UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
PROVAS DE ACESSO AO ENSINO SUPERIOR PARA MAIORES DE 23 ANOS
Prova Específica de Geologia
6 – Junho – 2014
1 hora e 30 minutos + 30 minutos de tolerância
Escreva de forma legível a numeração das questões, bem como as respetivas respostas. As
respostas ilegíveis ou que não possam ser claramente identificadas são classificadas com zero
pontos. Para cada questão, apresente apenas uma resposta. Se escrever mais do que uma
resposta a uma mesma questão, apenas é classificada a resposta apresentada em primeiro
lugar. As cotações das questões encontram-se no final do enunciado da prova.
1) Em 11 de abril de 2012, ocorreram dois sismos, de magnitudes 8.6 e 8.2, na costa oeste da
ilha de Samatra, no arco insular da Indonésia. De acordo com um estudo, os sismos terão
resultado da rutura de múltiplos segmentos de um conjunto de falhas de desligamento,
perpendiculares entre si, na litosfera oceânica da placa Indo-Australiana. Os epicentros
localizaram-se, respetivamente, a cerca de 100 km e de 200 km a sudoeste da zona de
subdução da placa Indo-Australiana, sob a placa de Sunda, conforme se representa na Figura 1.
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Na resposta a cada um dos itens de 1.1) a 1.7), selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta. Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a
opção escolhida.
1.1) Os sismos de 2012, na região de Samatra, terão resultado diretamente
(A) do movimento vertical dos blocos rochosos ao longo dos planos de falha.
(B) de tensões em falhas inversas perpendiculares entre si.
(C) de tensões de cisalhamento exercidas sobre os blocos rochosos.
(D) do movimento convergente de placas constituídas por materiais de diferentes
densidades
1.2) No mar de Andaman, na zona de longitude entre 94° E e 96° E e de latitude entre 6° N e
10° N, está a ocorrer
(A) formação de uma cadeia orogénica de bordadura continental.
(B) formação de vales de rifte em crosta do tipo oceânico.
(C) destruição de crosta de natureza granítica.
(D) destruição de crosta de natureza basáltica.
1.3) A atividade vulcânica explosiva, bem presente nos vulcões da Indonésia, estará,
geralmente, relacionada com a elevada
(A) fluidez de uma lava proveniente de um magma básico.
(B) temperatura a que ocorre a solidificação da lava.
(C) quantidade de sílica de uma lava basáltica.
(D) viscosidade do tipo de lava gerada nesse contexto tectónico.
1.4) Os sismos de Samatra originaram ondas L, que
(A) se deslocam paralelamente ao raio sísmico e se propagam em qualquer meio físico.
(B) provocam movimentos de torção nas partículas e têm origem no foco.
(C) se propagam no interior da geosfera e apresentam uma velocidade constante.
(D) apresentam grande amplitude e se propagam à superfície terrestre.
1.5) De acordo com a escala de Richter, a magnitude
(A) quantifica os danos causados pelo sismo nas construções.
(B) varia de forma direta com a profundidade do hipocentro.
(C) quantifica a energia libertada pelo foco sísmico
(D) varia de forma inversa com a amplitude das ondas sísmicas.
1.6) Explique a ocorrência de um elevado número de vulcões ativos na região da Indonésia
representada na Figura 1.
1.7) Na Indonésia, em 2004, ocorreu um tsunami decorrente de um sismo interplacas
associado a uma falha inversa. Após os sismos de Samatra de 2012, foi emitido um aviso
de alerta de tsunami. No entanto, apenas se verificaram ondas de um metro junto à costa.
Explique o facto de não se ter formado um tsunami após os sismos de Samatra de 2012.
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2) Os mármores são um dos tipos litológicos que constituem a antiforma de Estremoz,
representada na Figura 2. Os mármores calcíticos, explorados como rocha ornamental,
ocorrem intercalados no Complexo Vulcano-Sedimentar-Carbonatado de Estremoz (CVSCE), de
idade provavelmente ordovícica (aproximadamente 485 a 443 M.a.). Este complexo apresenta
uma grande heterogeneidade litológica e remete para um período de sedimentação
carbonatada coexistente com vulcanismo, essencialmente aéreo, da qual terá resultado uma
sequência alternada de calcários, piroclastos, escoadas basálticas (menos frequentes) e
algumas rochas detríticas. Após um regime tectónico distensivo, os blocos continentais
começaram de novo a juntar-se, ocorrendo deformação e metamorfismo das rochas. Essas
rochas, que inicialmente estariam à superfície, foram enterradas a vários quilómetros de
profundidade. No caso dos mármores, estima-se que se tenham formado a cerca de cinco
quilómetros de profundidade em relação à cota que atualmente ocupam. Neste contexto, a
mobilidade das placas litosféricas, em associação com as condições de pressão e de
temperatura, pode induzir deformações nas rochas, originando dobras. Tal comportamento
permite justificar os padrões curvilíneos que os mármores frequentemente apresentam. A
sequência que ocorre no CVSCE tem equivalência litológica com a que ocorre em Danby, na
costa leste dos Estados Unidos da América, o que permite o estabelecimento de uma
correlação entre as duas sequências litológicas e os processos de abertura e de fecho de
antigas bacias em domínio oceânico.
