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Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande
ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 13 • julho 2014
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE LÍNGUAS AFRICANAS E
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS EM ANGOLA
Paulo Jeferson Pilar Araújo (USP/FAPESP)
[email protected]
RESUMO: Faz-se neste artigo algumas considerações sobre as línguas africanas em Angola e suas
relações com as políticas linguísticas frente ao português, única língua oficial no país. A figura do
linguista descritivistas é apontada como primordial para o conhecimento da diversidade e das variedades
linguísticas existentes em Angola. São apontados alguns estudos realizados sobre essas línguas africanas
e discute-se a posição dos linguistas frente às atitudes linguísticas dos falantes das línguas nacionais e as
possíveis implicações para as políticas linguísticas a serem realizadas em Angola. São discutidos alguns
pontos referentes a processos de “language shift” e “reversing language shift” para o caso das línguas
africanas em Angola.
PALAVRAS-CHAVE: Línguas africanas; Angola; política linguística; linguística descritivista;
reversing language shift.
ABSTRACT: Some considerations are made in this article about African languages in Angola and their
relationship with language policies in relation to Portuguese, the only official language in the country.
The figure of the descriptivist linguist is seen as crucial for understanding the diversity and linguistic
varieties existing in Angola. Some studies on those African languages are shown and the position of
linguists concerning the language attitudes of speakers of national languages and the possible implications
to language policies are pointed. Some questions concerning the processes of "language shift" and
"reversing language shift" in the case of African languages in Angola are discussed.
KEYWORDS: African languages; Angola; language policy; descriptive linguistics; reversing language
shift.
1 Introdução1
Para linguistas africanistas interessados na descrição e documentação de línguas
africanas é quase impossível não esbarrar vez e outra com questões de políticas
linguísticas. Um continente com cerca de um terço das línguas do mundo, a maioria
delas consideradas como minoritárias (BATIBO, 2009, p. 292), tem um grande desafio
para lidar com as diferentes línguas e povos encontrados nas suas fronteiras políticas.
1
Este artigo retoma alguns pontos do capítulo 1 da tese de doutorado em Araújo (2013) e inicia alguns
questionamentos relacionados a um projeto de pós-doutorado financiado pela FAPESP (Processo n.
2013/20567-5) sobre contatos linguísticos entre o português e o quimbundo.
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Fazemos neste artigo algumas reflexões sobre a situação das línguas africanas de
Angola e o estatuto que elas têm recebido no que podemos chamar de política
linguística angolana. Focalizaremos as línguas africanas do grupo banto, não deixando
de atentar para o fato de que as mesmas conclusões podem ser aplicadas para o caso das
demais línguas, como as da família coissan.2 Sendo assim, um diferencial deste trabalho
em relação a outros sobre a temática (SEVERO, 2011;CZOPEK, 2011; PONSO, 2011;
NZAU, 2011; INVERNO, 2009a; dentre outros) que tratam das línguas nacionais
angolanas secundariamente em sua relação com o português, faremos neste artigo um
deslocamento de eixo, colocando as línguas africanas como eixo das políticas
linguísticas e suas relações com as variedades de português falado em Angola. Portanto,
não nos deteremos apenas sobre a questão da língua portuguesa em Angola, mas do
“empoderamento” (empowerment) das línguas africanas em suas relações com o
português, seguindo assim a posição de Roy-Campbell (2006, p. 5) de que as línguas
africanas devem assumir socialmente o poder que elas já possuem na cultura de cada
povo.
Na próxima seção, fazemos algumas considerações iniciais sobre os conceitos de
política linguística e sua relação com o trabalho de linguistas descritivistas. Na seção
seguinte, discutimos qual seria a realidade linguística em Angola, apesar do quase total
desconhecimento das línguas africanas faladas no país. Na seção 4, nos detemos sobre
as atitudes linguísticas de falantes de português e quimbundo. Na seção 5, fazemos uma
reflexão sobre a possibilidade de processos de language shift, de línguas africanas para
o português, e medidas que podem ser tomadas para um reversing language shift,
conforme propostas de Fishman (2001; 1991).
2
As línguas africanas são apresentadas aqui em sua forma aportuguesada, seguindo proposta de Fiorin e
Petter (2008, p. 10-11).
