Universidade Estácio de Sá Curso de Graduação Nutrição Nutrição Enteral no Lactente Crítico Ana Paula D’Araújo Borges Michelle Freire de Andrade Rio de Janeiro 2009 ii Universidade Estácio de Sá Curso de Graduação Nutrição Nutrição Enteral no Lactente Crítico Ana Paula D’Araújo Borges Michelle Freire de Andrade Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Estácio de Sá como parte dos requisitos para aprovação da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso Orientador: Andreia De Luca Sacramento Rio de Janeiro 2009 iii Universidade Estácio de Sá Curso de Graduação em Nutrição Nutrição Enteral no Lactente Crítico Ana Paula D’Araújo Borges Michelle Freire de Andrade Orientador (a): Prof.: Andreia De Luca Sacramento Avaliada em pelos examinadores: Profª. Mestre Andreia De Luca Sacramento Universidade Estácio de Sá Profª Mestre Ana Paula Machado Lins Universidade Estácio de Sá Profª Mestre Ana Paula Menna Barreto Universidade Estácio de Sá iv “Deixa que o alimento seja seu remédio e que o remédio seja seu alimento”. (Hipócrates) v Dedicatória Este trabalho é dedicado a todos que nos apoiaram ao longo dos anos de estudo,especialmente nossos pais que nos incentivaram e colaboraram para continuarmos seguindo o rumo que escolhemos para o futuro. vi Agradecimentos Agradecemos aos nossos pais e familiares por ter nos dado essa oportunidade imprescindível de estar cursando o Ensino Superior, nossos amigos pessoais e colegas de faculdade, por estarem ao nosso lado em todos momentos de dificuldade e aos nossos professores sempre dispostos a nos ajudar e passar seus conhecimentos da melhor forma. vii Lista de abreviaturas AA ACTH AG AAP CCACE CRH DHA EPA ESPEN ESPGHAN FAO FDA FOS GABA GOS IDR IgA IgG IgM IL-2 IR IRA LCPUFAs NE OMS RGE RNBP RNMBP Ácido araquidônico Hormônio adenocorticotrófico Àcido Graxo Academia Americana de Pediatria Comitê Científico para Alimentos da Comissão Européia Hormônio liberador da corticotrofina Ácido docosahexaenóico Ácido eicosapentaenóico European Society for Clinical Nutrition and Metabolism European Society for paediatric gastroenterology hepatology and nutrition Food and Agriculture Organization Food and Drug Administration Frutooligossacarídeos Ácido gama-aminobutírico Oligossacarídeios Ingestão Diária Recmendada Imunoglobulina A Imunoglobulina G Imunoglubulina M Interleucinas-2 Insuficiência Respiratória Insuficiência renal aguda Ácido Graxo poliinsaturados de cadeia muito longa Nutrição enteral Organização Mundial de Saúde Refluxo gastroesofágico Recém nascido com baixo peso Recém nascidos de muito baixo peso ao nascer RNPT SIC SQC TCL TCM TFG TGI TMB TNE Recém nascido pré termo Síndrome do intestino curto Superfície corpórea queimada Triglicerídio de cadeia longa Triglicerídio de cadeia média Taxa de filtração glomerular Trato Gastrointestinal Taxa Metabólica Basal Terapia de nutrição enteral viii Lista de tabelas Tabelas Legenda Página Tabela 1 Resumo da TN em situações críticas na infância 22 Tabela 2 Resumo de nutrientes condicionalmente essenciais 32 Tabela 3 Resumo de Formulas lácteas e Fórmula enteral 38 ix Sumário Página 1. Introdução 12 2. Objetivos 13 2.1. Objetivos Gerais 13 2.2. Objetivos Específicos 13 3. Metodologia 14 4. Marco Teórico 15 4.1. Importância da TNE em lactentes internados 15 4.2. Indicações e vantagens da TNE para lactentes 15 4.3. TN em situações críticas na infância 17 4.4. Nutrientes condicionalmente essenciais 22 4.4.1. Ácidos Graxos poliinsaturadas de cadeia muito 22 longa 4.4.2. Glutamina 23 4.4.3. Nucleotídeos 25 4.4.4. Prebióticos 27 4.4.5. Probióticos 29 4.5. Formulações para lactentes 31 4.5.1. Formulações lácteas para lactentes 31 4.5.2. Fórmulas enterais para lactentes 34 4.6. 36 Fórmula láctea versus Fórmula enteral específica para lactentes 5. Conclusão 38 6. Referência 40 7. ANEXOS 52 x Resumo A Terapia Nutricional constitui um aspecto fundamental da assistência à criança doente, pois a ocorrência de desnutrição prejudica a sua recuperação. Pode-se dizer que o objetivo da TN em lactentes é fornecer quantidades adequadas de energia e nutrientes para que o seu crescimento e desenvolvimento sejam otimizados durante a doença. O estudo foi de revisão bibliografia em artigos científicos e livros, na base Bireme, Medline, Lilcas e Scielo, no período de 1999 a 2009, e os idiomas pesquisados foram Português, Inglês e Espanhol. O objetivo primordial avaliar a importância da adequação da NE nos lactentes em situações críticas. Pela nutrição enteral é possível prover energia, fluidos e nutrientes em quantidades adequadas para manter as funções vitais e a homeostase hidroelétrolítica. A NE é a mais fisiológica e tecnicamente mais fácil. A solução para as condições clínicas que influenciam o metabolismo e a fisiologia normal do lactente é o emprego de formulações industrializadas, que possuem melhor relação calorias/proteína, maior quantidade de micronutrientes e menor osmolalidade. As fórmulas lácteas são subdivididas em padrão e especiais, e são voltadas para lactentes sadios ou em condições que necessitem de alterações em um ou outro componente da fórmula. Porém, em situações de estresse é indicada uma formulação específica que atenda a demanda energética aumentada. Atualmente existe no mercado apenas uma fórmula enteral para esta faixa etária adequada na oferta de macro e micronutrientes, e de nutrientes condicionalmente essenciais. A adição destes nutrientes, como LCPUFAs, glutamina, nucleotídeos, prebióticos e probióticos, foi comprovadamente benéfica para recuperação de lactentes em situações críticas. Os riscos relacionados com a manipulação, a inadequação de nutrientes, o aumento a osmolalidade final, podem ser evitados ao se prescrever uma fórmula apropriada para estes lactentes em situações especiais. Palavras chave: terapia de nutrição enteral, nutrição no lactente crítico, fórmulas lácteas. xi Abstract The Nutritional Therapy is a fundamental aspect of patient care for children, because the occurrence of malnutrition affect their recovery. You could say that the goal of TN in infants is to provide adequate quantities of energy and nutrients for their growth and development are optimized for the disease. The study of literature review in scientific articles and books on the basis Bireme, Medline, Lilcas and Scielo in the period 1999 to 2009, and studied the languages were English, Spanish and Portuguese. The primary objective to assess the adequacy of the importance of NE in infants in critical situations. For enteral nutrition can provide energy, fluids and nutrients in adequate quantities to maintain vital functions and homeostasis hydroelectrolytic. The NE is more physiological and technically easier. The solution to the clinical conditions that influence the normal physiology and metabolism in infants is the use of industrial formulations, which have better relationship calories / protein, increased amount of micronutrients and lower osmolality. The milk formulas are divided into standard and special, and are geared to healthy infants or under conditions that require changes in one or another component of the formula. However, in situations of stress is given a specific formulation that meets the energy demand increased. Currently there is only one market enteral formula for this age group in the provision of adequate macro-and micronutrients, and conditionally essential nutrients. The addition of these nutrients, as LCPUFAs, glutamine, nucleotides, prebiotics and probiotics has been proven beneficial for the recovery of infants in critical situations. The risks related to handling, the inadequacy of nutrients, increasing the osmolality final, can be avoided when prescribing a formula appropriate for these infants in special situations. Keywords: therapy, enteral nutrition, infant nutrition in critical, milk formulas. xii 1. Introdução: A instituição de uma terapêutica adequada para lactentes hospitalizados com comprometimento em seu estado nutricional compreende o tratamento da doença de base e a reabilitação nutricional (VIEIRA & ROCHA, 2009). A Terapia Nutricional (TN) constitui um aspecto fundamental da assistência à criança doente, pois a ocorrência de desnutrição durante o período de hospitalização ou durante o tratamento domiciliar prejudica a sua recuperação (DREYER & FERRAZ, 2003). Diferentemente dos adultos, a criança está em plena fase de crescimento, maturação e de desenvolvimento. Apresenta consumo calórico e protéico aumentado em relação ao do adulto, o que, por si só, justifica