A enfermagem no atendimento emergencial: riscos e medidas preventivas de infecção1 The nurses in emergency care: risks and preventive measures for infection Las enfermeras en la atención de emergencia: riesgos y medidas preventivas para la infección Carvalho Andriela Lima, Oliveira Jéssica Tavares, Silva Pamela Manoela de Freitas2, Brasileiro Marislei Espíndula3, Lázara Cristina Carvalho Prado4. A enfermagem no atendimento emergencial: riscos e medidas preventivas de infecção. Revista Eletrônica de Enfermagem do Centro de Estudos de Enfermagem e Nutrição [serial on-line] 2011 ago-dez 3(3) 1-16. Available from: <http://www.ceen.com.br/revistaeletronica>. Resumo Objetivo: abordar o processo de infecção no atendimento de enfermagem na urgência e emergência, as principais medidas de controle, identificar como esta ocorre e as principais conseqüências e complicações que podem causar. Materiais e métodos: a pesquisa é uma revisão bibliográfica de caráter bibligráfico, exploratório e descritivo da literatura disponível em bibliotecas convencionais e virtuais. Resultados: observou-se que a ocorrência de infecções nos serviços de urgência e emergência está intimamente relacionada com vários fatores, dentre eles destacam-se a planta física inadequada, condição de saúde do doente, exposição dos profissionais de saúde, uso de procedimentos invasivos, não seguimento de técnicas assépticas, recursos humanos insuficientes, equipe de trabalho desatualizada, recursos materiais insuficientes e impróprios, bem como o atendimento ao doente de forma desordenada, sem atenção aos princípios de assepsia. Conclusão: A execução das atividades visando o controle e prevenção de infecções representa a qualidade da assistência e determina custos e benefícios para o paciente, instituição e sociedade. A enfermagem deve ser vista como instrumento que permite salvar vidas e sua assistência direcionada para prevenção e minimização das infecções que possam vir a ocorrer. Descritores: Infecção Hospitalar; Emergência; Abstract Objective: To address the infection process in nursing care in emergency care, the main control measures, to identify how this occurs and the main consequences and complications 1 Artigo apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Enfermagem em Emergência e Urgência 13 , do Centro de Estudos de Enfermagem e Nutrição/Pontifícia Universidade Católica de Goiás. 2 Enfermeiras, e-mail: [email protected], [email protected], [email protected] 3 Doutora – PUC-Go, Doutora em Ciências da Saúde – UFG, Mestre em Enfermagem, docente do CEEN, e-mail: [email protected] 4 Enfermeira do Centro Municipal de Saúde Dr. Serafim de Carvalho, e-mail: [email protected] . 2 that can cause. Materials and methods: The research is a literature review bibligráfico character, exploratory and descriptive literature available in conventional and virtual libraries. Results: we observed that the occurrence of infections in emergency rooms and emergency is closely related to several factors, among which we highlight the inadequate physical plant, health condition of the patient, exposure of health professionals, use of invasive procedures, Failure to follow aseptic techniques, insufficient human resources, teamwork outdated, inadequate and unsuitable material resources, as well as the treatment of patients in a disorderly way, without regard to principles of asepsis. Conclusion: The activities for the control and prevention of infections is the quality of care and determine costs and benefits to the patient, institution and society. Nursing must be seen as an enabling tool to save lives and targeted assistance for prevention and minimization of infections that may occur. Keywords: Infection; Emergency; Resumen Objetivo: Conocer el proceso de infección en la atención de enfermería en la atención de emergencia, las principales medidas de control, para identificar cómo se produce y las principales consecuencias y complicaciones que pueden causar. Materiales y métodos: La investigación es una revisión de la literatura bibligráfico carácter exploratorio y descriptivo, la literatura disponible en las bibliotecas convencionales y virtuales. Resultados: Se observó que la ocurrencia de infecciones en las salas de emergencia y de emergencia está estrechamente relacionado con varios factores, entre los que destacan la inadecuada condición de la planta física, la salud del paciente, la exposición de los profesionales de la salud, el uso de procedimientos invasivos, Si no se siguen las técnicas de asepsia, la insuficiencia de recursos humanos, trabajo en equipo de recursos materiales obsoletos, inadecuados e inapropiados, así como el tratamiento de los pacientes de una manera desordenada, sin tener en cuenta los principios de la asepsia. Conclusión: Las actividades para el control y la prevención de las infecciones es la calidad de la atención y determinar los costos y beneficios para el paciente, la institución y la sociedad. Enfermería debe ser visto como una herramienta que permite salvar vidas y asistencia específica para la prevención y minimización de infecciones que pueden ocurrir. Palabras clave: Infección; de emergencia; 1 Introdução O interesse da pesquisa é demonstrar que é possível realizar a assistência de enfermagem no atendimento de urgência e emergência baseada no controle de infecção e que isto pode influenciar positivamente na qualidade da assistência e refletir em benefícios para a equipe, pacientes e instituição. 