o UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS E AMBIENTAIS – PPGCIFA POTENCIAL TECNOLÓGICO DO BRIQUETE DE RESÍDUOS DE ESPÉCIES DE MADEIRAS DA AMAZÔNIA Financiamento: INCT Madeiras da Amazônia ANDREIA PICANÇO DA SILVA Manaus 2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS E AMBIENTAIS – PPGCIFA ANDREIA PICANÇO DA SILVA POTENCIAL TECNOLÓGICO DO BRIQUETE DE RESÍDUOS DE ESPÉCIES DE MADEIRAS DA AMAZÔNIA Financiamento: INCT Madeiras da Amazônia Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciências Florestais e Ambientais da Universidade Federal do Amazonas, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Florestais e Ambientais, área de concentração Tecnologia. Orientadora: Profa. Dra. Claudete Catanhede do Nascimento Manaus 2014 Ficha Catalográfica Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). S586p Silva, Andreia Picanço da Potencial tecnológico do briquete de resíduos de cinco espécies de madeiras da Amazônia. / Andreia Picanço da Silva. 2014 76 f.: il. color; 29,7 cm. Orientadora: Claudete Catanhede do Nascimento Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais e Ambientais) Universidade Federal do Amazonas. 1. Resíduo. 2. Biomassa. 3. Serragem. 4. Briquete. 5. Poder calorífico. I. Nascimento, Claudete Catanhede do II. Universidade Federal do Amazonas III. Título DEDICATÓRIA À minha família, por todo amor, carinho e, principalmente, por toda compreensão por conta de minha ausência. AGRADECIMENTOS Ao Deus por seu amor incondicional e por permitir que este sonho se tornasse realidade. A minha querida e amada mãe do céu Maria por sua intercessão e proteção. Aos meus pais, Antonio Natividade Picanço e Raimunda Diva da Silva Picanço, pelo incentivo e apoio, por me concederem uma família da qual tenho orgulho de pertencer. A Dra. Claudete Catanhede do Nascimento por ter aceitado ser minha orientadora, por acreditar em mim, por me incentivar sempre, pelo apoio, carinho e amizade, e pela oportunidade de participar do Projeto INCT Madeiras da Amazônia. A empresa Portela Woods na pessoa do senhor Juscelino Portela pela doação do material para realização deste estudo. Aos Drs. Joaquim dos Santos e Estevão Monteiro de Paula por participarem da Banca Examinadora. A MSc. Marcela Amazonas, chefe do Laboratório de Celulose e Papel/Carvão Vegetal (LCPCV), pelo estímulo, amizade e pela confiança a mim dispensada. Por permitir que eu participasse da equipe do laboratório durante todos esses anos. Aos técnicos do laboratório (LCPCV) Raimundo Nonato, Manuel Cavalcante, Paulo Roberto, Rodoval e Nelson Silva pela paciência, ajuda, amizade, companheirismo, carinho e respeito. Ao senhor Jucelino Portela pela doação do material para a realização deste estudo. Aos amigos, Roberto Daniel, Claudia Eugênio, Irineide Cruz, Jair dos Santos e Sâmia Valéria pelo acolhimento, colaboração e dedicação dispensados. E, em especial, a minha amiga e irmã Marta Brasil pela amizade, carinho e por estar sempre presente. As inesquecíveis amigas Antonia Francinéia e Mirella Souza por todos os momentos que enfrentamos no decorrer desta jornada. Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais e a Universidade Federal do Amazonas pela oportunidade. E Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA por todo apoio dispensado na realização desta pesquisa. A Fundação de Amparo de Pesquisas da Amazônia – FAPEAM pela bolsa de mestrado concedida. Ao meu esposo Antonio Humberto pela compreensão, paciência, generosidade, carinho, amor e grande apoio durante mais um desafio. Aos meus filhos Anderson e Anthonni por perdoarem a minha ausência em diversos momentos que não pudemos estar juntos. As minhas irmãs Adriana e Andresa Picanço pelo amor fraternal que nos acompanha desde nossa infância. Aos meus cunhados Pedro e Sérgio (Thor) que são os irmãos que meus pais não puderam me dar. Aos meus sobrinhos Ágata e Natanael, de 09 e 04 anos respectivamente, que rezavam o terço comigo às seis horas, pedindo a Deus pela realização deste sonho. Ao meu mais novo amor Arthur que em breve deixará o ventre de minha irmã Andresa para estar conosco, trazendo muita alegria para toda minha família. Enfim, a todos aqueles que participaram de forma direta ou indireta na realização deste trabalho. “Um homem deve conceber um propósito legítimo no seu coração, e se preparar para realizá-lo" James Allen RESUMO A utilização de fontes alternativas de energia, em particular a biomassa em forma de briquetes, surge como uma oportunidade de oferta de energia. Este trabalho busca contribuir, por meio de um estudo tecnológico, com o aproveitamento de um dos resíduos mais gerados e descartados nas serrarias de Manaus, a serragem. A serragem que antes era descartada, em grandes quantidades, pelas serrarias hoje em outros estados como Pará, Paraná e Rondônia, serve como combustível para a própria indústria. Após um processo de secagem e a compactação é possível chegar a um novo produto (ou subproduto) formando o que chamamos de briquete. O briquete possui duas vezes o poder calorífico da lenha, tem baixa umidade e produz menos fumaça, maior temperatura de chama e menos cinza. Para o desenvolvimento deste estudo foram utilizadas cinco espécies, provenientes do processo produtivo de uma empresa do segmento da indústria da madeira no ramo de pisos, decks, etc. As análises das amostras e a produção dos briquetes foram realizadas no Laboratório de Celulose e Papel/Carvão Vegetal (LCPCV). Foram produzidos cinco briquetes, para cada espécie, em diferentes temperaturas: 100°C, 110°C, 120°C, 130°C e em temperatura ambiente. Posteriormente, utilizando as mesmas temperaturas foram produzidos briquetes com a mistura das cinco espécies, também conhecido como MIX, para serem avaliados e comparados. Nos resultados, a densidade da madeira foi considerada alta, pois variou de 0,87 a 0,98g/cm3 e o coeficiente de variação foi de 11,50%. Em relação ao teor de umidade das espécies foram encontradas diferenças significativas em razão destes, valores terem variado de 7,38 a 9,03%, sendo mais frequente os valores na faixa de 8%: (8,10%), (8,24%) e (8,50%). Para o teor de extrativos formaram-se dois grupos, com valores entre 9,76 e 12,08 %. Enquanto que para o teor de lignina quatro grupos foram formados. Observa-se que os valores obtidos, variaram de 30,47 a 41,72%. Com relação ao teor de cinzas, apenas dois grupos foram formados, destaque-se o alto teor de cinzas apresentado por Dinizia excelsa Ducke (0,75%). Por meio das análises realizadas para obtenção do poder calorífico na madeira observou-se que todas as espécies, inclusive o MIX (mistura das cinco espécies), formaram apenas um único grupo. Ou seja, não houve diferença significativa. O que permiti afirmar que, na prática, é possível obter um produto, no caso o briquete, de boa qualidade mesmo com a mistura das espécies do grupo em estudo. No ponto de vista econômico a energia a partir de resíduos de madeiras poderá ser uma alternativa para utilização por pequena comunidade ou até mesmo por empresas do segmento da indústria da madeira. Enquanto que no ponto de vista ambiental evitaria a possibilidade destes, serem descartados na natureza, eliminando as emissões, respondendo as hipóteses proposta. Palavras-chave: resíduo, biomassa, serragem, briquete e poder calorífico. ABSTRACT The use of alternative energy sources, particularly biomass in the form of briquettes, arises as an opportunity to supply energy. This paper seeks to contribute, by means of a technological study with the use of a waste generated and discharged in most sawmills Manaus sawdust. The sawdust that was previously discarded in large quantities by sawmills today in other states such as Pará, Paraná and Rondônia, serves as fuel for the industry itself. After a drying process and compaction is possible to reach a new product (or byproduct) forming what we call briquette. The briquette has twice the calorific value of the fuel has low humidity and produces less smoke , the higher flame temperature and less gray. To develop this study five species, from the production process of a business segment of the timber industry on the floors, decks, etc. were used. Sample analysis and production of briquettes were performed at the Laboratory of Pulp and Paper / Charcoal (LCPCV). Five briquettes were produced for each species , at different temperatures : 100°C, 110°C, 120°C, 130°C and at room temperature. Subsequently, using the same temperatures briquettes with a mixture of five species, also known as MIX to be measured and compared was produced. Results in the density was considered high because ranged from 0,87 to 0,98 g/cm3 and the coefficient of variation was 11,50 % . Regarding the moisture content of the species differences were found because these values have varied from 7,38 to 9,03 % , with the most frequent values in the range of 8 % : (8,10 %), (8, 24%) and (8,50 %). For extractives content formed two groups, with values between 9,76 and 12,08 %. While for lignin four groups were formed. It is observed that the values obtained ranged from 30,47 to 41,72% . With regard to ash, only two groups were formed, one should highlight the high ash content (0,75%) presented by Dinizia excelsa Ducke. Through the analyzes to obtain the calorific value in wood observed that all species, including MIX (mixture of five species) formed one group, no significant difference. What allowed stating that, in practice, it is possible to obtain a product, if the briquette, good quality with the same mixture of species of the group under study. In economic point of view the energy from waste wood can be an alternative for use by small community or even by business segment of the timber industry. While the environmental point of view would avoid the possibility of these being discarded in nature, eliminating emissions, answering the hypotheses proposed. Keywords: biomass, sawdust, briquette, calorific value. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 –Localização da empresa Portela Woods.............................................................38 Figura 2 –Amostras para análises e amostra identificada..................................................39 Figura 3 –Preparo dos corpos de prova.............................................................................40 Figura 4 –Amostra de serragem sendo pesadas.................................................................42 Figura 5 –Modelo do forno tipo mufla utilizado................................................................43 Figura 6 –Modelo da bomba calorimétrica utilizada...........................................................45 Figura 7 –Briquetadeira Lippel - Modelo LB-32...............................................................47 Figura 8 –Briquetes produzidos das cinco espécies.............................................................54 Figura 9 –Briquetes, em destaque os produzidos em temperatura ambiente.....................54 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Rendimento e Resíduos Gerados em três segmentos da Indústria Florestal.....21 Tabela 2 – Origem dos resíduos...........................................................................................25 Tabela 3 – Densidade e teor de umidade das espécies.........................................................49 Tabela 4 – Propriedades químicas das espécies...................................................................50 Tabela 5 – Poder calorífico da madeira e do carvão............................................................51 Tabela 6 – Relação do poder calorífico da madeira e do carvão.........................................52 Tabela 7 – Eficiência de combustíveis................................................................................52 Tabela 8 – Valor poder calorífico da serragem e do carvão em Kw...................................53 Tabela 9 – Análises dos briquetes.......................................................................................55 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 14 1 16 OBJETIVOS................................................................................................................ 