VIII Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
II Congresso Internacional de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
30, 31 de outubro e 1o novembro de 2013
Florianópolis - Santa Catarina - Brasil
MOTIVAÇÃO DE ENFERMEIROS OBSTETRAS PARA O ATENDIMENTO
AO PARTO DOMICILIAR1
Diego Vieira de Mattos2
Luc Vandenberghe3
Cleusa Alves Martins4
Introdução: O Brasil exibe novo cenário na assistência ao parto e nascimento, o parto
domiciliar planejado, um resgate ao modelo histórico de parturição, compatível com a
evolução social e exigências da mulher moderna. Hoje, na atenção obstétrica se
considera valores que vão além dos aspectos científicos e tecnológicos que sustentam
como qualidade as práticas menos intervencionistas e invasivas. E, o ambiente domiciliar
é considerado como local propício, seguro e viável para o parto. Desde 1998, o Ministério
da Saúde estabeleceu políticas e estratégias na qualificação de enfermeiros para atuarem
na assistência ao parto vaginal. Entretanto, o avanço desse movimento por enfermeiros
depara com questões políticas que tornaram um desafio a atuação dessa prática por
enfermeiros obstetras. Objetivo: Descrever os agentes motivadores na prática do
enfermeiro no Parto Domiciliar Planejado. Metodologia: Estudo de natureza qualitativa,
do tipo exploratório e descritivo, tendo como abordagem metodológica a Teoria
Fundamentada em Dados. A presente pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em
Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de Goiás - PUC-Goiás, sob Registro 1887,
28 de outubro de 2011. A coleta de dados se deu por entrevistas semiestruturada com 22
Enfermeiros Obstetras, nas cinco regiões do Brasil. Resultados: Identificou-se que a
experiência pessoal do enfermeiro de trabalhar em instituição na assistência ao parto
1
Resumo extraído da Dissertação de Mestrado pela PUC Goiás.
Enfermeiro Obstetra, Mestre em Ciências Ambientais e Saúde – PUC/GO; Presidente da ABENFO-Goiás,
Supervisor de Estágio em Obstetrícia e Pediatria pela Universo/Goiânia, Enfermeiro Obstetra da
Maternidade Nascer Cidadão - Goiânia. e-mail: [email protected].
3
Psicólogo, Doutor em Psicologia - Université de l'Etat à Liège, Professor adjunto da PUC de Goiás.
4
Enfermeira Obstetra, Doutora em Enfermagem, Professor Associado da Faculdade de
Enfermagem/Universidade Federal de Goiás - FEN/UFG, Vice-Presidente da ABENFO-Goiás.
2
despertou interesse em vários profissionais para atuação no parto domiciliar. Observouse que dentre outras motivações do enfermeiro obstetra para o parto domiciliar planejado
foi sua inquietação quanto a prática do parto intra-hospitalar, muitas vezes, baseada em
intervenções desnecessárias como uso rotineiro de episiotomia e ocitocina exógena sem
critério, dentre outras condutas. A certeza que queriam atuar nessa modalidade de parto
veio após a vivência de seu próprio parto. Verificou-se também, um agente motivador
para a prática foi a relação interpessoal entre os profissionais da área obstétrica. À
exemplo, o contato com enfermeiros que já atuavam nesse cenário, bem como amigos
que possuíam a mesma linha de afinidade com a assistência ao parto humanizado. A
motivação para atuar nessa abordagem do parto domiciliar planejado, vai além de uma
escolha profissional, identificou-se que a arte de partejar é vista como uma missão, uma
vocação e muitas profissionais já possuíam antes mesmo de sua formação acadêmica.
Relataram que o ambiente domiciliar não oferece risco à parturiente, especialmente,
quanto à infecção. Conclusões: A atuação do enfermeiro obstetra no parto domiciliar
planejado é permeada por diversas motivações e valores que foram construídos durante
os anos vivenciados na prática hospitalar, pois no entender dos enfermeiros entrevistados
as instituições, geralmente, não favorece a qualidade da assistência ao parto
humanizado. Os enfermeiros percebem a arte de partejar como uma missão, a atuação é
vivenciada de forma intensa, e enfrentam obstáculos sociais por mudanças de paradigma
na forma de assistir a parturiente. Estes profissionais acreditam que para uma atuação de
qualidade em domicílio, o enfermeiro deve possuir uma experiência na realização de
partos hospitalares, conhecimento científico para identificação das complicações e a
atualização deve ser um processo contínuo, associado a uma sensibilidade aguçada para
as necessidades da mulher e os diferentes aspectos do processo. Concluindo, embora o
parto domiciliar planejado esteja ocorrendo de forma pontual em vários municípios do
país, acreditamos que essa assistência já é uma tendência sem volta, uma vez que a
população em geral reivindica uma assistência à saúde de qualidade, como um direito
constitucional dos usuários.
Descritores: Enfermagem Obstétrica; Parto Humanizado; Parto Domiciliar.
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