3 No Brasil as Unidades de Urgência e Emergência, contrariando o que para elas havia sido planejado tornaram-se, principalmente a partir da última década do século passado, as principais portas de entrada no sistema de atenção à saúde, eleitas pela população como o melhor local para a obtenção de diagnóstico e tratamento dos problemas de saúde, independentemente do nível de urgência e da gravidade destas ocorrências1. De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), através da Resolução 1451/95, urgência é a ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata e emergência é a constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento médico imediato2. Assim, é considerável o aumento do risco de infecções cruzadas nos serviços de emergência e urgência pela grande demanda de pacientes bem como pelo despreparo dos profissionais, falta de recursos humanos e materiais, a não adesão às práticas propostas, dentre outros. As infecções hospitalares são aquelas adquiridas no hospital e que se manifeste durante a internação ou após alta hospitalar. Representam um dos mais importantes problemas de saúde pública no mundo e a sua ocorrência é tão antiga quanto a história dos hospitais3. Nos serviços de urgência e emergência os riscos inerentes à prestação da assistência de enfermagem aumentam consideravelmente o índice de infecções, visto que os profissionais e clientes são expostos a um ambiente de trabalho que facilita o surgimento de infecções cruzadas, pela grande demanda de pacientes politraumatizados, com sangramentos e eliminações4. A infecção hospitalar está associada à contaminação, principalmente de materiais e equipamentos, não podemos desconsiderar medidas imprescindíveis na prevenção e controle das infecções destas tais como higienização das mãos e uso de EPI que deve ser um hábito entre os profissionais de saúde, e a adesão a sua prática um desafio a ser atingido5. O uso racional de antimicrobiano, a adoção de precauções indicadas para cada paciente e adesão a higienização das mãos são ações que comprovadamente têm repercussões positivas. E qualquer medida adotada na prevenção de infecções só será realmente eficaz se associada à implementação, um maior empenho para motivar e treinar periodicamente os profissionais, pois, a saída do problema certamente não está centralizada em recomendações inatingíveis para prevenção e controle de infecções, mas sim no somatório de cada atitude profissional realizada de forma consciente, participativa e responsável3. 4 As infecções vêm atingindo em escalas globais e representam uma das principais causas de morte em pacientes hospitalizados. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a taxa média de infecção hospitalar é de cerca 15%, ao passo que nos EUA e na Europa é de 10%. Cabe lembrar, no entanto, que o índice de infecção hospitalar varia significativamente, pois está diretamente relacionada com o nível de atendimento e complexidade de cada hospital6. Para tentar minimizar os índices de infecção hospitalar, o Ministério da Saúde lançou a Portaria 2616 em 12 de maio de 1998 que estabelece a obrigatoriedade de comissões de controle de infecções em estabelecimentos de saúde e como estas devem atuar7. Apesar de sua importância, os casos de infecção tanto em emergência quanto em outras unidades ainda subsistem. Nesse contexto o Enfermeiro possui um papel importante na prevenção e no controle de infecções. A orientação dos pacientes diminui o risco de ser infectado e as sequelas da infecção. Usar as precauções de barreira apropriadas, observar a higiene criteriosa das mãos e garantir cuidado asséptico dos cateteres intravenosos e de outros equipamentos invasivos também ajuda na redução de infecções8. Diante disso surge o questionamento: que elementos são necessários para impedir o processo de infecção no atendimento de enfermagem na urgência e emergência? Responder a esse questionamento poderá contribuir com os cuidados para evitar infecções no serviço de Urgência e Emergência. E o foco de nossas atenções deve ser direcionado aos profissionais de saúde de modo geral, pois eles são os sujeitos ativos desse processo. Espera-se a compreensão das formas de prevenção e a incorporação de medidas de biossegurança no atendimento de enfermagem. 