UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS ENGENHARIA AGRÍCOLA INFLUÊNCIA DA MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA EM PALMEIRAS DE GOIÁS (1950-2000) DIEGO BATISTA DE MORAES ANÁPOLIS – GO 2012 1 DIEGO BATISTA DE MORAES INFLUÊNCIA DA MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA EM PALMEIRAS DE GOIÁS (1950 -2000) Monografia apresentada à Universidade Estadual de Goiás – UnUCET, para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Agrícola. Área de Concentração: Extensão rural. Orientador: Profa. Me. Eunice de Oliveira Rios ANÁPOLIS – GO 2012 DIEGO BATISTA DE MORAES INFLUÊNCIA DA MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA EM PALMEIRAS DE GOIÁS (1950 -2000) Trabalho de Conclusão de Monografia apresentada à Universidade Estadual de Goiás – UnUCET, para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Agrícola. Área de Concentração: Extensão rural. Aprovado em: 06/12/2012 Banca examinadora Profª MSc. Eunice de Oliveira Rios Universidade Estadual de Goiás Orientadora Profº Dr. André Luiz Ribas de Oliveira Universidade Estadual de Goiás Membro Avaliador Profª Dra. Roberta Passini Universidade Estadual de Goiás Supervisora de TCC. ii AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus por ter iluminado meus caminhos nessa longa caminhada de cinco anos até a conclusão deste curso. Ao meu pai Ademar de Sousa, por todo amor, dedicação e ajuda. À minha mãe Vera Lucia, pela dedicação e amizade. Não faltaram esforços para concretizar esse sonho. Á minha Orientadora Professora Eunice de Oliveira Rios, pelo incentivo, pelos ensinamentos que me foram transmitidos, pelo auxílio às atividades e discussões deste Trabalho de Conclusão e, principalmente por ter acreditado nesse projeto. A todos os professores da unidade UnUCET que contribuíram para minha formação profissional e humana. À instituição UEG e a todos os funcionários. À coordenação de curso, ao professor Elton, à secretária Renata. E, aos meus Amigos Diego Felix, Jeverson Morais, Ricardo Regis, e os demais amigos de turma, por todo o apoio durante o curso. À minha namorada Stefany Martins, por toda paciência, amizade e compreensão. À minha irmã Laiz Batista, por todo apoio. A toda minha família, que de forma direta ou indiretamente me ajudou na conclusão desse curso. iii A minha avó Adelina Dias de Moraes que durante o meu curso superior aconteceu seu falecimento. Apesar de hoje não estar presente entre nós, seus ensinamentos estão presentes em mim. iv SUMÁRIO LISTA DE TABELAS............................................................................................................... vii LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. viii 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10 2 OBJETIVOS ........................................................................................................................... 11 2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 11 2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO .................................................................................... 11 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 12 3.1 PROCESSO HISTÓRICO .................................................................................... 12 3.2 MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA NO BRASIL.................................... 13 3.2.1 Política agrícola e o crédito rural ............................................................. 14 3.2.1.1 A modernização compulsória (1967/1979) ............................................ 16 3.2.1.2 A crise do padrão de financiamento (1979/1986) .................................. 16 3.2.2 Novas tecnologias ....................................................................................... 17 3.2.2.1 Embrapa ................................................................................................. 19 3.2.2.2 Extensão rural ........................................................................................ 19 3.2.2.3 Graduação em Ciências Agrárias .......................................................... 20 3.2.2.4 Pós-Graduação ....................................................................................... 20 3.2.2.5 Fertilizantes ............................................................................................ 20 3.2.2.6 Defensivos ............................................................................................... 21 3.2.2.7 Máquinas e Implementos ........................................................................ 21 3.2.3 Êxodo rural e concentração urbana no Brasil ......................................... 22 3.3 MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA EM GOIÁS ..................................... 23 3.3.1 Processo histórico do estado de Goiás ...................................................... 23 3.3.2 As pesquisas voltadas ao campo pós 1970 no estado de Goiás ............... 24 3.3.3 Cooperativa em Goiás ................................................................................ 25 3.3.4 Resultado da modernização em Goiás...................................................... 25 3.4 PALMEIRAS DE GOIÁS ................................................................................ 26 4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................... 28 4.1 CENSO DEMOGRÁFICO DO IBGE .................................................................. 28 4.2 CENSO AGROPECUÁRIO DO IBGE ................................................................ 29 4.3 ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO ESTADO DE GOIÁS DO IBGE ..................... 30 v 4.4 LAVOURAS PERMANENTES (IBGE).............................................................. 30 4.5 LAVOURAS TEMPORÁRIAS (IBGE) .............................................................. 31 4.6 PASTAGENS NATURAIS (IBGE) ..................................................................... 31 4.7 PASTAGENS PLANTADAS (IBGE) .................................................................. 31 4.8 MATAS NATURAIS (IBGE) .............................................................................. 31 4.9 MATAS PLANTADAS (IBGE) ........................................................................... 31 4.10 MÁQUINAS E INSTRUMENTOS AGRÁRIOS (IBGE) ................................. 31 4.11 EFETIVOS DA PECUÁRIA (IBGE) ................................................................. 31 4.12 PRODUÇÃO VEGETAL (IBGE) ...................................................................... 32 4.12 EXTRAÇÃO VEGETAL (IBGE) ...................................................................... 32 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 33 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 42 7 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 43 ANEXOS .................................................................................................................................... 47 vi LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Número de contratos e valores dos financiamentos á agropecuária no Brasil (1938-1980). ............................................................................................................................. 15 TABELA 2 – Distribuição das aplicações federais em Ciência e Tecnologia segundo os Ministérios (em %). .................................................................................................................. 18 TABELA 3 – Indicadores de utilização de mão de obra, segundo estratos de área total, Brasil, 1970-1980. ................................................................................................................................ 22 vii LISTA DE FIGURAS FIGURA 1- Localização do Município de Palmeiras de Goiás ............................................... 27 FIGURA 2 - Quantidades de hectares destinadas a utilização das terras como pastagem no município de Palmeiras de Goiás (1950-1995). ....................................................................... 33 FIGURA 3 – Quantidades de hectares destinados à utilização das terras como lavoura, no município de Palmeiras de Goiás. ............................................................................................ 34 FIGURA 4 – Números da pecuária no município de Palmeiras de Goiás (1950-2000). ......... 35 FIGURA 5 - Frigorífico Minerva em Palmeiras de Goiás ....................................................... 36 FIGURA 6 – Confinamento Ouro Branco ................................................................................ 36 FIGURA 7 – Número de População Residente: urbana e rural no município de Palmeiras de Goiás (1950-2000). ................................................................................................................... 37 FIGURA 8 – Números de máquinas agrícolas no município de Palmeiras de Goiás (1950 1995). ........................................................................................................................................ 