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2 Sobre linguistas descritivistas e políticas linguísticas
Nem todos os linguistas que trabalham com línguas pouco ou não descritas estão
envolvidos em questões de política linguística. Por outro lado, há alguns linguistas que
tomam para si a tarefa de luta política pela preservação, manutenção e promoção de
determinada(s) língua(s), e isso além de desenvolver suas atividades de linguistas
profissionais com a descrição das estruturas fonológicas e morfossintáticas e
documentação das línguas no bojo de seus interesses científicos. Essas observações
podem levantar as seguintes perguntas para um início de reflexão: o que leva um
linguista descritivista a se interessar por política linguística? Ou o inverso, o que faz
com que alguns desses linguistas não se interessem por políticas linguísticas? Neste
artigo nos deteremos sobre um caso específico, o de linguistas que são levados a se
interessar por políticas linguísticas por terem seus trabalhos de descrição linguística
muitas vezes dificultados por políticas linguísticas implícitas de desvalorização de
línguas nativas.
Este artigo é, portanto, um trabalho de reflexão que toma para si a tarefa de
considerar um caso bem particular: o estudo de línguas angolanas realizado por
linguistas brasileiros e as consequências advindas desse trabalho. Ainda dentro desse
caso particular, delimitamos o caso em que para a continuação e realização de um
trabalho de descrição linguística, os descritivistas encaram a necessidade de uma
tomada de ação quando entram em jogo as dificuldades de descrever as línguas
africanas almejadas para um estudo científico.
Rajagopalan (2013: 20), ao tentar delimitar a(s) área(s) de abrangência da
Política Linguística como disciplina, colocar o linguista profissional como apenas mais
um cidadão que deve e pode participar de ações de políticas linguísticas, mas não
assumindo para si o papel de tecnocrata dessas ações. Concordamos em parte com o
posicionamento de Rajagopalan, no entanto, defendemos que em boa parte dos
procedimentos tomados para a implementação de políticas linguísticas a figura do
linguista tem se tornado um pouco mais comum. Veja-se o caso da participação de
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linguistas no Inventário Nacional da Diversidade Linguística no Brasil (MORELLO,
2012). Nas palavras de Rajagopalan (2013, p. 19): “Sem sombra de dúvida, a militância
faz parte daquilo que chamamos de política linguística; mas é importante frisar que ela
faz apenas uma pequena parte, ainda que vital.”
O foco deste artigo será a realidade linguística de Angola, no entanto, não temos
como objetivo tratar profundamente de todas as questões de política linguística desse
país, antes de tudo pela simples razão de não haver dados atualizados confiáveis sobre
os quais podemos nos posicionar.3 No entanto, faremos algumas considerações a partir
dos dados disponíveis sobre as línguas africanas de Angola, de uma forma crítica.
Seguindo essas reflexões, lançamos algumas hipóteses sobre trabalhos futuros nos quais
os linguistas africanistas devem se posicionar frente os direcionamentos sentidos nas
políticas linguísticas angolanas. Essas reflexões deverão servir tanto para linguistas
brasileiros interessados em línguas angolanas como para os linguistas angolanos.4
3 Qual a realidade linguística de Angola?
A história colonial de Angola contribuiu sobremaneira para um quase que total
descaso com as línguas nativas dos seus povos. De acordo com o Ethnologue (LEWIS;
SIMONS, 2013), cerca de 40 línguas são faladas em todo o território do país, mas
infelizmente, devido a fatos como o tráfico de escravos do século XV ao XIX, a política
proibitiva do uso das línguas nativas no período colonial por parte de Portugal, entre
1919 e 1960, e as guerras entre 1961 até 2002 fizeram de Angola um país marcado pelo
multilinguismo e pela velha política oficial do monolinguismo (MONTEAGUDO,
2012). Todos esses fatores influenciaram lamentavelmente para a escassez de estudos e
pesquisas das línguas faladas nesse país até recentemente.
3
Um Censo mais atual foi programado para maio de 2014, no entanto, a questão do número de falantes
das línguas nacionais não foi incluída dentre as perguntas do Censo (Patissa, c.p.).
