APTIDÃO FUNCIONAL E DESEMPENHO COGNITIVO DE IDOSOS
PRATICANTES DE EXERCÍCIOS FÍSICOS
MAZO, Giovana Zarpellon1
OLIVEIRA, João Remor Horn2
DIAS, Roges Guidines 3
CARDOSO, Adilson Sant’Ana4
RESUMO
Este estudo tem como objetivo analisar o índice de aptidão funcional geral e os
processos cognitivos de idosos praticantes de exercícios físicos. Participaram do estudo
13 idosas praticantes de atividade física com idade média de 67,46 anos (DP=6,03),
variando entre 60 e 82 anos. Para verificar o índice de aptidão funcional geral (IAFG)
utilizou-se a bateria desenvolvida pela AAHPERD (American Alliance for Heath,
Physical Education, Recreation and Dance) e “CogState Battery” para a avaliação do
desempenho cognitivo. Verificou-se que das 13 idosas participantes da pesquisa, a
classificação do IAFG foi: “muito bom” (uma idosa), “bom” (5), “regular” (4), “fraco”
(3) e não houve nenhuma idosa que se classificou como “muito fraco”. Pode-se observar
que quanto maior o nível de dificuldade da tarefa, menor foi o percentual de acertos
para as tarefas de tempo de reação. Nota-se que os idosos obtiveram maior percentual
de acertos na tarefa de memória de trabalho do que na tarefa de memória de curto prazo.
O incremento da atividade física e a manutenção de atividades intelectuais são
mecanismos de promoção de saúde, sendo esses, uma atitude preventiva para as
possíveis alterações funcionais e cognitivos decorrentes do avanço da idade.
Palavras chave: Idoso, aptidão funcional, desempenho cognitivo, atividade física.
1
Orientador, Professora do Departamento de Fundamentos Humanístico e Metodológicos – Centro de
Educação Física, Fisioterapia e Desportos – CEFID/UDESC.
2
Acadêmico do curso de Educação Física – CEFID/UDESC.
3
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências do Movimento Humano – CEFID/UDESC.
Bolsista CAPES/DS.
4
Mestre em Ciências do Movimento Humano. Universidade do Estado de Santa Catarina. Laboratório de
Gerontologia.
ABSTRACT
This study aims to analyze the rate of functional ability and general cognitive
processes of older practitioners of physical exercises. Participated in study 13 elderly
practitioners of physical activity with a mean age of 67.46 years (SD=6.03), ranging
between 60 and 82 years. To check the functional capacity used the battery developed
by AAHPERD (American Alliance for heath, Physical Education, Recreation and
Dance) and "Battery Cog State" for the assessment of cognitive performance. It was
found that of 13 elderly participants of the research, the classification of functional
capacity was "very good" (an elderly),"Good" (5), "regular" (4), "weak" (3) and there
was no older that are classified as "very weak". It can be observed that the higher the
level of difficulty of task, the lower was the percentage of correct responses for the tasks
about the reaction time. It that the elderly had a higher percentage of hits in the task of
memory work than in the task of short-term memory. Increased activity maintenance of
physical and intellectual activities is mechanisms to promote health, and such a
preventive approach to the possible functional changes and cognitive impairments
resulting from advanced age.
Keywords: Aged, functional ability, cognitive development, physical activity.
INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos a população mundial cresce de forma acelerada e mais
acentuadamente ocorre o crescimento da população idosa. A população mundial
apresenta-se caminhando para o envelhecimento, ou seja, está havendo uma mudança na
pirâmide etária, crescendo o número de idosos e diminuindo o de jovens. Este fenômeno
vem acontecendo não apenas em países desenvolvidos, mas em todo o mundo. O
aumento deste segmento da população acontece devido às mudanças sociais e avanços
científicos presentes no decorrer da história. A redução nas taxas de fertilidade e
mortalidade, associadas ao controle de doenças, assegura uma maior longevidade, ou
seja, um aumento da esperança de vida, que modifica diretamente a dinâmica
epidemiológica mundial (ANDREOTTI; OKUMA, 1999; MELO; GIAVONI, 2004).