16 1.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................. 16 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................................... 17 2 HIPÓTESE................................................................................................................... 18 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................... 18 3.1 BIOMASSA COMO FONTE DE ENERGIA.......................................................... 20 3.1.1 A madeira............................................................................................................... 21 3.1.2 Rendimento da madeira......................................................................................... 22 3.2 OS RESÍDUOS INDUSTRIAIS............................................................................... 23 3.3 OS RESÍDUOS DA MADEIRA.............................................................................. 26 3.4 A SERRAGEM E SUAS UTILIDADES................................................................. 26 3.5 CARVÃO VEGETAL.............................................................................................. 28 3.6 A BRIQUETAGEM................................................................................................. 29 3.6.1 Produção de briquetes............................................................................................ 30 3.6.2 Qualidade dos briquetes......................................................................................... 3.7 VARIÁVEIS QUE INFLUENCIAM A QUALIDADE DA BIOMASSA PARA 32 FINS ENERGÉTICOS....................................................................................................32 3.7.1 Umidade................................................................................................................. 32 3.7.2 Densidade............................................................................................................... 33 3.7.3 Poder calorífico...................................................................................................... 34 3.7.4 Densidade Energética.............................................................................................35 3.8 PROPRIEDADES QUÍMICAS DA MADEIRA..................................................... 36 3.9 CARACTERÍSTICAS DAS CINCO ESPÉCIES ESTUDADAS............................ 36 3.9.1 Características de Angelim-Pedra (Hymenolobium petraeum Ducke).................. 36 3.9.2 Características de Angelim-Pedra Verdadeiro (Dinizia Excelsa Ducke)............... 36 3.9.3 Características e usos de Cumaru (Dipterix odorata (Aubl.) Willd)...................... 37 3.9.4 Características de Cumarurana (Dipterix poliphylla Huber)................................. 37 3.9.5 Características de Jatobá (Hymenaea courbaril L.)............................................... 38 4 MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................... 38 4.1 ÁREA DE COLETA.................................................................................................39 4.2 ESPÉCIES DE MADEIRAS ESTUDADAS............................................................39 4.3 AMOSTRAGEM...................................................................................................... 40 4.4 PROPRIEDADES FÍSICO QUÍMICA DA MADEIRA.......................................... 40 4.4.1 Densidade............................................................................................................... 41 4.4.2 Teor de umidade (TU)........................................................................................... 41 4.4.3 Análise química da madeira.................................................................................. 44 4.4.4 Determinação do Poder Calorífico em Bomba Calorimétrica............................... 45 4.4.5 Densidade energética dos briquetes....................................................................... 45 4.5 CARBONIZAÇÃO DA SERRAGEM..................................................................... 45 4.6 PRODUÇÃO DE BRIQUETES............................................................................... 47 4.7 ANÁLISE DOS DADOS.......................................................................................... 48 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................ 48 5.1 DENSIDADE BÁSICA E TEOR DE UMIDADE DAS ESPÉCIES....................... 49 5.2 PROPRIEDADES QUÍMICAS DAS ESPÉCIES.................................................... 50 5.3 PODER CALORÍFICO DA MADEIRA E DO CARVÃO...................................... 54 5.4 BRIQUETES DAS ESPÉCIES E DO MIX.............................................................. 56 CONCLUSÃO................................................................................................................ 57 RECOMENDAÇÕES..................................................................................................... 58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 65 ANEXOS........................................................................................................................ 14 INTRODUÇÃO A madeira ainda é o produto mais comercializado da floresta. Para exploração da madeira em regiões de mata nativa, torna-se necessária a aplicação do manejo sustentado de florestas, mantendo, com isto, o equilíbrio ecológico. A utilização racional e eficiente dos recursos de biomassa, mediante o emprego de tecnologias modernas e a utilização de resíduos, é uma alternativa viável (BENZO & LUENGO, 1998). O Brasil é considerado um dos maiores produtores de madeira e produtos agrícolas e é chamado por muitos de “celeiro do mundo”. No entanto, essa grande produção também gera grande quantidade de resíduos, os quais podem causar graves problemas ambientais (PAULA, 2010). O Estado do Amazonas possui um total estimado em 6,3 x 109 m3 de madeira comercializável dentro de aproximadamente 14,8 x 109 m3 de biomassa (RIBEIRO et al., 1999). De modo geral, qualquer floresta tem uso múltiplo. Mesmo os plantios especializados para produção de móveis ou celulose geram resíduos no campo e na indústria da ordem de 50%, tendo obrigatoriamente fins energéticos. CARIOCA & ARORA (1984) afirmam que a conversão da lenha em carvão vegetal através da pirólise atinge o máximo de rendimento de 40%. A biomassa por si só é um combustível com potencial latente de uso por ser renovável, ter baixos teores de cinza e enxofre, pode favorecer a empregabilidade de mão-de-obra não qualificada, dentre outras vantagens. PINHEIRO et al., (2005) utilizou resíduos dos setores agrícola e madeireiro para determinar sua densidade energética. O resultado foi uma média de Poder Calorífico Superior (PCS) de 4500 a 5000 Kcal kg-1. Uma das alternativas para minimizar o consumo de madeira para lenha ou carvão é a briquetagem realizada a partir de resíduos madeireiros e agroflorestais, conforme ALVES JUNIOR et al., (2003). A produção de briquetes pode ser feita a partir de resíduos madeireiros e agroflorestais, e seu fim pode abranger diversos usos conforme seu poder calorífico. A briquetagem é um mecanismo eficiente de aglomerar energia disponível em uma dada biomassa. Da compactação de qualquer resíduo ligno-celulósico o briquete gerado tem 15 qualidade superior a qualquer espécie de lenha, com 02 a 05 vezes mais densidade energética (REMADE, 2010). A fabricação de briquete de madeira, uma lenha de maior densidade energética, tornase um uso inteligente por meio do aproveitamento dos descartes das serrarias como toras deformadas, costaneiras, pontas, retalhos e, principalmente, serragem. NASCIMENTO (2006) afirma que a grande quantidade de resíduos resultantes dos processos de transformação da madeira é o maior problema dos setores de produção das indústrias deste ramo. Pois, em média 50% da matéria prima transforma-se em resíduo. Portanto, é necessário desenvolver trabalhos de pesquisa que proporcionem aumentar o rendimento do processamento da madeira e estudar alternativas de uso dos resíduos produzidos pelo processamento da madeira. A indústria madeireira tem a característica de gerar grandes volumes de resíduos no processo de beneficiamento de madeira. Esta geração ocorre nos processos normais ou mesmo antes da madeira ser introduzida no processo propriamente dito, por não atenderem às exigências do mercado consumidor, tornando-se resíduo, juntamente com as serragens, maravalhas, costaneiras, aparas, pó de serra, conforme relata PEREIRA JUNIOR (2001). Atualmente, no estado do Amazonas, estes resíduos são procurados por granjas, mas a oferta de serragem ainda supera, em muito, a procura, e o material muitas vezes não tem finalidade específica. A vantagem de se utilizar a serragem, na forma de briquetes, consiste em um gerenciamento sustentável desses resíduos, como forma de gerar energia em volumes compactos a partir de um recurso natural renovável, além de não possuir caráter poluidor de fontes fósseis de energia (ACIOLI, 1994). O briquete ou lenha ecológica, fruto do processo de densificação dos resíduos madeireiros, já é reconhecido pelas empresas do setor florestal como a energia do futuro. O briquete é muito útil na geração de energia calorífica em estufas, caldeiras, fogões com alimentação automática, nas indústrias, bem como na manutenção do fogo em lareiras, churrasqueiras e nas residências. O estudo tem como objetivos identificar o potencial dos briquetes produzidos a partir de resíduos madeireiros (serragem) de cinco espécies de madeiras da Amazônia e analisar quimicamente o produto gerado. 16 1 OBJETIVOS 1.1 OBJETIVO GERAL Caracterizar os briquetes produzidos a partir da serragem de espécies de madeiras da Amazônia. 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Avaliar o potencial energético do briquete de madeira fabricado com mesma espécie. Avaliar o potencial energético do briquete de madeira constituído de espécies diferentes. Analisar o poder calorífico dos briquetes produzidos a partir da mistura das espécies. 17 2 HIPÓTESE Em decorrência do potencial energético das espécies de madeiras da Amazônia e dos resíduos do processo produtivo, pode-se questionar: H0: O briquete produzido com espécies de madeiras amazônicas pode não ser uma fonte alternativa de energia. H1: O briquete produzido com espécies de madeiras amazônicas pode ser uma fonte alternativa de energia. 