4
Espera-se ainda que um trabalho de maior fôlego e pautado em dados mais concretos seja realizado a
partir das primeiras considerações discutidas neste artigo.
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Com o fim da guerra e a reestruturação de Angola, a atenção de alguns linguistas
africanistas se voltou para o país com fortes ligações históricas com o Brasil. Nesse
caso, linguistas, principalmente aqueles ocupados com questões de contato entre o
português e línguas bantas, buscaram ir a campo para a realização de pesquisas mais
que necessárias, in loco, das variedades de português angolano (INVERNO, 2009a). No
entanto, essa ida a campo dos linguistas esbarra de forma direta com resultados de
políticas linguísticas realizadas de uma forma quase imperceptível na qual as línguas
africanas nativas não assumem o verdadeiro papel que elas deveriam assumir.
Antes de adentrar na relação de linguistas descritivistas com políticas
linguísticas fazemos uma rápida apresentação das línguas angolanas nas seções que
seguem.
3.1 Para o conhecimento da diversidade linguística de Angola
O território angolano possui três zonas linguísticas do grupo banto, as zonas H,
K e R, que também abrangem alguns países fronteiriços (MAHO, 2003).As línguas do
grupo banto são classificadas em zonas designadas por letras do alfabeto (A, B, C, D...)
subdivididas por dezenas (H. 10; H. 16; R. 10; R. 20, etc.). Dentre as línguas bantas em
Angola, o umbundo é a mais falada, seguida do quimbundo e quicongo. Aparentemente,
apenas o umbundo não é falado fora do país. Seis línguas são consideradas nacionais e
contam com alfabetos (DIÁRIO DA REPÚBLICA, 1987). Cinco delas foram
escolhidas pelas seguintes razões: históricas (quicongo e quimbundo), geográficas
(dialetos centrais do umbundo e chôcue), e razões sociolinguísticas (kwanyama é o
principal dialeto do Oshiwambo no território angolano). Apenas a língua mbunda como
representante do ganguela não parece ter sido escolhida por nenhum dos critérios acima
(Diarra, 2003, p. 187).
Fora as seis línguas mencionadas acima, a realidade e diversidade linguística de
Angola ainda estão por ser conhecidas. Não se sabe ao certo quais são as variedades das
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principais línguas faladas em Angola. Um exemplo é o caso do estudo de variedades
linguísticas pouco ou não descritas, como é o caso de variedades das línguas nacionais
pouco conhecidas, por exemplo, a variedade do quimbundo chamado kibala-ngoya,
falado nas regiões de transição entre o quimbundo e o umbundo. Tal indeterminação
recebeu as seguintes palavras de Angenot, Ndonga e Ribeiro (2011):
É propositalmente que recorremos à denominação “falar” ao referirmos ao
kibala na medida em que paira alguma incerteza sobre a questão desaber se é
uma variante dialetal assaz distante da língua kimbundu [H21],uma língua
autônoma dentro do grupo kimbundu [H20] ou – a priori porque não – do
grupo umbundu [R10], ou se se trata de um falar híbrido detransição entre as
zonas tipológicas H e R do domínio bantu. (ANGENOT;NDONGA; RIBEIRO,
2011: 254)
Quando se fala das principais línguas bantas faladas em Angola não se sabe ao
certo qual a distribuição dessas variedades linguísticas, seja nas aglomerações urbanas
ou nas áreas rurais. O conhecimento das línguas africanas de Angola é um ponto crucial
para a efetivação de ações de política linguística no país, e, portanto, o trabalho de
descrição e documentação linguística são etapas iniciais primordiais.
Um outro exemplo é o caso do lingala que, embora seja uma língua de contato e
veicular principalmente na República Democrática do Congo (RDC),de certa forma está
se tornando uma língua angolana, pelo seu crescente uso no Norte de Angola e
principalmente nas províncias de fronteira com a RDC, conforme reportado por Ndonga
(2010, p. 168).O uso do lingala em território angolano é uma constatação que deve ser
levado em conta, não diminuindo o estatuto dessa língua por ser uma língua de contato.