38 FIGURA 9 – Utilização das terras como matas e florestas no município de Palmeiras de Goiás (1950-1995). ............................................................................................................................. 39 FIGURA 10– Produção agrícola no município de Palmeiras de Goiás (1950-1995). ............. 40 viii RESUMO A expansão da modernização agrícola, a qual vem ocorrendo em Goiás a partir da década de 1970, mudou o padrão de produção. As mudanças surgiram a partir do governo de Getúlio Vargas, quando foi nomeado para interventor Federal de Goiás, Pedro Ludovico Teixeira, que tinha com objetivo, povoar as regiões onde existiam vazios demográficos. A mudança da capital, da cidade de Goiás para Goiânia, em 1933, foi um marco da transformação do estado. No governo militar, com o pacote da Revolução Verde, que tinha como objetivo a utilização da tecnologia no campo, trouxe consigo transformações em toda a sociedade goiana, não somente da região sul do estado. Por este motivo, o presente trabalho teve como objetivo demonstrar como uma cidade, fora do grande eixo da agricultura, teve na agroindústria um fator determinante para o ressurgimento da uma economia monetária. A cidade de Palmeiras de Goiás retrata uma cidade interiorana que teve como origem a mineração e passou pelo processo de transição entre o ciclo minerador e a modernização da agricultura, fundamentada na expansão do capitalismo ao campo. As propriedades autossuficientes começaram a produzir cultivares específicos, aumentando a produtividade da terra, com isso os pequenos produtores não tinham condições de concorrência contra os grandes latifúndios. Palavras chave: Estado, Revolução Verde, tecnologia, sociedade goiana. ix 1 INTRODUÇÃO A Modernização Agrícola criada pelo governo militar, a partir da década de 1970, foi sem dúvida, o maior avanço tecnológico na agricultura brasileira. O uso intensivo de insumos químicos (fertilizantes e pesticidas) aliados ao processo de modernização no plantio, colheita e o melhoramento genético das sementes acarretaram profundas transformações no modelo socioeconômico brasileiro. No cerrado, essas transformações chegaram ao final da década de 1970, privilegiando, principalmente, os grandes produtores. Aumentou-se, significantemente, a concentração de terras (QUEIROZ, 2010). O uso de máquinas agrícolas, nos processos de produção, gerou um excedente da mão de obra, consequentemente, houve um “inchaço” da cidade, gerando sérios problemas sociais, como: a falta de empregos, aumento da criminalidade, infraestrutura urbana deficiente, problemas nas áreas da saúde, da educação, do lazer, entre outros. O crédito rural passou a ser altamente concentrado nas regiões Sudeste e Sul, para produtos específicos e nas mãos de poucos agricultores. Do mesmo modo, o crédito, favoreceu os agricultores do Centro-Sul em detrimento dos das outras regiões, particularmente, aos do Nordeste, agravando as desigualdades regionais, devido à lógica dos empréstimos bancários, ao exigir uma série de documentos burocráticos (MARTINE e GARCIA, 1987). As regiões norte e nordeste de Goiás passaram pelo processo de modernização tardio, se comparadas às outras regiões do Estado. Isso se deu devido à intervenção do Estado e também pelos fatores físicos: clima, topografia, localização e relevo. Portanto a fronteira agrícola não concentra apenas no sul do estado, ela alcançou toda sua extensão, embora com uma dinâmica diferente (FERNANDES, 2006). A mudança no meio agrícola se deu pela necessidade da indústria. Isso fez com que os dois meios tivessem uma dependência, entre essa relação se posicionava o “governo”, cuja função era mediar os interesses de ambas as partes. Segundo Fernandes (2006), a implantação de tecnologia no campo brasileiro é vista como um dos elementos presentes no processo de fixação do capitalismo no país, no qual insere o meio rural. 10 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL O objetivo do presente trabalho foi estudar a modernização agrícola no Estado de Goiás e sua influência na cidade de Palmeiras de Goiás. 2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO Avaliar as principais consequências da modernização agrícola na cidade de Palmeiras de Goiás, no período de 1950-2000, levando em consideração os fatores: êxodo rural, utilização da terra, pecuária, máquinas agrícolas, florestas e a produção agrícola, tendo por base os dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística e Anuário Estatístico do Estado de Goiás. 11 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 PROCESSO HISTÓRICO A crise de 1929 é apontada como um marco, visto que a partir desse momento o setor agrário passou a ter uma intensa intervenção do Estado, pois era o único setor com capacidade de gerar lucros a economia fragilizada (FERNADES, 2006). No período de 1930-1945 com o governo getulista, a política brasileira passou a ser desenvolvida da seguinte maneira: a agricultura deveria atender às necessidades da nova regulação da economia (urbano-industrial) sobre influência do Estado que passou a ser o mediador dos interesses ruralista e industriais (FERNADES, 2006). O projeto do presidente Vargas era transformar o Brasil em um país autossustentável, se tornando independente do mercado externo. Esse processo foi inicializado nos locais em que se instalaram várias indústrias, a grande transformação ocorrida nesse momento foi a queda dos preços das mercadorias, reduzindo, de forma significativa, o custo de produção. Como consequência, ocorreu um aumento na demanda dos produtos, para isso houve uma necessidade de matéria prima e insumos não produzidos no Brasil, o sistema industrial entrou em colapso, mais precisamente na década de 1960 (FERNADES, 2006). A BR-153 não foi simplesmente uma via de comunicação, ela transformou significativamente toda a região que antes vivia em um isolamento. Ela proporcionou o escoamento da produção, a chegada de produtos industrializados dos grandes centros e, principalmente, a mudança do perfil do produtor, como o melhoramento genético do gado e a adaptação de novas áreas na agricultura brasileira (NASCIMENTO, 2009). O contexto brasileiro no momento se deu em virtude o final da Segunda Guerra Mundial (1945), onde os Estados Unidos da América e a União da República Socialista Soviética saíram como os principais vencedores, assim, duas economias diferentes tentando tomar o poder no mundo, gerou a disputa entre o Socialismo e o Capitalismo, essa batalha foi denominada de Guerra Fria (nome que se deu pelo fato de nunca ter havido realmente um combate direto). Esse fato mundial fez com que os americanos incentivassem a instalação do governo militar no Brasil. Na realidade, essas medidas tinham como fim, livrar-se das ameaças de movimento comunista (FERREIRA e MENDES, 2009). Em 1964 deu-se início no Brasil à fase de sua história, denominada de Ditadura Militar. 12 O principal objetivo dos militares era transformar o país em uma potência no cenário mundial, isso só seria possível com o apoio financeiro e logístico dos Estados Unidos. A partir desse momento o país entrou para um regime ditador. Espalhou em todo país o serviço de extensão rural, liderado pela Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMBRATER), o governo brasileiro julgavam que o principal problema do atraso da modernização agrícola se concentrava na difusão de tecnologias; crédito rural, taxas de juros subsidiadas para insumos modernos, bem como, facilitar o trabalho da extensão rural, estimular o desenvolvimento de indústria de insumo modernos e da agroindústria (ALVES e CONTINI, 1988). 3.2 MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA NO BRASIL A origem da modernização agrícola brasileira se deu na década de 1950, em que se pretendia acelerar o processo de substituição de importação. Esse padrão ficou, mas evidente a partir 1964, com o governo militar, quando se iniciou a ideológica de modernização (MARTINE e GARCIA, 1987). Os estímulos à produção industrial avançaram sobre o meio rural, mudando radicalmente o modo de produção agrícola, quebrando os paradigmas do passado. A partir desse momento o campo iria abastecer o processo industrial. A agricultura por sua vez passou a ser incorporada ao processo capitalista, tornandose o agroindustrial, com o capital da indústria e os financiamentos, dados pelo governo, para o melhoramento no campo (MARTINE e GARCIA, 1987). A modernização agrícola é um processo de mudança na base técnica, à industrialização da agricultura trouxe a libertação dos modos produzidos anteriormente, dando-se as condições necessárias para produção em larga escala, a partir desse momento não se produzia, apenas o necessário e sim, uma quantidade para estoque e vendas externas, para tanto, estabeleceram condições como: se faltar chuva, irrigação; se o solo não é fértil, adubação; se tiver excesso de pragas, agrotóxicos (KAGEYAMA e SILVA, 1988). O novo modelo agrícola foi possível pela internacionalização do pacote tecnológico, popularmente, chamado de REVOLUÇÃO VERDE na década de 1960. Esse pacote tinha como objetivo a elevação da produtividade média através de sementes melhoradas geneticamente com o uso combinado de máquinas e de insumos químicos (MARTINE e GARCIA, 1987). 