18 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 BIOMASSA COMO FONTE DE ENERGIA Biomassa é a massa de matéria de origem biológica, viva ou morta, animal ou vegetal. Em termos florestais, a biomassa pode ser toda a massa existente na floresta ou apenas a fração arbórea da mesma. A porção arbórea da biomassa de origem vegetal pode ser chamada de fitomassa florestal ou fitomassa arbórea (SANQUETTA & BALBINOT, 2004). Se biomassa é o natural resultado da combinação de água, luz e calor, o Brasil detém a maior fábrica do planeta podendo se consolidar como o principal supridor mundial de combustíveis de elevado conteúdo energético em larga escala (VIEIRA, 2004). Apesar do impacto do uso energético de madeira sobre as florestas não está devidamente dimensionado, estima-se que, em 2005, 1,5 bilhão de m3 foram utilizados como madeira. Porém, estima-se que existe uma quantidade de madeira retirada informalmente que não é contabilizada e, portanto, o consumo de madeira é seguramente maior. COUTO (2005) relata que a valorização da biomassa como fonte de energia moderna surgiu na década de 70 em função das crises do petróleo, nos anos de 1973 e 1979. Na ocasião, esse recurso passou a ser considerado uma alternativa viável para atendimento às demandas por energia térmica e de centrais elétricas de pequeno e médio portes. A energia proveniente da biomassa vegetal apresenta-se como uma solução a curto, prazo, capaz de fornecer combustíveis sólidos, líquidos e gasosos (IPT, 1980). As novas tecnologias de conversão de biomassa em combustíveis líquidos, sólidos e gasosos de alto valor agregado, têm atualmente, grande interesse mundial e recebem importantes recursos para suas pesquisas e desenvolvimentos (REMADE, 2003). Com base em levantamento bibliográfico, em revistas especializadas e artigos científicos detectou-se que, atualmente, utilizam-se quatro formas de conversão da biomassa em energia: Pirólise: através desta técnica, a biomassa é exposta a altíssimas temperaturas sem a presença de oxigênio, visando acelerar a decomposição da mesma. O que sobra da decomposição é uma mistura de gases de gases como metano (CH4), monóxido de 19 carbono (CO) e dióxido de carbono (CO2) além de líquidos (óleos vegetais) e sólidos (basicamente carvão vegetal). Gaseificação: assim como na pirólise, aqui a biomassa também é aquecida na ausência do oxigênio, gerando como produto final um gás inflamável. Este gás ainda pode ser filtrado, visando a remoção de alguns componentes químicos residuais. A diferença básica em relação à pirólise é o fato da gaseificação exigir menor temperatura e resultar apenas em gás. Combustão: aqui a queima da biomassa é realizada a altas temperaturas na presença abundante de oxigênio, produzindo vapor a alta pressão. Este vapor geralmente é utilizado em caldeiras ou para movimentar turbinas. É uma das formas mais comuns hoje em dia, e sua potência situa-se na faixa de 20 a 25%. Co-combustão: esta prática propõe a substituição de parte do carvão mineral utilizado em uma termoelétrica por biomassa. Desta forma, reduz-se significativamente a emissão de poluentes (principalmente dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio, responsáveis pela chuva ácida). A faixa de desempenho da biomassa encontra-se entre 30 e 37%, sendo por isso uma opção bem atrativa e econômica atualmente. VIEIRA (2004), afirma que o Brasil reúne condições agrícolas e econômicas para desenvolver e se beneficiar das tecnologias de utilização de lenha e outras biomassas para fins energéticos. Para melhor análise das alternativas possíveis de destinação da biomassa, devem ser feitas, preliminarmente, uma caracterização da mesma, com quantificação e considerações sobre armazenamento e o destino final (REMADE, 2003). A mesma fonte cita que as alternativas possíveis para a destinação da biomassa são: a compostagem, a produção de energia, o uso como lenha, como carvão vegetal, a produção de materiais diversos, briquetes e biogás. SILVA (2001) cita que a biomassa florestal pode ser usada como, fonte de energia primária e secundária para geração de calor, vapor ou energia elétrica. Como fonte primária o insumo energético é usado na forma in natura (lenha e resíduos), como fonte secundária na forma de subprodutos derivados dos obtidos através dos processos de gaseificação, carbonização e hidrólise. 20 3.1.1 A madeira De acordo com Brito (1993), historicamente, a madeira foi a primeira matéria prima utilizada pelo homem para obtenção de energia, onde a lenha se destaca como a precursora de fontes primárias de energia. Em 2007, o mesmo autor citado acima, afirma que é necessário estabelecer ações estratégias, para que, no mínimo, as condições atuais do uso desse material possam ser mantidas. Nesse contexto, não é recente o debate sobre as necessidades de ações que possam tornar ainda mais consistente tal cenário. Nesse sentido, continua sendo extremamente relevante o atendimento de alguns pontos, os quais têm sido destacados ao longo do tempo, a saber: Agregar a lenha como produto do manejo e do uso múltiplo da floresta; Incentivar o plantio de florestas de rápido crescimento para atendimento energético; Manejar, de forma sustentada, as florestas nativas para fins energéticos; Induzir a uma maior intensificação de uso dos resíduos florestais e industriais para fins energéticos; Induzir e estimular o pequeno e médio agricultor na missão da produção e oferta de madeira para fins energéticos; Agregar a obtenção de madeira para energia nos processos relacionados ao mercado de carbono; Melhorar a eficiência dos processos de conversão energética da madeira e ampliar a aplicação dos processos já existentes para tal; Mudar os padrões tecnológicos atuais de produção de carvão vegetal, incluindo a recuperação maciça dos gases de carbonização e Induzir estudos, pesquisas e desenvolvimentos tecnológicos na área de aplicação de madeira para energia. A madeira é uma fonte de energia de custo, relativamente baixo e disponível em quantidades acessíveis. Portanto, é necessário haver uma avaliação de seus constituintes químicos e uma análise de seu potencial energético, já que a composição química varia, 21 consideravelmente, de uma espécie para outra e o valor calorífico está, estreitamente relacionado com o conteúdo de lignina, celulose e extrativo (BARROS, 2006). A madeira é a matéria-prima utilizada para a produção de carvão vegetal, por isso, é importante conhecer as suas características, pois elas influenciam para a obtenção de um produto final de qualidade. 3.1.2 Rendimento da madeira Segundo Nascimento (2006), em estudo feito sobre o beneficiamento da madeira em três segmentos da indústria florestal, a baixa tecnologia empregada pelas indústrias no setor florestal, no mercado externo na região do Amazonas, pode ser considerada causa do baixo rendimento das indústrias com grande quantidade de matéria prima sendo desperdiçada como resíduo como mostra na tabela 1. Tabela 1 Rendimento e Resíduos Gerados em três segmentos da Indústria Florestal. Segmento Rendimento (%) Resíduos Gerados (%) Indústria de Caixarias 57,99 42,01 Indústria de Painéis Compensado 51,54 48,46 Madeira Serrada 38,43 61,57 Fonte: Nascimento, 2006. Neste estudo, a autora acima conclui que os resíduos gerados durante os processos foram costaneira, aparas, pó de serragem, tocos e roletes. E a solução encontrada pelas indústrias para a grande quantidade de resíduo gerado é a utilização de todo esse material, agregando valor ou transformando em energia para a própria indústria. No mesmo ano, Cavalcanti (2006), afirma que o pequeno número de espécies florestais comerciais, faz com que o rendimento de madeira por hectare seja baixo. Dos 230 a 280 m3 por hectare da biomassa florestal da Região Amazônica, somente 10% chegam às 22 serrarias, pois 49% são usados como lenha e o restante é descartado como resíduo florestal (BARBOSA et al., 2001). Em estudo do SEBRAE/ATECAM (2002), de modo geral o rendimento de madeira por hectare é baixo, atribuindo-se ao fato da exploração ser realizada de forma rudimentar e devido à heterogeneidade da floresta que chega a apresentar de 200 a 250 espécies florestais/hectare. Estima-se uma capacidade de produção de madeira para a Amazônia de 4 m3/espécie/ha para madeira bruta (tora); 2,22 m3/espécie/ha para madeira serrada e laminada e 2 m3/espécie/ha para madeira compensada. 3.2 OS RESÍDUOS INDUSTRIAIS Entende-se por resíduos, tudo aquilo que sobra de um processo de produção industrial ou exploração florestal (FONTES, 1994). Os resíduos sólidos, segundo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (1988) através da NBR 10004, podem ser de origem industrial, doméstica, hospitalar, agrícola, de serviços e de varrição, e são classificados em: Classe I (perigosos) – apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente, exigindo tratamento e disposições especiais em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade e patogenicidade. Classe II (não-inertes) – apresentam periculosidade, porém não são inertes e podem ter propriedades de combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água. Classe III (inertes) – não apresentam qualquer tipo de alteração em sua composição como o passar do tempo. Os resíduos de madeira, pelas suas propriedades físicas e mecânicas, se encaixam na Classe II. 23 3.3 OS RESÍDUOS DE MADEIRA Todo processo de transformação da madeira gera resíduos, em menor ou maior quantidade, sendo que somente 40 a 60% do volume total da tora é aproveitado de acordo com os dados levantados por Fontes (1994) e Olandoski (2001), com base na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura – FAO. De acordo com Dobrovolski (1999), os resíduos de madeira podem ser classificados em três tipos: serragem, cepilho e lenha. Serragem – é um resíduo encontrado na maioria das indústrias de madeira e é gerado, principalmente, pelo processo de usinagem com serras. Segundo Cassilha et al., (2004) a serragem possui dimensões entre 0,5 a 2,5mm; Cepilho – o cepilho, também conhecido como maravalha, é um resíduo encontrado geralmente em indústrias beneficiadoras da madeira como por exemplo, a indústria de móveis, gerado pelo processamento em plainas. Cassilha et al., (2004) diz que o cepilho possui dimensões maiores que 2,5mm. Lenha - a lenha engloba os resíduos maiores como aparas, refilos, casca, roletes entre outros e também pode ser encontrada em todas as indústrias de madeira. Segundo Brito (1995), a lenha é o tipo de resíduo de maior representatividade, correspondendo a 71% da totalidade dos resíduos. CASSILHA et al., (2004) ainda cita dois tipos de resíduos não considerados por Dobrovolski (1999), que são: Cavacos – resíduos com dimensões máximas de 50 x 20mm e Pó – partículas menores que 0,5mm. Ainda segundo Cassilha et al. (2004), outros aspectos relacionados aos resíduos oriundos de empresas moveleiras podem ser classificados quanto: Ao tipo de matéria-prima utilizada – no caso da madeira maciça, o resíduo não é tóxico, podendo ser aproveitado em granjas como forração para criação de animais e também na agricultura para auxiliar na retenção de umidade do solo. Já no caso dos 24 painéis de madeira processada, o aproveitamento de resíduos está mais limitado à queima para geração de energia; Ao tipo de processo empregado – o maquinário mais moderno dispõe de recursos que reduzem perdas e coleta de resíduos com maior eficácia; Ao tamanho da empresa – em pequenas empresas existe menor controle na geração de resíduos, na coleta e reaproveitamento; e À localização da empresa – o aproveitamento dos resíduos pode ser facilitado pela proximidade de setores que os utilizam em seus processos. Segundo Lima & Silva (2005) os resíduos podem ser reutilizados pela própria indústria que os produz, principalmente como energia, ou podem ser vendidos para outras empresas e aplicado em usos diversos. Se isto for feito, os resíduos deixam de ser um problema e passam a ser um sub-produto da empresa em questão, podendo até gerar lucro. De acordo com Olandoski (2001), o preço pago pelo resíduo depende do tipo e do teor de umidade. LIMA & SILVA (2005) sugerem diversas aplicações que podem ser dadas aos resíduos de madeira: Energia - os resíduos são muito utilizados para gerar energia devido a sua capacidade calorífica. A geração de energia por resíduos é bastante vantajosa, pois economiza outras fontes de energia. Chapas de partículas e fibras - os resíduos podem ser utilizados para confecção de chapas de fibras ou partículas como o aglomerado, chapas duras, Medium Density Fiber Board - MDF. Inclusive a indústria de chapas aglomeradas surgiu para o melhor aproveitamento de madeiras menos nobres e resíduos. De acordo com Brito (1995), os EUA utilizam os resíduos de madeira como fonte principal de matéria-prima na indústria de aglomerados, no entanto, o Brasil utiliza no máximo 15%. Briquetes - outra forma de se utilizar os resíduos para gerar energia é através de briquetes, que possuem grandes vantagens sobre o uso dos resíduos em sua forma primária, pois com a compactação destes para formar os briquetes, existe um controle maior sobre o teor de umidade, o que permite uma queima mais uniforme e facilita o manuseio e o transporte. Além de gerar energia para as indústrias, esse material pode ser utilizado em restaurantes, olarias, lareiras, etc., desde que esteja livre de produtos químicos como tintas e produtos para madeiras tratadas. 