ÍNDICE - 09/02/2005
O Estado de S.Paulo .....................................................................................................2
Economia .................................................................................................................................................2
Ainda não chegou ao pobre ..........................................................................................................................2
Correio do Povo (RS) ....................................................................................................4
Geral .........................................................................................................................................................4
Anvisa vai regrar a venda de alimentos ........................................................................................................4
Correio do Povo (RS) ....................................................................................................5
Geral .........................................................................................................................................................5
Sindicato divulgará as novas exigências ......................................................................................................5
Diário da Manhã (GO)....................................................................................................6
Cidades ....................................................................................................................................................6
Cirurgia de redução de peso preocupa.........................................................................................................6
Preparo psicológico .......................................................................................................................................7
Romaria atrás de médicos ............................................................................................................................7
Estrutura emocional.......................................................................................................................................7
Caminho feito ao inverso...............................................................................................................................8
O Estado de S.Paulo
09/02/2005
Economia
Ainda não chegou ao pobre
CELSO MING
[email protected]
O medicamento genérico é cerca de 40% mais barato do que o produto de
marca, também chamado produto-referência. Em princípio, este deveria ser um bom
motivo para que mais gente se tratasse. No entanto, apesar do celebrado sucesso, os
genéricos não conseguiram aumentar o acesso da população ao mercado de
medicamentos.
Faz cinco anos que os primeiros genéricos obtiveram registro na Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Desde então, sua participação nas vendas
só aumentou. Era de 3,11% das unidades vendidas em 2001, e passou para 9,18%,
em agosto do ano passado. Embora esteja longe dos resultados da Grã-Bretanha líder mundial no consumo de genéricos (65% de participação) - e dos Estados Unidos
(49%), o Brasil já supera países como Japão (8%) e Portugal (1%). As vendas
triplicaram. Saltaram de 38,8 milhões de unidades em 2001 para 121 milhões, em
2004. O total de princípios ativos registrados chega a 281.
Esses números têm de ser qualificados. Os críticos afirmam que os genéricos
apenas provocaram certo deslocamento do consumo. Eles parecem corretos quando
se referem ao consumo total, mas não têm razão no caso dos medicamentos de uso
contínuo, destinados ao tratamento de doenças crônicas como nível alto de colesterol,
hipertensão e diabetes.
As estatísticas da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos
Genéricos (Pró Genéricos) mostram, por exemplo, que o consumo total de
sinvastatina (destinada a combater o colesterol alto), que engloba não só o genérico,
mas também o produto-referência e o similar, passou de 1 milhão de unidades, em
2000, para 3,2 milhões em 2004. Desse total, 1,4 milhão corresponde apenas ao
consumo do genérico.
As informações da Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Febrafarma)
mostram que as vendas totais caíram 6%, de 1,7 bilhão de unidades no ano 2000, para
1,6 bilhão de unidades em 2004. "A queda na renda da população ocorrida nos últimos
cinco anos provocou uma redução nas vendas de medicamentos de uso não contínuo
não compensada pelo avanço no uso dos genéricos", explica o presidente da
Febrafarma, Ciro Mortella.
O diretor do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS,
ligado à Fundação Oswaldo Cruz), André Gemal, acha injustificadas as cobranças
sobre a suposta falta de universalização do consumo. Para ele, as pessoas de baixa
renda não têm mesmo condições de comprar medicamentos, mesmo os mais baratos.
"Elas teriam de ser atendidas por programas sociais, como Farmácia Popular ou
mesmo pelos esquemas de distribuição gratuita do Sistema Único de Saúde (SUS)."
Mortella, da Febrafarma, tem a mesma opinião: "Quando os genéricos foram
lançados, de fato havia a expectativa de que atenderiam às necessidades da
população mais pobre. Mas isso está errado. Não vai ser com uma redução de 40% ou
50% nos preços que isso vai ser conseguido. Quem não tem dinheiro para comprar um
remédio que saia por R$ 10 também não tem para comprar um que custe R$ 5."
