Especialistas em Protecio Artigo técnico Manutenção de Sistemas de Protecção Contra o Raio Ricardo Purisch – Gerente de Exportaçao Manutenção de Sistemas de Protecção Contra o Raio com pára-raios com dispositivo de ionização (PDI). Uma obrigação ou uma necessidade? Introdução A protecção contra descargas atmosféricas tem vindo a ter uma especial atenção tanto a nível mundial como em nosso país. As normas cada dia mais nos obrigam a dispor destes elementos de protecção, que para muitos, ainda são entendidos como um gasto e não como um investimento. Hoje em dia é comum encontrarmos pára-raios no topo dos edifícios e a pergunta que nos fazemos é se realmente ele está a funcionar. Não é difícil encontrar edifícios ou a empresas que nunca fizeram qualquer tipo de manutenção aos seus sistemas de protecção contra o raio (SPCR), e que esperam que no dia em que o azar os atinja e caia um raio na sua instalação, estejam todos protegidos. A única forma de garantir a segurança e a confiança dos SPCR é realizar periodicamente as manutenções regulamentadas na norma. Porquê Os quatro principais factores que influenciam o funcionamento de um sistema de pára-raios são: - Impacto directo de um raio Corrosão Choques mecânicos Roubo de cobre Devido à queda de um raio, são criadas forças electromecânicas devido à passagem de um valor muito alto de corrente pelo condutor da baixada. Estas forças podem incapacitar a ponta captadora, soltar alguma fixação ou chegar a danificar o cabo. A corrosão também tem um papel fundamental nos SPCR, seja nas pontas captadoras, que devido a ambientes agressivos ou a má qualidade no material de construção perdem a suas características iniciais e sua eficiência, ou na ligação à terra, que devido à corrosão dos piquets ou placas de cobre elevam a resistência ohmica do sistema, acima do valor máximo aceite pela norma. Muitas vezes devido a falta de espaço ou a impossibilidade de colocar as baixadas em locais de acesso restrito, ocorrerem choques mecânicos que acabam por danificar o cabo da baixada impossibilitando assim o funcionamento do pára-raios. C/ Lepanto, 49 – 08223 Terrassa (Barcelona) – Tel.: 937 331 684 – Fax: 937 332 764 – [email protected] – www.cirprotec.com 081104_AT-PO-PROT.EXTERNA.PDF NOVEMBRO 2008 Especialistas em Protecio Por último, o crescente aumento do preço do cobre fez com que seja cada dia mais frequente o seu roubo em instalações eléctricas. O roubo do cobre das baixadas e dos sistemas de terra é cada dia mais preocupante já que incapacita o pára-raios. Pára-Raios sem necessidade de manutenção Hoje em dia é comum encontrarmos publicidades de pára-raios que se dizem livres de manutenção, salientando este facto como sendo uma vantagem de seu equipamento. Este é um facto que muitas vezes promove a confusão entre os clientes finais. Primeiro porque as manutenções periódicas não estão destinadas exclusivamente para o pára-raios, mas sim para toda a instalação e segundo se realmente assim fosse, estaríamos perante um equipamento sem nenhum componente activo, que dificilmente estaria certificado, o que inviabiliza a sua instalação. A manutenção é obrigatória e não existe melhor redução de gastos que realizá-la, pois as consequências podem ser catastróficas. Como saber se o meu Pára-Raios funciona? Quase todos os fabricantes de pára-raios que têm os seus produtos certificados possuem um equipamento que realiza um teste aos seus elementos activos. É impossível verificar de forma visual um equipamento que é constituído por componentes eléctricos e electrónicos. Estes testers normalmente simulam o ambiente de trovoada ou accionam directamente o pára-raios e verificam se ele funciona de forma efectiva. Existem alguns equipamentos portáteis e outros que necessitam que se retire o pára-raios para fazer sua verificação. Não existe nenhum equipamento que possa verificar diferentes páraraios de diferentes fabricantes dado que cada fabricante utiliza um sistema diferente de funcionamento (patentes de tecnologia) impossibilitando assim a existência de um equipamento destas características. Normativa A norma NP4426, Norma Portuguesa de “Protecção de estruturas e de zonas abertas mediante pára-raios com dispositivo ionizante não radioactivo”, deixa de forma expressa no capítulo 7 , página 38, a obrigação de fazer manutenções periódicas dos sistemas de protecção contra o raio (SPCR). “A manutenção de qualquer SPCR é indispensável. Com efeito, certos componentes podem perder a sua eficácia com o passar do tempo, devido à corrosão, condições atmosféricas, golpes mecânicos e impactos do raio. As características mecânicas e eléctricas de um sistema de protecção contra o raio devem ser mantidas durante toda a sua vida, com o fim de satisfazer as prescrições normativas.” C/ Lepanto, 49 – 08223 Terrassa (Barcelona) – Tel.: 937 331 684 – Fax: 937 332 764 – [email protected] – www.cirprotec.com 081104_AT-PO-PROT.EXTERNA.PDF NOVEMBRO 2008 Especialistas em Protecio Periodicidade normal Periodicidade especial Nível I 2 anos 1 ano Nível II 3 anos 2 anos Nível III 3 anos 2 anos “NOTA: Em caso de ambiente corrosivo, é aconselhável aplicar periodicidade especial.” “Para