um planejamento nutricional particularizado (WAITZBERG & LOGULLO, 2005). Segundo Romaldini et al. (1996 apud PÉRET FILHO, 2004), em um hospital terciário brasileiro foi constatado que a admissão de crianças eutróficas em uma enfermaria de especialidades pediátricas, era apenas de 35%. As fórmulas infantis destinadas ao lactente sadio apareceram no início do século, baseadas na evaporação e condensação do leite de vaca. Atualmente, as fórmulas infantis devem variar suas concentrações de nutrientes dentro de limites estabelecidos pela Food and Drug Administration (FDA) americana. Estes parâmetros são bastante semelhantes às recomendações do Comitê de Nutrição da Academia Americana de Pediatria (AAP). No Brasil, rege a elaboração destas fórmulas o Codex Alimentarius (WAITZBERG & LOGULLO, 2005). Recentemente foi advogado o uso de quantidade mínima de nutrição enteral (NE), à custa de leite materno para recém nascidos pré termo (RNPT) ou de baixo peso (RNBP) em NP com o objetivo de prover nutrientes para manutenção do trofismo intestinal (WAITZBERG & LOGULLO, 2005). Ainda há dúvidas sobre o melhor momento para o início da NE, se o atraso é prejudicial, o início muito precoce em situações que cursam com hipoperfusão mesentérica pode causar necrose intestinal (LEITE & TELLES Jr., 2005). xiii Os fatores associados a maior risco em crianças hospitalizadas são a idade inferior a 6 meses, baixo peso ao nascimento, prematuridade, desnutrição, doenças crônicas, baixo grau de escolaridade materna, renda familiar abaixo de dois salários mínimos, saneamento básico domiciliar inadequado e história de diarréia prévia (FALBO & ALVEZ, 2002). Pode-se dizer que o objetivo primordial da TN em lactentes é fornecer quantidades adequadas de energia e nutrientes para que o seu crescimento e desenvolvimento sejam otimizados durante a doença (SPP SERIES, 2008). No entanto, ainda hoje, utilizam-se fórmulas infantis (leites) concentradas ou adicionadas de módulos específicos para esses lactentes, porém, existem riscos relacionados à manipulação associado ao desequilíbrio dos nutrientes, aliado ainda a um aumento exagerado da osmolalidade final (SPP SERIES, 2008). Uma formulação específica que atenda o lactente em estado crítico deve oferecer maior aporte energético e de micronutrientes do que as fórmulas infantis normalmente utilizadas nesta faixa etária (SPP SERIES, 2008). Um dos maiores desafios da pediatria quando se depara com situações clínicas potencialmente limitantes, é conseguir redirecionar, o mais rapidamente possível, esse processo para um canal de crescimento adequado. As conseqüências decorrentes do comprometimento nutricional em crianças hospitalizadas precisam ser evitadas a todo custo. Neste sentido torna-se relevante à investigação de temas relacionados à TN e a indicação de formulações adequadas, visando prevenir a carência de nutrientes específicos, que podem ocasionar a piora na evolução clínica e o retardo do crescimento. xiv 2. Objetivos: 2.1. Objetivo Geral: Avaliar a importância da adequação da NE nos lactentes em situações críticas. 2.2. Objetivos Específicos: - Destacar as indicações e vantagens para o início da terapia de nutrição enteral (TNE); - Apresentar as recomendações nutricionais para lactentes em situações críticas; - Discutir os riscos da modulação dos leites infantis para lactentes em situações críticas; - Analisar a importância da prescrição de formulação adequada e da adição de nutrientes moduladores específicos para lactentes em NE. xv 3. Metodologia: As informações foram obtidas por meio de levantamento bibliográfico. Para realização desse estudo de natureza qualitativa, foram utilizadas três fontes de pesquisa: publicações específicas de artigos científicos, livros específicos, e consulta on-line, utilizando para levantamento das informações da biblioteca virtual as bases de dados Bireme, Medline, Lilacs e Scielo, no período de 1999 a 2009, de estudos epidemiológicos, clínicos e de revisão, com os descritores “terapia nutricional enteral”, “terapia nutricional em lactente”, “fórmulas lácteas para lactentes”. Foram delimitados os idiomas português, espanhol e inglês. xvi 4. Marco teórico: 4.1. Importância da TNE em lactentes internados A TNE é parte essencial do tratamento de paciente pediátrico, em especial daqueles gravemente doentes ou depletados nutricionalmente. Muitas crianças já apresentam algum grau de desnutrição no momento da internação, mas o comprometimento do estado nutricional pode também se instalar durante o período de hospitalização, agravando o quadro clínico e retardando a sua recuperação (RIBEIRO Jr., 2003). Constitui o melhor método para alcançar os requerimentos energéticos de uma criança que tem o TGI funcionante (parcial ou totalmente), visto que oferece condições favoráveis para o estabelecimento de um plano terapêutico específico (BEZERRA et al., 2009). Pela NE é possível prover energia, fluidos e nutrientes em quantidades adequadas para manter as funções vitais e a homeostase hidroelétrolítica. A oferta de nutrientes auxilia na atividade do sistema imune, reduz o catabolismo protéico e a perda nitrogenada, além de impedir a atrofia da mucosa intestinal, minimizando os riscos de desnutrição hospitalar (BEZERRA et al., 2009; GARÓFOLO, 2005; RIBEIRO Jr, 2003). 4.2. Indicações e vantagens da TNE para lactentes A NE é a mais fisiológica e tecnicamente mais fácil, no entanto existem muitas preocupações e dúvidas com relação à capacidade do TGI imaturo processar e absorver os nutrientes. Sabe-se que as funções hormonais e da mucosa intestinal parecem se desenvolver adequadamente no RNPT desde que tenham o estímulo do alimento (COSTA, 2005). Assim, quando comparada com a via parenteral, é sugerido, na literatura, possíveis vantagens da via enteral, com relação à melhora na resposta imune, prevenção da atrofia intestinal e da translocação bacteriana, e na diminuição da resposta inflamatória, uma vez que o uso da via digestória acarreta menor incidência de complicações (CHWALS, 2005; VASCONCELOS, 2007). xvii De modo geral, a administração de nutrientes por sonda enteral está indicada em situações de risco de desnutrição ou quando a via oral é insuficiente para atingir as necessidades nutricionais adequadas, desde que o uso do TGI seja viável (LEITE & TELLES Jr., 2005). Nesse contexto, as indicações mais freqüentes são: prematuridade, lactentes em ventilação pulmonar mecânica, desnutrição grave, estados hipermetabólicos, doenças neurológicas, causas funcionais ou orgânicas, crescimento deficiente; anomalias congênitas; doença ou obstrução esofágica; cirurgia do TGI; síndrome do intestino curto; fibrose cística (LEITE & TELLES Jr., 2005; VASCONCELOS, 2007). O jejum prolongado, por seus efeitos deletérios no epitélio intestinal propicia a translocação bacteriana e aumenta o risco de enterocolite necrosante e sepse. Esse efeito pode ser minimizado pela oferta enteral precoce, pois a fermentação bacteriana dos carboidratos resulta em ácidos graxos (AG) de cadeia curta, que apresenta função trófica sobre o epitélio intestinal (FALCÃO, 1999). A TN precoce, nas primeiras 72 horas de internação, após a estabilização hemodinâmica, nos lactentes gravemente doentes, reduz as complicações mecânicas, infecciosas, metabólicas e os custos hospitalares (FALBO & ALVEZ, 2002). Segundo os Guidelines do European Society for Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN) (2002), recomenda-se o uso precoce da alimentação enteral em crianças com doença grave, para reduzir a duração da Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica e diminuir por completo a severidade da doença. A via jejunal é a via de escolha para iniciar a TN precoce (BEZERRA et al., 2009). 4.3. TN em situações críticas na infância A solução para as condições clínicas que influenciam o metabolismo normal do lactente é o emprego de formulações industrializadas, que possuem melhor relação calorias/proteína, maior quantidade de micronutrientes e menor osmolalidade. As vantagens são o menor risco de contaminação e de erros na preparação, além de reduzir o tempo empregado para tal (SPP SERIES, 2008). xviii A utilização de dieta hipercalórica e com adequado aporte de proteína poderá ajudar a superar as dificuldades que se opõem ao melhor crescimento nestes neonatos (SPP SERIES, 2008). 