Diversas mudanças fisiológicas, sociais e psicológicas acompanham o
envelhecimento (MCARDLE, 2003). Segundo Rosa e Silva e Silva de Sá (2006),
durante o processo de envelhecimento, ocorre alterações no desempenho cognitivo, que
pode ser observada por meio da diminuição da memória, da atenção, do desempenho
das habilidades motoras e da capacidade de visão espacial. Entretanto, Rubin et al.
(1998) em seu estudo, observaram
que pessoas idosas saudáveis mantêm seu
desempenho cognitivo estável quando medidos de forma longitudinal por avaliação
clínica cuidadosa e testagem cognitiva repetida.
Alteração no desempenho cognitivo e na aptidão funcional são agravadas com o
avanço da idade, e resultam, com freqüência, em prejuízos motores de ordem
generalizada ou local. Estas favorecem, portanto, um aumento progressivo na
dependência para realização de tarefas cotidianas, ou seja, na necessidade de auxílio
para realização de atividades básicas da vida diária como tomar banho, calçar um par de
sapatos e mesmo caminhar (ANDREOTTI; OKUMA, 1999; COLCOMBE et. al.,
2003). Muitos autores corroboram o fato de o maior avanço etário está intrinsecamente
associado ao declínio da aptidão funcional (MATSUDO, 2001; ROSA et al, 2003;
MAZO et al, 2005).
Entretanto, esta não é uma condição inevitável, pois há indicativos de que as
taxas de incapacidade funcional dos idosos vêm se reduzindo ao longo dos anos. O que
em parte, é resultado de um maior acesso aos serviços de saúde pública, ao
desenvolvimento da medicina, ao aumento da escolarização e às mudanças
comportamentais que levam a hábitos mais saudáveis (PARAHYBA; SIMÕES, 2006).
Mudança de comportamento como a adoção da prática de atividades físicas,
pode minimizar as perdas funcionais e o declínio das funções cognitivas decorrentes do
envelhecimento. Também o acesso fácil e contínuo de informações a respeito da saúde,
é uma atitude preventiva com relação às doenças relacionadas ao envelhecimento
(MOREIRA, 1998; VAN BOXTEL et. al., 1996; ELSAYED et. al., 1980).
Este estudo tem como objetivo analisar o índice de aptidão funcional geral e o
desempenho cognitivo de idosos praticantes de exercícios físicos.
Como objetivos específicos:
- Verificar o desempenho cognitivos dos idosos na realização das tarefas da bateria
cognitiva CogState (tempo de reação visual simples, de escolha, memória de trabalho e
memória de curto prazo, atenção sustentada);
- Verificar a aptidão funcional dos idosos na realização das tarefas da bateria de testes
físicos AAHPERD (flexibilidade, força, equilíbrio e agilidade dinâmica, resistência
aeróbia e coordenação);
- Avaliar o índice de aptidão funcional geral dos idosos;
- Verificar se há relação entre o índice de aptidão funcional geral e o desempenho
cognitivo dos praticantes.
- Analisar os dados sócio-demográficos
METODOLOGIA
População e amostra
A população deste estudo foi composta por 201 idosos pertencentes aos
programas de atividade física para terceira idade oferecido pelo Grupo de Estudo da
Terceira Idade (GETI) do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID) da
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Contou, também, com a
participação de 54 idosos do Centro de Saúde do Saco Grande, pertencentes ao
programa de atividade física “Floripa Ativa”, fase “B”, oferecido pela Prefeitura
municipal de Florianópolis (PMF).