2 Objetivos 2.1 Objetivo geral Descrever os elementos necessários para impedir o processo de infecção no atendimento de enfermagem na urgência e emergência. 2.2 Objetivos específicos - Identificar como ocorre a infecção em serviço de saúde e, em especial, na urgência e emergência; - Detectar as principais conseqüências e complicações; 5 - Descrever as medidas de controle e prevenção. 3 Materiais e Método Trata-se de um estudo do tipo bibliográfico, descritivo-exploratório e retrospectivo com análise integrativa, sistematizada e qualitativa. A pesquisa bibliográfica compreende a leitura, seleção, fichamento e arquivo dos tópicos de interesse para a pesquisa em pauta, com vistas a conhecer as contribuições científicas que se efetuaram sobre determinado assunto9. Uma pesquisa descritiva é caracterizada pelo objetivo da descrição de determinada população ou fenômeno, bem como relacionar as variáveis e os fatos10. A abordagem qualitativa em saúde trabalha diversos significados motivações, crenças, valores e atitudes correspondendo a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis11. Após a definição do tema foi feita uma busca em bases de dados virtuais em saúde, especificamente na Biblioteca Virtual de Saúde – Bireme entre setembro de 2011 a março de 2012. Foram utilizados os descritores: controle de infecção, emergência. O passo seguinte foi uma leitura exploratória das publicações apresentadas na Bireme, no período de 1997 a março de 2012. Para o resgate histórico utilizou-se livros e revistas impressas que abordassem o tema e possibilitassem um breve relato da evolução da prevenção do controle de infecções relacionadas à saúde na urgência e emergência relacionadas à enfermagem. Em seguida, selecionaram-se outros materiais (livros, artigos, teses, dissertações e outros) sobre o tema, chamados de âncora - segmentos de texto específicos relacionados com uma dada categoria e que servem de exemplo para ela12. Realizada a leitura exploratória e seleção do material, principiou a leitura analítica, por meio da leitura das obras selecionadas, que possibilitou a organização das idéias por ordem de importância e a sintetização destas que visou à fixação das idéias essenciais para a solução do problema da pesquisa. Após a leitura analítica, iniciou-se a leitura interpretativa que tratou do comentário feito pela ligação dos dados obtidos nas fontes ao problema da pesquisa e conhecimentos prévios. Na leitura interpretativa houve uma busca mais ampla de resultados, pois ajustaram o problema da pesquisa a possíveis soluções. Feita a leitura interpretativa se iniciou a tomada 6 de apontamentos que se referiram a anotações que consideravam o problema da pesquisa, ressalvando as ideias principais e dados mais importantes. A partir das anotações da tomada de apontamentos, foram confeccionados fichamentos, em fichas estruturadas em um documento do Microsoft Word, que objetivaram a identificação das obras consultadas, o registro do conteúdo das obras, o registro dos comentários acerca das obras e ordenação dos registros. Os fichamentos propiciaram a construção lógica do trabalho, que consistiram na coordenação das idéias que acataram os objetivos da pesquisa. Todo o processo de leitura e análise possibilitou a criação de três categorias: A – As principais infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) no serviço emergencial. B – Os riscos de adquirir infecções relacionadas à assistência á saúde no atendimento de urgência e emergência. C – Medidas de prevenção de IRAS no atendimento de Urgência e Emergência e dificuldade de adesão pelos profissionais de enfermagem. Assim, o presente trabalho envolve a leitura dos artigos, de modo que requer uma abordagem que privilegie a compreensão do fenômeno estudado. Portanto, a análise documental é utilizada como técnica principal de apreensão de dados. 4 Resultados e discussão Mediante os estudos pesquisados, foram encontrados 9 estudos, que geraram três categorias, refletidas e destacadas para apresentação e discussão dos resultados dessa pesquisa: 4.1 As principais infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) no serviço emergencial De 9 estudos encontrados, 4 abordam sobre as infecções relacionadas à assistência à saúde e serão descritos a seguir: Na antiguidade, a reunião indiscriminada de pessoas em um ambiente confinado facilitava a transmissão de doenças contagiosas, podendo se situar a origem da infecção hospitalar nesse período. Tais infecções, na ausência de procedimentos terapêuticos, apresentavam a mesma forma de transmissão que aquelas nas comunidades: vias aéreas, água, alimentos; caracterizando e reproduzindo epidemias como a cólera e a pestes, de caráter eminentemente exógenas e específicas13. 