Análise de Samba-enredo • UNIÃO IBÉRICA • Viajando no tempo eu vou eu vou Eu sou a arte e vim brilhar nesta história Na era dos Felipes o Brasil era espanhol E lá vou eu Desfolhando um livro de memórias Os mensageiros da Coroa Imperial Comunicam o domínio de Espanha em Portugal Sangue na terra o seu filho derramou Em defesa deste chão que a Espanha conquistou • Indo em busca de um tesouro Procurei o Eldorado (bis) Numa terra preciosa Onde o solo é cobiçado Análise de Samba-enredo • Interesses no poder Aliam-se em busca de um reinado Em cada crença uma fé E continua o embate no mercado (Mas o Índio) Mas o índio se catequizou Com braço forte o Maranhão se defendeu Bahia envolvida nessa guerra Holandeses nessa terra Em solo fértil a liberdade então se deu • Imponho sou Grande Rio, amor Dando um banho de cultura, eu vou (bis) Pro abraço da galera, me leva Lindo como o pôr-do-sol eu sou Entradas, Bandeiras e Monções • Com esses nomes foram chamadas as expedições ao interior da colônia nos séculos XVI, XVII, e XVIII. Entradas eram expedições promovidas pela ação oficial ou particular, enquanto as bandeiras eram expedições paulistas. Já as Monções eram as expedições feitas pelos rios, realizadas pelos paulistas no século XVIII. Johan Moritz Negros aquilombados Gravura do século XVIII, ilustrando os tropeiros e os bandeirantes às margens do rio Tietê • As bandeiras percorriam o sertão durante meses e até durante anos. Cada bandeira tinha um chefe, um grupo de homens brancos para ajudá-lo, um capelão, mamelucos e muitos índios. Apesar de representados, em pinturas e esculturas, como homens bem vestidos, andavam descalços, usando grandes chapéus de abas largas e gibões de algodão acolchoados para se proteger das flechas. Tipos de Bandeiras • Existiam, basicamente três tipos de Bandeiras: • 1) Caça ao Índio ou apresamento – visava capturar Índios para o trabalho na lavoura do açúcar. Como os índios das Missões Jesuíticas eram mais dóceis – já conheciam a língua, os costumes, a religião européia e estavam aculturados - os Bandeirantes preferiam esses índios do que atacar tribos “selvagens”. Essas Bandeiras saiam de são Paulo em direção ao Sul do Brasil. • 2) Sertanismo por contrato - Eram as Bandeiras que visavam atacar e destruir Quilombos (comunidades organizadas por escravos fugidos). O objetivo era escravizar os escravos fugidos e acabar com os focos de resistência que representavam os Quilombos. Tipos de Bandeiras • 3) Busca ao ouro ou Prospecção- O terceiro objetivo era buscar ouro. Lembrese que Portugal, assim como a Espanha eram países METALISTAS. • Com a UNIÃO IBÉRICA e as INVASÕES HOLANDESAS no Nordeste e na África, tomando as possessões portuguesas, a colônia fica sem fornecimento de mão-de-obra escrava. Isso explica as Bandeiras de caça ao índio e de sertanismo por contrato Domingos Jorge Velho • Durante o século XVII, muitos foram os bandeirantes paulistas que andaram pelo Nordeste no encalço de índios para o trabalho na lavoura. O que mais se destacou entre eles foi Domingos Jorge Velho, nascido na vila de Parnaíba (São Paulo), em 1614. Quilombo dos Palmares (1630-94) • Os escravos organizaram um verdadeiro Estado, nos moldes africanos, com o quilombo constituído de povoações diversas, mocambos, governados por oligarcas sob a chefia suprema do rei Ganga Zumba (“Grande Chefe”). Zumbi, seu sobrinho, herdou a liderança do quilombo por valor pessoal e combatividade. O Quilombo foi desmantelado quando as autoridades contrataram o famoso bandeirante Domingos Jorge Velho para a missão de destruir Palmares. Com um exército de mais de seis mil homens, Palmares não resistiu e foi tomada em 1694. Zumbi, mutilado para servir de exemplo, se transformou num mártir e é hoje um símbolo da luta contra o racismo no Brasil. Domingos Jorge Velho • Em 1685, o governador de Pernambuco, João da Cunha Souto Maior, convocou Domingos Jorge Velho para combater os negros do quilombo de Palmares, no sertão, entre Alagoas e Pernambuco. Mas foi só a partir de 1692 que o bandeirante moveu a guerra contra os escravos rebeldes. Em 1694, Domingos Jorge Velho destruiu o Quilombo de Palmares recebendo como recompensa uma sesmaria na região, onde estabeleceu-se como fazendeiro de gado. Muitos sertanistas de contrato também receberam lotes de terra no sertão nordestino e tornaram-se criadores de gado, não retornando mais à vila de São