Com base em resultados de pesquisas feitas pela Febrafarma, ele confirma que
os 50% das pessoas mais pobres da população não estão consumindo mais remédio.
Continuam respondendo por apenas 15% do mercado, participação que se mantém
inalterada nos últimos cinco anos.
Mas isso não é tudo. O lançamento dos genéricos produziu outro efeito
benéfico: melhorou a qualidade geral dos medicamentos, como garante Gemal. Isso
tem uma explicação. Para ser considerado genérico, um remédio tem de passar por
teste de bioequivalência (que verifica se é tão eficaz quanto o produto-referência). A
partir dessa exigência, o setor passou a se perguntar por que os similares estavam
dispensados do teste. Foi quando a Anvisa começou a enquadrar também esse
segmento.
Mas há outra crítica: a de que existe má vontade política do governo Lula em
relação ao genérico. O diretor do Laboratório de Análise Farmacêutica da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Gerson Pianetti, reclama que o
Ministério da Saúde não vem dando continuidade às campanhas de divulgação, sem
o que a população mais pobre não saberia como pressionar pela prescrição de
genéricos em vez do remédio mais caro. Ele atribui essa omissão ao fato de que o
produto continua associado à imagem de um adversário político, o ministro da Saúde
do governo Fernando Henrique, José Serra.
Mortella, da Febrafarma, acrescenta que o atual governo nem sequer alterou a
legislação das licitações na compra de medicamentos de modo a privilegiar os
genéricos em vez dos similares ou dos referência.
Correio do Povo (RS)
09/02/2005
Geral
Anvisa vai regrar a venda de alimentos
Estabelecimentos que trabalham com a venda de alimentos deverão estar
adequados, a partir do dia 16 de março, às novas regras estabelecidas pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para o presidente do Sindicato dos Hotéis,
Restaurantes, Bares e Similares de Porto Alegre, Ricardo Ritter, as chamadas boas
práticas indicam medida de segurança alimentar. As normas da Anvisa exigem
cuidados específicos de higiene, limpeza, armazenamento, processos básicos de
manuseio e temperatura adequada para cada produto, entre outras.
Ritter lembra que a entidade conta com o Centro de Qualificação Empresarial,
que aplica cursos voltados para os profissionais da área.
Correio do Povo (RS)
09/02/2005
Geral
Sindicato divulgará as novas exigências
O Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Porto Alegre realiza,
dia 3 de março, uma palestra com os empresários para a divulgação das novas
exigências da Anvisa. Segundo a agência, o objetivo é estender as regras já existentes
nos grandes centros aos municípios do Interior, onde pode haver problemas de
saneamento básico e falta de pessoal capacitado. A Anvisa exigirá ainda o
afastamento de funcionários com lesões ou sintomas de doenças que possam
comprometer a qualidade sanitária dos alimentos.
O sindicato deverá apresentar, na oportunidade, as ações de capacitação que
vêm sendo promovidas junto aos estabelecimentos que trabalham com a venda de
alimentos, envolvendo palestras e consultorias.
Diário da Manhã (GO)
09/02/2005
Cidades
Cirurgia de redução de peso preocupa
Intervenção no estômago é apontada como a 'melhor' solução para
emagrecer, mas profissionais advertem que técnica não é milagre e existem riscos
Lucielle Bernardes
Da editoria de Cidades
Há cerca de dois anos e meio, o representante de vendas Celso de Abreu, 39,
pesava 165 kg. Hoje, pesa 75,1 kg. Ele tinha obesidade mórbida, doença em que há
excesso de energia armazenada sob forma de gordura. Sofria com o problema. "O
preconceito contra os gordos é enorme", diz.
O representante diz que sua vida era muito limitada. No cinema, no ônibus, no
teatro, não existiam cadeiras para ele. "Se você toma um sorvete, as pessoas logo
pensam: 'Por isso que é gordo'.
Elas não sabem que você passou um dia inteiro economizando na comida para, de
noite, tomar um sorvete."