7 O conhecimento dos mecanismos de transmissão, aliados a ampliação dos recursos diagnósticos laboratoriais, definiram medidas objetivas para o controle. Entre os principais meios de prevenção incluem-se a higienização de mãos, isolamento de doenças transmissíveis e medidas específicas para cada sítio de infecção. A prevenção de IRAS deve constituir o objetivo da assistência prestada por todos profissionais de saúde. A infecção hospitalar é definida como aquela adquirida após a internação do paciente e que se manifesta durante a internação ou mesmo após a alta quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. Manifesta-se como complicações de pacientes gravementes enfermos, em consequência da hospitalização e da realização de procedimentos invasivos ou imunossupressores a que o doente, correta ou incorretamente, foi submetido14. As infecções relacionadas à assistência à saúde são as mais frequentes e importantes complicações ocorridas em pacientes hospitalizados. Uma infecção hospitalar acresce vários dias ao período de internação. Além disso, geram custos elevados com diagnóstico e tratamento. A infecção continua sendo a maior causa de morbidade e de mortalidade em pacientes traumatizados ou submetidos à cirurgia de emergência, apesar dos esforços na prevenção e nos avanços na terapia antimicrobiana. A infecção pode surgir no local do trauma ou na via de acesso para o tratamento cirúrgico, mas a mais importante é a infecção hospitalar, que ocorre em geral fora do sítio cirúrgico ou do local de trauma, como as pneumonias, infecções do trato urinário e relacionadas às punções vasculares. São determinantes da infecção o número e a virulência da bactéria e por outro lado a resistência do hospedeiro. Também são fatores predisponentes o choque, a hipoxemia, as transfusões sanguíneas, a hipotermia, a má nutrição, o alcoolismo crônico e o diabete, dentre outras. Para evitar a infecção devem ser adotadas práticas adequadas de controle da infecção tanto local quanto sistêmico15. No Brasil, infecção hospitalar, constitui-se ao longo dos anos como um problema de saúde pública, necessitando de intervenções governamentais através do ministério da saúde, instituindo medidas específicas como a criação das Comissões de Controle de Infecções Hospitalares e ações educativas para os profissionais de saúde. Apesar de todos os esforços e envolvimento dos vários seguimentos (laboratórios, empresas e indústrias de tecnologias, instituições hospitalares, profissionais de saúde, órgãos governamentais) no controle e prevenção de infecções hospitalares, observa-se que os índices permanecem elevados, em uma realidade pouco modificada e ainda como o surgimento de novos problemas (microorganismos multirresistentes, seleção de flora hospitalar, antimicrobianos que não mais são utilizados por não mais atuarem, entre outros)5. 8 Nota-se que apesar da crescente preocupação em controlar os índices de morbidades relacionadas à assistência, a adesão às medidas de controle e conscientização de todas as classes profissionais não ascendeu na mesma proporção. Assim, as principais infecções são as adquiridas por não seguir técnica asséptica de procedimentos invasivos, infecções cruzadas e doenças adquiridas pelos profissionais de saúde devido à exposição a material biológico. Desta maneira, para que haja um eficaz controle de morbidades relacionadas à assistência, é necessário envolvimento de todas as categorias profissionais aliado a conhecimento e medidas de prevenção. 4.2 Os riscos de adquirir infecções relacionadas à assistência à saúde no atendimento de urgência e emergência. De 9 estudos encontrados, 5 abordam os riscos e serão descritos a seguir: As estruturas físicas das unidades de urgência e emergência colocam em risco os profissionais de enfermagem, pois geralmente são inadequadas e não seguem as recomendações estabelecidas pela RDC/ANVISA 50/2002 e aliado a isto, temos a grande demanda das unidades públicas de pronto atendimento o que agrava ainda mais está situação16. Na infecção hospitalar, o hospedeiro é o elo mais importante da cadeia epidemiológica, pois alberga os principais microrganismos que na maioria dos casos desencadeiam processos infecciosos. A patologia de base favorece a ocorrência da IH por afetar os mecanismos de defesa antiinfecciosa: grande queimado; acloridria gástrica; desnutrição; deficiências imunológicas; bem como o uso de alguns medicamentos e os extremos de idade. Também favorecem o desenvolvimento das infecções os procedimentos invasivos terapêuticos ou para diagnóstico, podendo veicular agentes infecciosos no momento da sua realização ou durante a sua permanência14. Vários fatores tendem a explicar a ocorrência de infecções relacionadas à assistência à saúde, entre ele temos o desenvolvimento econômico e tecnológico, o que leva ao aumento da expectativa de vida e consequentemente eleva a proporção de pacientes internados com maior risco de adquirir infecções. Estes demandam procedimentos diagnósticos e terapêuticos invasivos, como o uso de respiradores, de cateteres vasculares, nutrição parenteral, quimioterápicos e antimicrobianos e amplo espectro, que contribuem ainda mais para aumentar este risco17. Desta maneira, faz-se necessário o incentivo a adoção de medidas de prevenção e controle e o uso racional de antimicrobianos. 