25 Segundo Banks (2003), o uso dos resíduos de madeira como aditivo de polímeros termoplásticos é bastante viável e possui diversas aplicações. Estima-se que o volume dos resíduos madeireiros chegue a 18 milhões de toneladas por ano Goiano (2003). Os resíduos podem ser definidos conforme sua procedência no processo (Tabela 2). Tabela 2 Origem dos resíduos ETAPA DO PROCESSO Abate da árvore Descascador RESÍDUO GERADO Galhos finos e grossos Ápice dos troncos Casca Costaneiras Desdobro Desengrosso Destopo de pranchas ou tábuas Serragem fina Serragem grossa Serragem fina Serramento ou fresamento Partes rejeitadas Sobras Serragem fina Usinagem de acabamento Secagem Sobras Pó de lixamento Peças rejeitadas por trincas Peças rejeitadas por empenamento Fonte: GONÇALVES & RUFINO, 1989. CAVALCANTI & NASCIMENTO (2006) ressaltam que o aumento cada vez maior da geração de resíduos, nos processos de beneficiamento da madeira, torna-se um fator de grande preocupação para a sociedade. A opção de utilizá-los ou não depende do interesse econômico da empresa. Ainda segundo estas, geralmente, os empresários não consideram vantajoso para a serraria ter custos extras para lidar apenas com esta produção, estocagem por tipo de resíduo e transporte. 26 3.4 A SERRAGEM E SUAS UTILIDADES A serragem é o resíduo mais comumente encontrado nas serrarias e movelarias do Amazonas. Como anteriormente citado, é um resíduo considerado de baixo impacto. Entretanto, ocupa espaço e, se incinerado de forma errada, pode trazer sérios problemas ao meio ambiente e à saúde humana. A serragem que antes era descartada, em grandes quantidades, pelas serrarias hoje em outros estados como Pará, Paraná e Rondônia, serve como combustível para a própria indústria. Após um processo de secagem e a compactação é possível chegar a um novo produto (ou subproduto) conhecido como briquete. Uma das empresas que vem apostando nesse produto é a Tradelink Madeiras Ltda, associada à Aimex (Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará), empresa internacional com sede no Pará, que beneficia e exporta pisos, madeira serrada, decks, aplainados em geral, entre outros. Desde 2006 a empresa fabrica e vende briquete e afirma que sua comercialização é altamente rentável, pois cada tonelada de serragem produz uma tonelada de briquete. 3.5 CARVÃO VEGETAL O processo de carbonização ou pirólise lenta da madeira consiste no seu aquecimento, a temperaturas acima de 200°C, na presença controlada de oxigênio, promovendo modificações dos seus componentes, cujo objetivo é aumentar o teor de carbono na massa resultante do processo, o carvão vegetal. O carvão vegetal é produzido a partir da lenha pelo processo de carbonização ou pirólise. Por ser uma forma de energia barata, abundante e acessível, o carvão vegetal é bastante utilizado em larga escala no Brasil na produção de ferro-gusa e nas áreas rurais como uma alternativa de renda. A produção de carvão representa uma importante atividade econômica para boa parte da população rural da região amazônica. 27 No Brasil, não se observa uma padronização nos processo de carbonização, logo, são encontrados carvões produzidos através de diferentes parâmetros de carbonização ANDRADE (2011). O setor industrial consumiu 8,7 milhões de toneladas de carvão vegetal em 2005, 90,5% do consumo total. As atividades industriais que mais consumiram carvão vegetal, em 2005, foram a produção de ferro-gusa (84,9%), a produção de ferro liga (10,1%) e a fabricação de cimento (4,4%) (Brasil, 2010). Segundo Monteiro (2005), parte da madeira para a produção de carvão vegetal no Brasil vem da expansão agrícola, parte de resíduos de serrarias, parte de exploração legal e sustentável de toras de madeira e parte de exploração ilegal. De acordo com Barcellos (2011) o mercado de carvão vegetal é extremamente pulverizado: pequenos produtores, com pouca estrutura física e pouco pessoal qualificado. Este mesmo autor relata que: O mercado de carvão vegetal necessita de profissionalização. A rentabilidade em carvão vegetal é elevada, principalmente na detecção de oportunidades e nichos específicos. O mercado deverá crescer de forma exponencial nos próximos 10 anos. Novos mercados deverão surgir para o mercado de carvão vegetal. Criar um mercado de exportação pode ser uma excelente alternativa, uma vez que praticamente não existem concorrentes neste segmento. Uma alternativa interessante é criar produtos a base de carvão para consumo externo e interno como: Pellets Briquetes Biochar (uso de carvão para enriquecer os solos para culturas agrícolas) Carvão ativado Finos ou pó de carvão para diversos usos. 28 Ainda segundo este autor, o rendimento em carvão é de aproximadamente, 25% do peso da madeira com 20% de umidade ou 30% a 37% do peso da madeira seca. O poder calorífico do carvão obtido é de 7.000 a 7.500 kcal/kg. A carbonização pode ser definida como o processo cujo objetivo é aumentar o teor de carbono fixo na madeira por meio de tratamento térmico. Para que isso aconteça, é necessária a ocorrência de vários processos, tanto físicos como químicos. O rendimento e as propriedades do carvão vegetal dependem da qualidade da madeira que lhe deu origem, do equipamento e das condições operacionais da carbonização. 3.6 A BRIQUETAGEM O processo de densificação ou briquetagem surgiu de acordo diversos autores em 1848, quando uma patente, para um método de conversão de finos de carvão em torrões sólidos, foi concedida ao americano William Easby. Este processo consiste na aglomeração mediante ação combinada de calor e/ou pressão. A baixa densidade de alguns resíduos de biomassa lenhosa pode ser melhorada através desse processo, os quais, após a prensagem, recebem o nome de pellets ou briquetes e, dependendo do molde, podem ter dimensões e formas variadas. A briquetagem de biomassa é uma prática antiga e uma das técnicas consideradas, em termos gerais, como tecnologia de compactação. Consiste na prensagem de pequenas partículas de material sólido para formar blocos de forma definida e de tamanho maior. A compactação ocorre dentro de moldes matrizes, em orifícios entre cilindros rotativos ou processos similares, sendo que os subprodutos de beneficiamento agroflorestal e finos de carvão se convertem em material de maior valor comercial. O material resultante na forma cilíndrica ou retangular equivale a uma lenha homogênea e seca de elevada densidade, o que facilita seu transporte e armazenamento. O processo de briquetagem além de gerar energia limpa, emprego e renda é fundamental para viabilizar a certificação florestal e a exportação de produtos madeireiros. QUIRINO (2010) cita que o briquete vegetal produz três vezes mais energia que a lenha, podendo substituir com vantagem quaisquer processos de queima de madeira, sendo 29 ideal para churrasqueiras, fogões e fornos industriais de padarias, olarias, caldeiras e, até mesmo para uso doméstico. A briquetagem de carvão vegetal surge nesse contexto como uma forma de agregar valor aos resíduos e oferecer ao mercado um produto de fácil trabalhabilidade, com a vantagem adicional de reduzir o impacto da exploração irracional das florestas. Alguns fatores devem ser considerados no estudo de viabilidade econômica de plantas de briquetagem e comercialização do produto. Aspectos como preço e características da matéria prima são necessários para que haja uma análise do custo de transporte até o local onde o material será briquetado ou do briquete até o consumidor final. Além disso, é necessário que se busquem meios que amortizem os valores, procurando baratear o produto. Os custos de produção deverão ser semelhantes aos preços dos combustíveis energéticos, embora maiores preços em alguns mercados, como o doméstico e o comercial, ainda são viáveis devido aos fatores compensatórios de seus produtos, como menor umidade, uniformidade geométrica e poder calorífico. 3.6.1 Produção de briquetes De acordo com Quirino (1990), para que a produção e o uso de briquetes de carvão vegetal sejam implementados no Brasil, questões relacionadas às suas propriedades e características deverão ser estudadas, permitindo melhor orientação para o mercado, tanto para consumidores quanto para produtores. Assim, os briquetes não seriam comparados ao carvão vegetal, constituindo-se em um energético sólido com características próprias. Moro (1987) descreve uma metodologia para briquetagem de carvão vegetal, baseada nos seguintes passos: • Moagem do carvão – é necessária para evitar que partículas muito grandes prejudiquem a ação dos materiais ligantes. Normalmente, utilizam-se moinhos de martelo, e a faixa granulométrica ideal, geralmente abaixo de 3 mm, é função da natureza do carvão, do tipo de prensa, da forma e tamanho do briquete. 30 • Mistura com o aglutinante - o aglutinante é um material, cuja função é unir as partículas do carvão. A escolha e a quantidade do material ligante são de suma importância na manufatura dos briquetes, devido à sua sensibilidade aos custos do processo. • Prensagem – para que o briquete adquira formato geométrico definido e resistência, é necessário que a mistura de carvão e ligante receba uma pressão definida. O aquecimento simultâneo deve ser realizado de acordo com o ligante em uso. • Secagem - alguns ligantes são adicionados com água ao briquete, proporcionando alta umidade ao produto final, razão pela qual eles devem ser secos, o que geralmente é conseguido com a passagem de ar quente e seco. • Estocagem e embalagem – nesta etapa, os briquetes serão armazenados em silos de estocagem, dimensionados para manter um estoque intermediário entre produção e distribuição. Em seguida, são empacotados para consumo. 3.6.2 Qualidade dos briquetes Nos anos 60, a Companhia Siderúrgica Belgo Mineira instalou em João Monlevade MG o primeiro equipamento para briquetagem de finos de carvão vegetal. Foi a primeira iniciativa brasileira para produção industrial de briquetes. Em 1965, a Companhia Brasileira de Briquetes, situada em Mateus Lemes - MG, iniciou suas atividades de prestação de serviços de briquetagem com uma máquina de fabricação japonesa, e contava, como principal matéria-prima, com finos de carvão vegetal, provenientes de fornos cubilot (CARVALHO & BRINCK, 2004). PEREIRA (2007) analisando as características físicas e químicas de briquetes produzidos com finos de carvão vegetal e aglutinante de silicato de sódio, constatou que os briquetes são uma fonte viável para geração de energia e aproveitamento de resíduos. Considerando o poder calorífico, este mesmo autor concluiu que os briquetes têm boa aplicação como fonte energética em usos doméstico e comercial, tais como churrasqueiras, fornos de pizzarias e restaurantes, lareiras, caldeiras e outros. Os maiores valores médios de poder calorífico e teor de carbono fixo foram apresentados pelos briquetes produzidos com a fração de finos retida na peneira de 20 mesh e 15% de aglutinante de silicato de sódio. 