13 A modernização agrícola no Brasil surgiu de uma proposta feita pelos conservadores, oposta a proposta de reforma agrária. A modernização além das tecnologias tinha escondida entre seus interesses, manter as grandes concentrações de terras, por isso o processo foi completamente preconceituoso, desigual e protetor (FERNADES, 2006). Segundo Fernandes (2006), a modernização agrícola foi simplesmente uma chegada do capitalismo ao campo, deixando o sistema capitalista mais forte dentro do país, para tanto houve uma aliança entre Estado/capital/latifúndio, o setor privilegiado foi o industrial. Entre as principais características da modernização agrícola destaca-se: a introdução de máquinas na agricultura (tratores importados), de elementos químicos (fertilizantes, defensivos, etc.), mudança de ferramentas e de culturas ou novas variedades (KAGEYAMA et al., 1990). A terra deixa de ser o laboratório natural, para se converter em mercadoria. Os equipamentos utilizados deixam de ser meros instrumentos de trabalho, para representar parte do capital a ser valorizado (KAGEYAMA et al., 1990). 3.2.1 Política agrícola e o crédito rural Em 1967, três anos após o golpe militar iniciava-se a fase chamada de “milagre econômico” onde os sindicados permaneciam sob a intervenção do Estado, os movimentos rurais e urbanos sofriam sérios golpes e opressão, o poder Executivo tinha total hegemonia entre os outros poderes. Subsídios, financiamentos a juros abaixo da taxa de mercado, linha de crédito normalmente de procedência do mercado externo controlaram a infração que era de 90% caindo para apenas 20% (AGUIAR, 1986). Segundo Aguiar (1986), a política econômica adotada pelo Brasil pós 1964 teve dois grandes pilares, de um lado, os esforços de modernização das estruturas sociais e econômica e do outro, o aprofundamento da internacionalização da economia brasileira, a chamada doutrina de interdependência. O crédito rural foi o principal modelo que viabilizou o uso de defensivos industriais no aumento da produtividade do campo rural brasileiro (MARTINE e GARCIA, 1987). As transformações ocorridas na economia e na sociedade rural do país, não foi o resultado da livre força do mercado, mas sim, de uma intervenção do Estado de forma direta. O Estado ora criava as próprias condições tecnológicas ou agia como interventor de um projeto definido de modernização da agricultura brasileira (KAGEYAMA et al., 1990). 14 Segundo Kageyama et al. (1990), o instrumento central da intervenção do estado foi à política de financiamento. A criação do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), juntamente com a reforma do sistema financeiro, deixou claro o interesse de que, uma parte dos recursos captados, fosse direcionada para o setor agrícola. O crédito rural subsidiário foi um instrumento de articulação entre os grandes proprietários de terras e os interessados com o desenvolvimento da agricultura destacando-se os industriais (MARTINE e GARCIA, 1987). A expansão dos créditos rurais foi realizada de duas formas: 1. Proveniente de depósitos de instituição bancária (10% dos depósitos á vista dos bancos comerciais deveriam ser emprestados á agricultura); 2. Os geradores viam débitos criados pelo banco contra si mesmos, para um determinado tomador, sendo que seu reembolso aconteceria posterior. TABELA 1 – Número de contratos e valores dos financiamentos á agropecuária no Brasil (1938-1980). ANOS 1938 1948 1958 1968 1969 1970 1975 1980 Nº de contratos 1.021 9.482 93.859 540.283 1.145.209 1.190.592 1.856.131 2.766.061 Cr$ 65.847,00 429.229,00 1.480.129,00 2.757.394,00 6.489.096,00 7.720.053,00 28.188.330,00 31.220.326,00 Fonte: PINTO, p. 117 e 120 e Banco Central do Brasil. Dados Estatísticos, 1980. Ao observar os dados da Tabela 1, podemos concluir que os números de contratos no período de 1968 até 1980 foram de 98% do total, isso nos mostra o quando a ditadura militar incentivou os créditos rurais. Outro dado relevante é a quantidade de dinheiro cedido nesse período, aproximadamente 97 % do total analisado. Vale ressaltar que o dinheiro está cotado em cruzeiro. O grande desafio do governo era ter uma taxa de juros e condições boas de pagamento para os produtores, sem provocar o colapso do sistema financeiro, garantindo-se os recursos e a rentabilidade dos bancos. 15 A partir do momento que o Estado insere a agricultura no sistema financeiro, ele passou a ter o controle no sistema de operação do setor agrícola. A política de crédito agrícola pode ser dividida em duas fases. A primeira, que se estendeu desde a criação do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) até o final da década de 70, período de implantação e consolidação do sistema de crescimento da agricultura, sendo que no período de 1970 a 1979, os créditos cresceram drasticamente. O segundo momento se estabeleceu a partir de 1979, quando ocorreu uma redução dos créditos, em 1984 o volume de crédito rural foi inferior a 46% do crédito concedido em 1979 (KAGEYAMA et al., 1990). 3.2.1.1 A modernização compulsória (1967/1979) Existiam três linhas de crédito rurais: o custeio, o investimento e a comercialização. Sem dúvida o custeio foi a que mais se expandiu, através dela o setor agrícola passou a ser beneficiado pelas políticas estatais, com isso os insumos agrícola foram usados em larga escala mudando o processo produtivo (MARTINE e GARCIA, 1987). A modernização compulsória foi a medida adotada pelo governo com a concessão de crédito subsidiado e do subsidio direto ao consumo de alguns insumos (KAGEYAMA et al., 1990). O estado buscou implantar um padrão técnico-econômico por cima das condições de mercado e transformá-lo no padrão dominante, modificando assim as próprias condições de concorrência e funcionamento do mercado (KAGEYAMA et al., 1990). O crédito rural era o elemento mestre para manter o sistema em funcionamento, pois a agricultura não tinha autossuficiência para a compra dos equipamentos e insumos, já a indústria se sustentava no mercado sem o apoio da agricultura. O governo tinha o papel fundamental na economia nessa fase, graças ao investimento externo, isso se tornou possível. 3.2.1.2 A crise do padrão de financiamento (1979/1986) A crise no sistema financeiro se refletiu na redução dos recursos disponível, como também, na aquisição de crédito agrícola, isso mudou o cenário do crescimento vertiginoso que o país estava passando. Entre 1979 a 1984 o volume de crédito foi reduzido em mais de 50%. Em 1984, o valor do crédito de investimento foi pouco superior a 1/5 registrado em 1979. Em 1980 e 1981 a taxa de juros foi fixada em 45% ao ano, a inflação foi de 100,2% e 109,9% ao ano, respectivamente (KAGEYAMA et al., 1990). 16 A partir desse momento o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) começou a ser alterado. Em 1984/85 pela primeira vez a taxa de juros cobrada passou a ser positiva desde a criação do SNCR (KAGEYAMA et al., 1990). Nesse contexto, os produtores eram obrigados a bancar parte dos gastos e arcar com grande parte dos investimentos. O crédito rural ficou bem próximo do mercado financeiro mundial. Essas mudanças do sistema financeiro ocorreram em uma fase muito desfavorável para a agricultura, de um lado, os reflexos do segundo choque do petróleo, do outro lado, o mercado internacional entrava em uma conjuntura desfavorável, particularmente o complexo da soja, e o mercado interno sentia o efeito da queda de poder de compra da população e em seguida os efeitos da própria recessão. Diante dessa situação o Estado passou a assegurar o preço mínimo de algumas culturas. Essa medida proporcionou uma manutenção nível de produção agropecuário (KAGEYAMA et al., 1990). 3.2.2 Novas tecnologias Segundo dados da Portaria Ministerial nº 143; No dia 18 de abril de 1972, o então Ministro da Agricultura Luiz Fernando Cirne Lima, constituía através da portaria nº 143, um grupo de trabalho, ao qual delegava a missão de: “definir os principais objetivos e funções da pesquisa agrícola, em consonância com as necessidades do desenvolvimento nacional”. A partir desse momento, as pesquisas voltadas para o meio agropecuário tornava-se uma necessidade para o desenvolvimento nacional, sendo tratadas de forma diferenciadas e em caráter de urgência. (AGUIAR, 1986). O Programa Estratégico de Desenvolvimento (PED) foi o primeiro a propor, de forma clara, uma política científica e tecnológica ao país (AGUIAR, 1986). O PED tinha dois grandes objetivos: 1. O aumento da produtividade (mudando o modelo tradicional) e, 2. A mudança da comercialização de alimentos. Para concretizar os referidos objetivos aplicou-se um conjunto de ações, que acarretaram na mudança do perfil do produtor, são elas: Desenvolvimento da pesquisa agrícola; Programa nacional de sementes; Política de fertilizantes e corretivos; Política nacional de mecanização; Política nacional de irrigação; 17 Programa de eletrificação rural; Desenvolvimento da extensão rural. TABELA 2 – Distribuição das aplicações federais em Ciência e Tecnologia segundo os Ministérios (em %). Ministérios Agricultura Educação e Cultura Minas e Energia Indústria e Comércio Saúde Militares Outros Presidência da Republica e FNDCT TOTAL 1979 18,3 11,3 9,9 3,8 3,2 1,5 0,4 51,6 100 1980 21,3 10,1 9,7 3,3 3,8 1,4 0,2 50,2 100 Fonte: Aguiar, p.132 e Revista Brasileira de Tecnologia, Brasília, CNPq, 12(4): 48, outubro/dezembro (1981). O 1º Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) destacou a importância da ação estatal no projeto de modernização da agricultura, tinha como objetivos: 1. Colocar o Brasil na categoria de nações desenvolvidas; 2. Duplicar até 1980 a renda per capita dos brasileiros e, 3. Elevar a economia. Segundo Aguiar (1986), as políticas de modernização do 1º PND, impunha a intervenção do Estado como instância que favorece a inserção da economia brasileira na economia internacional. Nesse período, as empresas multinacionais tinham força, devido ao volume de capitais estrangeiros que entrava no país. Do outro lado, promoviam uma política de produção para o exterior, voltados apenas para esse lado, sem a preocupação em vender apenas o que o mercado não consumia. O 1º Plano Básico de Desenvolvimento Científico apresentou, como principal projeto, a implantação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). 