FQE0001 Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Centro de Ciências Tecnológicas – CCT Departamento de Química - DQM Físico-Química Experimental Exp. 06 Viscosidade Relativa 1. Introdução Um líquido ideal é aquele que não possui resistência intrínseca ao escoamento; ou seja, o líquido ideal escoa sem nenhum tipo de atrito. Supondo que um líquido seja dividido em infinitas camadas concêntricas, o escoamento pode ser considerado como o deslizamento de camadas sobre suas adjacentes. Para um líquido real, estas camadas sofrem um retardo no deslizamento durante o escoamento, devido a uma força de atrito existente entre elas. Considera-se que as camadas adjacentes à parede da tubulação apresentam velocidade teórica nula, enquanto a camada central é a mais rápida. Se dx é a distância infinitesimal ente duas camadas de líquido quaisquer, e dv é o acréscimo de velocidade, a força de atrito F será: Onde é um coeficiente de proporcionalidade que recebeu o nome de coeficiente de viscosidade, ou simplesmente viscosidade. Sua unidade no sistema CGS é dina.s.cm-2, e foi denominada poise, em homenagem a Poiseulle, quem, em 1884, apresentou a equação fundamental da hidrodinâmica: Onde V é o volume (em cm3) do líquido que flui através de um tubo estreito de comprimento L (cm) e raio r (cm) no tempo t (s), quando se exerce uma pressão hidrostática p (dinas/cm2). São três os tipos principais de viscosidade: viscosidade absoluta, tal como indicada pela equação acima e medida em poise; viscosidade relativa, quando a viscosidade é medida com relação a um padrão; e viscosidade cinemática, que é a relação entre viscosidade absoluta e a densidade de um fluido. O viscosímetro de Ostwald mede, basicamente, o tempo de escoamento de um líquido através de um tubo capilar de comprimento L, conforme mostra a Figura 1. Se considerarmos dois líquidos (um deles tomado como padrão, normalmente a água cuja viscosidade é 1,000 centipoise a 20 °C), teremos apenas duas variáveis no escoamento através do viscosímetro: o próprio tempo de escoamento e a massa ocupada pelo líquido. Chamando de “2” o líquido padrão e de “1” o líquido cuja viscosidade se deseja medir, e aplicando a equação de Poiseuille para ambos os líquidos, pode-se chegar a seguinte relação: Onde e t representam a densidade e os tempos de escoamento para os respectivos líquidos. Assim, representa a viscosidade relativa do líquido “1” com relação à água. FQE0001 Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Centro de Ciências Tecnológicas – CCT Departamento de Química - DQM Físico-Química Experimental Exp. 06 Figura 1: Viscosímetro de Ostwald. O líquido a ser medido é colocado no bulbo B e aspirado até um nível acima da marca x. O líquido é deixado para escoar livremente de x a y, e o tempo cronometrado. 2.1 Viscosidade de soluções A viscosidade de misturas de alguns pares de componentes obedece à relação: Onde xA e xB são as frações molares dos componentes A e B, respectivamente. Contudo, muitos destes pares, principalmente aqueles que formam ligação de hidrogênio, não obedecem esta relação, apresentando um comportamento gráfico tipicamente de uma curva caracterizada por um ponto máximo. Nesta prática, a validade da relação acima será testada para o par álcool-acetona através de um gráfico teórico e prático de ln(mistura) contra xA ou xB, e verificando se as curvas coincidem. 2. Objetivos Entender o conceito de viscosidade. Utilizar uma metodologia adaptada ao viscosímetro de Ostwald para calcular a viscosidade relativa de um líquido em relação a água; Utilizar a viscosidade relativa para verificar a relação entre a viscosidade de uma mistura e sua composição molar FQE0001 Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Centro de Ciências Tecnológicas – CCT Departamento de Química - DQM Físico-Química Experimental Exp. 06 3. Procedimento Experimental 3.1 Material 07 picnômetros, 25 mL Cronômetro Água destilada Álcool Acetona 01 Pipeta volumétrica de 25 mL 3.2 Procedimento 1 (Viscosidade Relativa) Determine com precisão a massa específica de cada líquido por meio de picnômetros. Pese cada picnômetro vazio e anote os valores. Em seguida, complete o volume de cada picnômetro com água, álcool e óleo. Pese novamente cada picnômetro e calcule a massa de 25 mL de cada líquido pesado. Em seguida, calcule as densidades. Utilize a pipeta de 25 mL para medir a viscosidade relativa. Para isso, faça uma marca abaixo do bulbo da pipeta com uma caneta marcadora. Preencha a pipeta volumétrica com água e deixe escoar até a marca, anotando o tempo de escoamento. Repita o procedimento mais duas vezes, obtendo a média dos tempos. Repita a operação acima com o álcool. Repita a operação com a acetona. 3.3 Procedimento 2 (Viscosidade de soluções) Utilize as viscosidades relativas medidas para a acetona e o álcool puros calculados no procedimento anterior. Para calcular as viscosidades relativas das soluções de álcool e acetona, utilize o tempo e a densidade medidos para o escoamento da água no procedimento anterior. Prepare as soluções descritas na Tabela 1. Utilize os picnômetros de 25 mL para medir as densidades de cada solução. Meça os tempos de escoamento na pipeta de 25 mL para cada solução e calcule as viscosidades relativas. Tabela 1: Composição das soluções álcool – acetona estudadas. Solução Volume de acetona (mL) 1 6 2 14 3 26 4 30 Volume de álcool (mL) 34 26 14 10 FQE0001 Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Centro de Ciências Tecnológicas – CCT Departamento de Química - DQM Físico-Química Experimental Exp. 06 4. Discussão dos Resultados 1. Calcule a relação para o álcool e para a acetona. Compare os valores obtidos com as observações experimentais. 2. Procure em tabelas as viscosidades da água, álcool e acetona para calcular a relação teórica, comparando-a com a experimental. 3. Faça o cálculo teórico dos valores de viscosidade esperados para cada solução da Tabela 1 e faça um gráfico com estes valores contra a fração molar do álcool ou da acetona em cada solução. 4. Faça o mesmo gráfico utilizando os valores experimentais de viscosidade relativa e teste a validade da relação logarítimica 5. Referências Bibliográficas 1. Atkins, P; de Paula, J.; Físico-Química. Vols. 1-2. Nona Edição. Rio de Janeiro : LTC. 2012. 2. Rangel, R. N. Práticas de Físico-Química. 3ª ed. São Paulo : Edgard Blücher, 2006. 3. Souza, N.J.Mello de; Martins Filho, H.P.; Experimentos em Físico-Química. Segunda Edição. Neoprinte Ltda:Curitiba. 1995.