A amostragem foi do tipo intencional, sendo que os critérios de inclusão foram:
mulheres com 60 anos ou mais de idade; sem histórico de doenças cardiovasculares;
sem problemas mentais ou físicos que impossibilitem a realização dos testes; que não
faziam uso de medicamentos benzodiazepínicos e/ou outros que influenciem o
funcionamento cardiovascular; praticantes de atividade física a pelo menos 6 meses na
fase B do programa “Floripa Ativa” da PMF ou no “Grupo de Estudo da Terceira
Idade” da UDESC; que realizaram todos os 5 testes (flexibilidade, força, equilíbrio e
agilidade dinâmica, resistência aeróbia e coordenação) da Bateria de testes físicos da
AAHPERD; e que concordarem em participar do estudo e assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido.
A partir dos critérios de inclusão, a amostra foi constituída por 13 idosas com
idade entre 60 e 82 anos e média de 67,46 anos (DP=6,03).
Instrumentos de coleta de dados
•
Questionário sócio-demográfico e de saúde, contendo as seguintes informações:
nome, sexo, idade, tempo de atividade física, medicamentos, doenças, histórico
de doenças cardiovasculares e de problemas mentais ou físicos.
•
Bateria de testes físicos para idosos desenvolvida pela AAHPERD (American
Alliance for Heath, Physical Education, Recreation and Dance) (OSNESS et al.,
1990), constituída de 5 testes (flexibilidade, força, equilíbrio e agilidade
dinâmica, resistência aeróbia e coordenação). Após a realização da bateria, o
resultado de cada teste é convertido em um escore percentil. Com a soma dos
escores-percentis obtém-se o índice de aptidão funcional geral (IAFG) do
indivíduo.
•
“CogState Battery”, bateria computadorizada para a avaliação do desempenho
cognitivo, constituída de 5 testes (tempo de reação
simples e de escolha,
memória de trabalho e memória de curto prazo e atenção concentrada) (COOLIE
et al. 2003). Em todos os testes, foi mensurado o tempo de reação ou velocidade
psicomotora e a acurácia.O tempo de reação foi mensurado em milissegundos
(ms) e também em valor transformado em logaritmo de base 10. A acurácia das
respostas foi obtida pelo número de respostas corretas positivas e negativas
dividido pelo número total de tentativas feitas, sendo este resultado apresentado
em forma de percentual de acertos.
•
“Mini-Exame do Estado Mental” desenvolvido por Folstein el al. (1975), para
avaliar a capacidade cognitiva global dos idosos.
Coleta de dados
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da UDESC sob processo nº
185/2007. Após a aprovação da pesquisa iniciou-se a coleta de dados. No dia da
aplicação dos instrumentos de pesquisa, foi explicado para as idosas como deviam
realizar os testes. Ao concordarem em participar da pesquisa, assinaram o termo de
consentimento. Após, foram aplicados os instrumentos: Questionário sóciodemográfico, de saúde e “Mini-Exame do estado mental”, Bateria de testes físicos para
idosos desenvolvida pela AAHPERD no ginásio de esportes da universidade (idosas
pertencentes ao GETI) ou na sala de ginástica ( idosas pertencentes ao programa Floripa
Ativa) , e em uma outra sala, a Bateria de avaliação do desempenho cognitivo
“CogState battery”.
Tratamento dos dados
Os dados foram organizados e analisados no programa estatístico SPSS 13.0 for
Windows. Primeiramente, foi aplicada a estatística descritiva (freqüência simples,
percentual, média, desvio padrão), onde foram analisados os dados demográficos, Índice
de Aptidão Funcional Geral (IAFG) e as tarefas da avaliação do desempenho cognitivo.
Para verificar a normalidade das variáveis, foi utilizado o teste de KolmogorovSmirnov. A distribuição foi normal, com valores superiores a 0,05.O somatório dos 5
testes físicos, da bateria AAHPERD, fornece o Índice de Aptidão Funcional Geral
(IAFG) dos idosos. O IAFG dos idosos foram comparados com os valores normativos,
para a bateria da AAHPERD, elaborados por Zago e Gobbi (2003) para mulheres idosas
com idades entre 60 e 70 anos e por Benedetti et al. (2007) para mulheres idosas com
idades entre 70 e 79 anos. O objetivo da comparação do IAFG com os valores
normativos é classifica-lo em uma das cinco categorias, são elas: muito fraco, fraco,
regular, bom e muito bom. Os resultados de cada teste, já convertidos em escorespercentis, foram comparados, também, com os valores normativos com o intuito de
classificá-los individualmente.