Junta-se ao pouco conhecimento da diversidade linguística de Angola o quase
total descaso pelo estudo das línguas angolanas. Até pouco tempo, as guerras eram a
justificativa principal para a impossibilidade de as línguas angolanas surgirem como de
interesse para o trabalho de linguistas. Os anos seguidos de paz e a reestruturação do
país têm dado ânimo para o desenvolvimento de estudos linguísticos em Angola. Tópico
da próxima seção.
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3.2 As línguas angolanas e seus estudos
Das línguas africanas de Angola, apenas aquelas que são faladas em países
vizinhos contam com gramáticas de referência, a exemplo do herero (MÖHLIG;
KAVARI, 2008) e ochindonga (FIVAZ, 2003). Outras línguas contam com gramáticas
tonais, o kwanyama (HALME, 2004) e o ganguela (MANIACKY, 2003). As demais
línguas contam com gramáticas produzidas por religiosos ou teses e dissertações
produzidas mais recentemente.5
Talvez a iniciativa mais ambiciosa de descrição das línguas angolanas tenha sido
o “Development of the national languages in the People’s Republic of Angola”
(Desenvolvimento das línguas nacionais na República Popular de Angola), financiado
pela Organização das Nações Unidas (ONU), entre 1978 e 1992 (DIARRA, 2003).
Como resultado desse projeto cultural, alguns esboços gramaticais foram produzidos,
mas nunca publicados. Diarra (2003) descreve em detalhes o contexto social e político
antes e após a realização desse projeto e aponta, com um certo otimismo, para futuros
desdobramentos desse projeto inicial (DIARRA, 2003, p. 190). Apesar de mais de vinte
anos depois, nenhum outro projeto da mesma dimensão tenha sido realizado novamente.
Esses estudos apontam para a figura do linguista descritivistas, mostrando que a
etapa de descrição das línguas angolanas ainda está por ser completada, apesar das
dificuldades ainda encontradas para tal tarefa.
5
Para uma lista de trabalhos sobre línguas angolanas, remetemos o leitor à tese de Araújo (2013, p. 23).
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4 O linguista descritivista entre atitudes linguísticas e políticas linguísticas
Além dos fatores apontados acima na seção 3.1 que dificultavam a realização de
trabalhos de descrição linguística, o linguista interessado em línguas angolanas encara
pelo menos dois outros fatores que dificultam, atualmente, a realização de trabalhos de
pesquisa: as atitudes linguísticas dos próprios falantes e a indeterminação das políticas
linguísticas realizadas em Angola. Esses dois fatores em conjunto apontam para um
processo difícil de delimitar, mas que pode ser sentido em alguns casos, o de language
shift, a ser tratado mais detidamente na seção 5.
Em Araújo (2013) e Xavier (2010) encontramos relatos de angolanos que diziam
não terem boa proficiência das suas línguas étnicas e por isso não puderam contribuir
com a realização de pesquisa. Como justificativa para a pouca proficiência, os próprios
angolanos relatavam que isso se dava devido ao português estar se tornando a língua
veicular ou materna para muitos deles. Muitos angolanos apontam a existência de um
preconceito linguístico explícito para com aqueles que fazem uso das línguas nacionais,
o que tem tolhido o desejo de muitos de aprender e utilizar suas línguas étnicas. Não é
raro encontrar angolanos que se ressinta de não dominarem completamente suas línguas
maternas devido à pouca importância dada para o seu aprendizado como língua
materna.
4.1 O caso do quimbundo ngoya do Libolo6
Em viagem de campo exploratória ao Libolo, município ao Norte da Província
do Kwanza-Sul, em julho de 2013, a equipe de linguística do “Projeto Libolo” se
6
Essa seção faz parte de nosso trabalho como integrante do Projeto: “Município do Libolo, Kwanza Sul,
Angola: aspectos linguístico educacionais, histórico culturais, antropológicos e sócio-identitários”, ou
“Projeto Libolo”, coordenado pelo professor Carlos Figueiredo, da Universidade de Macau, e Márcia dos
Santos Duarte de Oliveira, da Universidade de São Paulo. No referido Projeto, o autor deste artigo é
responsável pela descrição da variedade do quimbundo falado no município em questão e sua relação com
a variedade de português daquela região. Para uma melhor apresentação do referido projeto, remetemos o
leitor a Figueiredo e Oliveira (2013).