Por meio do Programa de Prevenção e Controle de Obesidade, do Hospital
Geral de Goiânia (HGG), Celso foi submetido à cirurgia bariátrica, uma intervenção
realizada no aparelho digestivo que visa a redução de peso (a redução se dá através
da criação de um ou dois mecanismos: restrição alimentar - redução do reservatório
gástrico - e disabsorção - desvio intestinal).
Antes da cirurgia, Celso passou por nove especialidades médicas e uma série
de exames. Fez acompanhamento psicológico, nutricional e freqüentou reuniões com o
grupo de obesos. Depois de dois anos e meio, fez a cirurgia. O acompanhamento póscirúrgico foi realizado até três meses depois.
O caminho que Celso percorreu até a sala de cirurgia é o correto. Porém, a
realidade observada nos consultórios, hoje em dia, é outra. O que se vê são pessoas
que se acham gordinhas ou que realmente estão um pouco acima do peso querendo
reduzir o estômago a qualquer custo. "Conheço gente que foi no consultório na quartafeira e no sábado já estava operado. Hoje, ele está xingando o médico. Acho que o erro
foi dos dois", conta.
Preocupação - Médicos e psicólogos estão preocupados com a quantidade de
pessoas que não conseguem superar a compulsão e se adaptar à vida de 'magro'.
Para a chefe de endocrinologia do HGG, Eldeci Cardoso da Silva, e também
coordenadora do Programa de Prevenção e Controle de Obesidade, o problema é que
as pessoas não querem fazer nenhum esforço para emagrecer. "Querem perder peso à
custa de um milagre. Cirurgia bariátrica não é fazer lipo no pneuzinho do culote",
afirma.
Como a cirurgia bariátrica é um procedimento de alta complexidade, o indivíduo
deve fazer o acompanhamento com um equipe multidisciplinar - endocrinologista,
psicólogo, psiquiatra, nutricionista, pneumologista, cardiologista, profissional de
enfermagem, entre outros.
Crise - Caso contrário, uma crise de identidade é instalada. O indivíduo fica
chocado com a nova imagem - pois há uma mudança brusca em sua fisionomia -,
come a mesma quantidade de alimentos, não está preparado para lidar com o excesso
de pele, enfim, cria-se uma série de problemas. Há casos de pacientes que fazem o
acompanhamento com uma psicóloga há dois, três meses, mas que não estão
preparados para enfrentar a cirurgia.
Preparo psicológico
Estilo de vida do paciente sofre mudança após procedimento
De acordo com o gastrocirurgião e coordenador de cirurgia bariátrica no Hospital
Geral de Goiânia (HGG), Adriano Teixeira Canedo, o procedimento muda totalmente a
vida do indivíduo. "Por isso tem de estar preparado psicológica e nutricionalmente",
justifica.
A cirurgia é indicada para obesidade mórbida e não por questão de estética
perfeita, lembra o médico. "Porém, muitos pacientes pressionam os cirurgiões em seus
consultórios", afirma. Para Adriano, cabe à classe médica esclarecer a população que
essa cirurgia é indicada somente para pessoas doentes. Os pacientes que fazem a
bariátrica visam um peso que seja tolerável. "Não querem se tornar uma Gisele
Bündchen."
Para os casos de obesidade leve, Adriano diz que existe uma nova alternativa.
Trata-se da psicoterapia (terapia psicológica) e dietoterapia (reeducação alimentar),
associadas a um programa individualizado de exercícios físicos. "É mais trabalhoso,
mas esse é o preço de tratar com racionalidade a obesidade hoje. A chance se ter
sucesso é alta", diz.
Ele não aconselha tratar a obesidade com anfetaminas. "Além de ser um
absurdo, o tratamento é ineficaz. Não trata a causa e sim o efeito", conclui.