A bateria de avaliação do desempenho cognitivo, CogState, fornece o resultado
em milissegundos (ms) para os tempos de reação em todos os 5 testes, sendo esse
resultado normalizado pelo próprio programa, que fornece o desempenho através do
tempo em milissegundos e normalizado com transformação logarítmica de base 10, que
é recomendada quando os dados apresentam variações muito sensíveis. Osborne (2002)
recomenda o uso de transformadas logarítmicas de base 10 principalmente porque ela
ajuda a reduzir os erros, diminuindo as distâncias entre os dados e mantendo as posições
destes.
Foi utilizada a correlação de Spearman, pois se trata de variáveis ordinais ou
aquelas que não apresentam distribuição normal, para relacionar o Índice de aptidão
funcional geral (IAFG) com as variáveis do desempenho cognitivo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Sabe-se que na terceira idade o índice de pessoas com hipertensão é alto, e a
maioria deles utiliza de medicamentos para o controle dessa doença. Como um dos
critérios de inclusão do estudo era o não uso de medicamentos que interferissem no
sistema cardiovascular, a amostra se restringiu a 13 pessoas. A média de idade dos
participantes da pesquisas foi de 67,46 anos (DP=6,03), variando entre 60 e 82 anos.
Em relação ao nível de escolaridade, a grande maioria das participantes possui apenas o
primário completo (69,23 %). Todas elas são do sexo feminino, destras e possuem mais
de 3 anos de prática de exercícios físicos.
Os resultados dos testes físicos da bateria de avaliação da aptidão funcional,
AAHPERD, foram analisados utilizando a freqüência e o percentual para cada teste. A
Tabela 1 expõe esses valores.
TABELA 1. Resultados dos testes físicos da bateria de avaliação da aptidão funcional AAHPERD.
FLX
COO
RAG
FORÇA
AGIL
F
%
f
%
f
%
f
%
f
%
0
0
2
15,38
4
30,77
0
0
5
38,46
Muito Fraco
2
15,38
2
15,38
1
7,69
2
15,38
5
38,46
Fraco
0
0
4
30,77
0
0
4
30,77
2
15,38
Regular
3
23,08
4
30,77
2
15,38
6
46,15
0
0,00
Bom
8
61,54
1
7,69
6
46,15
1
7,69
1
7,69
Muito Bom
*f- Freqüência, % percentual.
Flexibilidade (FLX), Coordenação (COO), Resistência aeróbia geral (RAG), Força e Agilidade (AGIL).
As qualidades físicas da aptidão funcional que os participantes obtiveram
melhores valores foram a flexibilidade e força. Os menores valores encontrados foram
para a Agilidade.
Após o somatório dos cinco testes físicos da Bateria para idosos desenvolvida
pela AAHPERD, obteve-se o Índice de Aptidão Funcional Geral (IAFG) das idosas.
Verificou-se que das 13 idosas participantes da pesquisa, a classificação do IAFG foi:
“muito bom” (uma idosa), “bom” (5), “regular” (4), “fraco” (3) e não houve nenhuma
idosa que se classificou como “muito fraco”. A média do IAFG foi de 277,76
(DP=85,18), classificando como regular.
Corroborando o presente estudo, Borges (2009) após avaliar um grupo de idosas
praticantes de ginástica do programa “Floripa Ativa”, oferecido pela prefeitura
municipal de Florianópolis, verificou que a média do IAFG do grupo classificou-se
como regular. A classificação do IAFG foi: “muito bom” (4 idosa), “bom” (25),
“regular” (23), “fraco” (11) e “muito fraco”(2). A bateria para a avaliação da aptidão
funcional utilizada foi a AAHPERD.