Baseado em Lopes, L., «O triângulo do mármore – Estudo geológico», Monumentos, dezembro de 2007.
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Na resposta a cada um dos itens de 2.1) a 2.6), selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta. Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a
opção escolhida.
2.1) Os mármores de Estremoz estão inseridos numa estrutura geológica com a concavidade
voltada para
(A) baixo, sendo o núcleo formado por rochas mais antigas.
(B) cima, sendo o núcleo formado por rochas mais recentes.
(C) baixo, sendo o núcleo formado por rochas mais recentes.
(D) cima, sendo o núcleo formado por rochas mais antigas.
2.2) Os mármores de Estremoz resultaram de processos de metamorfismo
(A) de contacto que afetaram grandes extensões de depósitos vulcânicos.
(B) regional que originaram a fusão de depósitos sedimentares preexistentes.
(C) de contacto que causaram a transformação de rochas detríticas.
(D) regional que provocaram a recristalização de rochas carbonatadas.
2.3) A antiforma de Estremoz é uma estrutura com orientação
(A) NO-SE, em que a erosão dos materiais contribuiu para o dobramento dos mármores.
(B) NO-SE, em que a ascensão dos materiais contribuiu para a fraturação dos mármores.
(C) NE-SO, em que o afundimento dos materiais contribuiu para o dobramento dos
mármores.
(D) NE-SO, em que a compactação dos materiais contribuiu para a fraturação dos
mármores.
2.4) A formação dos materiais que viriam a originar os mármores de Estremoz
(A) aconteceu em bacias de sedimentação localizadas em mares tépidos e pouco
profundos.
(B) esteve relacionada com um processo de edificação de cadeias montanhosas.
(C) ocorreu em regime compressivo durante um ciclo de fecho de oceanos.
(D) coexistiu com um período de intensa atividade vulcânica predominantemente efusiva.
2.5) Os padrões curvilíneos que os mármores de Estremoz apresentam
(A) resultaram da meteorização dos materiais.
(B) ocorreram em regime de deformação frágil.
(C) ocorreram em contexto de tensões não litostáticas.
(D) resultaram da ação de forças que atuaram à superfície.
2.6) A equivalência litológica entre a formação de Danby e o CVSCE constitui
(A) um argumento a favor do catastrofismo.
(B) um argumento a favor do mobilismo geológico.
(C) uma evidência do fecho de um antigo oceano.
(D) uma evidência de um episódio de orogenia.
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3) Faça corresponder cada uma das descrições de rochas da coluna A à respetiva designação,
que consta da coluna B. Escreva, na folha de respostas, apenas as letras e os números
correspondentes. Utilize cada letra e cada número apenas uma vez.
4) No dia 6 de agosto de 2012, pelas 23h 50min (hora local), ocorreu uma erupção de reduzida
intensidade no vulcão Tongariro, localizado na Nova Zelândia. O complexo vulcânico de
Tongariro é formado, predominantemente, por materiais de constituição andesítica. A região
da Nova Zelândia encontra-se no Anel de Fogo do Pacífico, entre a placa do Pacífico e a placa
Indo-Australiana. Os vulcões desta região são monitorizados através de diversas técnicas, tais
como o registo de sismos, a observação de alterações do terreno através de estações GPS e a
deteção de alterações na emissão de gases.
Baseado em http://www.geonet.org.nz (consultado em outubro de 2012)
Na resposta a cada um dos itens de 4.1) a 4.5), selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta. Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a
opção escolhida.
4.1) A região da Nova Zelândia está associada a limites
(A) divergentes de placas litosféricas, nos quais o vulcanismo é, geralmente,
efusivo.
(B) divergentes de placas litosféricas, nos quais o vulcanismo é, geralmente,
explosivo.
(C) convergentes de placas litosféricas, nos quais o vulcanismo é, geralmente,
efusivo.
(D) convergentes de placas litosféricas, nos quais o vulcanismo é, geralmente,
explosivo.
de tipo
de tipo
de tipo
de tipo
4.2) Ao consolidarem em profundidade, materiais de composição idêntica à das principais
acumulações lávicas que constituem o complexo vulcânico de Tongariro originariam uma rocha
(A) rica em olivina, do tipo dos gabros.
(B) rica em feldspatos potássicos, do tipo dos granitos.
(C) mesocrática, do tipo dos dioritos.
(D) melanocrática, do tipo dos peridotitos.
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4.3) A formação de domos ou cúpulas está geralmente associada a lavas
(A) fluidas e ricas em gases.
(B) viscosas e ácidas.
(C) fluidas e de composição basáltica.
(D) viscosas e pouco silicatadas.
4.4) O grau geotérmico
(A) diminui com a aproximação a regiões de elevada entalpia.
(B) aumenta quando aumenta o fluxo térmico da região.
(C) aumenta com a aproximação a dorsais oceânicas.