18 3.2.2.1 Embrapa A lei nº 5.851, de dezembro de 1972, criou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), que foi instalada em 26 de abril de 1973, vinculada, como empresa pública, ao Ministério da Agricultura. As tecnologias e as pesquisas desenvolvidas pela EMBRAPA estavam voltadas às necessidades dos médios e grandes produtores, às pessoas de certo nível educacional que gozassem de um espírito empreendedor. É sob esse perfil e, através do crédito subsidiado, que se dá a expansão do plantio de culturas de maior rentabilidade (FERREIRA e MENDES, 2009). Segundo a EMBRAPA o que se esperava com a tecnologia de plantas transgênicas eram benefícios para o produtor como a redução de custo de produção, facilidade no manejo (controle de ervas daninhas e insetos, etc.) e aumento de produtividade. A EMBRAPA foi de extrema importância para naquele momento para a diluição da tecnologia. Apesar de ter privilegiado de forma desigual, foi uma instituição que influenciou de forma direta a modernização do campo. 3.2.2.2 Extensão rural Em 1974 surgiram a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão (EMBRATER) e as Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATERES), criadas para substituir as instituições estaduais. Apenas o estado de São Paulo manteve o Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural (SIBRATER) e a Coordenadoria e Assistência Técnica Integral (CATI). Entre 1948 a 1964 o público-alvo eram os pequenos e médios agricultores. De 1964 a 1974 o público era os médios e grandes produtores. A partir de 1974 definiram-se como público os pequenos agricultores, responsáveis pelo abastecimento do mercado interno (ALVES e CONTINI, 1988). Em muitos lugares o sistema de Extensão Rural era a única representação do governo voltada para a agricultura. Nesse momento era mais de 3000 municípios beneficiados. Em meados dos anos 70 este sistema foi substituído pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Segundo Alves e Contini (1988), a extensão rural não é o instrumento mais poderoso para a transferência de tecnologia, perdendo significada mente para as instituições privadas. Mas sem dúvida a extensão pública é indispensável à modernização da agricultura. 19 3.2.2.3 Graduação em Ciências Agrárias Segundo dados da Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior (ABEAS), no Brasil, em 1949 existiam apenas 17 cursos de ciências agrárias, sendo: 11 de Agronomia e 6 de Veterinária. Em 1986 subiu para 96 cursos e 7203 vagas, e depois da década de 1950 surgiram outros cursos na área como: Engenharia Florestal, Zootecnia, Engenharia Agrícola e Engenharia de Pesca. Apenas no período de 1970 a 1986 foram criados 55 novos cursos no país. 3.2.2.4 Pós-Graduação Segundo dados da ABEAS, o curso de Mestrado surgiu em 1961 com capacidade de 118 cursos e bem distribuídos pelo país, com exceção da região norte do país onde não há nenhum curso. Diferentemente do curso de Doutorado que teve seu desenvolvimento bem lento. Em 1986 eram apenas 25 cursos. Desses números o estado de São Paulo detém mais da metade deles. As necessidades de doutorados para o desenvolvimento do país foi bem superior à oferta. Então a diferença foi realizada com programas intensivos de aperfeiçoamento no exterior (ALVES e CONTINI, 1988). 3.2.2.5 Fertilizantes A necessidade do uso de fertilizantes não ocorreu apenas em função da cultura, tendo como determinante, também, a escala e a ligação desta com o conjunto das tecnologias disponíveis para cada cultura (KAGEYAMA et al., 1990). A importância da boa utilização do fertilizante vai além da melhor eficiência no campo, como também o seu valor no custo de produção. No primeiro momento o estado brasileiro importou os fertilizantes e, no segundo, com a crise do petróleo (1972-1974) e a abertura da economia brasileira para o capital multinacional, houve uma expansão das indústrias de fertilizantes. Segundo Kageyama et al., (1990) não existe grandes inovações de produtos que alteram o contexto geral da concorrência entre os produtores, o que a indústria procura é crescer fundamentalmente através da ampliação extensiva dos mercados. 20 Como a maioria dos fertilizantes fosfatos e nitrogenados foram supridos por empresas estatais gerou-se uma crise que perdurou de 1980 a 1983. Em 1984, o Estado saiu da produção de fertilizantes, passando a ser comercializados de forma centralizada. 3.2.2.6 Defensivos Quanto aos defensivos agrícolas, diferentemente dos fertilizantes, há inovações tecnológicas dos produtos, o que permite que eles tenham um padrão de competividade. Em 1975 ocorreu um aceleramento da indústria de defensivos, através de políticas publicas de incentivos a esse ramo de produção como a criação do Plano Nacional de Defensivos Agrícolas (PNDA), cujo objetivo era a internaciolização das etapas finais de produção dos defensivos, minimizando assim as importações, e exportar os excedentes (KAGEYAMA et al., 1990). A oferta do crédito de custeio para os defensivos favoreceu a alteração do processo de controle de ervas daninhas em culturas, com o grau crescente de mecanização e também o uso preventivo de inseticidas e fungicidas (KAGEYAMA et al., 1990). Segundo Naidin (1985), após 1981 as empresas Bayer e Ciba Gleigy passam a liderar e dispor de uma rede de venda e desenvolvimento de produtos, superiores às das concorrentes, gerando o desenvolvimento de pesquisas, difusão de tecnologias e incentivos públicos que ficaram comprometidos, fato este, que levou ao desenvolvimento de um processo de monopólio. O final dos 80 foi marcado por um período de reorganização da indústria de defensivos no Brasil (KAGEYAMA et al., 1990). 3.2.2.7 Máquinas e Implementos As máquinas e os implementos agrícolas surgiram em meados da década de 20, mas desenvolveram com implantação de indústria nacional de tratores, provocando a mecanização do campo, em grande escala. A industrialização de tratores iniciou-se no governo de Juscelino Kubitschek com o Plano de Metas. Nessa época já era presente a proteção do mercado, com políticas que favoreciam a substituição de importações (KAGEYAMA et al., 1990). Após a década de 1970, houve um crescimento vertical da compra de máquinas agrícola, devido à proteção de políticas e ao crédito rural subsidiado (KAGEYAMA et al., 1990). 21 A partir de 1976, o crescimento da indústria de maquinas e implementos desacelerou. Com a diminuição do crédito rural e a queda dos preços das culturas (soja, algodão, amendoim, café e laranja) para exportação, o maior mercado consumidor de máquinas apresentou problemas em absorver a produção (KAGEYAMA et al., 1990). 