Hamanaka, Gobbi e Gobbi (2004), investigam a influência da dança na aptidão
funcional (agilidade, flexibilidade, coordenação, resistência aeróbia e força) de idosas
praticantes. Essas idosas realizaram atividades de dança com duração de 1 hora, 3 vezes
por semana, durante 4 meses. Foi utilizada a bateria de testes físicos da AAHPERD
como instrumento de avaliação da aptidão funcional. Os autores concluíram que a
atividade física dança melhorou a agilidade e tende a melhorar a coordenação,
flexibilidade e força.
Laukkanen et al. (2000) cita a caminhada como elemento que interfere na
capacidade funcional, assim como Kawamoto et al. (2004), o qual aponta que
indivíduos que caminham mais de 20 minutos por dia são freqüentemente mais
independentes do que aqueles que não realizam caminhadas.
Exercícios de coordenação devem ser trabalhados com os idosos, pois, é uma
das qualidades físicas que mais sofre alteração com o avanço da idade. Mas é preciso
adequar a atividade com vista nos padrões de movimentos da vida diária, não sendo
necessários jogos de movimentos complexos que causam desconforto pela dificuldade
na execução (DIAS; DUARTE, 2005).
Desta forma, conforme Pereira (2005), ao pensarmos na prática de atividades
físicas, estas devem ser freqüentes, contínuas, regulares para que possamos manter as
adaptações e benefícios delas decorrentes. Flores (2006) comparou o índice de aptidão
funcional geral (IAFG) antes e após o período de interrupção de 12 semanas das
atividades aquáticas do Grupo de Estudo da Terceira Idade (GETI), da Universidade do
Estado de Santa Catarina (UDESC). O IAFG no final do programa era na maioria
regular, passando a ser fraco após o período de interrupção, ocorrendo assim uma queda
no IAFG.
Os resultados da capacidade cognitiva, mensurado pelo Mini-Exame do Estado
Mental, demonstrou que todas as idosas tinham condições cognitivas de participar do
estudo. O escore médio dos participantes da pesquisa foi de 25,31(DP= 2,98), variando
entre 19 e 29.
Os resultados da bateria de avaliação do desempenho cognitivo, CogState, foram
analisados utilizando: o tempo de resposta em milissegundos (ms) e em valor logaritmo
de base 10 (log), acurácia em percentual, a variabilidade individual e o número de
erros (Tabela 2 e 3).
TABELA 2. Desempenho Cognitivo nas tarefas de Tempo de Reação Simples
Reação de Escolha (TRE) e Atenção Concentrada da bateria cognitiva CogState.
TRS
TRE
Tarefas
Média
DP*
Média
DP
Variáveis
Tempo de reação (ms)
391,91 119,17
593,06
101
Variabilidade Individual
100,89
71,27
155,57
62,66
Acuácia (%)
97,51
2,98
93,23
6,07
Tempo de reação (log)
2,54
0,10
2,75
0,07
Variabilidade Individual (log)
0,09
0,04
0,09
0,03
Erros
0,92
1,11
2,31
2,16
*DP- Desvio Padrão
(TRS), Tempo de
Atenção Concentrada
Média
DP
552,76
132,99
335,4
97,31
85,23
9,35
2,63
0,14
0,31
0,14
5,62
4,13
Pode-se observar que quanto maior o nível de dificuldade da tarefa, menor foi o
percentual de acertos e maior a variabilidade individual. O numero de erros também foi
maior nas tarefas mais difíceis (TRE e Atenção Concentrada).
TABELA 3. Desempenho cognitivo nas tarefas de Memória de Trabalho e Memória de Curto Prazo
da bateria cognitiva CogState.
