AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CICATRIZANTE DA PLANTA Casearia sylvestris EM RATOS.
Curso de Medicina. Ciências da Saúde - Farmacologia
Rogério, L. P. W¹; Camargo, R. P. M.²; Folchini, R.²; Popoaski, C. P.²; Piovezan, A. P.³
¹Acadêmico de Medicina e Bolsista PIBIC; ²Acadêmico de Medicina; ³Professora-Orientadora
Introdução
Objetivo Geral
Avaliar a atividade cicatrizante da planta Casearia sylvestris em ratos.
Objetivos Específicos
- Preparar uma forma farmacêutica para utilização por via tópica, incorporando o
extrato padronizado da planta Casearia sylvestris;
- Avaliar a influência do tratamento dos animais com a formulação à base de Casearia
sylvestris, sobre o processo de cicatrização em ratos.
Metododologia
Animais e Classificação
Foram utilizados ratos Wistar machos, com cerca de 300 g de peso, criados pelo Biotério
Central da Unisul, que tiveram livre acesso à ração e água, armazenados em condições
controlados de luz (ciclo claro-escuro 12:12 horas) e temperatura (23ºC ± 2). Nos dias dos
experimentos, os animais foram divididos aleatoriamente em diferentes grupos (n= 6 a 12).
Operação
O procedimento foi realizado de acordo com Oliveira e colaboradores (2000), iniciando-se
com anestesia, realizada pelo médico veterinário responsável pelo Laboratório de Técnica
Operatória vinculado ao Curso de Medicina da UNISUL, Professor Renê Blazius; aguardou-se
2 min após administração do anestésico para avaliação do grau de analgesia e liberação, ou
não, para o ato cirúrgico.
Após tricotomia do dorso do animal, com tricótomo elétrico, o animal foi colocado em
decúbito ventral com os membros esticados e a cabeça reta, fez-se a marcação, com auxílio
de um carimbo embebido em azul de metileno, de um quadrado com dimensões de 1 cm X 1
cm, para a delimitou da área a ser removida cirurgicamente.
Após esta marcação, a incisão foi realizada rebatendo-se 2 lados de vértice comum e
profundidade, atingindo todas as camadas do tecido tegumentar com bisturi lamina 15c,
sendo o restante incisionado com tesoure mayo.
Em seguida as feridas tiveram seu comprimento e larguras medidos com paquímetro para
serem registrados como a medida do dia zero (dia da realização da cirurgia).
Acompanhamento
Os animais foram avaliados diariamente, quanto às dimensões das feridas confeccionadas
em seus dorsos, cujos dados foram registrados individualmente.
Além disso, também diariamente foram aplicadas as diferentes soluções de compostos que
foram testados quanto a sua capacidade de causar a cicatrização. Estas substâncias foram
aplicadas topicamente, num volume total de 50 ul por ferida. Para isto, os animais foram
imobilizados com as mãos e administrou-se, nos diferentes grupos, as diferentes soluções de
veículo (água bidestilada), dexametasona, Bepantol® (2-3mg) ou extrato bruto hidroalcoólico
de Casearia sylvestris; os animais foram então contidos por um período de 20 segundos,
para ampliar a absorção dos agentes.
Além disso, nos dias zero (dia da cirurgia), sete (7º. dia após cirurgia), 14 (14º. dia após
cirurgia) ou 21 (21º. dia após cirurgia) foram realizadas as medições das dimensões das
feridas, com auxílio de paquímetro.
Análise Estatística
Os dados são apresentados como a média ± S.E.M. para os valores de área total das
feridas (cm2), observados nos diferentes dias de avaliação após a cirurgia. Diferenças
estatísticas significantes foram consideradas para p ≤ 0,05. Teste de ANOVA, seguido por
Bonferroni.
50
40
30
20
10
0
60
50
40
30
bepa
dexa
elep
case
*
20
10
0
agua
B
área restante da ferida (%)
A
área restante da ferida (%)
*
70
60
70
controle
dexa
agua bepantol
bepa dexa
60
dia 7 após incisão
D
100
90
80
40
30
20
10
0
elephantopus
casearia
elep case
agua
agua
bepa
bepa
dexa
dexa
elep case
case
elep
dia 21 após incisão
agua
bepantol
dexametasona
elephantopus
casearia
*
70
C
50
dia 14 após
incisão
área restante da ferida (%)
Objetivos
Imagem: Animal no dia 0 e no dia 7 após operação.
área restante da ferida (%)
A Casearia sylvestris Sw. (Flacourtiaceae) é um arbusto de ocorrência nas
florestas da Mata Atlântica da região sul do Brasil (Lorenzi, 2002). Na medicina
popular, a planta é indicada para o tartamento de feridas e úlceras, para induzir
anestesia local, bem como agente antitérmico e antiséptico, entre outras propriedades
(Alonso, 2004).
No país, há um dito popular que diz que “um lagarto nunca enfrenta uma serpente sem
ter um pé de Guaçatonga por perto”, o que parece ser um interessante encontro entre
o conhecimento popular e as informações científicas que relatam que as folhas da C.
sylvestris possuem propriedades protetoras contra venenos de espécies de cobras do
gênero bothropos (jararaca), tais como neutralização da atividade hemorrágica e o
aumento do tempo de coagulação plasmática (Borges et al., 2001).
Diferentes estudos têm demonstrado outras propriedades farmacológicas para a C.
sylvestris que, além de suas atividades antioxidante (Menezes, Schwarz e Santos,
2004), analgésica (de Mattos et al., 2007; Ruppelt et al., 1991), antiinflamatória e
antiulcerogênica (Ruppelt et al., 1991), pode também ser citotóxica contra diferentes
microorganismos tais como Saccharomyces cerevisiae (Carvalho et al., 1998),
Aspergillus niger (Oberlies et al., 2002), a larva do Aedes aegypti (Rodrigues et al.,
2006), os promastigotos de Leishmania donovani e os amastigotos de Trypanosoma
cruzi (Mesquita et al., 2005).
Por outro lado, nos chamam atenção as demais atividades citotóxicas e o uso popular
da planta para tratar diferentes afecções da pele, que podem indicar uma possível
ação cicatrizante da planta. Desta forma, objetivou-se a avaliação da atividade
cicatrizante da planta Caseria sylvestris.
Resultados
60
50
40
30
*
20
10
0
1
0
2
7
3
14
4
21
dia após incisão cirúrgica
Figura 3: avaliação da atividade cicatrizante da Casearia sylvestris em ratos,
pela medida da extensão da área da ferida, em diferentes dias após incisão
cirúrgica no dorso dos mesmos.
Conclusões
• O modelo empregado demonstrou-se eficaz para a avaliação da atividade
cicatrizante de substâncias;
• Nas doses e/ou formulações empregadas neste estudo, nem o Bepantol® nem o
extrato aquosos da Casearia sylvestris apresentaram atividade cicatrizante maior do
que o veículo (controle negativo);
• Sugerem-se alternativas de melhorias para o desenvolvimento do modelo, para
permitir melhor visualização dos resultados provocados por novas substâncias que
venham a ser testadas.
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