Romaria atrás de médicos
Para fazer a cirurgia de redução de estômago, o representante de vendas Celso
de Abreu passou por nove especialidades médicas exames
Fez acompanhamento psicológico e nutricional e reuniões de auto-ajuda com
grupo de obesos
Após a cirurgia, Celso ainda foi acompanhado pelos médicos durante três meses
Tinha obesidade mórbida e conseguiu reduzir peso de 165 kg para 75,1 kg
Estrutura emocional
Virgínia Célia de Barros Oliveira, uma das psicólogas responsáveis pelo
Programa de Prevenção e Controle de Obesidade do Hospital Geral de Goiânia (HGG),
se preocupa muito com a estrutura emocional do paciente que irá se submeter à
cirurgia bariátrica. O indivíduo precisa estar preparado para novos hábitos após o
procedimento cirúrgico.
As modificações alimentares e comportamentais virão, com certeza. Se antes da
cirurgia, o paciente tomava um copo de água de uma só vez, depois, terá de tomar a
água aos pouquinhos. Até a água de coco precisa ser coada. A refeição, feita
anteriormente em 10 minutos, terá de ser realizada num tempo maior.
"Quem vive nesse mundo estressante, tem de fazer tudo muito rápido. Mas
quem passa por esse processo cirúrgico, precisa estar preparado para modificar
hábitos de toda uma vida", afirma.
Solução - Virgínia chama a atenção daquelas pessoas que apontam a cirurgia
bariátrica como solução para a obesidade. "O indivíduo que não tem uma boa estrutura
emocional não sabe o que virá pela frente após a cirurgia. Há pacientes que se
arrependem de ter feito o procedimento, outros desenvolvem uma bulimia nervosa e
chegam a ter sérios problemas emocionais", diz.
Problema na Origem - O Ministério da Saúde (MS) quer combater o problema
da obesidade na origem, bem como suas causas. Desde setembro de 2004, um grupo
de trabalho discute o Plano Nacional de Atenção à Obesidade. Em fevereiro, o
ministério vai ampliar a questão e propor a criação de um grupo interministerial para
tratar do assunto.
Ainda este ano, os ministérios da Educação, Agricultura, Esportes e a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) devem se juntar ao MS em busca de uma
solução.
Caminho feito ao inverso
Segundo Marlice Silva Marques, nutricionista do Programa de Prevenção e
Controle de Obesidade do HGG, a procura pela cirurgia bariátrica nos consultórios
particulares virou uma coqueluche. Ela conta que a pessoa chega no consultório
querendo um milagre. Quer fazer a cirurgia e não quer saber de fazer dieta nem
exercícios físicos. O médico diz que não tem indicativo para fazê-la. Seis meses ou um
ano depois, ela volta gorda, ou seja, faz o caminho inverso de quem realmente precisa
fazer a cirurgia.
Marlice explica que, ao engordar, o indivíduo sobrecarrega seu organismo. Pode
desenvolver colesterol, pressão alta, diabetes etc. Diz que já tratou de pacientes depois
de passar pela cirurgia bariátrica sem o devido acompanhamento. "É drástico. A
pessoa não tem noção da nova realidade."
Pode comer de tudo, mas em quantidade mínima. Como não foi preparada,
come muito e vomita. O estômago não suporta tanta comida. Conseqüentemente, fica
desnutrida.
Cirurgias - O Hospital Geral de Goiânia já realizou mais de 100 cirurgias
bariátricas desde o início do Programa de Prevenção e Controle da Obesidade. Esse
ano, irá dobrar o número de procedimentos cirúrgicos. De uma cirurgia por semana,
agora passa a realizar duas.
A expectativa para esse ano, segundo o coordenador de cirurgia bariátrica no
HGG, Adriano Teixeira Canedo, é realizar 80 cirurgias. Atualmente, existem cerca de
1.700 pacientes cadastrados com obesidade mórbida (IMC acima de 40). A técnica
utilizada é a videoendoscopia ou a convencional (cirurgia aberta).
No HGG, o paciente obeso é triado e não são todos os casos que resultam em
cirurgia. Alguns são resolvidos com remédios e atendimento médico e psicológico. Para
os casos cirúrgicos, o paciente recebe total acompanhamento multiprofissional e,
posteriormente, a plástica para reposição de pele e a estética necessária.
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