3.2.3 Êxodo rural e concentração urbana no Brasil O pacote de tecnologia (créditos rurais em abundância, pesquisas, defensivos, fertilizantes e a uso de máquinas no campo) aplicado na modernização da agricultura brasileira favoreceu, principalmente, os grandes produtores, pois essa tecnologia se adaptou muito bem em grandes áreas de terras, gerando um aumento da concentração de terras no país. O efeito de modernização pode ser notado na década de 1970, quando ocorreu o maior êxodo rural brasileiro, cerca de 16 milhões de pessoas deixou o meio rural em busca de um futuro melhor, nas cidades (MARTINE e GARCIA, 1987). TABELA 3 – Indicadores de utilização de mão de obra, segundo estratos de área total, Brasil, 1970-1980. Estrato de Área Total (em hectares) Menos de 5 Menos de 10 Menos de 50 Menos de 100 100 a menos de 500 500 a menos de 1000 1000 a menos de 10000 10000 a mais Razão entre pessoas ocupado é área total (pessoas / hectares) 1970 1975 1980 1,24 0,78 0,29 0,21 0,03 0,01 0,006 0,001 1,44 0,93 0,34 0,242 0,03 0,014 0,006 0,001 1,385 0,88 0,317 0,226 0,034 0,017 0,007 0,002 Fonte: Censo Agropecuário IBGE (1970, 1980) e Anuário estatístico (1975). Como podemos observar a Tabela 3 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quanto maior e a concentração de terra menor será a utilização de mão de obra. Portanto a modernização agrícola privilegiou os grandes produtores, levando os pequenos produtores e trabalhadores rurais à migração para as cidades. Segundo Martine e Garcia (1987), em 1970 o Brasil tinha apenas 257 cidades com mais de 20 mil pessoas, em 1980 o número já passava de 400 cidades, sendo que, as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte foram as que apresentaram um maior crescimento, em relação o restante do país. 22 Grande parte da mão de obra, que se tem nas cidades, compõe o terciário marginal, tendo uma produtividade mínima e uma sobrevivência precária. A razão disso é simples: a alta taxa de migração urbana significa um inchamento da força de trabalho muito maior do que a capacidade de criação de empregos (MARTINE e GARCIA, 1987). Os setores periféricos nas cidades é uma consequência lógica do processo de luta pelo espaço urbano. Os moradores que detém mais capital buscam os lugares próximos do centro, o restante fica com os lugares afastados e sem estruturas físicas adequadas, comprometendo a qualidade de vida. 3.3 MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA EM GOIÁS 3.3.1 Processo histórico do estado de Goiás O sistema de povoamento do estado de Goiás aconteceu à quase 200 anos após a chegada dos portugueses ao Brasil. Devido à falta de interesse da Coroa com o povoamento do interior do país, sua ocupação ficou restrita à exploração do litoral. Com a crise no ciclo da cana-de-açúcar, Portugal sentiu a necessidade de buscar novas fontes de exploração no interior do país (NASCIMENTO, 2009). A principal expedição, nesse período da história de Goiás, foi a dos bandeirantes, que tinham como objetivo os lucros advindos da escravização dos índios e dos metais preciosos. Eram expedições particulares e não respeitaram o limite oficial do Tratado de Tordesilhas. O bandeirante acunhado de Anhanguera pelos indígenas, Bartolomeu Bueno da Silva Filho, em 07 de setembro de 1722 deixou, juntamente com seus parceiros a capitania de São Vicente (atual São Paulo). Após três anos de caminhada pelo sertão, em 25 de outubro de 1725, retornou levando consigo várias amostras de ouro de diferentes minas na região de Goiás (NASCIMENTO, 2009). A descoberta do ouro em Goiás deu início ao processo de povoamento do futuro estado. As primeiras cidades foram instaladas, de forma precária, próximas aos rios onde era extraído o ouro. A cidade de Goiás é um exemplo desse período, uma cidade que se desenvolveu as margens do Rio Vermelho. Com a exploração do ouro ocorreram várias transformações significativas, entre elas: a urbanização, o crescimento demográfico, a mobilidade social decorrente do desenvolvimento de uma nova atividade econômica, o surgimento da classe média e, 23 principalmente, o deslocamento do eixo econômico do nordeste para o centro-sul. (NASCIMENTO, 2009). Com o esgotamento das minas de ouro em Goiás o estado passou a ter um esvaziamento demográfico, em todo o século XIX houve um crescente aumento populacional na região, numa espécie de recuperação demográfica (FERNADES, 2006). A partir do século XIX iniciaram-se as migrações para o estado de Goiás, oriundos de Minas Gerais e Nordeste brasileiro. Nesse momento aconteceu o período de transição entre a economia mineradora e a agrícola (FERREIRA e MENDES, 2009). Os mineiros ocuparam principalmente a região sul do estado, com objetivos de expandir os seus negócios. Já os nordestinos ocuparam, principalmente, a região norte, atual estado do Tocantins. A chegada das ferrovias, em 1913, ao estado de Goiás facilitou o processo de escoamento da produção e gerou uma valorização das terras goianas (FERNADES, 2006). A criação da cidade de Goiânia foi o grande marco da conquista do Oeste brasileiro no movimento chamado de Macha para o Oeste, em seguida a criação da capital federal Brasília (FERNADES, 2006). 3.3.2 As pesquisas voltadas ao campo pós 1970 no estado de Goiás Como visto anteriormente, o desenvolvimento das pesquisas voltadas ao campo aconteceu pela necessidade da indústria nacional, que necessitava de matéria prima oriunda da agricultura. Os militares acreditava que essa relação entre a indústria e a agricultura era fundamental para o desenvolvimento do país. As políticas adotadas pelo governo brasileiro foi o pacote tecnológico da Revolução Verde, que se adaptou muito bem aos interesses dos grandes produtores. Os pacotes eram compostos de: produção de fertilizantes, defensivos agrícola, máquinas agrícolas, política de crédito, sementes geneticamente modificada, entre outros. A Empresa Goiana de Pesquisa Agropecuária (EMGOPA) foi criada em 1973, em Goiás, tendo como objetivo desenvolver atividades ajustadas às metas, aos planos e ao sistema operacional preconizado pela EMBRAPA, sendo o organizador de políticas de ciências e tecnologias para a agricultura do Estado (EMGOPA, 1975). Segundo QUEIROZ (2010) a EMGOPA tinha a preocupação de gerar e divulgar suas tecnologias, preferencialmente, para os grandes produtores e, produtos agrícolas de maior valor econômico, com forte direcionamento para a região sudoeste de Goiás. 24 A região sul de Goiás teve destaque devido a sua proximidade com o mercado consumidor e a fertilidade natural do solo (FERNADES, 2006). A EMGOPA contava com quatro estações experimentais: 1. Goiânia (hoje se localiza na microrregião de Goiânia, na mesorregião Centro Goiano), que tinha com objetivo os projetos de pesquisa em bovinos, arroz, mandioca, solos, soja, algodão, milho, feijão, fitossanidade e fruticultura; 2. Jataí (hoje compõe a microrregião do sudoeste de Goiás, na mesorregião Sul Goiano), que tinha como objetivo os projetos de pesquisa em bovinos, arroz, olericultura, mandioca, solos, soja, algodão, feijão, fitossanidade, fruticultura e sistema de produção; 3. Araguaína (hoje localizada no norte do estado do Tocantins), nela as pesquisas eram voltadas aos bovinos, arroz e peixe e, 4. Anápolis (hoje, microrregião de Anápolis, na mesorregião Centro Goiano), onde foram desenvolvidos os projetos arroz, olericultura, soja, solos, milho, feijão, fruticultura e peixe. Ao observar os locais das estações experimentais da EMGOPA, observamos que três estações estão na região centro sul de Goiás, apenas a estação de Araguaína se localiza na região norte do estado (atual estado do Tocantins), ficando evidente a preferência de se divulgar a extensão rural para a região centro sul do Estado. 3.3.3 Cooperativa em Goiás A Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (COMIGO) foi criada em 1975, tinha com principal objetivo o desenvolvimento do capitalismo no campo utilizando o sistema de cooperativismo como forma de garantir a competividade, com um discurso pautado na ideia de igualdade “bem comum”, quando na verdade, era a defesa de um sistema econômico e a expansão de suas bases. A maioria de seus associados era do município de Rio Verde (FERNADES, 2006). 3.3.4 Resultado da modernização em Goiás O processo de intervenção do estado no campo, em Goiás, trouxe consigo a necessidade de urbanização do estado, associado à fundação de várias indústrias próximas às cidades, uma mentalidade cada vez mais urbana da população (FERNADES, 2006). 25 A educação tornou um elemento fundamental para o desenvolvimento agrícola, graças à difusão de tecnologia no campo, maximizando o potencial de cada região (QUEIROZ, 2010). Como visto anteriormente, as políticas públicas adotadas, privilegiou os latifundiários, aumentando a concentração de terra no Estado. Segundo QUEIROZ (2010) os grandes objetivos da modernização foram alcançados nos anos 80, no entanto, os impactos dessa modernização durariam ate os anos 90 com o neoliberalismo (retirada do governo da economia). 3.4 PALMEIRAS DE GOIÁS Foi fundada por um alemão com a atividade de mineração, junto ao córrego das Flores (RIOS, 1994). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a formação da cidade de Palmeiras de Goiás se deve às famílias Esteves Rodrigues, Martins, Rodrigues dos Santos, Goulart de Andrade e outras, oriundas do estado de Minas Gerais, que se apossaram de grande quantidade de terras no sul do Estado de Goiás. Palmeiras de Goiás é um exemplo claro de cidade que sofreu com a queda da mineração e se reabilitou com o desenvolvimento agroindustrial. Os principais produtos agrícolas em 1950 eram o arroz, feijão, algodão, milho e mandioca (RIOS, 1994). Segundo QUEIROZ (2010) as pesquisas com o cultivo do algodão foram desenvolvidas para atender às demandas das microrregiões do sudoeste de Goiás, Quirinópolis e Vale do Rio dos Bois (onde se localiza a cidade de Palmeiras de Goiás) aonde predominavam os cultivos do algodoeiro. Segundo o censo do IBGE de 2010, a cidade de Palmeiras de Goiás possuía, aproximadamente, 48% do Produto Interno Bruto (PIB) oriundo das indústrias. Este é um resultado das políticas adotadas no governo militar. 26 FIGURA 1- Localização do Município de Palmeiras de Goiás Fonte: IBGE. Mapa político do Brasil. Diretoria de Geociências (DGC), 2000. 