31 Estudos mostram que o Poder Calorífico Inferior (PCI) do briquete é 4.800 Kcal/Kg e que o PCI da lenha é 2.500 Kcal/Kg, adotando alguns critérios de umidade e temperatura em caldeira. As principais vantagens dos briquetes são: Menor custo direto e indireto; Menor mão-de-obra; Menor manutenção de grelhas e fornalha; Menor necessidade de estoque, uma vez que o produto é seco e padronizado, chegando pronto para queima; Maior estabilidade e rapidez na resposta da temperatura; Maior higiene e melhor aparência que a lenha, ideal para indústrias alimentícias; Produto de fácil compra, controle e manuseio, pois é vendido por tonelada e não por metro cúbico; Produto industrializado, disponível o ano todo; Utilizado também em consórcio com a lenha ou outra biomassa, mesmo que não esteja em ponto ideal de queima (úmida); Maior e mais rápida combustão e poder calorífico; Maior temperatura de chama; Regularidade térmica; Sem conservantes e química; Produto totalmente natural e não tóxico; Utilizado em caldeiras de todos os tipos, fornalhas, churrasqueiras, lareiras, fogões a lenha, secadores, forjas, fornos e outros; Produto embalado para maior facilidade de estocagem e conservação; Contribui para a limpeza do meio ambiente e reduz, sensivelmente, a necessidade de derrubadas de árvores para produção de calor; Substituição de combustíveis normais, rendendo 5 vezes mais e Alto poder calorífico e menor umidade. De acordo com Gentil (2008), apesar da falta de padronização na produção de briquetes no Brasil prejudicarem crescimento do mercado interno e acabar por levar a uma busca constante por indicadores de qualidade. Existe boa demanda por briquetes de todos os tipos, suas pesquisas apontam que os briquetes com maior nível de energia feitos em Santa Catarina e no Paraná, estes podem atingir preços de até U$ 217 por tonelada. 32 Sendo que mesmo aqueles considerados inferiores ou de segunda linha, que apesar de ter bons níveis de energia, apresentam menor aproveitamento na queima também tem mercado garantido. De acordo com o autor a taxa de crescimento no Brasil da demanda por briquetes é de 4,4% ao ano, fato que demonstra sua viabilidade. 3.7 VARIÁVEIS QUE INFLUENCIAM NA QUALIDADE DA BIOMASSA PARA FINS ENERGÉTICOS TILLMAN (1978) considera que a estrutura física não é um importante parâmetro na determinação do valor energético das madeiras, mas a composição química é de crítica importância. 3.7.1 Umidade O teor de umidade é considerado o fator que exerce a maior influência sobre a queima de materiais combustíveis. Além de ser uma característica que não possui dificuldades para ser mensurada, o conteúdo de umidade é sempre um parâmetro importante para ser avaliado na madeira e em resíduos que serão destinados ao uso energético. O teor de umidade da biomassa é inversamente proporcional ao poder calorífico, ou seja, quanto menor a umidade, maior é o poder calorífico (MOURA, 2006). 3.7.2 Densidade SILVA (2001) afirma que a densidade exprime a quantidade de massa contida num determinado volume de material e é de grande importância para a caracterização da biomassa florestal. Este parâmetro poderá influenciar no poder calorífico de um material na medida em que, o calor gerado pela combustão está relacionado com a quantidade de massa, assim madeiras e derivados mais densos, apresentaram maior poder calorífico por unidade volumétrica. 33 A densidade é comumente expressa pela densidade básica, que consiste da relação entre a massa seca do material em gramas e o volume do sólido saturado em cm³. FONTES (1994) ressalta a importância das dimensões das partículas de madeira (cavacos e serragem) para atividades como manuseio, armazenagem, transporte e eficiência da queima, visto que as partículas mais finas podem ser queimadas em suspensão e os resíduos maiores devem ser queimados em grelhas. LOUREIRO et al., (2000), ao estudar 40 espécies amazônicas, concluiu que madeiras que apresentam até 0,50 g/cm3 são consideradas madeiras de baixa densidade. De 0,51 à 0,72 g/cm3 média e acima de 0,72 g/cm3 de alta densidade. 3.7.3 Poder Calorífico O poder calorífico é um parâmetro que mede a eficiência energética e serve como importante indicador para conhecer a capacidade calorífica de uma determinada espécie OLIVEIRA (1982) BRITO & BARRICHELO (1977), estudando os usos diretos e propriedades da madeira para geração de energia, relatam que uma das propriedades mais relevante de um combustível é o seu poder calorífico. O poder calorífico de um material é também definido com a quantidade de calor liberado durante a combustão da unidade de massa ou de volume e pode ser descrito como poder calorífico inferior (PCI) ou superior (PCS). BRITO (1993), ressalta que o poder calorífico pode ser representado como “poder calorífico superior” (PCS) ou “poder calorífico inferior” (PCI) dependendo se o calor liberado pela condensação da água de constituição do combustível é ou não considerada. Portanto, Quirino (1990), cita que o poder calorífico superior é aquele obtido na bomba calorimétrica a partir do combustível seco, enquanto, o poder calorífico inferior é aquele calculado a partir do PCS considerando o teor de umidade a que se encontra o combustível. O poder calorífico da madeira pode variar em torno de 3.000 kcal/kg até 5.400 kcal/kg, sendo que espécies como as coníferas que apresentam maiores teores de resina, 34 podem apresentar os maiores valores, haja vista que o poder calorífico de resinas pode chegar a valores de 9.600 Kcal/Kg (BRITO E BARRICHELO, 1977). A determinação do poder calorífico pode ser teórica, pelo conhecimento da composição química do combustível ou experimental com auxílio da bomba calorimétrica (QUIRINO, 1990). SILVA (2001), destaca que as bombas calorimétricas utilizadas na determinação do poder calorífico superior são do tipo Berthelot-Mahler, Davis, Parr, Junker ou similares. Enquanto que, para obtenção do poder calorífico inferior utiliza-se a bomba Kröler. A qualidade de um briquete está, diretamente, ligada ao seu poder calorífico e que este por sua vez está ligado ao teor de umidade da matéria-prima usada. Um teor de umidade acima de 20%, encontrado em uma determinada matéria prima, torna-a imprópria para a utilização para fins energéticos. Para que um determinado briquete se torne um produto competitivo no mercado, é necessário que seu poder calorífico esteja dentro dos padrões desejados para as finalidades às quais ele se destina, seja em caldeiras, fornalhas ou na geração de eletricidade. BROWNING (1981) indica que o poder calorífico é mais alto quanto maior o teor de lignina e extrativos. 3.7.4 Densidade energética A densidade energética de uma biomassa é um fator muito importante, e corresponde ao produto entre densidade básica e poder calorífico. MOURA (2006) ao comparar a densidade energética dos resíduos do fruto da castanheira-do-brasil com espécies de reflorestamento, tradicionalmente utilizadas para fins energéticos, observou que a densidade energética do fruto da Bertholletia excelsa H.B.K. obteve maior valor que das espécies em comparação. Este fato está relacionado com sua densidade, que chega a ser maior que o dobro do resultado de algumas espécies. 35 3.8 PROPRIEDADES QUÍMICAS DA MADEIRA Extrativos Os extrativos são frequentemente responsáveis por determinadas características da madeira como: cor, cheiro, resistência natural ao apodrecimento, gosto e propriedades abrasivas. Sua composição e quantidade relativa dependem de diversos fatores, como espécie, idade e região de procedência, etc. Aproximadamente de 3 - 10% da madeira seca é constituída de extrativos sendo que, geralmente para as madeiras de coníferas esse teor fica na faixa de 5 - 8% e para as folhosas de regiões temperadas na faixa de 2 - 4%, podendo chegar a valores superiores a 10% na madeira de espécies de regiões tropicais. TRUGILHO (1995), ressalta que os extrativos podem constituir até 20% do peso seco de madeiras normais de climas tropicais. Lignina A lignina é um dos principais constituintes da madeira. Sua função biológica é proteger o tecido vegetal contra a oxidação e a ação de microorganismos. As ligninas estão presentes em muitas espécies vegetais com teores que variam de 15 a 36%, de acordo com a espécie vegetal, e não possuem a mesma estrutura química em todas elas. MOURA (2006) afirma que a lignina é o principal componente estrutural, quando esta se destina à produção de carvão e alcatrão insolúvel nos processos de carbonização. Cinzas DINIZ (1981) informa que as cinzas variam de acordo com as espécies, havendo, nas mesmas, predomínio de óxido de cálcio ou de sódio e variável grau de sílica. As cinzas, juntamente com enxofre, são consideradas as principais impurezas dos combustíveis. 36 3.9 CARACTERÍSTICAS DAS CINCO ESPÉCIES ESTUDADAS Segundo Brandão (2006), o conhecimento da espécie de madeira a ser utilizada no processo de produção madeireira é de fundamental importância, visto que a mesma pode exercer influências positivas e negativas no produto final. 3.9.1 Características de Angelim Pedra (Hymenolobium petraeum Ducke) Madeira pesada (0,80 a 0,90 g/cm3); cerne vermelho castanho, sobre fundo amarelo pardacento, com inúmeras estrias mais claras do parênquima axial, que envolve as linhas vasculares; alburno amarelo-acinzentado, escasso; grã revessa para regular; textura grosseira; cheiro e gosto indistintos; superfície lisa ao tato; pouco lustrosa. Difícil de trabalhar, mas recebe bom acabamento. Indicada para móveis, carpintaria civil, marcenaria, construção pesada, escadas, peças laminadas, tacos de assoalho, etc. 3.9.2 Características de Angelim Pedra Verdadeiro (Dinizia excelsa Ducke) Madeira muito pesada (0,98 a 1,10 g/cm3); cerne castanho claro, alburno castanho róseo; grã revessa; textura média; cheiro lembra levemente o fruto de jatobá; gosto indistinto; pouco lustrosa. Difícil de trabalhar , recebe acabamento esmerado. Resistente em contato com o solo. É rígida e forte. Geralmente, muito usada em dormentes, construção civil e naval, macetas, vigamentos marcenaria, carpintaria, cepos de bigornas e açougue e implementos agrícolas. 3.9.3 Características e usos de Cumaru (Dipterix odorata (Aubl.) Willd) Os principais usos de Dipterix odorata (Aubl.) Willd são para construção pesada, dormentes, móveis pesados, cabos e objetos torneados, postes e pilares, laminados decorativos, tacos de assoalho, etc. Árvore de grande porte, apresentando um fuste ligeiramente tortuoso, superior a 60cm3 de diâmetro com casca lisa esverdeada, com 0,5cm de espessura, apresentando uma 37 resina incolor viscosa, sapopema de até 1,0m de altura. Madeira muito pesada; cerne castanho-amarelo escuro; alburno bege-claro; grã revessa; textura média; cheiro desagradável quando verde, desaparecendo após a secagem, gosto indistinto. 3.9.4 Características de Cumarurana (Dipterix poliphylla Huber) Os principais usos de Dipterix poliphylla Huber são para construção pesada, dormentes cabos e objetos torneados, postes e pilares, faqueados decorativos e móveis. Árvore de porte mediano, fuste retilíneo, com diâmetro superior a 60cm, casca amarelada a esverdeada, ligeiramente sulcada, com 1,0cm de espessura. Madeira muito pesada; cerne castanho escuro; alburno creme amarelado, com espessura média de 2,5cm; grã revessa; textura média; figura relativamente destacada; cheiro e gosto indistintos. 3.9.5 Características de Jatobá (Hymenaea courbaril L.) Aos principais usos de Hymenaea courbaril L.são para construção, obras gerais de carpintaria, marcenaria, e acabamento, assoalhos, divisórias, móveis, cabos e objetos torneados, dormentes, postes e pilares compensados e faqueados. 38 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 ÁREA DE COLETA As espécies foram coletadas na Empresa Portela Wood, localizada no bairro Puraquequara, zona leste de Manaus – AM (Figura 1). Posteriormente, transportadas para o Laboratório de Celulose e Papel/Carvão Vegetal, pertencente à Coordenação de Tecnologia e Inovação – COTI do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, situado na cidade de Manaus, Amazonas, onde foram realizadas a identificação das madeiras, determinação das propriedades químicas, poder calorífico e a produção dos briquetes. Figura 1 – Localização da empresa Portela Woods. Fonte: www.google.com.br Acesso em 23 ago.2012. 39 4.2 ESPÉCIES DE MADEIRAS ESTUDADAS As espécies utilizadas, para o desenvolvimento desta proposta, foram selecionadas com base no índice de comercialização da empresa, no sentido de escolher o mínimo de cinco espécies mais comercializadas. Das espécies foram coletadas amostras para identificação e caracterização da densidade básica e análise química da madeira. São elas: Angelim-pedra (Hymenolobium petraeum Ducke), Angelim pedra verdadeiro (Dinizia excelsa Ducke), Cumaru (Dipterix odorata (Aubl.) Willd), Cumarurana (Dipterix poliphylla Huber) e Jatobá (Hymenaea courbaril L.). 