4.3.1. Resposta metabólica: As infecções aumentam a produção de glicose em conseqüência da ação combinada de hormônios como o glucagon, catecolaminas e o cortisol que estimulam a ação da adenilciclase no fígado. A produção de glicocorticóides adrenais e hormônio de crescimento aumentam, estimulando a glicólise e a neoglicogênese. Isto ocorre em paralelo a um leve aumento na secreção e concentração plasmática da insulina,que não consegue suprimir a hiperglicemia, mesmo em doses farmacológicas (RIBEIRO & MOREIRA, 1999; FEFERBAUM, 2008). As infecções também aceleram a síntese e o catabolismo das proteínas corpóreas. Alguns mediadores endógenos (citocinas e hormônios catabólicos) estimulam o catabolismo de proteínas do músculo esquelético, sendo rapidamente mobilizada para atender as necessidades de defesa orgânica na síntese de proteínas de fase aguda como a proteína C reativa, anticorpos e imunoglobulinas, entre outros (CARVALHO & TROTTA, 2003; FEFERBAUM, 2008). Aminoácidos de cadeia ramificada são liberados durante a proteólise, a oxidação destes gera grupos amino-nitrogênio, que podem se ligar ao piruvato e este mecanismo resulta na síntese da alanina e glutamina dentro das células do músculo. O RN com infecção aguda apresenta-se hipermetabólico com catabolismo protéico que depleta os estoques de glutamina e alanina (45% do total de aminoácidos). A conseqüência é a grave atrofia da mucosa intestinal, com perda da função imunitária e facilitação da translocação bacteriana (FEFERBAUM, 2008). Os lipídeos apresentam função estrutural na membrana celular e têm papel na regulação imunológica sendo precursores dos eicosanóides como as prostaglandinas e leucotrienos. No RNPT, os ácidos linoléico e linolênico são essenciais para a formação do cérebro e retina, na mielinização e proliferação celular. Altas concentrações de AGs podem ocasionar aumento da reação xix inflamatória, dos radicais livres e depressão da resposta inflamatória (FEFERBAUM, 2008). 4.3.2. Sepse: O suporte nutricional do lactente com sepse tem como objetivo evitar e/ou tratar um catabolismo excessivo. A AAP recomenda que se prescreva para os recém nascidos sépticos, no mínimo, a mesma quantidade de energia utilizada para os saudáveis, respeitando-se a idade pós-conceptual (TELLES Jr. & FAZIO, 2005). O lactente apresenta um estado hipermetabólico com catabolismo protéico, que necessita ser revestido através da administração exógena de aminoácidos, para se promover um balanço nitrogenado neutro. A infusão protéica parece ser bem tolerada pelos recém nascidos com sepse, devendo ser iniciada com 0,5g/kg/dia, até se atingir 2,5g/kg/dia (FALCÃO, 1999). Durante a sepse tem-se um quadro de hiperglicemia devendo-se ter atenção ao tipo de carboidrato oferecido, na dieta. É indicado 60% do valor energético total, de carboidratos (FALCÃO, 1999). Os lipídios são geralmente administrados em doses iniciais de 0,5g/kg/dia até um máximo de 3g/kg/dia (DELGADO & FILHO KALIL, 2005; TELLES Jr. & FAZIO, 2005). 4.3.3. Insuficiência Respiratória (IR): O primeiro objetivo no tratamento nutricional do paciente pediátrico com falência respiratória dependente da ventilação mecânica é prevenir ou minimizar a perda de massa muscular respiratória e minimizar as alterações na função respiratória, enquanto uma terapêutica específica é administrada para se melhorar a doença de base pulmonar (LEITE, 2005). A NE é a via de escolha preferencial. A dieta via oral pode ser adequada na IR leve, porém a ingestão deve ser documentada, pois a aceitação é freqüentemente inadequada, e especialmente em pacientes pediátricos desnutridos, onde pode ser necessária à administração por via nasogástrica (FARIA, 1999). As crianças com IR crônica ou aguda são alvo para o desenvolvimento de desnutrição, que por sua vez, resulta em aumento da morbidade, como por xx exemplo, na vigência de infecção, que promove maior perda de massa corpórea. Além disso, a desnutrição está associada a alterações na função mecânica dos pulmões, tanto na IR aguda como na crônica (LEITE, 2005). A criança com IR aguda, geralmente tem uma demanda calórica 20 a 30% acima do normal para a idade. As necessidades protéicas variam de 1 à 3g/kg/dia. A proporção adequada entre carboidratos e gorduras é controversa. Embora na criança com falência respiratória haja vantagens teóricas da utilização da gordura como fonte energética preferencial, a oxidação da glicose não está alterada nessa condição. O aporte diário de glicose varia de 7 a 12g/kg/dia e o de gorduras de 1 a 2,5g/kg/dia (FARIA, 1999). 4.3.4. Insuficiência hepática: Os objetivos do suporte nutricional no paciente pediátrico com falência hepática são: administração da quantidade de calorias e proteínas necessárias para a síntese protéica e crescimento; correção das anormalidades dos aminoácidos plasmáticos; correção e prevenção das deficiências de vitaminas, oligoelementos e dos distúrbios ácido-básico e hidroeletrolítico (CABÊDO, 1999). Devem ser administradas formulações com acréscimo de amido (para prover aumento de energia), com suplementação de triglicerídios de cadeia média (TCM) (para facilitar a digestão e absorção) e longa (TCL) (para prevenir a deficiência de AG essenciais). Pela limitação à administração de grandes quantidades de volume, normalmente a criança hepatopata aceita menor quantidade calórica do que o desejado. Nesses casos, é recomendada a suplementação por sonda nasogástrica (CABÊDO, 1999). Devem ser ofertados 50 a 65% das calorias sob a forma de carboidratos, enquanto que para as gorduras (TCM e TCL) são de 20 a 30% das calorias diárias. Para proteína utiliza-se de 3 a 4g/kg/dia, iniciando com 0,5 a 0,6g/kg/dia e aumentando gradativamente conforme aceitação (OLIVA & AZEVEDO, 2005). 4.3.5. Insuficiência renal aguda (IRA): xxi A IRA geralmente é acompanhada de intenso catabolismo protéico muscular e diminuição da síntese de proteínas. A reposição de aminoácidos impede uma desnutrição acentuada, melhorando a sobrevida. O suporte nutricional em lactentes com IRA tem como objetivo acelerar a recuperação funcional, preservar a função renal residual e minimizar as perdas de nitrogênio (FALCÃO, 1999). A nutrição do lactente neste caso normalmente é limitada pela severa restrição hídrica, devendo-se respeitar valores mínimos calóricos de 50kcal/kg/dia e protéicos de 0,5g/kg/dia. Quando da utilização de NE, devemse utilizar fórmulas lácteas com baixo teor de potássio e fósforo. Quando se tem uma taxa de filtração glomerular (TFG) acima de 15%, recomenda-se a prescrição da quantidade habitual de proteínas, ou seja, 2,5g/kg/dia. Esse aporte normalmente é suprido pelo leite materno. Quando a TFG for inferior a 15% e o recém nascido não apresentar perdas protéicas, deve-se diminuir o aporte para 1,5g/kg/dia (FALCÃO,1999). A quantidade de glicose ofertada deve ser suficiente para fornecer até cerca de 50 a 60% do total de energia planejado. O excesso de glicose não será utilizado como fonte de energia, mas sim para promover a lipogênese, levando à infiltração de gordura no fígado e aumentando a produção de dióxido de carbono (NOGUEIRA & MAIA, 2005). Geralmente a oferta lipídica é de 1g/kg/dia, pois não aumenta substancialmente a concentração sérica de triglicérides, oferecendo cerca de 25 a 40% das necessidades energéticas.Tanto TCM quanto TCL podem ser utilizados com a devida monitoração plasmática. A dose preconizada é de 0,5 a 2,0g/kg/dia (NOGUEIRA & MAIA, 2005). 4.3.6. Síndrome do intestino curto (SIC): A SIC é o resultado de alterações da motilidade gastrointestinal, da secreção, digestão e má-absorção, que ocorrem após uma ressecção extensa do intestino curto. Uma ressecção maciça do delgado interfere com a absorção, altera a motilidade gástrica e intestinal e facilita a translocação de bactérias do cólon. Em pediatria, a maioria das crianças com SIC é recém nascido, e a enterocolite necrosante é a causa mais freqüente, principalmente em prematuros (OBA, 1999). xxii Quando diminuem as perdas hidroeletrolíticas e surge motilidade, inicia-se NE. Recomenda-se uma dieta com volumes pequenos (10ml/kg) de uma fórmula diluída (0,33kcal/ml), administrada por sonda nasogástrica. Quantidades calóricas próximas de 180kcal/kg/dia, com eletrólitos e baixa osmolaridade, representam grande vantagem. Embora as dietas elementares tenham algumas desvantagens como: composição de aminoácidos, monossacarídeos, ausência de gordura, alta osmolaridade, têm sido utilizadas com sucesso em alguns grupos (OBA, 1999). O hidrolisado protéico tem uma vantagem osmótica sobre outras dietas, já que sua osmolalidade é menor. Os TCL têm baixa tolerância e devem ser parcialmente substituídos pelos TCM. A restrição de gorduras tem sido sempre o dogma. Existem estudos mostrando que uma significante proporção de crianças pode tolerar a gordura. Ao lado de serem importantes para estimular a adaptação do segmento remanescente, as TCL são densas em energia e são sempre mais bem toleradas do que carboidratos (OBA, 1999). O aumento no número de evacuações e a presença de substâncias redutoras são indicações de que o limite de tolerância foi excedido. É indicado 24-48h de jejum, para se retomar a fórmulas de baixa densidade calórica. Mesmo que as calorias orais sejam praticamente insignificantes, essa via deve ser incentivada, porque as evidências experimentais demonstram que a manutenção e adaptação de uma boa mucosa são dependentes da nutrição luminal (OBA, 1999). Em estudos de crianças com SIC, pode-se demonstrar que perto de 70% da perda de energia pelas fezes foi computada pelos carboidratos e seus metabólitos. Portanto, é aconselhável testar a tolerância para gordura e carboidrato. O teste da tolerância aos carboidratos pode ser monitorado pelo teste respiratório e dosagem de pH e substâncias redutoras nas fezes (OBA, 1999). 