverb Etymology: Middle English any, eny, from any, eny, adjective: to any extent : in any degree : at all * he won't be any happier there * * he could not walk any farther * * you certainly aren't helping me any *