4.3 AMOSTRAGEM Além do material coletado in loco (serragem), foram coletadas amostras das espécies para determinação da densidade e seu teor de umidade, gerando informações necessárias para qualificação dos resíduos (Figura 2). (a) (b) Figura 2 – a) Amostras para análises; b) Amostra identificada 40 As amostras foram identificadas, posteriormente desdobradas em corpos de prova destinados à caracterização (Figura 3). As análises químicas das cinco espécies foram realizadas em duplicata. Figura 3 – Preparo dos corpos de prova. 4.4 PROPRIEDADES FÍSICO QUÍMICA DA MADEIRA 4.4.1 Densidade A densidade básica da madeira foi determinada utilizando-se uma balança analítica de precisão e o método de deslocamento de água, para obtenção do peso e volume dos corpos de prova, respectivamente. Os corpos de prova foram mergulhados em água até que ficassem completamente saturados, para obter o volume verde (saturado). Para obtenção do peso seco, os mesmos corpos de prova foram levados à estufa a 103 ± 2°C até atingir peso constante. Para determinação da densidade básica foi utilizada a seguinte fórmula: onde: Db = Densidade Básica; Ps = Peso da seco; Vv = Volume verde. 41 4.4.2 Teor de umidade (TU) O método utilizado para a determinação do teor de umidade das amostras baseou-se na diferença de massa antes e depois da secagem em estufa a 105 ± 2ºC de temperatura até obtenção de massa constante, segundo a norma da ABNT NBR 8112. Utilizando a seguinte fórmula. onde: TU = Teor de umidade da amostra Pu = peso da amostra úmida Po = peso da amostra seca a (102 ± 3)°C, ou seja, a 0% de umidade. 4.4.3 Análise Química da madeira A madeira foi preparada para análise química segundo a Norma T264 om-88. Esta preparação consiste em eliminar materiais solúveis em solventes neutros e que não são considerados parte da substância madeira. A análise química da foi realizada para as amostras in natura e a determinação do poder calorífico foram realizadas tanto para as amostras in natura como para as amostras carbonizadas. Portanto, todas as amostras foram trituradas, classificadas em frações intermediárias, entre 40 e 60 mesh para a análise química e abaixo de 60 mesh para a determinação do poder calorífico superior (PCS). Para análise química do material in natura, foram realizados os seguintes ensaios: Extrativo Os extrativos, são compostos químicos que não fazem parte da estrutura da parede celular. São solúveis em água ou em solventes orgânicos neutros e estão presentes 42 principalmente na casca. Eles englobam óleos essenciais, resinas, taninos, graxas e pigmentos. Os extrativos representam entre 04 e 10% da massa total da madeira seca, e o seu conteúdo varia muito entre as espécies de madeiras. Os teores de extrativos na madeira foram determinados em duplicatas, de acordo com a norma TAPPI 264 om-88. Foram utilizadas amostras de serragem classificadas em 40 mesh. A partir destas amostras de serragem, tomou-se aproximadamente 0,1g da amostra livre de umidade, que foram colocadas e taradas (Figura 4), e posteriormente inseridas no extrator Soxhlet. Figura 4 – Amostra de serragem sendo pesadas. A preparação da madeira para análise química, segundo a norma citada acima, consiste em eliminar materiais solúveis em solventes neutros e que não são considerados parte da substância madeira. Os principais compostos removidos são ácidos graxos, algumas resinas, taninos, gomas, açúcares, amido e corantes. Como se trata de extrativos, a remoção destes compostos foi feita com extrator Soxhlet. O produto da extração, ou seja, uma mistura de solventes e extrativos foi evaporada a fim de remover os solventes; o resíduo formado pelos extrativos totais, foi então pesado. As amostras, uma vez, livres de extrativos, foram colocadas em estufa a 102 ± 3°C até obterem massa constante e em seguida foram submetidas a análise somativa para determinação da lignina: 43 Lignina A determinação da porcentagem de lignina foi feita de acordo com a Norma TAPPI 222 através da seguinte fórmula: onde: % L = porcentagem de lignina P1 = peso do resíduo em gramas P = peso inicial da amostra a.s. em gramas Cinzas O teor de cinzas na madeira foi determinado em duplicata. Foram utilizados cadinhos de porcelana sem tampa, contendo 5g cada, os quais foram pesados em uma balança analítica. Em seguida, os cadinhos foram levados ao forno elétrico tipo mufla pré-aquecido. Os mesmos permaneceram na mufla (Figura 5) há uma temperatura de 600 °C no período de 6 horas. Figura 5 – Modelo do forno tipo mufla utilizado 44 O teor de cinzas foi calculado através da equação: onde: CZ = Teor de cinzas, em (%) m0 = massa do cadinho, em g m1 = massa do cadinho + serragem, em g m = massa da amostra, em g 4.4.4 Determinação do Poder Calorífico em Bomba Calorimétrica Os corpos de prova foram transformados em cavacos, picados e moídos em um moinho, posteriormente classificados em peneiras. As frações classificadas abaixo de 60 mesh foram utilizadas para determinação do poder calorífico superior. Os ensaios de poder calorífico superior foram realizados em base seca, com as amostras secas em estufa a 102+ 3 °C até peso constante. Com auxílio de uma bomba calórica, foi colocado dentro de um calorímetro adiabático PARR (Figura 6), cerca de 0,6 gramas e após a ignição foram medidas os valores de poder calorífico. Os ensaios foram repetidos em um número de duas vezes de acordo com a norma ASTM D2015-77, 1983. Os testes foram realizados no laboratório de Química da Madeira da Coordenação de Tecnologia e Inovação, para determinação do poder calorífico superior. 45 Figura 6– Modelo da bomba calorimétrica utilizada 4.4.5 Densidade energética dos briquetes A densidade energética dos briquetes foi obtida a partir do produto entre a densidade média e o poder calorífico de cada briquete. 4.5 CARBONIZAÇÃO DA SERRAGEM O material seco foi carbonizado a 400°C. A carbonização da serragem foi feita em retorta com aquecimento elétrico, com capacidade de 20 litros. Os rendimentos foram determinados relacionando-se a massa da serragem a ser carbonizada com a massa da mesma após o processo de pirólise. 4.6 PRODUÇÃO DE BRIQUETES A produção dos briquetes foi realizada no Laboratório de Celulose e Papel/Carvão Vegetal e foram utilizados os seguintes materiais: 46 a) Uma Briquetadeira da marca Lippel modelo LB32; b) Um Becker para colocação dos resíduos a serem compactados; c) Balança marca Filizola modelo MF-3 com capacidade de 3kg e precisão de 0,5g. A briquetagem foi feita a partir de programas montados com as características químicas da serragem e moagem, peneiração e prensagem, ou seja, antes da produção dos briquetes foram realizados testes com diversas temperaturas e quantidade diferentes. Para cada espécie foi pesado 30g de material utilizando um becker. Foram produzidos trinta briquetes com 30g de material cada, cinco para cada espécie inclusive do MIX (mistura de todas as espécies), utilizando temperatura de 100°C, 110°C, 120°C, 130°C e temperatura ambiente, para que estes pudessem ser analisados e comparados. A pressão efetiva no briquete pelo cilindro inferior foi de 82,38MPa e do cilindro superior com pressão efetiva no briquete pouco acima de 48,25MPa por um tempo de 5 minutos. O sistema da briquetadeira utilizada é composto de um cilindro metálico por onde atuam dois pistões, um que promove a compactação e outro que expulsa o briquete depois de pronto. Esse cilindro é aquecido por uma resistência elétrica. No cilindro é instalado um sensor de temperatura que permite controlar a temperatura. A pressão tem efeito importante após o aquecimento do material ligno-celulósico acima da temperatura de transição viscoelástica da lignina. O sistema permite aquecimento acima de 200°C e pressões acima de 1500 kgf/cm2. Para compactação de resíduos vegetais não necessitamos mais do que 120ºC, pressões entre 700 e 1000 kgf/cm2, com teor de umidade dos resíduos em torno de 12%. O equipamento utilizado para a produção de briquetes foi a briquetadeira LB-32. Como mostra a Figura 7. 47 Figura 7 – Briquetadeira Lippel- modelo LB-32. 4.7 ANÁLISE DOS DADOS Para a análise dos dados foi utilizada estatística descritiva através da Análise de Variância – ANOVA. Foram calculadas as médias, desvio padrão, coeficiente de variação, sendo também utilizadas análises de correlação para determinar diferenças e relações entre as variáveis e entre as diferentes espécies. 48 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com o proprietário da empresa do segmento da indústria de piso que, em parceria com o INCT, cedeu o material para o desenvolvimento desse estudo, são beneficiados diariamente 6m3 de madeira com o rendimento de aproximadamente 70%. Ou seja, 1,80m3 de serragem são desperdiçados todos os dias pela empresa, situada na cidade de Manaus. Tais valores tendem a elevar-se em virtude do aumento da produção que, atualmente, além da fabricação de pisos expande-se, também para a produção de casas pré-moldadas. Ambas voltadas tanto para venda local como para exportação. 5.1 DENSIDADE BÁSICA E TEOR DE UMIDADE DAS ESPÉCIES. A densidade é o parâmetro mais importante, pois está relacionada com todas as outras propriedades. Pois, exprime a quantidade de massa contida num determinado volume de material (MOURA, 2006). Na tabela 3, consta o valor médio da densidade básica das cinco espécies de madeiras mais comercializadas pela empresa referida acima. A densidade foi considerada alta, pois variou de 0,87 a 0,98g/cm3, o que era de se esperar, pois para a fabricação de pisos são recomendadas madeiras com densidade acima de 0,68 g/cm3. Pela análise de variância detectou-se diferença não significativa desta propriedade entre as espécies pesquisadas. Com o Teste F 0.3726ns (p>=0,05). Considerando todas as espécies iguais para densidade. Estes valores superaram a faixa de resultados obtidos por àqueles citados na literatura por Brito & Barrichello (1977), com 10 espécies de Eucalipto (0,51 a 0,77 g/cm3) com idades diferentes, entre 6 e 12 anos. Porém, se encontram entre os resultados de Cunha et al. (1989) que, ao analisar 55 espécies lenhosas da região de Balbina, obteve os valores entre 0,35 a 1,04 g/cm3. O coeficiente de variação para a densidade básica das espécies estudas foi de 11,50%. Enquanto que para o Teor de Umidade o valor encontrado foi de 2,18%. 49 Tabela 3 Densidade e teor de umidade das espécies Espécie Hymenolobium petraeum Ducke Dinizia excelsa Ducke Dipterix odorata (Aubl.) Willd Dipterix poliphylla Huber Hymenaea courbaril L. Densidade (g/cm3) 0,87 a 0,98 a 0,97 a 0,95 a 0,98 a Teor de Umidade (%) 8,10 b 9,03 a 7,38 c 8,24 b 8,50 ab Em relação ao Teor de umidade das espécies estudadas foram encontradas diferenças significativas em razão destes valores terem variado de 7,38 a 9,03%, sendo os mais frequentes os valores na faixa de 8%: (8,10%), (8,24%) e (8,50%). A espécie Dipterix odorata (Aubl.) Willd apresentou o menor valor em relação às quatro outras espécies, 7,38% . O valor aceitável para que uma biomassa seja considerada de boa qualidade, para fins energéticos, não deve ultrapassar 12%. 5.2 PROPRIEDADES QUÍMICAS DAS ESPÉCIES Nesta fase, foram abordados os valores referentes aos teores de extrativos, lignina e cinza dada sua importância e correlação com o poder calorífico. Na tabela 4 é possível observar as propriedades químicas das cinco espécies na qual ocorreu a formação de dois grupos de qualidade em relação ao teor de extrativos, com valores entre 9,76 e 12,08 %. Sendo consideradas pertencentes ao mesmo grupo as espécies Dinizia excelsa Ducke, Dipterix odorata (Aubl.) Willd e Dipterix poliphylla Huber. Tais valores estão condizentes com a faixa proposta por Tsoumis (1991) para madeiras tropicais que varia de 0,62 a 19,8%. Santana & Okino (2007) em estudo que analisou a composição química de 36 espécies amazônicas obtiveram valores de extrativos de até 17,3% para madeiras desta região. 