4.3.7. Queimados: xxiii A criança que tem mais de 60% de sua superfície corpórea queimada (SCQ) sofre um aumento no metabolismo que pode ser até duas vezes maior que o metabolismo basal naqueles com mais de 20% da SCQ (BARBIERI, 1999). Vários fatores contribuem para essa resposta hipermetabólica, tais como: liberação de mediadores inflamatórios e de hormônios contrareguladores (catecolaminas, cortisol e glucagon); perda elevada de água por evaporação e a translocação de bactérias e toxinas da área queimada e do intestino para a circulação sistêmica. O objetivo do suporte nutricional no paciente queimado é promover adequada oferta de nutrientes e minimizar as complicações associadas à alimentação (BARBIERI, 1999). Para as estimativas das necessidades calóricas em lactentes queimados, deve ser utilizada a fórmula de Curreri, que é mais fidedigna (SACRAMENTO, 2001): Curreri infantil: Taxa Metabólica Basal (TMB) + 15 Kcal X SCQ (%) (0 – 1 ano) TMB feminino: 60,9 x peso -54 (0-3 anos) TMB masculino: 61,0 x peso – 51 (0 – 3 anos) As necessidades protéicas nos pacientes queimados estão elevadas, devido ao aumento da demanda para cicatrização da ferida e reposição do nitrogênio perdido no seu exsudato e também na urina. Para lactentes, 1,5g – 2,5g de proteína/kg/dia são adequados. Devendo-se evitar a sobrecarga protéica devido a carga de soluto renal (SACRAMENTO, 2001). A dieta de pacientes queimados deve conter cerca de 50% de suas calorias na forma de carboidratos. A mínima quantidade de lipídios necessária para se evitar a deficiência dos AG essenciais é cerca de 4% do total de calorias consumidas (BARBIERI, 1999). Situação Objetivos Kcal Proteína Carboidrato Lipídeos xxiv Crítica Sepse Evitar / tratar o catabolismo excessivo IR Prevenir / reduzir a perda de massa muscular Insuficiência Hepática Aporte adequado para síntese protéica Igual a 0,5g/kg/dia 60% VET 0,5g/kg/dia indicada para até até saudáveis 3g/kg/dia 20 a 2,5g/kg/dia 30% 1 a 3g/kg/dia 7 a 12g/kg/dia acima do 1 a 2,5g/kg/dia saudável Igual a 0,5 a 50 a 65% VET VET indicada para 0,6g/kg/dia saudáveis até 3 20 a 30% a 4g/kg/dia IRA Acelera a recuperação funcional 50kcal/kg/dia TFG >15%: 50 a 60% VET 25 a 40% 2,5g/kg/dia VET TFG <15%: 1,5g/kg/dia SIC Reduzir a má absorção 180kcal/kg/dia Aminoácidos Monossacarídeos TCM com eletrólitos e baixa osmolalidade Queimados Minimizar complicações Curreri Infantil 1,5 a 50% VET 4% 2,5g/kg/dia VET (AGE) Tabela 1: Resumo da TN em situações críticas na infância 4.4. Nutrientes condicionalmente essenciais 4.4.1. Ácidos graxos poliinsaturados de cadeia muito longa (LCPUFAs) Os LCPUFAs são elementos estruturais dos fosfolípides da membrana celular, especialmente daquelas do sistema nervoso central e da retina, prestando-se diretamente à síntese de eicosanóides (SPP SERIES, 2008; HASCHKE-BECHER et al., 2000). Os mais conhecidos são o ácido araquidônico (AA), gerado a partir do ácido linoléico (ômega 6), o ácido eicosapentaenóico (EPA), e o xxv docosahexaenóico (DHA), estes dois derivados do ácido alfa-linolênico (ômega 3). A qualidade e quantidade dos LCPUFAs na membrana das células modula sua fluidez e permeabilidade, estabiliza os receptores e enzimas de membrana, bem como a transdução de sinais elétricos e humorais (UAUY et al., 2000). O EPA e o DHA são AG poliinsaturados essenciais, ou seja, não produzidos no nosso organismo e que necessitam ser incorporados através da alimentação (SILVA, 2006; ANDRADE & CARMO, 2006). Os AG Ômega-3 são capazes de suprimir a produção de citocinas próinflamatórias, aumentar a ação da insulina, aumentar a síntese de óxido nítrico e a concentração da acetilcolina no cérebro, e de proteger os neurônios das ações tóxicas do fator de necrose tumoral-alfa (CORRÊA & ROCHA, 2004). O elevado conteúdo destes AG na retina e cérebro sustenta a hipótese de que tais lipídios desempenham um papel positivo na função visual e cognitiva de lactentes (HOFFMAN et al., 2003; AGOSTINI & RIVA, 2000). Além da função cognitiva uma ação de redução da pressão arterial foi comprovada por Forsyth et al. (2003) em crianças com seis anos de idade que haviam ingerido AA e DHA, quando lactentes. Segundo Agostini et al. (1995, apud SPP SERIES, 2008), estudos mostraram que o desenvolvimento psicomotor é melhor aos quatro meses de idade quando se utiliza fórmula com acréscimo de AA e DHA para a alimentação das crianças. Em lactentes sadios a amamentação é a fonte satisfatória de LCPUFAs. Na ausência do leite materno aconselha-se a suplementação de um mínimo de 0,2% dos AG como DHA e 0,35% como AA, para lactentes de termo, e 0,35% e 0,45% respectivamente para os RNPT (KOLETZKO et al., 2001; CAMPOS et al., 2008). 4.4.2. Glutamina A glutamina é classificada como um aminoácido não-essencial, porém possui a habilidade de comportar-se como essencial em alguns cenários, resultando na designação condicionalmente essencial. Este aminoácido é sintetizado por inúmeros tecidos, contudo alguns destes são capazes de liberá- xxvi lo na corrente sanguínea, como por exemplo, o cérebro, os pulmões e o tecido muscular estriado esquelético (SEGUITANI, 2007; MARANTE et al., 2005). É um aminoácido essencial para o crescimento e a diferenciação celular, transporte de cadeia carbônica entre os órgãos e fornecimento de energia para células de rápida proliferação, como os enterócitos e as células do sistema imune. Além disso, atua como precursora da ureagênese e neoglicogênese hepática e de mediadores como o Ácido gama-aminobutírico (GABA) e o glutamato (PACÍFICO et al., 2005; MARANTE et al., 2005). Sugere-se então, que a glutamina seja um aminoácido condicionalmente essencial nessa fase da vida (BORGES et al., 2007). Os potenciais efeitos benéficos da suplementação da glutamina estão associados ao aumento da síntese de glutationa, potencializando as defesas antioxidantes; manutenção da integridade da mucosa intestinal (fonte energética para enterócitos), evitando a translocação bacteriana; aumento da síntese de proteínas da resposta inflamatória, atenuando o processo inflamatório; e manutenção da função imune, servindo de fonte energética para linfócitos e precursores de citocinas (PACÍFICO et al., 2005; SILVA, 2006). Em situações de hipermetabolismo, como trauma, queimadura, grandes cirurgias e sepse, há aumento dos hormônios catabólicos (Hormônio liberador da corticotrofina - CRH, hormônio adenocorticotrófico - ACTH, glicocorticóides, catecolaminas), que exacerbam a proteólise e a neoglicogênese, excedendo a capacidade de síntese de glutamina no músculo esquelético e ocasionando a diminuição das reservas e da concentração plasmática (PACÍFICO et al., 2005; MARANTE et al., 2005). Acredita-se que RNBP, por apresentarem reservas energéticas reduzidas e pouca musculatura esquelética, sejam mais susceptíveis a estados de deficiência de glutamina (PACÍFICO et al., 2005). Cabe ainda ressaltar que esta faixa etária está sujeita a intenso crescimento, fazendo com que apresentem maior turnover protéico, acarretando em maior utilização de glutamina (SEGUITANI, 2007; BORGES et al., 2007). A glutamina liberada na circulação fetal é proveniente da circulação materna e da síntese placentária. Ao nascer, o fluxo transplacentário é interrompido e o bebê passa a depender de sua síntese endógena e/ou do fornecimento exógeno de glutamina. Bebês amamentados ingerem glutamina xxvii por meio do leite materno, o qual contém um pool de aminoácidos livres duas a cinco vezes