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deparou com uma realidade de contato bastante complexa devido, em parte, às atitudes
linguísticas dos falantes e das consequências ainda sentidas da política linguística
realizada pelos colonizadores em tempos anteriores. Grande parte das pessoas
entrevistadas se dizia falante do português como língua materna e pouquíssimas pessoas
disseram entender ou falar a variedade do quimbundo daquela região, o mesmo
mencionado por Angenot, Ndonga e Ribeiro (2012), a variedade ngoya.Em muitos
casos, essa língua africana é adquirida tardiamente pelo convívio familiar, com os mais
velhos ou com as mães.
O seguinte trecho de entrevista, coletado por um dos elementos da equipe de
linguística do “Projeto Libolo” na comuna do Calulo, é bastante ilustrativo quanto às
atitudes linguísticas dos falantes de quimbundo e português no Libolo:7
(1)
Entrevista realizada no Mercado Kamama
Entrevistadora M: O senhor nasceu aqui?
Informante R: Naisci.
M: E aprendeu o quimbundo quando?
R: Desde que naisci [sobreposição]
M: Desde que nasceu...
R: Dez, doze anos já falava o dialeto. [sobreposição da entrevistadora]
M: Já falava o dialeto... E continua falando? [sobreposição da fala do informante]
R: Continua falando. Os meus filhos também que naisceram aqui já não falam.
M: Já não falam. Por que não fala com eles.
R: Porque eu, é... a língua [hesitação] mesmo no bairro... há muita gente de parte do
bairro que ainda hoje não fala quimbundo porque ela tá em vias de ser eliminada.
M: Por que tá [...] eliminada?
R: Porque as pessoas começaram mais a falar o português. Agora só fala português. Já
encontra as pessoas daqui, da faixa etária aí dos 18 anos que não sabem falar quimbundo.
M: Não sabem... Mas nós vimos na escola que muitas crianças ainda sabiam falar
quimbundo e falavam [interrompida]
R: Mas na maioria não.
7
Os exemplos e trechos de entrevistas são retirados de nossas transcrições preliminares, sendo assim,
ainda não estão devidamente organizadas e codificadas, etapas a serem cumpridas mais adiante.
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M: A maioria não?
R: A maioria não.
A transcrição acima aponta para uma realidade linguística já sentida há mais de
meio século, conforme se pode constatar nas palavras do padre Baião, organizador de
um guia de conversação do quimbundo:
Luanda e Malanje são os centros principais onde se fala o kimbundu, como
língua nativa. Hoje, porém, nestas duas cidades a língua portuguesa alcançou
a primazia que, em breve, alcançará em toda a parte, isto é, a preferência de
ser compreendida e falada por todos os indígenas, graças ao progresso da
civilização pela ocupação missionária dia a dia mais acentuada. (BAIÃO,
1946, p. 7) (Grifos nossos)
No parágrafo seguinte, o religioso demonstra sua preocupação para com a língua
africana:
Antes que esse facto se realize, convém arquivar para o Erário Nacional as
preciosidades linguísticas destes povos primitivos, que apresentam
inconscientemente uma literatura nacional digna de registo, com um Folclore
brilhante que nada fica a dever às línguas dos ditos povos civilizados.(BAIÃO,
1946, p. 7)
O exemplo do quimbundo ngoya é ilustrativo do que deve estar ocorrendo nas
crescentes aglomerações urbanas em Angola. Cada vez mais o português tem sido a
língua materna de muitas crianças. A realidade presenciada no Libolo foi de que o
quimbundo, de modo geral, está tornando-se cada vez mais restrito, sendo utilizado com
mais frequência apenas pelos mais velhos. Foi possível identificar famílias nas quais
cada membro demonstrava graus diferentes de fluência nessa língua banta. Essa
situação aponta para um cenário que poderíamos qualificar como de language shift,
guardadas as devidas particularidades. No entanto, não parece ser fácil fazer tal
constatação em diversos contextos de bilinguismo, apesar das fortes atitudes negativas
dos falantes em relação ao quimbundo e a necessidade de aprender o português, a língua
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de prestígio, alguns linguistas consideram não está havendo tal processo de language
shift por ainda ser possível encontrar falantes de quimbundo nos bairros periféricos das
banzas ou centros urbanos administrativos.