50 Tabela 4 Propriedades químicas das espécies Espécie\ Hymenolobium petraeum Ducke Dinizia excelsa Ducke Dipterix odorata (Aubl.) Willd Dipterix poliphylla Huber Hymenaea courbaril L. Extrativos (%) 9,76 b 12,08 a 11,76 a 11,62 a 9,93 b Lignina (%) 32,57 c 30,47 d 31,21 d 41,72 a 34,35 b Cinza (%) 0,48 b 0,75 a 0,32 b 0,36 b 0,23 b Para o teor de lignina (Tabela 4) quatro grupos foram formados, observando que os valores, variaram de 30,47 a 41,72%. Com relação ao teor de cinzas, (Tabela 4) apenas dois grupos foram formados, destaque-se o alto teor de cinzas (0,75%) apresentado por Dinizia excelsa Ducke. Todas as espécies apresentaram valores de teor de cinzas relativos aos encontrados por Cunha et al., (1989), no estudo citado acima com madeiras amazônicas, que apresentou valores de teores de cinza que variaram de 0,03 a 3,00 %. Estes valores, também, encontram-se condizentes com a faixa proposta por Tsoumis (1991), que varia entre 0,1 e 5,4%. MOUTINHO (2008) ao estudar as características de seis espécies de matá-matá (Lecythidaceae A. Rich) encontrou valores de extrativos que variaram de 3,0107 até 12,0031%. Em relação ao teor de lignina os valores obtidos pelo mesmo autor variou de 22,1301 à 32,3337%. Enquanto que para cinzas os valores variaram entre 1,9696 à 3,0189%. 5.3 PODER CALORÍFICO DA MADEIRA E DO CARVÃO O poder calorífico do insumo energético varia inversamente proporcional em relação ao teor de umidade, do mesmo. Ou seja, quanto maior o teor de umidade, maior será o poder calorífico. Por meio das análises realizadas para obtenção do poder calorífico na madeira observou-se que todas as espécies (Tabela 5), inclusive o MIX (mistura das cinco espécies), formaram apenas um único grupo. Ou seja, não houve diferença significativa. Permitindo afirmar que, na prática, é possível obter um produto, no caso o briquete, de boa qualidade mesmo com a mistura das espécies do grupo em estudo. 51 De forma geral, com exceção da espécie Hymenolobium petraeum Ducke, os valores obtidos foram superiores à faixa de valores de poder calorífico proposta por Cunha et al., (1989), que encontrou valores de poder calorífico que variaram entre 4.398 e 5.263 Kcal/Kg. Observando que quanto maior o conteúdo de umidade da madeira menor é o seu poder de combustão devido ao processo de evaporação da umidade, o qual absorve energia em combustão. Tabela 5 Poder calorífico da madeira e do carvão Espécie Hymenolobium petraeum Ducke Dinizia excelsa Ducke Dipterix odorata (Aubl.) Willd Dipterix poliphylla Huber Hymenaea courbaril L. MIX (Mistura das cinco espécies) PC da Madeira (Kcal/Kg) 5213,50 a 5497.50 a 5675.00 a 5488.00 a 5832.00 a 5883.50 a PC do Carvão (Kcal/Kg) 9367.50 a 8689.00 a 7453.50 b 6741.50 bc 6385.00 c - No entanto, para as análises feitas com o poder calorífico do carvão das espécies, quatro grupos apresentam diferença significativa ao nível de 1% de probabilidade (p<0,01). Durante o processo de carbonização, devido as propriedades de cada espécies serem diferentes, as mesmas apresentaram comportamento diferente, o que explica a diferença entre os valores de poder calorífico. BROWNING (1963), citado por Cunha et al,. (1989) afirma que o poder calorífico é mais alto quanto maior o teor de lignina e extrativos, porque os mesmo contem menos oxigênio que os polissacarídeos presentes na holocelulose (celulose e hemicelulose). Na tabela 6 é mostrada a diferença entre o poder calorífico da madeira e do carvão das espécies, em porcentagem. Através da análise da diferença do poder calorífico da madeira e do carvão encontra-se uma variação de 52 a 80 %. A espécie Hymenolobium petraeum Ducke apresentou maior diferença (80%). 52 Tabela 6 Relação poder calorífico da madeira e do carvão Espécies Diferença do PCS Mad. x Carvão (%) Hymenolobium petraeum Ducke 80 Dinizia excelsa Ducke 71 Dipterix odorata (Aubl.) Willd 63 Dipterix poliphylla Huber 57 Hymenaea courbaril L. 52 Para calcular a equivalência do poder calorífico em Kw, tomou-se como base as informações obtidas por um estudo realizado pela empresa Copaz sobre o poder Calorífico do GLP (Tabela 7). Este menciona que para cada 860 Kcal tem-se 1 Kwh. Tabela 7 Eficiência de Combustíveis Quantidade Combustível Poder Calorífico 1 Kg GLP 11.500 kcal 1 m³ Gás Natural 9.400 kcal 1 m³ Gás de Rua 4.200 kcal 1 Kg Óleo Diesel 10.200 kcal 1 Kg Carvão 5.000 kcal 1 Kg Lenha 2.900 kcal 1 Kw Energia Elétrica 860 kcal Fonte: www.copaz.com.br/representantes/ o_que_e_glp.asp. Acesso em 28 out.2013. Analisando o poder calorífico das amostras in natura das espécies (Tabela 8), observou-se que esta equivalência foi em torno de 6,06 a 6,78 Kw entre as espécies e quando agrupadas foi de 8,84 para 5883 Kcal com uma diferença de 11% entre a mistura e a espécie Hymenolobium petraeum Duck. Enquanto que o poder calorífico na madeira das espécies na forma de briquete variou de 7,83 a 10,89 Kw entre as espécies e 7,42 Kw no MIX, ambas 53 superiores aos valores da serragem. Detectando a viabilidade da utilização dos resíduos na geração de energia, principalmente, considerando a quantidade processada na empresa. Tabela 8 Valor do poder calorífico da serragem e do carvão em Kw Serragem Espécie Db g/cm Carvão 3 Kcal/Kg Kw Kcal/Kg Kw Hymenolobium petraeum Ducke 0,87 5213,5 6,06 9367,5 10,89 Dinizia excelsa Ducke 0,98 5497,5 6,39 8689 10,10 Dipterix odorata (Aubl.) Willd 0,97 5675 6,59 7453,5 8,67 Dipterix poliphylla Huber 0,95 5488 6,38 6741,5 7,84 Hymenaea courbaril L 0,98 5832 6,78 6385 7,42 - 5883,5 6,84 - - MIX (Mistura das espécies) De acordo com as informações obtidas com o proprietário da empresa onde foram coletada as amostras, para cada m3 de madeira processada 30% desta é transformada em serragem. Portanto, numa produção de 6 m3 de madeira 1,80 m3 será de serragem que corresponde a 156,6 Kg (1,80m3 X a densidade da madeira (87g/cm3) = 156,6 kg). Como foi mencionada anteriormente, 860 Kcal corresponde 1 Kw e 1g equivale 1,13 Kcal. Adotando a tarifa residencial de 0,27685 expressa na unidade R$/Kwh (reais por quilowatt-hora), homologada pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL para o período de 01/11//2013 a 31/10/2014 para Amazonas Distribuidora de Energia S/A, para verificação econômica observa-se que 176.958 kcal equivale a 205,97 Kw/h, representando um consumo de R$ 57,02 por dia. Esse valor multiplicado por 22 dias, que correspondem aos dias trabalhados em um mês, representam uma economia de R$ 1.254,44/mês No ponto de vista econômico a energia elétrica a partir de resíduos de madeiras poderá ser uma alternativa para utilização por pequena comunidade até mesmo por empresas do segmento da indústria da madeira. Enquanto que no ponto de vista ambiental evitaria a possibilidade de estes serem descartados na natureza, eliminando as emissões, respondendo as hipóteses proposta. 54 5.4 BRIQUETES DAS ESPÉCIES E DO MIX Na Tabela 9 observa-se os resultados obtidos na fabricação dos briquetes. Estes foram fabricados com diâmetros de 3,25 cm, teor de umidade média de 12%, comprimento médio de 2,77 cm variando de 2,49 cm a 3,57 cm e cor variando do amarelo claro ao marrom escuro (Figura 8). Figura 8 – Briquetes produzidos das cinco espécies Todos os briquetes produzidos em temperatura ambiente não obtiveram compactação boa, pois caso fossem submetidos a testes de tamboreamento não resistiriam, desfazendo-se. O que os tornaria inviáveis tanto para o armazenamento quanto para o transporte. Ao contrário dos demais, com temperaturas de 100°C, 110°C, 120°C e 130°C, que apesar de apresentarem alturas menores obtiveram compactação excelente (Figuras 9). Figuras 9 – Briquetes, em destaque os produzidos em temperatura ambiente. 55 Tabela 9 Análises dos briquetes PC Madeira KCal/Kg 5213,5 5497,5 5675,0 5488,0 5832,0 5883,5 Vol. cm3 D Bkt g/cm3 28,6 21,3 21,9 21,8 21,1 27,4 21,6 21,8 21,1 20,6 28,7 22,0 22,2 21,9 21,8 23,6 22,1 21,3 21,6 22,3 28,9 22,3 21,9 20,6 21,5 28,4 21,8 21,6 21,2 21,8 0,98 1,34 1,35 1,35 1,21 1,06 1,37 1,35 1,37 1,36 1,01 1,32 1,30 1,35 1,33 1,02 1,33 1,34 1,35 1,32 1,02 1,32 1,32 1,33 1,35 1,02 1,33 1,34 1,37 1,38 D(Mad) D.E.Mad. g/cm3 KCal/m3 0,87 4535,745 0,98 5387,550 0,97 5504,750 0,95 5213,600 0,98 5715,360 ― ― D.E.Bkt KCal/m3 5102,350 6971,770 7025,050 7051,761 6286,824 5808,142 7521,697 7435,899 7539,196 7454,626 5735,743 7488,933 7405,102 7646,909 7545,883 5572,915 7311,842 7338,846 7381,433 7257,479 5944,510 7712,394 7725,268 7766,991 7874,404 5998,485 7823,119 7883,067 8037,033 8092,882 Eficiência Méd. 1,12 1,54 1,55 1,55 1,39 1,08 1,40 1,38 1,40 1,38 1,04 1,36 1,35 1,69 1,37 1,07 1,40 1,41 1,42 1,39 1,04 1,35 1,35 1,36 1,38 ― ― ― ― ― 1,43 1,33 1,36 1,34 1,30 Ao comparar o poder calorífico da madeira e do carvão, verifica-se que é possível potencializar o uso das espécies utilizadas através da carbonização das mesmas, ou seja, a serragem em si demonstra ser um bom insumo energético, devidos às suas características. Fazer uso dessa serragem para produção de briquete significa melhorar este insumo por meio da compactação, o que facilita o armazenamento e o transporte. E, dependendo da finalidade do uso deste insumo, carbonizá-lo é uma forma de potencializar o uso do que poderia ser descartado sem utilidade nenhuma. 56 CONCLUSÃO De acordo com os resultados encontrados conclui-se que: Os resíduos de madeiras oriundos da fabricação de pisos possuem potencial para serem usados na geração de energia. No ponto de vista econômico é viável a utilização dos resíduos para geração de energia tanto no forma de serragem como na forma de briquete, economizando R$ 57,02 (cinqüenta e sete reais e dois centavos) para cada m3 que poderia ser desperdiçado. Totalizando R$ 1.254,44 por mês. O MIX (mistura das espécies) pode ser usado sem prejuízos na qualidade do briquete; É possível potencializar o uso de resíduos das espécies estudadas através da carbonização. Detectou-se a viabilidade da utilização dos resíduos na geração de energia, principalmente, considerando a quantidade processada na empresa. É possível fazer o reaproveitamento da serragem, através da obtenção de um subproduto (briquete), para uso da própria empresa geradora dos resíduos ou para comercialização. 57 RECOMENDAÇÕES Devido ao alto volume de resíduos gerados pela indústria madeireira, inclusive a serragem, seria viável utilizá-los como matéria prima para fins energéticos; Estimular o uso de briquetes por pequenos comércios como restaurantes, padarias e pizzarias, além de melhor informar a esses pequenos consumidores sobre seu reduzido impacto no ambiente. Problemas de logística e distribuição teriam também de ser resolvidos; É necessário um estudo que envolva os possíveis compradores de briquetes que estejam situados num raio próximo à produtora para facilitar o transporte dos produtos; A produção de briquete ajudaria a diminuir o desperdício representado por montes antigos de serragem das mesmas, de uma forma nobre, sem a mera queima ao ar livre, que é atualmente proibida pelo IBAMA; A serragem transformada em forma de briquete é uma alternativa viável de economia de espaço, ou seja, consiste num melhor armazenamento, melhora o transporte e a logística. Concentrando melhor a densidade energética. 58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACIOLI, J. L. Fontes de energia. Brasília: UnB, 1994. 138p. ALVES JUNIOR, F. T.; GUIMARÃES, J. L. da S.; SANTOS, G. A. dos; LEITE, A. M. F.; BARROS, G. D. T. Utilização de biomassa para briquetagem como fonte de energia alternativas e a disponibilidade deste recurso na região do Cariri-CE. 