Escola Secundária de Oliveira do Hospital Professor: José Carlos Santos A Origem da Diversidade Olá! O meu nome é João Luís e estou neste momento numa palestra sobre a maior descoberta de sempre no planeta Terra. A minha missão é contar-vos como foi participar nesse grande acontecimento do século e até de sempre. A história que vos vou contar aconteceu há cerca de 3 meses, nas belas ilhas do Açores. Mas, antes disso, vamos ouvir um dos meus colegas que vos virá falar um pouco do que lá encontrámos: - Amigos da comunidade científica, o meu nome é John Dereck. Sou paleontólogo de profissão, formado numa das mais conceituadas universidades do mundo e prémio Nobel da Ciência em 2005. Bom, mas não estamos aqui para falar de mim, apenas tenho a dizer que fui o escolhido para vos apresentar o filme a ser exibido de seguida. Aquilo a que aqui vão assistir é um precioso testemunho gravado a bordo do submergível “Sedna”, a mais alta tecnologia com o melhor equipamento de investigação subaquática, juntos em prol da ciência. Uma aventura fantástica, realizada por uma equipa de prestigiados investigadores de todo o mundo e os melhores no seu ramo, alguns até – esboçando um pequeno sorriso de orgulho – com prémios Nobel. O filme parecer-vos-á ter os contornos de uma viagem no tempo, no qual poderão observar representantes da fauna e da flora de diversos períodos geológicos, representativos de grandes passagens da evolução, permitindo, deste modo, descobrir e estabelecer relações filogénicas entre as espécies ancestrais e actuais, permitindo assim, compreender um pouco mais a evolução biológica que houve ao longo de milhares de anos. Irão ter a oportunidade de ver, com os vossos próprios olhos, uma imensa variedade de seres que marcaram a grande explosão da vida marinha dos mares desde o Câmbrico até ao Carbónico, passando Ordovício, Silúrico e Devónico. Existem outros filmes com representantes de outras eras, mas é pura ficção…no entanto, o que vos vamos mostrar é tudo verdadeiro, autênticos fósseis vivos… (carrega num pequeno dispositivo que dá início ao filme). A apresentação inicia-se com algumas imagens dos seres encontrados a par com os relatos de uma voz “off” que comenta o que vai acontecendo no filme: Grupo: Luís Moreira, João Henriques e Gonçalo Augusto Escola Secundária de Oliveira do Hospital Professor: José Carlos Santos - Estranhas criaturas com patas articuladas (invertebrados) e animais com enormes carapaças blindadas e apêndices, cujas extremidades são pinças móveis e birramosas que nadam em torno de umas formações em forma de vaso invertido com filamentos semelhantes a uma enorme cabeleira. Autênticos monstros marinhos excêntricos. Interfere então o cientista John Dereck comentando as imagens: - Trata-se de artrópodes primitivos, entre os quais podemos observar o terrível caçador do Câmbrico, o Anomalocaris, e o enigmático Opabinia, com a sua trompa frontal em pinça e os seus cinco olhos no cimo da cabeça. Viveram há 500 milhões de anos e os seus caracteres anatómicos viriam a distribuir-se (formas percursoras ou antecessoras de grupos anatómicos actuais) pelos filos actualmente existentes, bem como outras formas anatómicas singulares ou linhagens sem descendências actuais. Dá-se prosseguimento ao filme, aparecendo, agora, moluscos com conchas de formas bizarras que nadam de forma sincronizada junto de trilobites, medusas e artrópodes pedunculados, com a parte anterior em forma de cálice, revestidos por numerosos orifícios, entre outros animais com vários tentáculos na cabeça e com fileiras de barbatanas laterais e caudais. Da assistência surge uma voz que afirma com espanto: - Um oásis de biodiversidade! Novamente John volta a interferir quando a imagem de um animal gigantesco aparece no ecrã: - É o escorpião gigante Myxopterus que viveu no Ordovício e início do Silúrico, há cerca de 500, 450 milhões de anos, lado a lado com este Orthoceras – referindo-se a um enorme cefalópode de olhos grandes, com