Paulo Domingos Jorge Velho • Em 1697, o bispo de Pernambuco, Francisco de Lima, escrevia sobre ele: • “Esse homem é um dos maiores selvagens com que tenho topado: quando se avistou comigo trouxe consigo língua, isto é, interprete, porque nem se diferencia do mais bárbaro tapuia mais que em dizer que é cristão, e não obstante o haver-se casado de pouco, lhe assistem sete índias concubinas e daqui se pode inferir como procede no mais; tendo sido a sua vida, [...] até o presente, andar metido pelos matos à caça de índios, e de índias, estas para o exercício das suas torpezas, e aqueles para os granjeios dos seus interesses.” (ENNES, 1938: 352-6) Bandeiras de Apresamento • No início do século XVII, a Holanda, afirmando-se no domínio do Atlântico, desorganizou o tráfico de escravos para as colônias do Novo Mundo. Dadas às dificuldades impostas pela ameaça holandesa ao comércio e às praças de mão-deobra africana, diminuiu o fluxo da "mercadoria" para a colônia que, ressentida da escassez de escravos para o trabalho, interessou-se novamente pelo indígena. Foram os paulistas que puderam aproveitar-se do novo mercado que se abria. Trabalho indígena O Caçador de escravos - Debret Bandeiras - apresamento • A 18 de setembro de 1628 deixou São Paulo a maior de todas as bandeiras que já haviam atacado o Guairá: 2 000 índios e novecentos mamelucos, dirigidos por 69 paulistas. No comando estava o mestre-de-campo Manuel Preto; seu imediato era Antônio Raposo Taváres. Atingindo a região pelo sudeste, os sertanistas atacaram sucessivamente as missões. Bandeiras de apresamento: missões como alvo • Diante do massacre, os padres reuniram em Santo Inácio e Loreto os índios sobreviventes e refugiaram-se nas missões estabelecidas entre os rios Paraná e Uruguai Catequização O sonho do Eldorado • O mito do Eldorado teve sua origem na descoberta de tesouros nos impérios Asteca e Inca. Surgiram então as narrativas sobre a existência da cidade de Manoa, às margens de um grande lago e próxima a uma montanha de ouro e prata. Segundo o mito, na entrada do reino havia colunas e estátuas de ébano decoradas de jóias. Com o tempo as notícias sobre o Eldorado atraíram aventureiros de todas as partes do mundo para a América. Mito do Eldorado A descoberta do ouro • As bandeiras de prospecção foram montadas sobretudo na metade final do século XVII e visavam à descoberta de metais preciosos. Com efeito, na última década foi descoberto ouro nas Serras Gerais. A interiorização do povoamento deu origem, então, às capitanias de Minas, Mato Grosso e Goiás. Obra de Johan Moritz Rugendas – Lavagem do Ouro •Ao lado uma pintura do século XVIII, de Carlos Julião, mostrando a extração de diamante. As Minas • O tão sonhado ouro por fim se acharia nos fins daquele século XVII. E era muito, muito ouro, opulentas minas. As Minas • A mineração, marcada pela extração de ouro e diamantes nas regiões de Goiás, Mato Grosso e principalmente Minas Gerais, atingiu o apogeu entre os anos de 1750 e 1770, justamente no período em que a Inglaterra se industrializava e se consolidava como uma potência hegemônica, exercendo uma influência econômica cada vez maior sobre Portugal. Cidade de Ouro Preto As Minas • Nesse mesmo período, em que na América espanhola o esgotamento das minas irá provocar uma forte elevação no preço dos produtos, o Brasil assistia a passagem da economia açucareira para mineradora, que ao contrário da agricultura e de outras atividades, como a pecuária, foi submetida a uma rigorosa disciplina e fiscalização por parte da metrópole com a cobrança do Quinto. Foto de uma Mina • O minerador que havia descoberto a jazida tinha o direito de escolher as duas primeiras datas, enquanto que o guarda-mor escolhia uma outra para a Fazenda Real, que depois a vendia em leilão. A distribuição dos lotes era proporcional ao número de escravos que o minerador possuísse. Aqueles que tivessem mais de 12 escravos recebiam uma "data inteira", que correspondia a cerca de 3 mil metros quadrados As Minas As Minas • A cobrança do quinto sempre foi vista pelos mineradores como um abuso fiscal, o que resultava em freqüentes tentativas de sonegação, fazendo com que a metrópole criasse novas formas de cobrança. São três formas básicas de cobrança desse imposto: a capitação; o sistema de fintas e as Casas de Fundição. • A partir de 1690 são criadas as Casas de Fundição, estabelecimentos