maior quando comparado às fórmulas infantis comercializadas atualmente (BORGES et al., 2007). Em um ensaio clínico randomizado conduzido por Neu et al. (1997 apud SEGUITANI, 2007) os recém nascidos de muito baixo peso ao nascer (RNMBP) receberam fórmula para prematuros via enteral enriquecida ou não com glutamina entre o 3° e 30° dia de vida. Ao fina l do estudo, os autores atestaram que a probabilidade de desenvolver sepse durante o período de internação foi 3,8 vezes maior em neonatos do grupo controle em comparação ao grupo que recebeu glutamina. Van Den Berg et al. (2006) perceberam que não foi observada redução da permeabilidade intestinal em resposta à suplementação enteral com 0,3g/kg/dia, o que levaria à diminuição da permeabilidade intestinal, podendo justificar a menor incidência de sepse observada no grupo suplementado com este aminoácido. Os autores observaram que a redução da incidência de sepse vista em estudos anteriores, após a suplementação enteral com glutamina, envolve outros aspectos, como a modulação da resposta inflamatória intestinal por este aminoácido. Barbosa et al. (1999) concluíram que crianças desnutridas, com sepse ou problemas suplementadas respiratórios com que 0,3g/kg/dia, receberam toleraram dietas de enterais forma também satisfatória a suplementação, reduzindo o risco de mortalidade por sepse. Estudos em RNPT demonstram que a glutamina administrada via enteral é principalmente consumida pela mucosa intestinal e, portanto, apenas uma parte atinge a circulação sanguínea. É possível inferir que a glutamina administrada via enteral é amplamente metabolizada pela mucosa intestinal e, portanto, o principal efeito da suplementação enteral ocorre no intestino, tanto em relação à sua integridade e permeabilidade quanto ao seu componente imune (BORGES et al., 2007). 4.4.3. Nucleotídeos Os nucleotídeos são moléculas de baixo peso, amplamente distribuídas na natureza e constituídos de uma base nitrogenada, uma pentose e três xxviii grupos fosfato. Estão presentes em tecidos e fluidos sejam como monômeros livres de nucleotídeos e nucleosídeos, em forma polimerizada como DNA e RNA, bem como conjugados a outras variedades de moléculas. Atuando no metabolismo energético, na transmissão genética e na transdução de sinais (SPP SERIES, 2008). Tem sido demonstrado que dietas livres de nucleotídeos diminuem as respostas tardias de hipersensibilidade, resistência a infecções e produção de interleucinas-2 (IL-2). Esses efeitos imunossupressores estão diretamente ligados às necessidades metabólicas especiais dos linfócitos T em relação a nucleotídeos, os quais parecem ser necessários para a maturidade das células T e para a expressão dos marcadores fenotípicos (MÉIER et al., 2004). Células com rápida proliferação como as do sistema imunológico, da medula óssea e da mucosa intestinal são ávidas consumidoras de nucleotídeos, geralmente supridos pela via da reconversão alimentar, pois a síntese integral é muito limitada. Embora definidos como nutrientes não essenciais, comportam-se como condicionalmente essenciais ou semiessenciais, em fases de crescimento rápido como nos lactentes, e ainda no trauma e outras situações patológicas (SPP SERIES, 2008). Quando a produção endógena é insuficiente, há necessidade de ingestão particularmente para a resposta imunológica, maturação tecidual e reparação de estruturas que possuem forte perfil biossintético, tais como intestino e fígado. A presença de nucleotídeos no leite materno, e seu papel protetor muitas vezes comprovado em modelos animais e no ser humano, apontam para um papel destacado no crescimento do lactente, assim como no trofismo dos TGI e do sistema imunológico (SPP SERIES, 2008; BOZA & MARTINEZ – AUGUSTIN, 2000). O teor de nucleotídeos nas fórmulas derivadas de leite de vaca é consideravelmente inferior ao do leite humano e a composição desses é diferente dos do leite humano. Até agora, nenhum efeito lesivo foi relatado e o Comitê Científico para Alimentos da Comissão Européia (CCACE) publicou diretrizes sobre a suplementação de fórmulas infantis com nucleotídeos (BOZA & MARTINEZ – AUGUSTIN, 2000). De acordo com esses dados, é permitida a utilização, nas fórmulas infantis, em um total máximo de 5 mg/100 Kcal, de nucleotídeos. O CCACE xxix também estabeleceu que a concentração total de nucleotídeos deve apresentar a mesma ordem de grandeza dos nucleotídeos livres do leite humano (BOZA & MARTINEZ – AUGUSTIN, 2000). Tanto em RNPT como a termo, o leite humano e a fórmula suplementada com nucleotídeos promoveram maior atividade de células “natural killer” e de IL-2, quando comparada com controle, como em situações de vacinações para H. influenza e para difteria e tétano, as crianças que receberam nucleotídeos tiveram maior produção de anticorpos; em crianças prematuras o uso de fórmula contendo nucleotídeos levou o grupo suplementado a ter um incremento de imunoglobulina M (IgM) e imunoglobulina A (IgA) quando comparado com o grupo controle; e notou-se maior concentração de imunoglobulina G (IgG) contra beta-lactoglobulina, quando prematuros recebiam nucleotídeos (SPP SERIES, 2008). Lactentes que receberam nucleotídeos tiveram menor incidência de diarréia entre 8 e 28 semanas de vida. Outros estudos encontraram a mesma associação, e um deles chega a atribuir esse efeito anti-diarrêico ao maior fluxo sanguíneo intestinal pós-prandial (SPP SERIES, 2008). Ao contrário dos recém nascidos a termo que não apresentaram maior crescimento quando usaram nucleotídeos, aqueles que nasceram com comprometimento de peso, comprimento e perímetro cefálico se beneficiaram. Essa recuperação do crescimento parece ser mediada pela ação de trofismo dos nucleotídeos sobre a mucosa intestinal que presumivelmente está danificada pela desnutrição intra-uterina (SPP SERIES, 2008). 4.4.4. Prebióticos Prebióticos são carboidratos não digeríveis, incluindo a lactulose, a inulina e diversos oligossacarídeios (GOS), como os Frutooligossacarídeos (FOS), que afetam beneficamente o hospedeiro, por estimularem seletivamente a proliferação e/ou a atividade de populações de bactérias desejáveis no cólon (OLIVEIRA, 2007; GUIMARÃES & BOEKEL, 2008). A flora intestinal dos lactentes é adquirida ao nascimento, e é composta, predominantemente, por bifidobactérias, que predominam na xxx microbiota do lactente amamentado, já que o leite humano é rico em GOS, carboidratos que agem como prebióticos (SPP SERIES, 2008). Os FOS podem ser produzidos industrialmente, por meio de extração ou pela ação das enzimas, mas também são constituintes naturais de muitos alimentos, sendo amplamente distribuídos nos produtos de origem vegetal (GUIMARÃES & BOEKEL, 2008). O FOS promove a proliferação das bifidobactérias, previnem o crescimento de micróbios exógenos patogênicos, o crescimento excessivo de compostos patogênicos, e previnem a constipação através da estimulação do peristaltismo intestinal e da produção de AG de cadeia curta, principalmente do ácido acético, propiônico, butírico e lático, além de gases hidrogênio, carbônico e metano. E ainda, induzem a redução dos metabólitos tóxicos e das enzimas patogênicas, prevenindo a diarréia patogênica e endógena (GUIMARÃES & BOEKEL, 2008). A ingestão de 3 a 10g de FOS melhora a constipação em uma semana; prevenção de infecções intestinais e proteção da função hepática devido à redução dos metabólitos tóxicos pela ingestão dos FOS aliviando a toxicidade do fígado. Também diminui significativamente os metabólitos tóxicos urinários para níveis normais ou próximos ao normal, melhora o bem-estar, aumenta o apetite, aumenta a tolerância protéica e aumenta o peso corporal da criança (GUIMARÃES & BOEKEL, 2008). As bifidobactérias também produzem as vitaminas B1, B2, B6, B12, ácido nicotínico e ácido fólico, que têm efeito anticariogênico e antioxidante e promovem o fortalecimento da resposta do sistema imunológico (GUIMARÃES & BOEKEL, 2008). Cabe destacar que o prebiótico tem sido indicado para aumentar a biodisponibilidade de minerais, como cálcio e magnésio. Isto se deve a um efeito osmótico que transfere água para dentro do intestino grosso, aumentando o volume dos fluidos, nos quais esses micronutrientes se dissolvem (MACHADO et al., 2001). Lactentes e crianças pequenas que desenvolvem sintomas alérgicos durante os primeiros dois anos de idade possuem menor colonização de bifidobactérias do que aqueles que não desenvolvem alergia. Estes achados comprovam que as diferenças na flora intestinal de um lactente precedem o xxxi desenvolvimento de alergia. A oferta de bactérias benéficas a lactentes com história familiar de doença alérgica resulta em menor incidência de eczema atópico e esses benefícios se prolongam até, pelo menos os quatro anos de idade (SPP SERIES, 2008). O CCACE, desde 2001, reconheceu a eficácia e a segurança do uso dessa mistura de GOS/ FOS para lactentes. Desde 2004 as fórmulas infantis de partida e de seguimento, em diversos países europeus, e também na América do Sul vêm sendo adicionadas dessa mistura prebiótica (SPP SERIES, 2008). Pesquisas com essa mistura demonstram o seu efeito modulador sobre a flora intestinal dos lactentes através do aumento do número de bifidobactérias, da diminuição do crescimento de bactérias patogênicas e os benefícios sobre a atividade metabólica da flora intestinal. Todas as ações similares àquelas que ocorrem nas crianças que recebem leite humano (SPP SERIES, 2008). 