CONTAMINAÇÃO MICROBIANA DE TELEFONES CELULARES DE
ACADÊMICOS DE UMA UNIVERSIDADE DO SUL DO BRASIL
REIS, Gabriel M1, DALTROZO,Fernanda1, SCHENEIDER, Vinicius1, SILVA, Camila
Almeida1, RAABE,Débora1, PINOTTI, Eduardo P1, LISBOA, Laís Dorneles1,VIEIRA,
Isabel Boff1, OLIVEIRA, Márcia Regina1, ZANELLA, Janice Pavan2
Palavras-Chave: Bactérias, telefones celulares, contaminação microbiana.
Introdução
Os microorganismos estão em presente em telefones celulares assim como em outros
objetos do nosso cotidiano, como teclado de computadores, cédulas de dinheiros entre
outros. O fato dos telefones
celulares serem objetos pequenos, portáteis, facilmente
carregados em bolsas ou bolsos e, pelo modo de usá-lo fica em contato próximo com nosso
rosto, expõe
várias partes do nosso corpo à contaminação.A superfície dos celulares
proporciona um ambiente propício para o crescimento de diversas espécies microbianas que
proliferam a partir de resíduos e substâncias graxas das mãos .
De acordo com estudos de Bellamy et al 2, sobre contaminação de superfície em
ambiente doméstico, demonstraram que todos os ambientes estão suscetíveis à contaminação
de microrganismos em fômites, estando relacionados com a higiêne do local. Sendo assim,
objetos que estão em contato com várias pessoas podem possibilitar a contaminação de
superfície e causar infecções em organismos debilitados.
Os microorganismos são, geralmente, causadores de diversas patologias graves em
uma ampla gama de infecções. Entretanto, alguns deles contribuem para a boa manutenção
do organismo, vivendo em harmonia com o homem, sendo, portanto, constituintes da
microbiota normal dos seres humanos3,4.
Considerando-se a importância da construção do conhecimento e sua
socialização com a comunidade em que o aluno esta inserido, ao fato de que telefone celular
é integrante do cotidiano da comunidade e na literatura são raros os relatos abordando níveis
de contaminação microbiana destes aparelhos mundialmente utilizados, este estudo
objetivou avaliar a presença de microoganismos patogênicos em superfícies de celulares de
um grupos de acadêmicos da Universidade de Cruz Alta, e o reconhecimento de germes
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Autor, Acadêmico do curso de Farmácia da Universidade de Cruz Alta
Orientadora,Professora M. Sc. da Universidade de Cruz Alta-UNICRUZ
potencialmente patogênicos que pudessem oferecer riscos aos seus usuários e como estes
devem procecer nos casos de contaminação microbiana em seu aparelho, através de
educação em saúde junto a comunidade .
Materiais e Métodos
O estudo foi desenvolvido no Laboratório de Microbiologia da Unicruz, durante o
período da disciplina de Microbiologia (2010/I).
A coleta das amostras foi realizada de forma aleatória, durante o mes de junho de
2010, pelos alunos do 3º semestre do curso de Farmácia da Unicruz, matriculados na
disciplina de Microbiologia, que realizaram a identificação dos aparelhos celulares em
planilha previamente elaborada e identificação dos tubos com meio de cultivo BHI .
Avaliou-se as superfícies de 50 aparelhos celulares de propriedade de acadêmicos da
Universidade de Cruz Alta – Unicruz, com auxílio de swab umedecido em salina estéril, que
foi esfregado sobre a superfície de duas faces dos aparelhos celulares e após colocados,
imediatamente, em tubos contendo caldo de BHI, devidamente identificados. Na sequência,
foram encaminhadas, ao Laboratório de Microbiologia da Unicruz, onde foram incubados a
35ºC/24 h.
Isolamento Primário e identificação:
Após o período de incubação, com turvação do meio, o inóculo foi esgotado em
placas de Petri contendo agar Manitol (seletivo para Staphylococcus aureus ) e Ágar Mac
Conkey (seletivo para bacilos gram-negativos), incubadas a 35ºC / 24 horas, seguindo
normas de biossegurança estabelecidas no Laboratório de Microbiologia. Na seqüência do
processamento foi realizada a identificação morfológica (técnica de Gram) e identificação
bioquímica , segundo Koneman5.
Os resultados obtidos foram transcritos em planilha previamente elaborada e análise
de percentual simples Para a elaboraçao dos gráficos foi utilizada a planilha eletrônica
Microsoft Excel® .
Apartir destes resultados elaborou-se um poster e folders educativos a cerca dos
cuidados de higienização a serem dispensados a estes equipamentos, a fim de reduzir a
carga microbiana. A exposição e distribuição deste material ocorreu durante a Feira das
Profissões em outubro de 2010.
Resultados e Discussão
Na literatura brasileira são raros os relatos de pequisas realizadas para avaliar
contaminação microbiana de telefones celulares, então vale ressaltar, que esta é uma pesquisa
pioneira na Unicruz –Rs, avaliando aparelhos celulares de acadêmicos da Unicruz.