9 Devido ao número cada vez maior de pessoas infectadas pelo vírus da hepatite B e C e pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), os provedores de cuidados e saúde têm maior risco de exposição a doenças que possam ser transmitidas pelo sangue ou por outros líquidos corporais. Esse risco ainda é maior em serviços de emergência devido ao uso comum de tratamentos invasivos em pacientes que podem ter uma ampla gama de condições e que, frequentemente, não podem fornecer uma história médica abrangente. Assim, a enfermagem de emergência exige muita dedicação, devido à diversidade de condições e de situações que acarretam desafios singulares. Esses desafios incluem questões legais, riscos de saúde e segurança ocupacional e o desafio de proporcionar cuidados holísticos no contexto de um ambiente movido pela tecnologia e de ritmo acelerado, no qual os profissionais se defrontam diariamente com doenças graves e mortes8. O profissional de enfermagem é o principal agente do cuidado direto com o cliente, por estar maior parte do tempo envolvido com a realização de procedimentos invasivos e consequentemente exposto a fluidos orgânicos5. Os autores concordam que os principais riscos são o trabalhador de saúde carrear infecções e/ou se infectar e diante disso condutas como cumprir com as normas de biossegurança e vacinar contra as doenças que se é susceptível torna-se imprescindível. 4.3 Medidas de prevenção de IRAS no atendimento de urgência e emergência e dificuldade de adesão pelos profissionais de enfermagem. Dos 9 estudos encontrados, 7 evidenciaram sobre as medidas de prevenção de IRAS no atendimento de urgência e emergência e serão descritos a seguir: Para uma atuação efetiva na ocorrência e no controle de infecções, assim como de outras iatrogenias referentes ao modelo clínico de intervenção, há que se redimensionar o problema para além de sua prática isolada e recolocá-lo no âmbito mais amplo de todo o sistema de saúde, permitindo analisar não somente as suas diferentes formas de acesso e de qualidade dessa assistência13. Atualmente, acredita-se que uma proporção considerável das infecções hospitalares possa se evitadas, sendo a lavagem das mãos ainda bastante importante neste contexto, pois os microrganismos mais associados a ocorrência de tais infecções são pertencentes a microbiota transitória(adquirida através dos contatos estabelecidos com pessoas colonizadas ou infectadas e/ou com objetos contaminados).Esses microrganismo podem ser eliminados através da lavagem das mãos, sendo que, quando não realizada ou se realizada de forma inadequada, constitui uma premissa básica, para a transmissão de microoganismo18. 10 Todos os provedores de cuidados de saúde emergenciais devem aderir estritamente às precauções padrão para reduzir a um mínimo o risco de exposição. Apesar dos baixos índices de soroconversão entre 0,3% e 0,5%, os acidentes devem ser tratados como emergência, independente do status sorológico do paciente fonte, pois as medidas profiláticas terão maior eficácia se forem aplicadas imediatamente após o acidente. O contrário também é possivel, ou seja, o profissional soropositivo, transmitir por um acidente biológico, o vírus HIV ao paciente. Entretanto, esta possibilidade pode ser evitada se obedecidas às normas de precauções universais que são uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual), como luva, máscara, óculos, gorro, capote e botas e cuidados específicos na manipulação e descarte de material pérfuro cortante 8,19 . Apesar de inúmeras portarias já publicadas, ainda é reduzido o número de hospitais que possuem comissão ou serviço de controle de infecção funcionando de maneira efetiva. Observam-se bons serviços de controle de infecção hospitalar em instituições de grande porte, principalmente em grandes centros, e deficiência em hospitais do interior ou periferia17. Assim, é evidente a necessidade de um programa de controle de infecções, porém há dificuldades concretas para que seja estabelecido e sistematizado na maioria dos setores. No Brasil, essa realidade vem sendo modificada através da divulgação pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) de critérios nacionais para o controle de