5 Detectando processos de language shift em Angola?
Iniciamos com uma rápida definição de language shift:
Na maioria dos casos, o processo de language shift envolve o uso progressivo
de língua dominante em uma situação marcadamente de bilinguismo e o
eventual abandono da língua materna minoritária por parte dos falantes em
favor da língua dominante, particularmente aquelas línguas que são usadas
largamente para a comunicação ou que têm assumido um papel público, como
na educação, administração ou que são usadas no mercado de trabalho. (Batibo,
2009, p. 292-3) (Tradução nossa)
Os processos de language shift pode, portanto, ocasionar a morte de uma língua.
Por ser marcado pelo bilinguismo, o processo de language shift pode está relacionado
com o decode-switching (o uso alternado de duas ou mais línguas em uma mesma
situação conversacional). Em português, os dois termos são às vezes traduzidos por
“alternância de línguas”, o que ocasiona uma certa confusão entre as duas situações.
Uma alternativa seria traduzir langauge shift por“alternância linguística” e codeswitching por “alternância de código”, porém, na impossibilidade de nos determos sobre
uma melhor tradução para esses termos, ficam aqui as formas em inglês, utilizadas
como termos técnicos.
Feitas as considerações acima, a questão a ser discutida é a de se existe ou não
um processo de language shift em Angola. Para o caso do quimbundo falado no Libolo,
a realidade aponta para uma afirmativa, o que nos leva a discordar das palavras de
Batibo:
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Por outro lado, em alguns países como Moçambique e Angola, o português,
apesar da política de assimilação, tem penetrado nas camadas populares, a
maioria das pessoas, especialmente nas áreas rurais, falam o português como
segunda língua e alguns são ainda largamente monolíngues em suas respectivas
línguas. A ligação social e cultural a essa língua ex-colonial não é forte o
suficiente para motivar qualquer alternância das línguas nativas para o
português. (Batibo, 2009, p. 292) (Tradução livre)
De acordo com Batibo, o português em Moçambique e em Angola estaria agindo
da mesma forma, apesar do seu prestígio como língua oficial, as línguas africanas não
estariam em processo de language shift. No entanto, talvez esse seja o caso adequado
para descrever a realidade de Moçambique, mas não a de Angola. Discordamos da
forma como Batibo atesta a mesma realidade para os dois países com algumas
distinções tanto de história linguística como de política linguística. O rápido quadro
esboçado sobre o caso do quimbundo na subseção 4.1 pode indicar, sim, que o processo
de language shift esteja se desenrolando em contextos sociais específicos em Angola,
mesmo que de uma forma não tão perceptível nas aglomerações urbanas menores ou no
interior onde as línguas africanas são utilizadas bem mais que a língua do colonizador.
Aqui nos deparamos com a problemática de assegurar se processos de language
shift realmente ocorrem em certas áreas de Angola, novamente, pelo quase total
desconhecimento da realidade sociolinguística do país. Pelo menos para o caso do
quimbundo no Libolo os próprios falantes acreditam que a língua dos seus antepassados
esteja em processo de “ser eliminada”, conforme entrevista em (1).
O fato de Angola ainda estar engatinhando na execução de uma política
linguística mais dura para que as línguas nacionais sejam ensinadas na escola deixa com
que o trabalho de descrição linguística ainda seja uma tarefa em realização, e com isso,
envolve de uma forma mais próxima os trabalhos de descrição com os de planejamento
linguístico.
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5.1 O papel do linguista descritivista e as políticas linguísticas
Além do trabalho que qualquer linguista africanista tem na produção de
gramáticas, o linguista interessado nas línguas angolanas sente que não pode deixar de
atentar para os rumos que as políticas linguistas direcionam os esforços para a
promoção das línguas de seu interesse. A única alternativa deixada para esse linguista é
o do engajamento político, o de pensar nos resultados de seu trabalho científico em
conjunto com um melhor aproveitamento social desse trabalho. Essa é praticamente a
ideia defendida por Fishman (2006), linguista que tem dedicado sua vida em favor das
línguas minoritárias.