além das periodicidades indicadas, um PDI deve ser verificado quando se produza qualquer modificação ou reparação da estrutura protegida, ou após qualquer impacto de raio registrado sobre a estrutura.” “NOTA: Tal registro pode fazer-se mediante um contador do raio instalado numa das baixadas.” (NP4426 - página 38) A importância do contador de descargas Os contadores de descargas possuem uma importância fundamental no funcionamento e manutenção de um SPCR. Como a norma nos indica, é necessário fazer a manutenção sempre que existir um impacto de um raio. As únicas formas de verificar esta informação é subindo até à ponta e verificando as marcas existentes no páraraios (que além do mais pode gerar confusão) ou através de um contador de impactos. Este contador instala-se numa das baixadas e sempre que existir uma trovoada é possível verificar se o pára-raios funcionou ou não. Metodologia A manutenção deverá ser realizada por profissionais qualificados. Proibições: - Executar uma actividade de manutenção ou ficar próximo dos cabos de baixada em situações de tempestade. Interromper ou cortar as ligações de terra. Deverá realizar-se primeiramente uma inspecção visual para garantir que: 1. Qualquer extensão ou modificação da estrutura protegida não necessita disposições complementares de protecção. 2. Existe continuidade eléctrica dos condutores. 3. Todas as fixações e diferentes elementos estejam em bom estado. 4. Nenhuma parte da instalação esteja corroída. 5. As distâncias de segurança sejam respeitadas e uniões equipotenciais estejam em bom estado. C/ Lepanto, 49 – 08223 Terrassa (Barcelona) – Tel.: 937 331 684 – Fax: 937 332 764 – [email protected] – www.cirprotec.com 081104_AT-PO-PROT.EXTERNA.PDF NOVEMBRO 2008 Especialistas em Protecio Deverá realizar-se uma medição para garantir que: 1. Existe continuidade eléctrica dos condutores visíveis 2. A resistência de terra está abaixo de 10Ω Uma vez realizada a manutenção, deverá realizar-se um relatório informando os resultados de cada um dos pontos acima mencionados e as acções a tomar em caso de alguma reparação. Critérios para uma correcta revisão Verificação visual e técnica do pára-raios Se o SPCR possui contador de raios, a primeira comprovação será o seu estado. Se o seu valor variou desde a última manutenção é necessário ir até o pára-raios e fazer a sua verificação através do equipamento de teste. Em caso de não possuir contador de raios a verificação do equipamento é obrigatória. Considerações sobre as baixadas O condutor de baixada deverá estar instalado de forma que o seu caminho seja o mais directo possível. No caso em que não se possa evitar o cruzamento ou a aproximação de um condutor eléctrico, o condutor eléctrico deverá ser instalado dentro de uma blindagem metálica que se prolongue pelo menos 1m para cada lado do cruzamento. A blindagem deverá estar ligada à baixada. Deverão existir 3 fixações por metro durante toda a trajectória da baixada, deverão estar firmes e permitir a dilatação do condutor. A dois metros do solo a baixada deverá estar protegida contra eventuais choques mecânicos através de um tubo de protecção. União entre os condutores As uniões entre os condutores deverão ser feitas através de peças de união por pressão (verificar que estas peças são do mesmo material da baixada), rebites ou soldadura. Verificar que o condutor não está danificado. Materiais e dimensões das baixadas Os condutores das baixadas devem ser de planos ou redondos maciços com secção mínima de 50mm2. Material Cobre electrolítico nu ou estanhado Dimensões Mínimas Plano 30 x 2 mm Trança plana 30 x 3,5 mm Cabo entrançado 50 mm2 Redondo diâmetro 8 mm Aço inoxidável Plano 30 x 2 mm Redondo diâmetro 8 mm Alumínio a 5/L Plano 30 x 3 mm Redondo diâmetro 10 mm C/ Lepanto, 49 – 08223 Terrassa (Barcelona) – Tel.: 937 331 684 – Fax: 937 332 764 – [email protected] – www.cirprotec.com 081104_AT-PO-PROT.EXTERNA.PDF NOVEMBRO 2008 Especialistas em Protecio Caixa de medição ou junta de controlo Devem estar intercaladas nas baixadas a 2m do solo. Em paredes metálicas, onde não existe uma baixada específica, devem estar entre cada uma das ligações à terra e a estrutura que está unida dentro de uma caixa de visita marcada com símbolo de terra. Ligações a terra Deve existir uma ligação à terra para cada condutor de baixada. A medição da resistência de terra deverá ser realizada através de um equipamento adequado, na hora mais quente do dia e na época mais seca e o seu resultado deverá ser inferior a 10 Ω. Conclusão O motivo da instalação de um pára-raios é proteger as vidas humanas. A sua colocação obedece a uma análise exaustiva da instalação que a define como sendo de risco de impacto de um raio. A compra de equipamentos sem certificação e a falta de manutenção deveriam ter consequências penais. Esta seria a única forma de dignificar um mercado que em vários sectores, trata a segurança da vida humana como uma questão financeira. A manutenção do SPCR é OBRIGATÓRIA e NECESSÁRIA. C/ Lepanto, 49 – 08223 Terrassa (Barcelona) – Tel.: 937 331 684 – Fax: 937 332 764 – [email protected] – www.cirprotec.com 081104_AT-PO-PROT.EXTERNA.PDF NOVEMBRO 2008