A ocorrência de contaminação bacteriana observada nos 50 telefones celulares
examinados, selecionados aleatoriamente de acadêmicos da Universidade de Cruz Alta, foi
expressiva.
Quanto ao crescimento em meio de agar Manitol, em todas as placas observou-se a
formação de colonias bacterianas, indicando a
presença de bactérias da família
Micrococaceae. Observou-se que em 24%(12/50) das placas ocorreu a fermentação do
Manitol, com formação de colônias com bordas amarelas, indicando a presença de bactéria
Staphylococcus aureus, e em 76% (38/50) não observou-se a fermentação do manitol, o
meio permanceu na cor original (vermelho) e as colonias bordas avermelhadas.
Em meio de agar Mac Conkey constatou-se que em 50% (25/50) das placas
ocorreu a formação de colonias bacterianas. Destas, em 24 identificou-se colônias incolores,
lactose negativa e em apenas uma a presença de colônias rosas, lactose positiva, sugerindo
presença de coliformes fecais. O crescimento bacteriano em agar Mac Conkey, sugere a
presença de bactérias da familia Enterobacteriaceae, que possui integrantes capazes ou não
fermentar a lactose do meio.
Todas as amostras que cresceram em meio de agar Manitol foram submetidas ao teste
da catalase e em 100% o teste foi positivo, observando-se a formação de bolhas ao contato
com o peróxido de hidrogênio.
O teste da coagulase foi realizado para todas as amostras positivas em meio de
Manitol e em 24%(12/50) ocorreu a formação do coágulo identificando a presença de
Staphylococcus aureus, coagulase positiva e em 76% (38/50) não houve formação do
coágulo transparente no tubo, caracterizando negatividade. Pela técnica de Gram analisouse a característica morfo- tintorial em todas amostras positivas de agar Manitol (50/50) e de
agar Mac Conkey (25/50), sendo observada a coloração violeta em todas as colonias
provenientes de agar Manitol, indicando tratar-se de microrganismos gram-positivos. Um nº
menor (25/50) apresentou coloração vermelha, provenientes das placas de agar Mac Conkey,
sendo classificadas como gram-negativas.
Em nossa pesquisa observamos que 100% dos celulares estudados apresentaram
algum tipo de microrganismo e algumas amostras apresentam mais de um tipo de
microrganismo (gram positivo e gram negativo). O que nos leva a pensar que não há o hábito
de proceder a higienização dos mesmos. Entre os que estavam contaminados com bacterias
gram-positiva, identificamos, ao microscópio a presença de cocos gram-positivo e teste de
coagulase e catalase positiva em 24%(12) como sendo de Staphylococcusn aureus.
Mangran
et al.6 realizaram um estudo sobre a prevenção de infecções
hospitalares e relataram a prevalência de infecções causadas por Staphylococcus aureus,
Escherichia coli, Enterococcus e outros Staphylococcus coagulase negativa, que podem ser
transmitidos por objetos inanimados e também concluiram que a contaminação pode ser
originária de hábitos higiênicos e que é necessária uma boa higienização das mãos após a
manipulação de dinheiro, assim como após a manipulação de outros objetos.
Conclusão
. Concluimos que a contaminação monomicrobiana ou polimicrobiana em celulares pode ser
um veículo de contaminação aos seus usuários e que
uma maneira
de reduzir as
contaminações bacterianas nos celulares poderia ser o uso frequente de soluções germicidas,
como o álcool 70 %.
Considerações finais
Talvez, a maior relevância deste estudo, foi o impacto social que os resultados
desencadearam ao suscitar discussões em ambientes hospitalares e de ensino, sobre os
cuidados que devemos ter com estes aparelhos, quanto as possibilidades de transferência de
microorganismos patogênicos.
Referências
1.
Burton GRW, Engelkirk PG. Microbiologia para as ciências da saúde. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan; 1998.
2.
Bellamy K, Laban KL, Barret, Talbot DCS. Detection of viruses and body fluids
which may contain viruses in the domestic environment. Epidemiol. infect 1998; 121: 673680.
3.
Black Jg. Capítulo 11 – Microorganismos eucariontes e Parasitas. In: Black Jg.
Microbiologia: fundamentos e perspectivas. 4ª ed. Rio de Janeiro: editora Guanabara koogan;
2002: 267-294.
4.
Tortora GJ, Funke, BR, Case Cl.- Microbiologia. 8ª ed. São Paulo: editora artmed;
2005.
5.
Koneman, E W, et al. Diagnóstico microbiológico. 5 ed. Rio de Janeiro : Medsi,
2001, p. 494, 919-920.
6.
Mangram AJ, Horan TC, Pearson ML, Silver LC, Jarvis WR. Centers for Disease
Control and Prevention Hospital Infection Control Practices Advisory Committee, Guideline
for prevention of surgical site infection, American Journal of Infection. Am. J. Infect. Control
1997; 27: 97-134.
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