4.4.5. Probióticos Os probióticos são definidos atualmente como microorganismos vivos que atuam no intestino promovendo o equilíbrio da flora microbiana intestinal, estabilização da microbiota intestinal após uso de antibióticos, promoção da resistência gastrointestinal à colonização de patógenos, diminuição da população de patógenos pela produção de ácidos acético e lático, promoção da digestão da lactose em lactentes intolerantes à lactose, alívio da constipação, auxilia na síndrome do intestino irritável, aumento da absorção de minerais e produção de vitaminas (COLLI et al., 2005; OLIVEIRA, 2007; MARTINS, 2009; SZAJEWSKA & MRUKOWICZ, 2005). A ingestão de probióticos pode alterar a função dos macrófagos e ativar as células T e células B, provocando alterações imunológicas. Além disso, tem ação antiinflamatória, isso ocorre devido ao aumento dos níveis de citocinas, imunoglobulinas BARBALHO, 2007). e da atividade fagocitária (PIMENTEL & xxxii O ideal é consumir gradualmente, em um período de 2 a 3 semanas, e na quantidade de 10⁹ a 10¹° organismos diários, a partir dos 6 meses d e vida (COLLI et al., 2005, PAERREGAARD, 2005). De um modo geral, estudos têm demonstrado que a administração de bactérias probióticas possui um efeito benéfico sobre o TGI, pois diminui a apoptose, modula a atividade inflamatória e a produção de citocinas, alterando a composição e metabolismo, assim como as propriedades da flora entérica e preserva a integridade da barreira intestinal (PIMENTEL & BARBALHO, 2007). A microbiota intestinal dos lactentes alimentados com leite humano parece ser dominada por bifidobactérias. Por outro lado, os lactentes alimentados com fórmulas parecem desenvolver uma microbiota mais complexa com bactérias anaeróbias facultativas, bacteróides e clostrídios, em níveis mais elevados do que em lactentes alimentados com leite humano. Com isso, muitos questionam o uso de probióticos nesta faixa etária, já que as cepas destes microorganismos vivos, presentes nestas fórmulas, poderiam promover uma alteração negativa nesta flora bacteriana (KONSTANTINOS & MOUNTZOURIS, 2005). Pode-se inferir que a flora observada em crianças em aleitamento natural constitui a mais adequada para a saúde, pelo menos em lactentes. Por outro lado, muitos críticos questionam sobre a eficácia terapêutica dos probióticos e a sua capacidade de resistir ao poder bactericida do suco gástrico e da bile e a de promover uma colonização duradoura do intestino humano (TRABULSI & SAMPAIO, 2000). Está demonstrado que algumas espécies de probióticos são capazes de alcançar o intestino grosso e assim são recuperadas nas fezes. Quanto à capacidade de probióticos de se implantar e estabelecer uma colonização duradoura do intestino humano, esse permanece ainda como um ponto controverso, sendo que a maior parte dos estudos mostra que a presença do probiótico nas fezes não é mais detectada após a suspensão de sua administração (TRABULSI & SAMPAIO, 2000). Embora a patogenia de doenças inflamatórias crônicas do intestino, como a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa, continue carecendo de elucidação no seu todo, reconhece-se hoje o papel da flora intestinal como possível fator adjuvante para o desenvolvimento e para a cronicidade dos xxxiii distúrbios. Aceita-se que as manifestações clínicas observadas nestas crianças são, em parte, decorrentes de uma reação imune anormalmente agressiva contra bactérias residentes no intestino (TRABULSI & SAMPAIO, 2000). Nutriente Benefícios Suplementação LCPUFAs - Suprime citocinas pró-inflamatórias À - Aumenta a ação da insulina (0,2%), AA(0,35%) - Ação positiva na função visual e cognitiva Pré - Redução da pressão arterial (0,35%), AA (0,45%) termo: DHA termo: DHA - Desenvolvimento psicomotor Nucleotídeos - Atua no metabolismo energético, Total transmissão genética e transdução de sinais máximo de 5mg/100Kcal - Trofismo do TGI e sistema imune Glutamina - Crescimento e diferenciação celular - 0,3g/kg/dia - Transporte de cadeia carbônica - Principal efeito no - Fornece energia para enterócitos células do intestino sistema imune - Integridade da mucosa intestinal - Aumento da síntese de proteínas da resposta inflamatória Probiótico - Equilibrio da flora microbiana intestinal 10⁹ a 10¹° - Promoção da digestão da lactose em microorganismos lactentes intolerantes à lactose diários a partir do - Alívio da constipação sexto mês de vida - Auxilia na síndrome do intestino irritável (as cepas podem - Aumento da absorção de minerais e promover alterações produção de vitaminas negativas na flora - Ação antiinflamatória bacteriana antes Prébiótico - Preserva a integridade da barreira intestinal desta faixa etária) - Proliferação de bifidobactérias 3 a 10g de FOS - Previnem o crescimento microorganismos patogênicos - Previne a constipação - Previne infecções intestinais - Proteção da função hepática - Produzem vitaminas B1, B2, B6 e B12 de xxxiv - Aumenta a biodisponibilidade de Ca e Mg Tabela 2: Resumo de nutrientes condicionalmente essenciais 4.5. Formulações para lactentes 4.5.1. Formulações lácteas para lactentes Fórmulas infantis são produtos na forma em pó ou líquida, destinadas ao lactente, criança de 0-12 meses incompletos, com o objetivo de suprir as necessidades nutricionais dessa faixa etária e promover o crescimento esperado. São elaboradas a partir do leite de vaca, de outros animais (ex: peixe) ou de origem vegetal (ex: soja) (LOPEZ & JUZWIAK, 2003). Essas fórmulas devem ser completas, de acordo com as necessidades nutricionais estabelecidas por órgãos de reconhecida competência como o Ministério da Saúde, Recomendações do MERCOSUL (Ingestão Diária Recomendada - IDR), FAO/OMS (Food and Agriculture Organization / Organização Mundial de Saúde - Codex Alimentarius) e Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. No Brasil, esses produtos são regulamentados pela Portaria nº 977 de 5 de dezembro de 1998, da Secretaria de Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde (CARRAZZA, 1999; LOPEZ & JUZWIAK, 2003). A composição do leite humano serve como referência disponível para melhorar as fórmulas para lactente, visto que a amamentação é o preconizado, porém na ausência desta, buscam-se novas alternativas. No entanto o leite humano contém células vivas, hormônios, enzimas ativas, imunoglobulinas e componentes com estruturas moleculares que não podem ser sintetizados artificialmente (AGOSTINI & HASCHKE, 2003). A densidade energética das fórmulas lácteas para lactentes é a mesma do leite humano (0,67 kcal/ml). Essas fórmulas podem ser concentradas em até 0,85 kcal/ml acrescentando-se menos água na preparação, porém deve-se ficar atento às necessidades de água livre. Uma oferta hídrica insuficiente pode exceder a capacidade de concentração e excreção renal de soluto, causando desidratação (LEITE & MENESES, 2005). xxxv A osmolalidade de uma fórmula para lactente é a mesma do leite humano (277 mOsm a 303 mOsm/L) ou do plasma (275 mOsm à 325mOsm/L). A AAP recomenda que fórmulas infantis tenham osmolalidade menor do que 450 mOsm/L (TELLES Jr., 2003; SPP SERIES, 2008). Quanto maior for a carga de soluto renal, maior a exigência sobre a função renal. As variáveis que interferem neste processo são: sódio, potássio, cloreto e a carga protéica. Admite-se que 1 mEq de cada um desses íons equivale a 1mOsm/L e 1g de proteína equivale a 4mOsm/L, em lactentes (RIBEIRO Jr., 2003). 