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S. e Silva DEAG-CTRN-UFCG - Atualiz.05/08/2013 ================================================================== Arquivo temporário Data 21/11/2013 Hora 14:47:04 EXPERIMENTO INTEIRAMENTE CASUALIZADO QUADRO DE ANÁLISE -----------------------------------------------------------------FV GL SQ QM F -----------------------------------------------------------------Tratamentos 4 0.01784 0.00446 0.3726 ns Resíduo 5 0.05985 0.01197 -----------------------------------------------------------------Total 9 0.07769 -----------------------------------------------------------------** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01) * significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05) ns não significativo (p >= .05) GL 4 GLR 5 F-crit 0.107 F p 0.3726 >0.050 MÉDIAS E MEDIDAS Médias de tratamento (DENSIDADE APARENTE) ---------------------1 0.87000 a 2 0.98500 a 3 0.97000 a 4 0.95000 a 5 0.98000 a ---------------------dms = 0.43633 MG = 0.95100 CV% = 11.50 Ponto médio = 0.87000 As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste deTukey ao nível de 5% de probabilidade DADOS ---------.711.03 1.00 .97 .911.03 .93 .97 .99 .97 ---------- 67 ================================================================= ASSISTAT Versão 7.7 beta (2013) - Homepage http://www.assistat.com Por Francisco de A. S. e Silva DEAG-CTRN-UFCG - Atualiz.05/08/2013 ================================================================== Arquivo temporário Data 21/11/2013 Hora 14:53:38 EXPERIMENTO INTEIRAMENTE CASUALIZADO QUADRO DE ANÁLISE -----------------------------------------------------------------FV GL SQ QM F -----------------------------------------------------------------Tratamentos 4 2.90104 0.72526 22.3020 ** Resíduo 5 0.16260 0.03252 -----------------------------------------------------------------Total 9 3.06364 -----------------------------------------------------------------** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01) * significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05) ns não significativo (p >= .05) GL 4 GLR 5 F-crit 11.3919 F p 22.302 0.0022 MÉDIAS E MEDIDAS Médias de tratamento (TEOR UMIDADE) ---------------------1 8.10500b 2 9.03500 a 3 7.38500c 4 8.24000b 5 8.50500 ab ---------------------dms = 0.71918 MG = 8.25400 CV% = 2.18 Ponto médio = 8.13500 As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste deTukey ao nível de 5% de probabilidade DADOS ---------8.247.97 9.079.00 7.577.20 8.308.18 8.668.35 ---------- 68 ================================================================== ASSISTAT Versão 7.7 beta (2013) - Homepage http://www.assistat.com Por Francisco de A. S. e Silva DEAG-CTRN-UFCG - Atualiz.05/08/2013 ================================================================== Arquivo temporário Data 21/11/2013 Hora 14:56:44 EXPERIMENTO INTEIRAMENTE CASUALIZADO QUADRO DE ANÁLISE -----------------------------------------------------------------FV GL SQ QM F -----------------------------------------------------------------Tratamentos 4 9.61280 2.40320 73.6952 ** Resíduo 5 0.16305 0.03261 -----------------------------------------------------------------Total 9 9.77585 -----------------------------------------------------------------** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01) * significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05) ns não significativo (p >= .05) GL 4 GLR 5 F-crit 11.3919 F p 73.6952 <0.001 MÉDIAS E MEDIDAS Médias de tratamento (EXTRATIVOS) ---------------------1 9.76500b 2 12.08500 a 3 11.76500 a 4 11.62500 a 5 9.93500b ---------------------dms = 0.72018 MG = 11.03500 CV% = 1.64 Ponto médio = 10.85500 As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste deTukey ao nível de 5% de probabilidade DADOS -----------9.939.60 12.1112.06 11.7811.75 11.8411.41 9.8510.02 ------------ 69 ================================================================= ASSISTAT Versão 7.7 beta (2013) - Homepage http://www.assistat.com Por Francisco de A. S. e Silva DEAG-CTRN-UFCG - Atualiz.05/08/2013 ================================================================== Arquivo temporário Data 21/11/2013 Hora 14:59:25 EXPERIMENTO INTEIRAMENTE CASUALIZADO QUADRO DE ANÁLISE -----------------------------------------------------------------FV GL SQ QM F -----------------------------------------------------------------Tratamentos 4 0.31770 0.07943 21.0119 ** Resíduo 5 0.01890 0.00378 -----------------------------------------------------------------Total 9 0.33660 -----------------------------------------------------------------** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01) * significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05) ns não significativo (p >= .05) GL 4 GLR 5 F-crit 11.3919 F p 21.0119 0.0025 MÉDIAS E MEDIDAS Médias de tratamento (CINZAS) ---------------------1 0.48000b 2 0.75000 a 3 0.32500b 4 0.36000b 5 0.23500b ---------------------dms = 0.24519 MG = 0.43000 CV% = 14.30 Ponto médio = 0.51000 As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste deTukey ao nível de 5% de probabilidade DADOS -------.56 .40 .70 .80 .34 .31 .37 .35 .25 .22 -------- 70 ================================================================== ASSISTAT Versão 7.7 beta (2013) - Homepage http://www.assistat.com Por Francisco de A. S. e Silva DEAG-CTRN-UFCG - Atualiz.05/08/2013 ================================================================== Arquivo temporário Data 21/11/2013 Hora 15:01:56 EXPERIMENTO INTEIRAMENTE CASUALIZADO QUADRO DE ANÁLISE -----------------------------------------------------------------FV GL SQ QM F -----------------------------------------------------------------Tratamentos 4 164.07674 41.01918 542.7254 ** Resíduo 5 0.37790 0.07558 -----------------------------------------------------------------Total 9 164.45464 -----------------------------------------------------------------** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01) * significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05) ns não significativo (p >= .05) GL 4 GLR 5 F-crit 11.3919 F p 542.7254 <0.001 MÉDIAS E MEDIDAS Médias de tratamento (LIGNINA) ---------------------1 32.57000c 2 30.47000d 3 31.21500d 4 41.72500 a 5 34.35000b ---------------------dms = 1.09640 MG = 34.06600 CV% = 0.81 Ponto médio = 36.10000 As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste deTukey ao nível de 5% de probabilidade DADOS -----------32.5932.55 30.5030.44 31.4231.01 41.7641.69 34.7333.97 ------------ 71 ================================================================= ASSISTAT Versão 7.7 beta (2013) - Homepage http://www.assistat.com Por Francisco de A. S. e Silva DEAG-CTRN-UFCG - Atualiz.05/08/2013 ================================================================== Arquivo temporário Data 21/11/2013 Hora 15:04:25 EXPERIMENTO INTEIRAMENTE CASUALIZADO QUADRO DE ANÁLISE -----------------------------------------------------------------FV GL SQ QM F -----------------------------------------------------------------Tratamentos 412927320.60000 3231830.15000 53.5108 ** Resíduo 5 301979.50000 60395.90000 -----------------------------------------------------------------Total 913229300.10000 -----------------------------------------------------------------** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01) * significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05) ns não significativo (p >= .05) GL 4 GLR 5 F-crit 11.3919 F p 53.5108 <0.001 MÉDIAS E MEDIDAS Médias de tratamento (PODER CALORIFICO CARVAO) ---------------------19367.50000 a 28689.00000 a 37453.50000 b 46741.50000 bc 56385.00000 c ---------------------dms = 980.09420 MG = 7727.30000 CV% = 3.18 Ponto médio = 7983.00000 As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste deTukey ao nível de 5% de probabilidade DADOS ---------95999136 89088470 76717236 67846699 64036367 ---------- 72 ================================================================= ASSISTAT Versão 7.7 beta (2013) - Homepage http://www.assistat.com Por Francisco de A. S. e Silva DEAG-CTRN-UFCG - Atualiz.05/08/2013 ================================================================== Arquivo temporário Data 21/11/2013 Hora 15:06:34 EXPERIMENTO INTEIRAMENTE CASUALIZADO QUADRO DE ANÁLISE -----------------------------------------------------------------FV GL SQ QM F -----------------------------------------------------------------Tratamentos 5 624470.75000124894.15000 2.0304 ns Resíduo 6 369067.50000 61511.25000 -----------------------------------------------------------------Total 11 993538.25000 -----------------------------------------------------------------** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01) * significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05) ns não significativo (p >= .05) GL 5 GLR 6 F-crit 4.3874 F p 2.0304 0.2069 MÉDIAS E MEDIDAS Médias de tratamento (PODER CALORIFICO SERRAGEM) ---------------------15213.50000 a 25497.50000 a 35675.00000 a 45488.00000 a 55832.00000 a 65883.50000 a ---------------------dms = 987.34900 MG = 5598.25000 CV% = 4.43 Ponto médio = 5519.50000 As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste deTukey ao nível de 5% de probabilidade DADOS ---------50745353 54305565 53855965 52375739 57185946 58635904 73 ================================================================== ASSISTAT Versão 7.7 beta (2013) - Homepage http://www.assistat.com Por Francisco de A. S. e Silva DEAG-CTRN-UFCG - Atualiz.05/08/2013 ================================================================== Arquivo temporário Data 21/11/2013 Hora 16:37:30 EXPERIMENTO INTEIRAMENTE CASUALIZADO QUADRO DE ANÁLISE -----------------------------------------------------------------FV GL SQ QM F -----------------------------------------------------------------Tratamentos10 38276449.00000 3827644.90000 62.7439 ** Resíduo 11 671047.00000 61004.27273 -----------------------------------------------------------------Total 2138947496.00000 -----------------------------------------------------------------** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01) * significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05) ns não significativo (p >= .05) GL 10 GLR 11 F-crit 4.5393 F p 62.7439 <0.001 MÉDIAS E MEDIDAS Médias de tratamento (PODER CALORIFICO GERAL) ---------------------15213.50000 e 25497.50000 de 35675.00000 de 45488.00000 de 55832.00000 cde 65883.50000 cde 79367.50000 a 88689.00000 a 97453.50000 b 106741.50000 bc 116385.00000 cd ---------------------dms = 979.77870 MG = 6566.00000 CV% = 3.76 Ponto médio = 7336.50000 As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste deTukey ao nível de 5% de probabilidade DADOS ---------50745353 74 54305565 53855965 52375739 57185946 58635904 95999136 89088470 76717236 67846699 64036367 ---------- CORRELACAO EXCEL DA DA TU Extrativo Cinza Lignina PCS PCC TU 1 0,2585 0,5793 -0,0199 -0,0639 0,8248 -0,5968 1 0,0343 0,5953 -0,0132 -0,0499 0,1377 Extrativo 1 0,4224 0,0126 0,1149 -0,0679 Cinza Lignina 1 -0,4204 -0,5275 0,7394 1 -0,0140 -0,5673 PCS 1 -0,8101 PCC 1 CORRELAÇAO MINITAB Correlations: DA; TU; Extrativo; Cinza; Lignina; PCS; PCC TU 0,639 DA 0,287 TUExtrativo Cinza Lignina Extrativo 0,292 0,593 0,958 0,033 Cinza 0,964 0,028 0,290 0,595 0,477 0,424 Lignina 0,894 -0,083 0,978 -0,017 0,984 0,013 0,472 -0,428 PCS 0,101 0,804 0,938 -0,049 0,854 0,115 0,369 -0,520 0,981 -0,015 PCC 0,320 -0,566 0,823 0,139 0,914 -0,068 0,154 0,738 0,319 -0,567 0,097 PCS -0,810 CellContents: Pearson correlation P-Value —————21/11/2013 15:24:05 ———————————————————— DescriptiveStatistics: DA; TU; Extrativo; Cinza; Lignina; PCS; PCC VariableMeanStDevVarianceCoefVar DA 0,95100,0929 0,00863 9,77 75 TU 8,2540,583 0,340 Extrativo11,035 1,042 1,086 Cinza 0,43000,1934 0,0374 Lignina 34,074,27 18,27 PCS 5598,3300,5 90321,7 PCC 77271212 1469922 7,07 9,44 44,97 12,55 5,37 15,69 Histograma (com curva normal) do Poder Calorifico Serragem 3,5 Mean StDev N 3,0 Frequencia 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 5000 5200 5400 5600 5800 Poder Calorifico Serragem 6000 6200 5598 300,5 12