Tal engajamento muda um pouco o rumo de como na maioria das vezes acontece
o trabalho de descrição linguística. Geralmente uma determinada língua chama a
atenção de um estudioso que depois de estudar os fenômenos gramaticais de interesse e
utilizar alguns dados como exemplo em um artigo ou livro volta a seguir seu percurso
acadêmico, independentemente se aquela língua terá alguma vitalidade ou não. O
quadro se inverte quando a vitalidade da língua em perigo é um empecilho para a
realização do trabalho do linguista. Não intentando dar uma última palavra sobre
medidas que podem ser tomadas pelos linguistas para a promoção de línguas
minoritárias, mencionamos alguns exemplos de ação que de alguma forma podem
acompanhar o trabalho do linguista descritivistas na subseção que segue.
5.2 Ações de engajamento em políticas linguísticas
Um primeiro ponto a ser pensado é a posição do linguista em relação com os
falantes da(s) língua(s) de seu interesse. Os linguistas de campo geralmente se inserem,
ou pelo menos tentam se inserir, nas comunidades onde estão os falantes, seus
informantes e colaboradores. Nem sempre a inserção é eficaz, mas com o trabalho de
descrever uma língua minoritária, a cultura e a vida social dos falantes devem ser
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levadas em conta. E, novamente, o respeito pelos direitos linguísticos desses falantes.
Uma tarefa implícita para esse linguista é inevitavelmente o de promover o uso e
preservação das línguas minoritárias, tanto no eixo educacional, econômico, social, etc.
Respeitar os próprios falantes das línguas estudadas é também contribuir de
alguma forma para iniciativas tomadas pelos próprios falantes para o aumento do
prestígio das suas línguas maternas, como é o caso da língua umbundo e algumas ações
que tem sido tomadas por professores e escritores quanto ao uso dessa língua nacional.
Por exemplo, desde 2008 o escritor angolano Gociante Patissa mantém um blog escrito
em umbundo e português.8 Outra iniciativa foi a criação de uma associação voltada
exclusivamente para o umbundo e sua tradição oral, liderada pela professora Antonieta
Kulanda: o Etumbuluko LyeLimi Lyumbundu - AELLU.9
6 Considerações finais
Um país com uma diversidade linguística ainda a ser explorada, como Angola, e
os programas pouco motivadores de conhecimento das línguas nativas dão ao linguista
descritivista responsabilidades maiores que o clássico ofício de descrever línguas de
tradição oral, até porque as políticas linguísticas podem interferir inevitavelmente no
seu trabalho de descrição. Tomando essa constatação, discutimos neste artigo a
necessidade que alguns linguistas têm tido de acompanhar e participar em questões de
política linguística.
Consideramos, assim, que a realidade linguística de Angola é ainda um desafio
que demanda esforços humanos e financeiros para um melhor conhecimento da sua
diversidade linguística. O linguista africanista voltado para o estudo das línguas
angolanas encara constantemente as consequências das políticas linguísticas que se
arrastam em Angola até o momento, além das atitudes linguísticas dos próprios falantes,
marcada negativamente por diversos fatores, nomeadamente históricos. Depois de
8
9
O blog pode ser acessado em: http://ombembwa.blogspot.com.br/.
Infelizmente não temos notícias de iniciativas semelhantes para outras línguas nacionais.
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utilizar o caso do quimbundo ngoya falado no Kwanza-Sul, levantamos a questão de
como podem estar ocorrendo possíveis processos de langauge shift em Angola,
principalmente nas crescentes formações urbanas do país. Ao levantar a problemática de
processos de language shift, constatamos a necessidade cada vez maior de um
engajamento, por parte dos linguistas, nas ações de política linguística voltadas para as
línguas africanas angolanas, além de algumas iniciativas que podem ser seguidas pelos
estudiosos em seus trabalhos de investigação.
Por fim, atestar ou não que as novas gerações em Angola estão deixando as
línguas dos avós, à medida que se dirigem para os centros urbanos e que seguem para os
níveis mais altos de escolaridade, é outra tarefa dos linguistas africanistas e um motivo
mais que urgente para que esses mesmos linguistas se interessem por políticas
linguísticas.
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