5. Fórmulas padrão As fórmulas de partida (primeiro semestre) e de seguimento (segundo semestre) são utilizadas na ausência de leite humano (FEFERBAUM, 2005). A fórmula infantil preparada de acordo com as instruções do fabricante deve suprir não menos de 60 kcal e não mais do que 85 kcal por 100 ml do produto (LOPEZ & JUZWIAK, 2003). As recomendações internacionais para um teor mínimo de proteína nas fórmulas infantis de partida normais são de 1,8 g/100 kcal. Todavia, estudos clínicos anteriores sobre a adequação e segurança de tais fórmulas a partir do nascimento não são convincentes (RÃIHÃ et al., 2000). Segundo a legislação vigente, as proteínas das fórmulas infantis de seguimento devem ter qualidade protéica equivalente à da caseína ou maior quantidade de proteína em proporção inversa ao seu valor biológico. A qualidade protéica não deve ser inferior à 85% da caseína (LOPEZ & JUZWIAK, 2003). Os carboidratos presentes nas fórmulas infantis (além da lactose podese encontrar a maltodextrina, sacarose e amido) devem ser nutricionalmente biodisponíveis e presentes em quantidades adequadas para manutenção de sua osmolaridade. As recomendações nutricionais de carboidratos para fórmulas infantis de seguimento de acordo com as recomendações da European society for paediatric gastroenterology hepatology and nutrition (ESPGHAN), são de 8-12g/100Kcal (LOPEZ & JUZWIAK, 2003). Os lipídios fornecem a maior parte das calorias das fórmulas infantis de partida, contribuindo com cerca de 35- 55% do conteúdo energético. As recomendações nutricionais de lipídeos para fórmulas infantis de seguimento xxxvi de acordo com as recomendações do Codex Alimentarius são de 3-6g/100Kcal (LOPEZ & JUZWIAK, 2003). 6. Fórmulas especiais Em situações nas quais o aleitamento materno não é possível, está indicado o uso de fórmulas lácteas modificadas (LEITE & MENESES, 2005). São recomendadas para lactentes com necessidades especiais, como os que apresentam intolerância ou alergia a determinadas proteínas do leite de vaca (CAMPOS et al., 2008). Em condições especiais, como intolerância à lactose, deve-se excluir esse carboidrato da dieta, incluindo polímeros de glicose ou maltodextrina. Estas fórmulas são completas e poliméricas (LEITE & MENESES, 2005). As fórmulas à base de proteína de soja também são isentas de lactose, constituídas à base de proteína purificada de soja ou extrato de soja (LEITE & MENESES, 2005), acrescidas de maltodextrina e óleos vegetais, enriquecidas de L-metionina e L-carnitina, nas quantidades encontradas no leite humano e de vaca. A concentração de TCM não deve exceder 50% para garantir a oferta de AG essenciais (RIBEIRO Jr., 2003; CAMPOS et al., 2008). Podem ser utilizadas na alimentação do lactente quando for necessária a exclusão do leite de vaca, porém deve-se ficar atento, pois esta é uma proteína altamente alergênica (LEITE & MENESES, 2005). No caso de refluxo gastroesofágico (RGE), o uso de fórmulas infantis à base de proteína do soro parecem melhorar os sintomas, pois na presença de caseína (proteína predominante no leite de vaca) há uma tendência maior da proteína coagular no estômago, em comparação com a proteína do soro, retardando o esvaziamento gástrico. Entre as medidas recomendadas, o espessamento da dieta é o de maior eficácia para alívio do RGE, pois é capaz de reduzir a intensidade do refluxo, mas não interfere no número de episódios (LOPEZ & JUZWIAK, 2003; VENTURA, 2002). Algumas fórmulas para o RGE são preparadas a partir de goma de amido (“starch”). O “starch” é um carboidrato complexo (polímeros de glicose) de elevado peso molecular, que aumenta a viscosidade da fórmula. Os “starches” não são digeríveis passam pelo TGI e são eliminadas nas fezes de xxxvii forma inalterada, podendo alterar a consistência das evacuações (VENTURA, 2002). O CCACE recomenda para lactentes apenas o uso de amido (ou “starch”) pré-gelatinizado ou pré-cozido, contra-indicando os amidos crus; para lactentes até o quinto mês de vida recomenda que a quantidade de amido ou “starch” não exceda 2 g/100 ml de fórmula reconstituída, dentro do limite de 30% dos carboidratos da fórmula. Já a AAP recomenda que as fórmulas especiais forneçam aproximadamente 15% das calorias totais na forma de amido modificado. A legislação brasileira não determina especificações sobre o uso de amido ou “starch” nas fórmulas infantis (VENTURA, 2002). As fórmulas pré-digeridas são indicadas nas síndromes de má absorção, na presença de hipoalbuminemia e na transição da NP total para NE. São fórmulas nutricionalmente completas em que a proteína se encontra prédigerida, na forma de hidrolisado de proteínas do soro, peptídios e aminoácidos. A fonte de gordura é uma mistura de óleos vegetais e a de carboidrato é maltodextrina. Estão indicadas em situações de grande comprometimento absortivo, como na SIC, ou nas alergias alimentares (RIBEIRO Jr., 2003; LEITE & MENESES, 2005). 4.5.2. Formulas enterais para lactentes Atualmente no mercado existe apenas uma dieta enteral exclusiva e específica para lactentes de 0 a 12 meses que é hipercalórica, com maior aporte protéico e de micronutrientes do que as fórmulas infantis normalmente utilizadas nesta faixa etária, além de ser suplementada com LCPUFAs, nucleotídeos e prebióticos (SPP SERIES, 2008). Esta suplementação foi baseada em evidências científicas, que comprovam a melhora do sistema imunológico, da flora intestinal e da recuperação do lactente, reduzindo o número de infecções (SPP SERIES, 2008). Esta formulação possui menor osmolalidade (295mOsm/L) quando comparada com as fórmulas lácteas, que variam de 378 – 452mOsm/L. Uma dieta com baixa osmolalidade pode melhorar a tolerabilidade em lactentes em situações críticas (SPP SERIES, 2008). xxxviii Esta formulação foi desenvolvida para alcançar os requerimentos protéicos de lactentes com déficit de crescimento. Com 2,6g/100ml de proteína intacta, é possível alcançar as recomendações necessárias para promover a recuperação do crescimento. Sendo assim, é o produto que contem mais energia e proteína por 100ml que qualquer alternativa atual, sem comprometer a osmolalidade ((SPP SERIES, 2008). É considerada uma dieta oligomérica devido às características protéica, já que é composta por 60% de proteína do soro de leite e 40% de caseína, e de a fonte de carboidrato ser a maltodextrina e a lactose (CARRAZZA, 1999; SPP SERIES, 2008). Com relação aos carboidratos destaca-se a prescrição de polímeros da glicose (amido e maltodextrina). Esses são utilizados nas fórmulas infantis quando se deseja reduzir a osmolaridade, como no caso das dietas elementares e semi-elementares (STORM & LIN, 1996 apud Oba et al, 1999). A lactose é utilizada por ser importante para a saúde do intestino do lactente, fornecendo energia e melhorando a absorção de cálcio (SPP SERIES, 2008). A composição com LCPUFAs tem como base o óleo de peixe contendo 0,35% de AA e 0,20% de DHA, em concordância com recomendações internacionais. Trata-se de óleo de atum com baixo teor de EPA, de modo que este ingrediente seja mantido na proporção de apenas 0,05% do total de AG. O mix de gorduras na formulação disponibiliza AA e DHA na forma de triglicerídios (SPP SERIES, 2008). Além dos macronutrientes, essa formulação é fonte de prebióticos, contendo 0,8g/100ml, onde 90% é de GOS e 10% de FOS. Sendo fonte também vitaminas e minerais diversos em concentrações adequadas para a faixa etária, e nucleotídeos com concentração de 2,8mg/100ml do nutriente (SPP SERIES, 2008). Formulas lácteas Densidade Energética 0,67 a 0,85 Kcal/ml Osmolalidade Formula enteral 1 Kcal/ml 277 mOsm a 303 mOsm/L ou 295 mOsm/L 275 mOsm à 325mOsm/L Carga de soluto renal Considerar: sódio, potássio, cloreto e a carga protéica. xxxix Caloria Hipercalórica 60 – 85 kcal por 100 ml Proteína 1,8 g/100 qualidade kcal (partida); 2,6 g/100Kcal protéica não 60% do soro de leite e 40% inferior à 85% da caseína caseína (segmento) Carboidrato 8-12g/100Kcal (ESPGHAN) maltodextrina e a lactose (segmento). Lactose, maltodextrina, sacarose ou amido. Lipídeo 35-55% 6g/100Kcal (partida). 