cerca de 1 metro de comprimento, que aparecia na imagem – e este seu primo – mais uma vez referindo-se a outro animal que aparecera agora a nadar passivamente por entre lírios-do-mar e corais enormes – Gonioceras. Nas imagens surgem agora, sobre uns enormes pedregulhos, moluscos com belas conchas simétricas rodeadas por corais em paliçada, esponjas enormes e algo que se assemelha a algas gigantes. Grupo: Luís Moreira, João Henriques e Gonçalo Augusto Escola Secundária de Oliveira do Hospital Professor: José Carlos Santos O paleontólogo chama então a atenção para vários exemplares de peixes bênticos e agnatos (ou peixes sem mandíbulas), que se crê, pelas características das carapaças ósseas, pertencerem ao fim do Silúrico e início do Devónico. A imagem foca um peixe que alguém da assistência identifica, exclamando: - Pteraspis! - Sim. – confirma o paleontólogo – Um peixe que povoou os mares do Devónico, com o seu famoso escudo ósseo, que protegia a metade posterior do corpo. No canto superior da imagem, surgem dois outros peixes com aspecto terrível que a voz “off” apelida de Dunkleosteus (com os seus 7 metros de envergadura) e de Pterachantus e John Dereck afirma tratar-se de terríveis predadores com o corpo coberto com placas dérmicas e possivelmente os representantes (ancestrais) dos primeiros peixes com mandíbulas e que se julga terem povoado as profundezas marítimas do Devónico Superior. Seguidamente, observa-se toda uma miríade de figuras que mais parecem desenhos bizarros de crianças, desde corais a animais com apêndices cefálicos, barbatanas espinhosas com contornos de asas atrás da cabeça, de formas plantófagas, rosto dentado e do famoso Falcanthus, representações que o investigador afirma terem existido no Carbónico. Bom, agora que o filme acabou, passo a contar-vos como tudo isto começou. Eram 7h da manhã, no dia 13 de Junho, quando, depois de acordar, encontrei um pequeno envelope, apenas com o meu nome, junto à porta. No seu interior estava somente um bilhete anónimo, pedindo-me para comparecer numa reunião no salão de auditorias da Universidade do Centro de Ciências do Mar do Algarve, em Faro, às 10h da manhã desse mesmo dia. Eram, então. 10h e 10m quando cheguei à porta do salão. No momento em que entrei, estavam já sentados 5 indivíduos à volta de uma mesa redonda cheia de papéis, dispostos desordenadamente, nos quais iam pegando como que averiguando alguma coisa. No meio dos 5 homens destacava-se um, com aspecto mais velho, que olhou para mim, sorriu e levantou-se, andando na minha direcção. De imediato o reconheci: era o meu ex-professor de biologia marinha da universidade. O seu nome é César Grupo: Luís Moreira, João Henriques e Gonçalo Augusto Escola Secundária de Oliveira do Hospital Professor: José Carlos Santos Augusto, especialista em fundos oceânicos. Sempre o achei um sonhador. Ao aproximar-se de mim, disse, com espanto: - João! Sabia que podia contar contigo… presumo que ainda não saibas porque te chamei. - Não… – respondi, ao mesmo tempo que o cumprimentava, um pouco curioso e espantado ao mesmo tempo. - Então, vem para junto de nós que já te explico. Depois de me ter apresentado, com alguns pormenores aos cientistas seus companheiros – John Dereck, E.U.A., um dos melhores paleontólogo do mundo, Dr. Xavier, do departamento de Oceanografia e pesca dos Açores (IMAR), especialista em formas de vida existentes em fontes termais, Peter Walcott, especialista em Sismologia e Tectónica de Placas e um pouco de Vulcanologia, da “Ocean Technology Foundation” (OTF) E.U.A. e, por fim, Francisco Mendes, um especialista em robótica do Instituto de Sistemas e Robótica de Lisboa, envolvido no projecto de construção da “Sedna” (deusa esquimó protectora dos mares e das criaturas marinhas) – explicou-me o motivo pelo qual me chamara. O professor Augusto tinha suspeitas de que existiria algo de estranha perto da costa dos Açores. Segundo o que ele me estava a dizer, naquele momento tinha desconfianças