(D) diminui quando diminui o gradiente geotérmico da zona.
4.5) A existência da descontinuidade de Lehmann é apoiada pela variação de velocidade das
ondas P. Esta variação de velocidade das ondas P é provocada
(A) pelo decréscimo da pressão a que estão sujeitos os materiais.
(B) pela diferente composição química dos materiais.
(C) pelo aumento da temperatura dos materiais.
(D) pela alteração do estado físico dos materiais.
4.6) Relacione a ocorrência de sismos de origem vulcânica com a possibilidade de previsão de
erupções.
4.7) Explique de que modo o decaimento radioativo dos materiais do interior da Terra
influencia a existência de correntes de convecção no manto.
5) As rochas da orla marítima da cidade do Porto são das mais antigas em Portugal e
constituem um património geológico de elevado interesse científico e pedagógico, o Complexo
Metamórfico da Foz do Douro, classificado como Património Natural Municipal. A Figura 3
traduz um esboço geológico da praia do Castelo do Queijo, na orla marítima da cidade do
Porto. O maciço, onde assenta o forte vulgarmente conhecido por Castelo do Queijo (FCQ),
data do final do Paleozoico e é constituído por um granito biotítico, por vezes porfiroide, de
grão médio a grosseiro, que apresenta diaclases. O granito do Castelo do Queijo exibe
frequentemente encraves microgranulares de rochas melanocráticas. Os encraves podem ter
surgido a partir de uma cristalização, mais ou menos simultânea, de dois magmas imiscíveis e
com diferentes viscosidades. A sul do forte, dá-se o contacto do granito do Castelo do Queijo
com o Complexo Metamórfico da Foz do Douro. Trata-se de uma formação gnáissica, anterior
ao Paleozoico. O gnaisse leucocrático apresenta aglomerações esferoidais de cristais de
quartzo e de feldspato potássico, bem desenvolvidos (ocelos).
Baseado em Vieira da Silva, J.C. e Flores, D., «Viagem ao Património Geológico da Faixa Litoral da Cidade do Porto»,
Faculdade de Ciências, Universidade do Porto, 2002
Na resposta a cada um dos itens de 5.1) a 5.5), selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta. Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a
opção escolhida.
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5.1) A falha presente nos metassedimentos
(A) tem direção N-S e é anterior ao filão de gnaisse.
(B) é uma falha de desligamento posterior ao filão de gnaisse.
(C) tem direção E-W e é anterior ao filão de gnaisse.
(D) é uma falha inversa posterior ao filão de gnaisse.
5.2) Os encraves microgranulares, em comparação com o granito onde estão inseridos,
(A) resultaram de um magma mais ácido.
(B) têm maior quantidade de minerais ferromagnesianos.
(C) cristalizaram a temperaturas mais baixas.
(D) são mais ricos em minerais félsicos.
5.3) O gnaisse ocelado presente no Complexo Metamórfico da Foz do Douro ter-se-á formado
por
(A) metamorfismo de contacto, a partir de rochas granitoides.
(B) metamorfismo de contacto, a partir de rochas basálticas.
(C) metamorfismo regional, a partir de rochas granitoides.
(D) metamorfismo regional, a partir de rochas basálticas.
5.4) O gnaisse é uma rocha que apresenta
(A) um grau de metamorfismo elevado e uma textura foliada.
(B) um grau de metamorfismo baixo e uma textura foliada.
(C) um grau de metamorfismo elevado e uma textura não foliada.
(D) um grau de metamorfismo baixo e uma textura não foliada.
5.5) Por definição, os minerais índice são aqueles que
(A) apresentam a mesma composição química e estrutura idêntica.
(B) apresentam diferente composição química e estrutura diferente.
(C) permitem inferir as condições de formação de uma rocha magmática.
(D) permitem inferir as condições de formação de uma rocha metamórfica.
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5.6) Na faixa litoral do Castelo do Queijo, há uma clara tendência para a formação de blocos
arredondados, de tamanhos variados, designados caos de blocos. Explique, tendo em conta as
condições da dinâmica litoral, a formação de caos de blocos na zona do forte do Castelo do
Queijo.
5.7) Ao longo do seu curso, o rio Douro apresenta um elevado número de barragens. Relacione
os efeitos da existência de barragens num rio com o recuo da linha de costa.
FIM
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COTAÇÕES
(0 – 200 pontos)
Questões Pontos Sub-total
1.1
5
1.2
5
1.3
5
1.4
5
1.5
5
1.6
10
1.7
10
45 pontos
2.1
5
2.2
5
2.3
5
2.4
5
2.5
5
2.6
5
30 pontos
3
25
25 pontos
4.1
5
4.2
5
4.3
5
4.4
5
4.5
5
4.6
10
4.7
15
50 pontos
5.1
5
5.2
5
5.3
5
5.4
5
5.5
5
5.6
15
5.7
10
50 pontos
Total
200 pontos
Nota: na questão 3, cada correspondência correta, num total de 5 correspondências a
estabelecer, vale 5 pontos.
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