3- 5,4 g/100ml (Codex Alimentarius) (segmento). LCPUFAs - óleo de peixe, 0,35% de AA e 0,20% de DHA Prébióticos - 0,8g/100ml, 90% de GOS e 10% de FOS Nucleotídeos - 2,8mg/100ml Tabela 3: Resumo de Formulas lácteas e Fórmula enteral 4.6. Fórmulas lacteas versus Fórmulas enterais específicas para lactentes A OMS enfatiza a relevância do leite humano no presente e no futuro das crianças. Reforçando a idéia, estudos indicam que o aleitamento materno exclusivo e sua duração parecem ser importantes fatores no desenvolvimento intestinal, a resistência às infecções, na prevenção de obesidade e distúrbios alérgicos. Além disso, é desprovido de contaminação e contém importantes imunoglobulinas e fatores imunes, bem como ajuda no estabelecimento da microbiota intestinal do recém nascido, o qual depende dela para o metabolismo dos GOS (HEIRD, 2003; CAMPOS, et al., 2008). O aleitamento materno é padrão ouro para a nutrição do lactente. Entretanto, quando a amamentação não é possível, o uso de uma fórmula infantil, que garanta o crescimento e desenvolvimento semelhantes àqueles que recebem leite humano, é o ideal (ABB SERIES, 2005). xl Os lactentes com necessidades nutricionais aumentadas, aqueles que estão em regime de restrição de fluidos, ou que estão com ingestão reduzida, podem se beneficiar de fórmulas enriquecidas com nutrientes e calorias para obter um crescimento e desenvolvimento mais adequado (SPP SERIES, 2008). Os fatores que devem ser considerados para seleção de uma fórmula incluem: requerimentos nutricionais e de fluidos, idade, condição clínica, função gastrointestinal, via de administração, osmolaridade, carga de soluto renal, densidade calórica, viscosidade, custo, intolerância e alergia alimentar e estilo de vida da família (RIBEIRO Jr., 2003). Os riscos relacionados com a manipulação e com os desbalanços que acabam ocorrendo devido à impropriedade dos leites, aliado ainda a um aumento exagerado da osmolalidade final, não precisariam ser enfrentados se uma dieta adequada para essas situações viesse a ser empregada (SPP SERIES, 2008). A solução é o emprego de formulações hipercalóricas contendo maior quantidade de nutrientes. São fórmulas que possuem melhor relação calorias/proteína, maior quantidade de micronutrientes e menor osmolalidade. As vantagens são o menor risco de contaminação e de erros na preparação, além de reduzir o tempo empregado para tal (SPP SERIES, 2008). Browh et al. (1999) realizou multi-análise de 29 estudos randomizados selecionados na literatura médica, envolvendo um total de 2215 pacientes, visando estabelecer um perfil de resultados na realimentação de lactentes desmamados com diarréia aguda, baseados na duração da diarréia, magnitude das perdas fecais e impacto no peso corporal. Os resultados mostram claramente que os lactentes jovens portadores de quadros graves, mostraram menores índices de intolerância alimentar quando utilizaram fórmulas isentas de lactose do que quando realimentados com fórmula láctea. À exceção desse grupo bem definido, ficou demonstrado que a maioria dos lactentes desmamados com diarréia aguda pode ser tratada com sucesso, através da manutenção da alimentação com fórmulas lácteas. Neste estudo ficou demonstrado ainda, que a diluição das fórmulas ou o uso indiscriminado de fórmulas alimentares especiais isentas de lactose não são necessários nem recomendáveis para a maioria das crianças com diarréia aguda (BROWN et al., 1999). xli Clarke et al. (2007) acompanharam, em um estudo, 60 lactentes com déficit de crescimento causado por doenças cardíacas, fibrose cística e outras causas, alimentados com a única fórmula de NE existente no mercado ou com dietas isocalóricas (fórmula láctea) por um período de seis semanas. Quarenta e nove lactentes completaram o estudo e toleraram bem as dietas, sendo que, o grupo com a fórmula de NE, teve uma ingestão de proteínas e micronutrientes significativamente maior do que aqueles alimentados com fórmula láctea. Os lactentes dos dois grupos apresentaram significante ganho de peso, sendo os alimentados com NE um maior ganho e crescimento linear. Além disso, foi possível perceber que aqueles alimentados com fórmulas lácteas, obtiveram uma redução abaixo do ideal, de uréia plasmática, o que induziria uma inadequação de ingestão protéica, diferentemente do outro grupo, que apresentou aumento destes níveis (SPP SERIES, 2008). Em outro estudo realizado por Evans et al. (2006) avaliou-se a tolerabilidade do uso de NE em lactentes com déficit de crescimento. Foi demonstrado que a dieta foi bem tolerada em todos lactentes quando oferecido na sua diluição normal a partir do primeiro dia de prescrição. No entanto, os lactentes jovens com menos de 12 semanas podem se beneficiar da introdução gradual, em menor concentração, para evitar perdas fecais. Todos os lactentes tiveram recuperação de seu crescimento. Um ponto questionável é a presença de lactose, porém, como esta é a principal fonte de energia encontrada no leite humano, acaba sendo importante para a saúde do intestino do lactente e têm outras funções em potencial, como oferecer energia e melhorar a absorção de cálcio, sendo por este motivo, adicionado à formulação (SPP SERIES, 2008). 5. Conclusão: A indicação de NE específica para lactentes em estado crítico é importante, já que promove melhora no crescimento e recuperação do estado nutricional.As indicações são apenas para aqueles lactentes que apresentam o TGI íntegro ou em caso de impossibilidade de amamentação materna. As vantagens do início precoce da NE são nítidas, visto que nesta faixa etária, xlii ocorre importante crescimento e o grande impulso para isso é dado pela nutrição. Os lactentes necessitam de grandes quantidades de energia e nutrientes, tanto para o crescimento como para a maturação e desenvolvimento dos diversos órgãos, assim como para manter suas pequenas reservas corpóreas. Especialmente nos primeiros quatro a seis meses de vida essas necessidades são muito aumentadas, com um gradual decréscimo até ao estirão pubertário. O ganho de peso e estatura de uma criança no primeiro ano de vida é muito acentuado. O peso chega a triplicar e o comprimento aumenta em cerca de 50% ao final desse período. Todos os aspectos intrínsecos ao período inicial da vida da criança devem ser considerados com atenção, uma vez que o acometimento nutricional nessa fase da vida trará repercussões na função imune, na capacidade funcional do organismo, no retardo do aprendizado, no atraso do início da puberdade e até mesmo comprometimento do desenvolvimento mental. Porém, em algumas unidades hospitalares, ainda são utilizados formulações lácteas, para tentar atingir as necessidades requeridas por determinada enfermidade. Ocorre que nestas formulações há uma inadequação calórica e protéica, frente às necessidades aumentadas em situações de estresse, e a tentativa de adequá-las com módulos pode levar ao aumento da carga de soluto renal e da osmolalidade, além do risco de contaminação pela manipulação. Assim, conclui-se que é importante a prescrição de fórmulas adequadas, já acrescidas de nutrientes condicionalmente essenciais, para a melhora do estado destes lactentes, procurando sempre reduzir a manipulação. A formulação enteral ideal deve possuir baixa osmolalidade, o que melhora a tolerabilidade especialmente em lactentes com transtornos absortivos, e maior aporte calórico e protéico. Com isso, fica mais fácil atingir os requerimentos nutricionais de macro e micronutrientes em menor volume, além de ser suplementada de elementos específicos como LCPUFAs, nucleotídeos e prebióticos, que melhoram a função do intestino e modulam a imunidade. xliii 6. Referências: ABB SERIES. Monografia Similac Advance. São Paulo, 2005. AGOSTINI, C., TROJAN, S., BELLU, R., 1995. apud SUPPORT SERIES. Monografia –Infatrini, Brasil, São Paulo, 2008. AGOSTINI, C. & HASCHKE, F. Infant formulas: recent developments and new issues. Minerva Pediatr; v. 55, p.181-94, 2003. AGOSTONI, C. & RIVA, E. 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ANEXO 2: Recomendações nutricionais para lactentes saudáveis até 6 meses Nutrientes Energia Proteína Carboidratos Lipídeos Vitamina A Vitamina D Vitamina E Vitamina K Vitamina C Tiamina Riboflavina Niacina Vitamina B2 Folato Vitamina B12 Biotina Cálcio Fósforo Magnésio Ferro Zinco Iodo Selênio Cobre Manganês Cromo Molibdênio Fonte: adaptado por CHAWLS, 2005. Necessidades em lactentes até 6 meses 90-120 Kcal/Kg/dia 2,0-2,5 g/Kg/dia 10-12g/kg 3 - 5g/kg 375mg 7,5mg 3mg 5mg 30mg 0,3mg 0,4mg 6mg 0,3mg 25mg 0,3mg 10mg 400mg 300mg 40mg 6mg 5mg 40mg 10mg 0,5mg 0,5mg 10mg 30mg li ANEXO 3: Recomendações nutricionais para lactentes saudáveis de 6 à 12 meses Nutrientes Necessidades em lactentes de 6 à 12 meses Energia 90-120 Kcal/Kg/dia Proteína 2,0-2,5 g/Kg/dia Carboidratos 10-12g/kg Lipídeos 3 - 5g/kg Vitamina A 375mg Vitamina D 10mg Vitamina E 4mg Vitamina K 10mg Vitamina C 35mg Tiamina 0,4mg Riboflavina 0,5mg Niacina 6,6mg Vitamina B2 0,6mg Folato 35mg Vitamina B12 0,5mg Biotina 15mg Cálcio 600mg Fósforo 500mg Magnésio 60mg Ferro 10mg Zinco 5mg Iodo 50mg Selênio 15mg Cobre 1mg Manganês 1mg Cromo 60mg Molibdênio 80mg Fonte: adaptado por CHAWLS, 2005.