27 4 MATERIAL E MÉTODOS Os dados levantados em campo foram obtidos juntos ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) localizado em Goiânia, através das seguintes publicações: Censo Demográfico de 1950, 1960, 1970, 1980, 1990 e 2000. Censo Agropecuário de 1950,1970, 1980, 1985 e 1995. Anuários Estatísticos do Estado de Goiás – 1975 e 1989-1992. 4.1 CENSO DEMOGRÁFICO DO IBGE O Censo Demográfico segue os princípios normativos determinados na Lei nº 5.534 de 14 de novembro de 1968. Segundo a referida Lei, as informações são confidenciais e obrigatórias, destinam-se exclusivamente a fins estatísticos e não podem ser objeto de certidão e nem ter eficácia como meio de prova. O Censo Demográfico é regulamentado pela Lei nº 8.184 de 10 de maio de 1991, que estabelece um máximo de dez anos para o intervalo intercensitário. As embaixadas, consulados e representações do Brasil no exterior são considerados Território Nacional, porém não foram incluídos no censo. Atualmente, a maioria dos funcionários brasileiros reside em domicílios fora das representações diplomáticas. A coleta de dados do senso varia de acordo com o tempo, normalmente são 200 mil recenseadores e 30 mil supervisores, no período de agosto até final de novembro. O Território Nacional foi dividido em 215.811 áreas contiguas, respeitando-se os limites da divisão político-administrativa, do quadro urbano e rural legal e de outras estruturas territoriais de interesse, além dos parâmetros de dimensão mais adequados à operação de coleta. O sistema cartográfico, elaborado exclusivamente para os fins estatísticos, é composto por uma série de Mapas Municipais e outras de Mapas de localidades. Os Mapas municipais, elaborados em escalas topográficas, apresentam a cobertura completa dos municípios, sua divisão distrital e os setores rurais. Os mapas de Localidades, elaborados em escalas cadastrais, apresentam a cobertura das cidades e vilas, suas divisões interurbanas e os setores urbanos. Os mapas se Setores Censitários, uma terceira série, são mapas individuais em escala diversas, oriundos do s respectivos Mapas de Localização ou Municipais. Segundo a Constituição Federal, a divisão política-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios. 28 Os levantamentos do Censo Demográfico são: Questionário básico: Aplicado em todas as unidades domiciliares, exceto naquelas selecionadas para a amostra, e que contém a investigação das características básicas do domicílio e dos seus moradores. Questionário da amostra: Aplicado em todas as unidades domiciliares selecionadas para a amostra. Além da investigação contida no questionário básico, abrange outras características do domicílio e pesquisa importantes informações sociais, econômicas e demográficas dos seus moradores. 4.2 CENSO AGROPECUÁRIO DO IBGE O Censo Agropecuário segue os princípios normativos determinados na Lei nº 5.878 de 11 de maio de 1973. O caráter obrigatório e confidencial atribuído às informações censitárias, que se destinam, exclusivamente, a fins estatísticos e não poderão ser objetos de certidão e nem terão eficácia jurídica como meio de prova. A coleta das informações, em cada Unidade da Federação, esteve a cargo das Divisões Regionais de pesquisa do IBGE, que se encarregaram da coordenação e execução das tarefas relacionadas com o Censo Agropecuário. Os resultados censitários são apresentados por Mesorregiões, Microrregiões Geográficas e Municípios. As Mesorregiões são unidades geográficas relativamente maiores que as Microrregiões, porém menores que o estado ou território. Foram criadas obedecendo ao mesmo princípio da classificação das Microrregiões Geográficas, tendo sido estas fixadas de acordo com a divisão Regional do Brasil para fins estatísticos, com a Resolução PR-51, de 1º de janeiro de 1990, do Departamento de Geografia da Diretoria de Geociências do IBGE. O Censo Agropecuário abrange as seguintes atividades econômicas: agricultura, pecuária, avicultura, apicultura, cunicultura, sericicultura, horticultura, floricultura, silvicultura e extração de produtos vegetais. Procedeu-se ao levantamento complementar da produção particular do pessoal ocupado residente, obtida em terras do estabelecimento, bem como o número de seus animais. O Censo Agropecuário foi investigado as atividades de beneficiamento e transformação exercidas nos estabelecimentos agropecuários, excetuando-se o correspondente às usinas de açúcar, fábricas de polpa de madeira, serrarias e às unidades industriais devidamente licenciadas. 29 Na coleta do Censo Agropecuário foi utilizado o Questionário Geral – CE 2.01, aplicando aos estabelecimentos agropecuários como unidades econômicas básicas, e o Questionário Complementar – CE 2.02, reservado ao registro da produção particular do pessoal residente (empregados, agregados, entre outros), obtida em terras dos estabelecimentos, e dos animais pertencentes a eles. Para o controle das distribuições e do recolhimento dos formulários, foram usadas a Caderneta do Recenseador – CE 2.03 e a Folha de Coleta- CE 2.05. As informações foram obtidas diretamente dos responsáveis pelos estabelecimentos (Questionário Geral- CE 2.01) e do pessoal residente, observando-se a produção particular e os seus animais (Questionário Complementar – CE 2.02). Para efeito da coleta das informações do Censo, os Municípios foram divididos em Setores Censitários. O Setor Censitário, unidade básica de coleta, constituiu-se de área territorial contínua, na mesma situação (urbana ou rural) do mesmo distrito administrativo. A dimensão dos Setores Censitários na área rural variou em conformidade com o número de unidades e as dificuldades de transporte. Os resultados foram obtidos pelo processamento dos registros constantes do Questionário Geral e do Questionário Complementar. As tabelas foram convertidas respectivamente, para: hectares, mil reais, toneladas, mil litros, mil frutos. Em consequência do arredondamento dos dados, algumas informações registradas a linha total não correspondem á soma exata dos valores das parcelas. 4.3 ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO ESTADO DE GOIÁS DO IBGE É um conjunto de pesquisas realizadas pelo IBGE que tem a função de retratar as principais características demográfica e socioeconômica da população, além de informação sobre atividades econômicas oriundas da Pesquisa Industrial anual. No que se refere á produção agrícola, extração de vegetal, silvicultura, efetivos da pecuária e avícola, e produção animal são apresentados dados das mais recentes pesquisas agropecuárias. 4.4 LAVOURAS PERMANENTES (IBGE) Compreenderam a área plantada ou em preparo para o plantio de culturas de longa duração, tais como o café, laranja, cacau, banana, uva, entre outras. 30 4.5 LAVOURAS TEMPORÁRIAS (IBGE) Áreas plantadas ou em preparo para o plantio de culturas de curta duração (menores que um ano) e que necessitassem, geralmente de novo plantio após cada colheita. Exemplos: arroz, algodão, milho, trigo, flores, hortaliças, entre outros. 4.6 PASTAGENS NATURAIS (IBGE) Áreas destinadas ao pastoreio do gado, sem terem sido formadas mediante plantio. 4.7 PASTAGENS PLANTADAS (IBGE) Áreas destinadas ao pastoreio e formadas mediante plantio. 4.8 MATAS NATURAIS (IBGE) Áreas de matas e florestas naturais utilizadas para extração de produtos ou conversadas como reservas florestais. 4.9 MATAS PLANTADAS (IBGE) Áreas plantadas ou em preparo para o plantio de essências florestais (acácia-negra, eucalipto, pinheiros, entre outros), incluindo áreas ocupadas com viveiros de mudas de essências florestais. 4.10 MÁQUINAS E INSTRUMENTOS AGRÁRIOS (IBGE) Números de tratores, máquinas de colheita, implementos agrícolas. Incluindo-se os obtidos por empréstimo ou aluguel, e os que estivessem sob a responsabilidade do produtor, porém em conserto ou reforma. 4.11 EFETIVOS DA PECUÁRIA (IBGE) Os bovinos, bubalinos, equinos, asininos, muares, suínos, ovinos e caprinos de propriedade do produtor que estivesse no estabelecimento, ou em pasto comum ou aberto, localizados fora de estabelecimentos, e os de terceiros que estivessem arrendados, alugados ou cedidos ao produtor. 31 Os dados não incluem os animais de propriedade dos produtos que se encontravam em outros estabelecimentos ou entregues a terceiros, em arrendamento, aluguel ou cessão, nem a propriedade dos moradores (empregados, colonos, agregados, entre outros). 4.12 PRODUÇÃO VEGETAL (IBGE) É o resultado referente à quantidade e ao valor da produção das principais culturas permanentes e temporárias, da horticultura, da extração vegetal e da silvicultura. As culturas permanentes são capazes de proporcionar colheita por vários anos, sem necessidade de novo plantio. As culturas temporárias podem ser: a) Simples (quando a cultura ocupa isoladamente uma área de cultivo); b) Associado (no caso de duas ou mais culturas temporárias efetuadas simultaneamente na mesma área); c) Intercalado (quando a cultura ocupava os intervalos de uma cultura permanente); d) Misto (quando a cultura ocupava mais de um tipo de cultivo). 4.12 EXTRAÇÃO VEGETAL (IBGE) Extração vegetal refere-se aos produtos obtidos de espécies vegetais não plantadas (nativas). 