Memória de Trabalho
Memória de Curto Prazo
Tarefas
Média
DP*
Média
DP
Variáveis
Tempo de reação (ms)
1141,24
463,04
1564,93
664,83
Variabilidade Individual
419,48
192,93
976,95
647,40
Acuácia (%)
85,6
18,46
67,63
11,57
Tempo de reação (log)
3
0,15
3,11
0,15
Variabilidade Individual (log)
0,14
0,03
0,19
0,44
Erros
5,85
8,12
13,7
4,89
*DP- Desvio Padrão
Ao analisar os testes de memória, nota-se que os idosos obtiveram maior
percentual de acertos na tarefa de memória de trabalho. O número de erros e a
variabilidade individual foram maiores na tarefa de memória de curto prazo.
Segundo estudo de Luft (2007), ao analisar o desempenho cognitivo de idosos
residentes do município de Florianópolis que estão vinculadas a grupos de convivência,
verificou-se resultados parecidos com o presente estudo. Quanto maior o nível de
dificuldade da tarefa, menor foi o percentual de acertos e maior a variabilidade
individual para as tarefas de Tempo de Reação Simples (TRS), Tempo de Reação de
Escolha (TRE) e Atenção Concentrada. Nas tarefas de memória, os idosos obtiveram
menor percentual de acertos na tarefa de memória de curto prazo.
A memória de longa duração no idoso é relativamente bem preservada, porém,
ocorrem dificuldades para a recuperação de informações desse armazenamento. Já a
memória de curta duração e o armazenamento sensorial regride progressivamente com o
aumento da idade (BENHAN; HESTON; ABOUREZK; SALTHOUSE apud
SHEPHARD, 2003).
Em estudos realizados por Luft (2007) e Wang et al. (2006) não foram
encontradas associações significativas em relação ao desempenho cognitivo e a pratica
de atividade física. Porem, Weuve et al. (2004) verificaram que a atividade física
regular está associada com melhor função cognitiva e menor declínio em mulheres
idosas.
No entanto, Sturmann et al. (2005) ao investigar a mesma hipótese considerando
o nível de atividade cognitiva, verificou que a atividade física só mostrou associação
com o desempenho cognitivo quando as atividades intelectuais dos idosos não eram
consideradas. Os pesquisadores verificaram que a atividade física sozinha não protege
contra os declínios cognitivos. Foi constatado que os idosos mais ativos são aqueles
com maior escolaridade e que participam de mais atividades cognitivas.
Não houve relação estatisticamente significativa entre o Índice de Aptidão
Funcional Geral (IAFG) com algum dos componentes do desempenho cognitivo
(p>0,05). Essa relação pode ter apresentado insignificância devido à amostra ser muito
pequena. Outros dados importantes para avaliação do desempenho cognitivo é em
relação às atividades intelectuais. Uma contínua atividade intelectual, como a leitura,
exercícios de memória, palavras cruzadas e jogo de xadrez auxiliam a manutenção do
desempenho cognitivo (EHEALTH LATIN AMERICA, 2003). Portanto, nesse estudo,
não foi avaliado esses tipos de atividades, podendo interferir nos resultados obtidos.
CONCLUSÃO
Pode-se concluir que os idosos praticantes de atividade física têm uma tendência
a ter uma aptidão funcional de normal a boa, tendo em vista que a maioria dos
participantes deste estudo classificaram-se como “Bom” e “Regular” em relação ao seu
índice de aptidão funcional geral (IAFG). Vários autores, também, verificam essa
relação direta entre exercício físico e aptidão funcional.
Já em relação aos processos cognitivos não se pode concluir o mesmo. Diversos
estudos apontam que não há uma associação direta entre atividade física e desempenho
cognitivo, e que provavelmente os estudos que demonstraram tal relação foram porque
não consideraram as atividades intelectuais dos participantes.
O incremento da atividade física associado à manutenção de atividades
intelectuais como a leitura, jogo de xadrez, aprender novas línguas, na vida dos idosos,
são mecanismos de promoção de saúde e qualidade de vida para essa população. Sendo
essas, uma atitude preventiva para as possíveis alterações funcionais e cognitivos
decorrentes do avanço da idade.
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Aptidão funcional e desempenho cognitivo de - Cefid