infecções. A responsabilidade de prevenir e controlar a infecção hospitalar é individual e coletiva. A assimilação e implementação dos procedimentos corretos por quem executa no paciente, dependerá do envolvimento de todos os profissionais que atuam na prestação da assistência hospitalar. De nada adianta o conhecimento do fenômeno e das medidas preventivas, se quem presta assistência não às adota no seu fazer profissional14. Com a epidemia da AIDS, que se tomou um grande desafio, as medidas de prevenção e controle tiveram que ser implantadas para todos os pacientes, independente do risco presumido. Este fator foi o mais significativo na prevenção e controle das IH com impacto sobre todos os hospitais do mundo. A gravidade, a letalidade da doença e inicialmente, a indefinição de suas formas de transmissão contribuíram para sensibilizar órgãos oficiais, hospitais e profissionais quanto a necessidade de adoção de medidas preventivas. Com isto, a saúde ocupacional, foi se integrando ao controle de infecção e identificando os fatores e procedimentos de risco e a adoção de medidas adequadas de controle14. Em decorrência disso, em 1987 foram publicadas pelos Centers for Disease Control and Prevention (CDC), normas de precauções universais e isolamento de substancias corpóreas, definindo cuidados básicos a serem tomados com todos os pacientes, independentemente de seu diagnóstico, e em 1996, realizou-se uma ampla revisão destas medidas hoje denominadas de precauções baseadas na transmissão e precaução padrão20. 11 Sabe-se que a medida preventiva mais importante na transmissão de doenças é a higienização de mãos, seguido pelo conhecimento das principais formas de transmissão e uso correto de EPI. Intervenções de alto impacto podem ser tomadas para melhorar, e para monitorar a eficácia dos procedimentos de controle de infecção nos serviços de emergência. Qualquer membro de uma equipe clínica pode colocar em prática estas intervenções, embora motivar os colegas a participar às vezes é difícil21. Neste contexto, os autores concordam que os profissionais que atuam diretamente na assistência ao paciente devem seguir as recomendações básicas para a prevenção e o controle de infecção e para isso é necessário planejar e implementar processo educativo e treinamento de toda equipe. 5 Considerações finais Por meio da revisão da literatura podemos concluir que o controle de infecção hospitalar no serviço de urgência e emergência é dificultado por limitações presentes, tais como: a adesão dos profissionais às medidas de prevenção e controle, a falta de preparo da equipe, estruturas físicas inadequadas, permanência dos pacientes maior que 24 horas, dificuldade de isolamento de área e rotatividade dos profissionais. Essa revisão bibliográfica nos possibilitou ampliar a visão em relação ao profissional de saúde, que mesmo tendo conhecimento de todos os riscos ainda possui um grau de aceitação menor que o desejável. Existem ainda, profissionais que não possuem conhecimento acerca da cadeia de transmissão de doenças e não têm consciência das consequências provocadas por não aderir às normas de biossegurança, que minimizam o risco de infecções. No serviço de urgência e emergência, a exposição a material biológico é uma realidade que se agrava pela não utilização das normas pela ANVISA, tal situação requer esclarecimentos e treinamento dos profissionais de saúde, com o objetivo de enfatizar o uso de equipamentos de proteção individual. O estudo acrescentou-nos ainda que a realização de uma avaliação seletiva de enfermagem adequada no momento da admissão do paciente propicia identificar os possíveis diagnósticos de doenças infectocontagiosas, fazendo com que os profissionais tomem medidas controle de transmissão aos susceptíveis. As ações de toda a equipe de saúde são imprescindíveis no controle das infecções no pronto atendimento e este estudo pôde contribuir para o estímulo aos profissionais para que estejam melhores preparados para atuar no contexto em que estão inseridos. 12 6. Referências 1. Ferrer MV, Toledo LC. As unidades de urgência e emergência: primeiros cuidados projetuais. Disponível em: http://mtarquitetura.com.br/conteudo/publicacoes/PRIMEIROS_CUIDADOS_PROJETUAI S.pdf. 2. Conselho federal de medicina (CFM). Resolução nº 1451 de 10 de março de 1995. Disponível em: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/1995/1451_1995.htm 3. Oliveira AC. Infecções hospitalares: repensando a importância da higienização das mãos no contexto da multirresistência. REME rev. min. enferm; 7(2): 140-144, jul.-dez. 2003. 4. Valle ARMC, Feitosa MB, Araújo VMD, Moura MEB, Santos AMR, Monteiro CFS. Representações sociais da biossegurança por profissionais de enfermagem de um serviço de emergência. Esc. 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