32 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Palmeiras de Goiás: Pastagem Quantidade em hectares 160000 140000 120000 100000 80000 60000 Natural 40000 Plantada 20000 0 1950 1970 1980 1985 1995 Ano FIGURA 2 - Quantidades de hectares destinadas a utilização das terras como pastagem no município de Palmeiras de Goiás (1950-1995). Fonte: IBGE: Censo Agropecuário – 1950, 1970, 1980,1985, 1995. Como demonstrado na Figura 2, a pastagem natural, antes da década de 1980, era dominante na cidade de Palmeiras de Goiás, os gados pastavam em grandes quantidades de terras sem a preocupação com melhoria de técnicas de produtividade. Com a chegada das tecnologias em Goiás no final de década de 1970 e início de 1980, houve um processo de melhoramento do pasto, sendo assim, a pastagem plantada se tornou bem superior à pastagem natural. Segundo Queiroz (2010), a criação de gado no estado de Goiás teve um amplo uso de tecnologias, 48% dos produtores usaram média tecnologia e 33% utilizaram alta tecnologia. O reflexo dessas mudanças pode ser observado na Figura 4, onde o número de gados presente na cidade atingiram os maiores valores depois da década de 1980. Chegando a serem superiores a 140 mil cabeças de gado. Observamos que a área destinada à pastagem foi reduzida, em 1950 eram 159.852 hectares, em 1980 eram 130.647 hectares, na última data analisada em 1995, o número passou para 99.935 hectares. Segundo Fernandes (2006), o aumento da produtividade, visa suprir as necessidades das indústrias e das cidades. 33 Palmeiras de Goiás: Lavouras Quantidade em hectares 45000 40000 35000 30000 25000 20000 Permanetes 15000 Temporais 10000 5000 0 1950 1970 1980 1985 1995 Ano FIGURA 3 – Quantidades de hectares destinados à utilização das terras como lavoura, no município de Palmeiras de Goiás. Fonte: IBGE: Censo Agropecuário – 1950, 1970, 1980, 1985, 1995. Observando a Figura 3, podemos concluir que a cidade de Palmeiras de Goiás apresenta poucas culturas de longa duração, tais como o café, laranja, cacau, banana, uva, entre outros, mas há uma predominância do cultivo do milho, como evidenciado na Figura 10. Outro fator importante observado é o aumento da quantidade de hectares plantados no município, o número cresceu de 18.302 (1970) para 38.335 hectares (1980). A partir de 1985 ocorreu à diminuição da área destinada à lavoura, isso se deu pelo fato de diminuição de créditos agrícolas para os produtores que, segundo Kageyama et al. (1990), em 1984 o volume de crédito rural foi inferior a 46 % do crédito concedido em 1979. As tecnologias, que continuavam em crescente no mundo, juntamente com as colheitas mecânicas, aumentaram a eficiência do campo e diminuíram as áreas a serem plantadas devido à necessidade de serem a áreas planas. Isso também foi um fator determinante para a redução de áreas de lavouras. Segundo Ferreira e Mendes (2009), os financiamentos eram concedidos a investimentos agropecuários de maior porte, como as lavouras comerciais de arroz, milho e soja. Em Palmeiras de Goiás as culturas predominantes eram o arroz e o milho, como pode ser observado na Figura 10. Porém, entre 1980 a 1987, o arroz teve uma queda, de mais de 50% na sua produção, deixando de ser a segunda cultura mais plantada da região. 34 Palmeiras de Goiás: Pecuária 160000 140000 Quantidade 120000 100000 Bovinos 80000 Suínos 60000 Equínos 40000 Muares 20000 0 1950 1970 1980 1991 2000 Ano FIGURA 4 – Números da pecuária no município de Palmeiras de Goiás (1950-2000). Fonte: IBGE. Censos Agropecuários 1950, 1970, 1980 e 2000 e Anuários Estatísticos do Estado de Goiás (1989 e 1992). Em relação à pecuária, podemos observa na Figura 4, que há uma predominância de criação de bovinos e crescimento significativo da criação do mesmo, a partir da década de 1980. A criação de bovinos é superior às demais, pelo fato da proximidade com frigoríficos na região, mais uma vez notamos que a agropecuária trabalhava em função da indústria. Segundo Queiroz (2010) a pecuária bovina era um dos produtos mais importante na agroindústria. A importância era tamanha que existiam programas destinados à pecuária de corte como o Programa de Desenvolvimento da Pecuária de Corte (PRODEPE). Apesar de toda tecnologia na década de 1980, a produção de suínos, equinos e muares praticamente se manteve estável, os fatores externos não contribuíram para essas culturas. Segundo Queiroz (2010) os grandes objetivos da modernização foram alcançados nos anos 80, mais os seus resultados durariam vários anos. Em Goiás, no período 1975/85 corresponde a década da chegada da fronteira agrícola ao Estado, podendo-se assim vislumbrar os primeiros impactos que a adoção de um novo padrão tecnológico trouxe à região e à organização espacial da agricultura e da pecuária, no território goiano (FERNANDES, 2006). 35 O frigorífico Minerva, com unidade em Palmeiras de Goiás, abate em média, 1.500 cabeças de gado por dia. O confinamento Ouro Branco opera com capacidade de oito mil bois. FIGURA 5 - Frigorífico Minerva em Palmeiras de Goiás Fonte: Secretaria de Planejamento de Goiás (2012). FIGURA 6 – Confinamento Ouro Branco Fonte: Secretaria de Planejamento de Goiás (2012). 36 População Palmeiras de Goiás: População Residente 20000 18000 16000 14000 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 Urbano Rural 1950 1960 1970 1980 1991 2000 Ano FIGURA 7 – Número de População Residente: urbana e rural no município de Palmeiras de Goiás (1950-2000). Fonte: IBGE. Censos Demográficos: 1950, 1960, 1970, 1980, 2000; Anuário Estatístico do Estado de Goiás (1989 a 1992). A população de Palmeiras de Goiás, segundo o Censo Demográfico, atingiu seu maior número de habitantes, no ano de 1970. Este fato se explica pela força que o interior tinha frente à capital do Estado, as indústrias foram atraídas para a proximidade da matéria prima, através da abertura de novas rodovias estaduais. A modernização em Goiás, que ocorreu de forma mais intensiva na década de 1980, fazendo com que, no município de Palmeiras de Goiás, a partir do ano de 1980, o numero de habitantes na zona rural ser quase o mesmo da zona urbana, como observamos na Figura 7. Os dados referentes a Palmeiras de Goiás são comparáveis às afirmações de Queiroz (2010) quanto aos grandes objetivos da modernização, que foram alcançados nos anos 80. Como podemos observar nos dados da Figura 7, a população rural apresenta uma queda, por outro lado, a população urbana está ascensão, fato semelhante ao da população urbana no país. De acordo com o Censo Demográfico de 2010, a população urbana brasileira atingiu um total de 160.925.792 habitantes representando 84,4% do total de habitantes, enquanto a rural representa apenas 29.830.007 habitantes representando apenas 15,6%. 37 Palmeiras de Goiás : Máquinas Agrícola 350 300 Quantidade 250 200 150 Trator 100 Colhedeiras 50 0 1950 1970 1980 1985 1995 Ano FIGURA 8 – Números de máquinas agrícolas no município de Palmeiras de Goiás (1950 1995). Fonte: IBGE. Censos Agropecuários 1950, 1970, 1980, 1985 e 1995. Segundo Queiroz (2010), a técnica de produção foi alterada pelos segmentos industriais a montante (indústrias vendedoras de máquinas e insumos) e a jusante (indústrias transformadoras da matéria-prima agropecuária) aparte da modernização agrícola. Os tratores são tidos como um dos demonstrativos da chegada da fronteira agrícola a uma determinada região; é uma das variáveis presentes nesse processo de intensificação do uso do solo, que justamente caracteriza a tecnologia do campo (FERNANDES, 2006). Após a década de 70, houve um crescimento vertical da compra de máquinas agrícola, devido à proteção de políticas e ao crédito rural subsidiado (KAGEYAMA et al., 1990). Com os grandes investimentos na década de 1970, que teve seu reflexo em Goiás na década de 1980, a cidade de Palmeiras passou de 69 tratores em 1970, para 305 unidades em 1980. As colhedoras passaram de quatro para 35 unidades conforme Figura 8. Após 1980 a compra de máquinas foi bastante reduzida, resultado da redução de créditos do governo. Na Figura 8 percebe-se que o número de máquinas não teve a mesma redução, devido à vida útil das máquinas serem longa. 38 Palmeiras de Goiás: Matas e Florestas 40.000 Quantidade em hectares 35.000 30.000 25.000 20.000 Natural 15.000 Plantada 10.000 5.000 0 1950 1970 1980 1985 1995 Ano FIGURA 9 – Utilização das terras como matas e florestas no município de Palmeiras de Goiás (1950-1995). Fonte: IBGE. Censos Agropecuários 1950, 1970, 1980, 1985 e 1995. Segundo Rios (1995) as florestas em Goiás apresentavam forma descontínua e eram de grande extensão. Como podemos observar na Figura 9, a quantidade de matas e florestas na região foram reduzindo, paulatinamente, com o passar do tempo. Em 1950 eram 35.596 hectares, já no ano de 1970 eram apenas 17.855 hectares. Os fazendeiros goianos derrubavam a vegetação nativa e arrendavam as terras, sendo em seguida, transformada em pastagem, característica da atividade econômica predominante na região de Goiás, antes da década de 1970 (RIOS, 1995). 