controlados pela Fazenda Real, que recebiam todo ouro extraído, transformando-o em barras timbradas e devidamente quintadas, para somente depois, devolve-las ao proprietário. A tentativa de utilizar o ouro sob outra forma -- em pó, em pepitas ou em barras não marcadas -- era rigorosamente punida, com penas que iam do confisco dos bens do infrator, até seu degredo perpétuo para as colônias portuguesas na África As Minas • Como o ouro era facilmente escondido graças ao seu alto valor em pequenos volumes, criou-se a finta, um pagamento anual fixo de 30 arrobas, cerca de 450 quilos de ouro que o quinto deveria necessariamente atingir, sob pena de ser decretada a derrama, isto é, o confisco dos bens do devedor para que a soma de 100 arrobas fosse completada. Posteriormente ainda foi criada a taxa de capitação, um imposto fixo, cobrado por cada escravo que o minerador possuísse. Já a derrama era a cobrança forçada de 100 arrobas anuais (1500 kg) de ouro, quando as cotas comuns não eram pagas. • Para o historiador Caio Prado Júnior, "cada vez que se decretava uma derrama, a capitania, atingida entrava em polvorosa. A força armada, chamada de os dragões, se mobilizava, a população vivia sobre o terror; casas particulares eram violadas a qualquer hora do dia ou da noite, as prisões se multiplicavam. Isto durava não raro muitos meses, durante os quais desaparecia toda e qualquer garantia pessoal. Todo mundo estava sujeito a perder de uma hora para outra seus bens, sua liberdade, quando não sua vida. Aliás as derramas tomavam caráter de violência tão grande e subversão tão grave da ordem, que somente nos dias áureos da mineração se lançou mão deles. Quando começa a decadência, eles se tornam cada vez mais espaçados, embora nunca mais depois de 1762 o quinto atingisse as 100 arrobas fixadas. Ouro nas Gerais – Fonte histórica • “A sede incansável do ouro estimulou a tantos a deixarem suas terras e a meterem-se por caminhos tão ásperos como são os das minas, que dificultosamente se poderá dar conta do número de pessoas que lá estão. Contudo, os que assistem nelas nestes últimos anos por largo tempo e as correram todas, dizem que mais de trinta e mil almas se ocupam, umas em catar, e outras em negociar, vendendo e comprando o que se há mister não só para a vida, mas para o regalo, mais que nos portos do mar. Cada ano, vêm nas frotas quantidades de portugueses e de estrangeiros para passarem às minas. Das cidades, vilas, recôncavos e sertões do Brasil, vão brancos, pardos e pretos, e muitos índios, de que os paulistas se servem.” (André João Antonil, 1711) Altos preços cobrados nas Minas Mercadorias Valor em Valor nas São Paulo Minas 1 cavalo 10 mil-réis 120 mil-réis 1 libra de açúcar 120 réis 1.200 réis 1 boi de corte 2 mil-réis 120 mil-réis (Conselheiro Antônio Rodrigues da costa, 1712) Região mineradora • Com um número cada vez maior de pessoas afluindo à região mineradora, e por ser o ouro um produto muito valorizado, Portugal precisou estabelecer um controle rígido na região para evitar contrabando e desvio dos impostos da coroa, chamado de QUINTO por representar a quinta parte de todo o ouro descoberto. Para isso a coroa determina a criação de uma Intendência das Minas em todas as capitanias onde houvesse ouro. Essa instituição era responsável por fiscalizar a cobrança de impostos e distribuir as DATAS (pedaços de terra para exploração do ouro) a serem exploradas. Região Mineradora • As datas eram distribuídas de acordo com o número de escravos de cada um. Ficava com a maior data, ou seja, com o maior pedaço de terra para explorar ouro aquele que possuísse o maior número de escravos. Região Mineradora • O trabalho na região mineradora era vigiado, já que muitos escravos aproveitavam da distração do patrão para esconder pequenas pepitas de ouro que lhe garantiriam a compra da alforria. As casas de Fundição • Dentro dessa política de controle sobre a região mineradora foi criada no Rio de Janeiro, porto por onde saía o ouro que vinha das Minas, uma Casa de Fundição. Ao lado uma barrinha de ouro quintado nas Casas de Fundição. O ouro na Colônia só podia circular assim. A circulação de ouro em pó ou em pepita era crime passível a forca. Contrabando Interno • Ao lado um “Santo do Pau Oco”, forma comum de contrabando interno do ouro em pó. Uma professora feliz em Ouro Preto! Uma professora feliz em Ouro Preto!