de que havia algo de grandioso para se descobrir nesse lugar misterioso. Pegou num pequeno caixote azul que mantinha ao seu lado com um cheiro esquisito a peixe podre. Abriu-o e mostrou-me o seu conteúdo. Nunca fiquei tão espantado na minha vida… um enorme escorpião deitava um horrível pivete, que me fez suspeitar que estava morto há pelo menos, 8 dias. Explicou-me tratar-se de um exemplar autêntico de um Myxopterus, animal que viveu no período Ordovício há cerca de 500 milhões de anos. Fiquei boquiaberto. Logo de seguida, passou a explicar porque me chamara para esta reunião. Referiu que planeava uma visita aos Açores para investigar o sucedido. Suspeitava da existência de uma “zona de maternidade”, ou seja, uma zona de elevada diversidade de organismos de várias épocas geológicas, desde o Pré-câmbrico até ao Pérmico. O animal que ele me mostrara havia dado à costa da ilha do Faial no dia 5 de Junho. E mostrou-me imagens de satélite que tinham no centro uma pequena mancha azul no meio do mar, um pouco abaixo da ilha do Grupo: Luís Moreira, João Henriques e Gonçalo Augusto Escola Secundária de Oliveira do Hospital Professor: José Carlos Santos Faial. Tinha planeado viajar daí a uns dias para os Açores, onde se encontraria o submergível que lhe havia sido emprestado para prosseguir na sua investigação. Finalmente, pediu-me que viajasse com eles e que participasse no projecto. Um pouco apreensivo, mas com fé no meu ex-professor, aceitei a sua proposta e, dois dias depois, havíamos viajado para os Açores, de avião, até à base das Lajes, na ilha Terceira. Lá apanhámos um barco para o Faial, onde nos instalámos, numa pequena pensão. Ao longo da viagem, o professor, entusiasmado, ia-me falando acerca do que iria ser possível realizar, se tudo o que ele suspeitava fosse verdade. Falou no facto de ser exequível conhecer as mudanças ocorridas no Oceano desde o Câmbrico ao Cretácico, referiu que esses organismos representariam uma espécie de ADN de evolução, guardando os registos da história evolutiva após a explosão de vida que ocorreu no Câmbrico. No dia seguinte, depois de tomarmos o pequeno-almoço, o Dr. Xavier veio chamar-me, a mando do professor Augusto, para me preparar para iniciar a investigação. Saímos todos juntos em direcção ao porto, onde já nos esperavam dois dos cientistas que nos haviam acompanhado, Francisco Mendes e John Dereck, com os equipamentos de mergulho. O Francisco, além de especialista em robótica, tinha um curso de navegação, sendo, por isso ele o escolhido para manobrar o submergível “Sedna” e nos guiar ao local suspeito. Viajámos cerca de 2 horas sem encontrar nada. Foi então, passada mais meia hora que Peter, o especialista em sismologia, detectou uns sinais estranhos vindos da área por cima da qual estávamos a passar. Descemos um pouco mais até chegarmos a uma grande fenda, que Walcott desconfiou desde logo ter sido aberta por um sismo. O professor César deu ordem para o Francisco entrar naquele lugar escuro. Passado mais meia hora, o professor finalmente esboçara um grande sorriso, quando começou a ver-se um pouco de luz. E, então, havíamos entrado num mundo maravilha. Animais primitivos nadavam de um lado para o outro. Numa fase inicial de incredulidade, César questionou-se sobre a veracidade daquilo que os seus olhos realmente observavam. Tratava-se de um local completamente à mercê de um conjunto de peculiaridades, ainda desconhecidas e enigmáticas, uma espécie de “gaiola” ou de zoo que se manteve ao longo de milhões e milhões de anos e ao longo de sucessivas extinções em massa e mudanças geológicas e climáticas Grupo: Luís Moreira, João Henriques e Gonçalo Augusto Escola Secundária de Oliveira do Hospital Professor: José Carlos Santos ocorridas no planeta terra, como as eras glaciares. Quando, porém, se certificou da sua autenticidade, rotulou-o logo de um achado cientificamente de valor incalculável para toda a Humanidade. Grupo: Luís Moreira, João Henriques e Gonçalo Augusto