39 Palmeiras de Goiás: Produção Agrícola 70000 60000 Algodão Gênero (t) 50000 Arroz 40000 Cana-de-açucar 30000 Feijão 20000 Mandioca Milho 10000 Soja 0 Café 1950 1970 1980 1987 1990 Ano FIGURA 10– Produção agrícola no município de Palmeiras de Goiás (1950-1995). Fonte: IBGE. Censos Agropecuários 1950, 1970, 1980 e 1990; Anuário Estatístico do Estado de Goiás 1987. O estado de Goiás, nas últimas décadas, tem passado por extremas transformações de culturas. O arroz, que na década de 1970 e inicio da década de 1980, era o principal produto da agricultura, cedeu lugar aos grãos modernos, como a soja e o milho. Fator explicado pelas condições em que o cerrado propicia uma melhor adaptação a essas culturas. Segundo Fernandes (2006), nos anos 1970, os principais produtos agrícolas de Goiás eram: arroz, feijão, milho, soja e algodão. A cultura do arroz ocupava 50% da área cultivada, nesse período, o Estado se despontou como um dos maiores produtores de arroz do país, mas essa alta produtividade se deu muito mais pelo aumento da área plantada do que pela produtividade propriamente dita. Esse fator pode explicar a queda na produção do arroz na cidade de Palmeiras de Goiás, a partir do ano 1980, vale ressaltar que o país estava em crise no sistema financeiro, a alta produtividade era necessária para a manutenção da agricultura. No estado de Goiás, o milho teve um crescimento nos índices de produção a partir dos anos de 1970, passando a ocupar então, a partir da segunda metade dos anos 1980, o primeiro lugar no ranking de produção do estado (FERNANDES, 2009). Em Palmeiras de Goiás, a situação foi semelhante, a partir da segunda metade dos anos de 1980, o milho se tornou o principal produto, com 59.500 toneladas para o ano de 1987. A topografia plana permitiu a mecanização agrícola para a produção em grande escala de produtos. 40 A produção da cana-de-açúcar vem aumentando gradativamente na região, desde a década de 1980. Este fato se deve à proximidade com a usina sucroalcooleira do Grupo Farias, que se localiza na região de Anicuns. 41 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A proximidade do município de Palmeiras de Goiás com a capital do Estado – Goiânia – favoreceu o desenvolvimento da região, que conta com vários acessos por rodovias e ainda com um pequeno aeroporto. O desenvolvimento da agroindústria na região gerou um desenvolvimento de outras atividades, tais como: sistema bancário, transporte, saúde, comércio, prestação de serviço, entre outros. Apesar de cidade ter poucos habitantes, comparando-a com as grandes metrópoles, ela favorece o desenvolvimento regional para a população, que conta com rede de hospital, saneamento básico, escolas, faculdades e oportunidade de negócio. A chegada das grandes indústrias para a região do interior do Estado de Goiás foi de extrema importância para a manutenção da população na cidade de origem, isto se explica pelo fato de que, se não existir oportunidade de trabalho nas cidades do interior do Estado, a população migra para a capital, gerando vários problemas encontrados nos dias atuais em Goiânia, relacionados ao trânsito, transporte público, aumento populacional, saúde, escolas, desemprego, moradia, violência, segurança pública, entre outros. 42 7 REFERÊNCIAS AGUIAR, R. C. Abrindo o pacote tecnológico: estado e pesquisa agropecuária no Brasil. São Paulo: Polis/CNPq, 1986. 156p. ALVES, E.; CONTINI, E. Os principais problemas da agricultura brasileira. Rio de Janeiro: PNDE – IPEA, Série 18, cap. II, p. 49 a 87, 1988. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Agropecuário do Estado de Goiás-1950, Palmeiras de Goiás. Rio de Janeiro, 1951. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Demográfico do Estado de Goiás - 1950. Rio de Janeiro, 1951. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Agropecuário do Estado de Goiás - 1960. Rio de Janeiro, 1961. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo demográfico do Estado de Goiás - 1960. Rio de Janeiro, 1961. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Agropecuário do Estado de Goiás - 1970. Rio de Janeiro, 1971. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Demográfico do Estado de Goiás - 1970. Rio de Janeiro, 1971. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Anuário Estatístico do Estado de Goiás - 1975. Rio de Janeiro, SPC/SEPI, 1977. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Agropecuário do Estado de Goiás - 1980. Rio de Janeiro, 1981. 43 BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Demográfico do Estado de Goiás - 1980. Rio de Janeiro, 1981. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Agropecuário do Estado de Goiás - 1985. Rio de Janeiro, 1986. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Anuário Estatístico do Estado de Goiás - 1989. Rio de Janeiro, SPC/SEPI, 1990. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Agropecuário do Estado de Goiás - 1990. Rio de Janeiro, 1991. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Demográfico do Estado de Goiás - 1990. Rio de Janeiro, 1991. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Anuário Estatístico do Estado de Goiás - 1992. Rio de Janeiro, SPC/SEPI, 1993. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Agropecuário do Estado de Goiás - 1995. Rio de Janeiro, 1996. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Agropecuário do Estado de Goiás - 2000. Rio de Janeiro, 2001. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Demográfico do Estado de Goiás - 2000. Rio de Janeiro, 2001. FERNANDES, A. D. Dinâmica da fronteira agrícola em Goiás (1970-1985). 2006. 142p. Dissertação (Mestrado em História), Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2006. 44 FERREIRA, I. M.; MENDES E. P. P. Organização do espaço agrário em Goiás: povoamento e colonização (do século XVIII ao XX). In: ENCONTRO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA, 27 p., São Paulo, 2009. GOIÂNIA. Secretaria de Planejamento do Estado de Goiás, Palmeiras de Goiás: Foto aérea, 2010. GOIÁS. Empresa Goiana de Pesquisa agropecuária. Documentos da EMGOPA. Goiânia, 1975. GRAZIANO, S. J. Progresso técnico e relações de trabalho na agricultura. São Paulo: HUCITEC, 1981. KAGEYANA, A.; SILVA, J. 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Tese (Doutorado em Geografia), Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais. 2010. RIOS, E. O. Goiás - transformação da paisagem: região do rio dos Bois (1950 -1990). 1994. 164 p. Dissertação (Mestrado em História), Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 1994. 46 ANEXOS TABELA 3 – Utilização das terras em Palmeiras de Goiás (1950-1995). Ano 1950 1970 1980 1985 1995 ÁREA ( hectares) Lavouras Pastagem Permanetes Temporais Natural Plantada 394 5.248 99.716 60.136 800 18.302 136.589 3.050 210 38.335 54.541 76.106 233 29.594 28.011 78.642 489 16.404 5.859 94.076 Matas e Florestas Natural Plantada 35.596 543 17.855 116 16.649 0 13.585 161 14.450 8 Censo Agropecuário – 1950, 1970, 1980,1985 e 1995. TABELA 4 – Palmeiras de Goiás: Pecuária (1950-2000). Efetivo Ano 1950 1970 1980 1991 2000 Bovinos 41.392 70.193 146.847 141.500 120.000 Suínos 13.650 19.873 22.948 20.000 17.200 Equínos 923 2.835 3.492 2.600 2.200 Muares 26 209 12 140 120 Fonte: IBGE. Censos Agropecuários 1950, 1970 e 1980, 2000 e Anuários Estatísticos do Estado de Goiás- 19891992. TABELA 5 – Palmeiras de Goiás: População Residente: Total, urbana e Rural (1950-2000). Ano Habitantes Urbana Rural total 1950 1.933 14.865 16.798 1960 2.378 13.323 15.701 1970 5.902 18.140 24.042 1980 10.806 11.730 22.536 1991 11.194 5.441 16.635 2000 13.500 4.322 17.822 Fonte: IBGE. Censos Demográficos: 1950, 1960, 1970, 1980, 2000 e Anuário Estatístico do Estado de Goiás 1989 a 1992. 47 TABELA 6 – Palmeiras de Goiás: Produtos Extrativos (mil. m3) (1950-1985). Ano Lenha Madeira Eucalípto 1950 7.133 816 0 1970 31 3 0 1980 40 2 0 1985 30 2 222 Fonte: IBGE. Censos Agropecuários 1950, 1970, 1980 e 1985. TABELA 7 - Palmeiras de Goiás: Máquinas agrícolas (1950-1995). Tipo Ano 1950 1970 1980 1985 1995 Tratores 0 69 305 273 194 Colhedeiras 0 4 35 50 47 Fonte: IBGE. Censos Agropecuários 1950, 1970, 1980, 1985 e 1995. TABELA 8 – Palmeiras de Goiás: Produção Agrícola (toneladas) (1950-1990). Gênero (t) Algodão Arroz Cana-de-açucar Feijão Mandioca Milho Soja Café 1950 8 2.425 1.535 230 25 2.464 0 0 1970 23 11.114 343 490 239 5.331 18 3 Ano 1980 1.313 22.713 47 269 24 22.950 1.886 4 1987 420 11.250 4.000 18 24.000 59.500 1.530 70 1990 100 2.650 4.400 780 2.250 32.000 2.960 38 Fonte: IBGE. Censos Agropecuários 1950, 1970, 1980 e 1990 e Anuário Estatístico do Estado de Goiás 1987. 48 TABELA 9 – Palmeiras de Goiás: Estabelecimento Industrial (1987 -1991). Gênero Ext. e Tratam. Minerais Prod. De Minerais não Metálicos. Metalúrgica Mecânica Material elétrico e de comunicação Material de transporte Madeira Mobiliário Papel e Papelão Couros, Peles e Prod. Similares. Química Prod. Farmacêutico. E Veterinários Perfumarias, Sabões e Velas. Produto de material plástico Têxtil Vest. Calç. E Art. De tecido. Produtos alimentares Bebidas Fumo Editorial e gráfico Utilidade pública Construção Borracha Diversos Anos 1987 1 3 6 4 6 9 21 1 6 3 1991 8 3 1 3 7 3 1 4 20 2 1 Fonte: Anuário Estatístico do Estado de Goiás (1989 1992). 49